Atitudes de pais não vacinadores podem ser uma ameaça ao Brasil?
Resumo
Introdução: A vacinação possui elevada relevância epidemiológica, sendo um dos principais mecanismos contra as doenças preveníveis. A não vacinação tem promovido em países desenvolvidos um aumento na transmissão dessas doenças (LARSON et al., 2016). Conhecer tendências e atitudes de pais sobre vacinas permite avançar em conhecimento da realidade favorecendo a avaliação das políticas públicas de imunização com olhar preventivo sobre os aspectos de recusa. Objetivos: Identificar e difundir a perspectiva de recusa de vacinação de crianças em países desenvolvidos e estimular a realização de estudos no Brasil para conhecimento da realidade atual, visando atuar preventivamente na política pública de imunização infantil. Método: Revisão da bibliografia internacional, no período de abril a julho de 2016, de países em desenvolvimento e do Brasil, em bases de dados SCielo e Pubmed utilizando os descritores recusa às vacinas e hesitação em vacinas. Resultados: Ao todo foram encontrados 43 artigos com os termos pesquisados. Após analise dos resumos foram excluídos 21 artigos por não se adequarem à temática pesquisada e aos critérios de inclusão. Fizeram parte do estudo 22 artigos. Nos países desenvolvidos existe farta bibliografia mostrando que os movimentos antivacinação são antigos e crescem de forma preocupante, induzindo os pais a não vacinarem seus filhos (Larson et al., 2016). A política do atual governo estadunidense de apoiar a recusa à vacina (THE NEW YORK TIMES, 2017) provocou forte manifestação de confiança na segurança das vacinas por mais de 350 instituições (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2017). Identifica-se, assim, que nos países desenvolvidos, há muitos anos, essa temática tem sido objeto de inúmeras investigações e com resultados preocupantes. Já em países em desenvolvimento a propaganda antivacinação comprometeu a decisão dos pais (LARSON, 2017). No Brasil, surpreendentemente, apesar da ocorrência de doenças infecciosas relevantes e da excelência do programa nacional de imunização que reduziu expressivamente a morbimortalidade infantil, a produção científica sobre a adesão e confiança nas vacinas é rara e muito recente (BARBIERI; COUTO, 2015) São oportunos um artigo (BARBIERI; COUTO, 2017) e o Editorial de Cadernos de Saúde Pública de recente publicação (IRIART, 2017) que ressaltam a necessidade de ampliar os debates com a população. Conclusões: Sugere-se que pesquisadores das ciências da saúde e sociais desenvolvam estudos para conhecer a tendência atual das atitudes dos pais no enfrentamento dessa ameaça à saúde das crianças brasileiras, identificar suas razões socioculturais e contribuir para o debate e as políticas públicas pertinentes.
Palavras-chave: Vacinas. Recusa. Hesitação.
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Referências
AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Group Vaccine Safety. Letter to president. Disponível em: <https://www.aap.org/en-us/advocacy-and-policy/federal-advocacy/Documents/Group%20Vaccine%20Safety%20Letter%20to%20President%20Trump.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2017.
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LARSON, H. J. The vaccine confidence Project. Missing the signals: India’s anti-vaccination social media campaign. 07 Mar. 2017. Disponível em: <http://www.vaccineconfidence.org/>. Acesso em: 13 fev. 2017.
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