ANÁLISE DE MÉTODOS DE DECISÃO EM BIOÉTICA CLÍNICA E A DELIBERAÇÃO MORAL
Resumo
A prática da medicina caracteriza-se por constantes decisões, algumas envolvendo conflitos éticos carentes de elucidação prévia à escolha de conduta. Segundo Zoboli (2013), apenas a intuição ou o bom-senso não são suficientes para a solução de problemas éticos da clínica médica, sendo necessária, para a excelência na assistência, a qualidade da técnica somada à responsabilidade das decisões. No presente resumo teve-se por objetivo apresentar métodos de deliberação utilizados para a tomada de decisão em bioética, incluindo o de Diego Gracia. Foi feito um levantamento bibliográfico nas bases de dados Scielo, Revista Bioética e Google Acadêmico para estudo qualitativo descritivo. Sobre métodos de decisão em bioética clínica, Figueiredo (2011) descreve o método Ethical workup, de David Thomasma, que conta com seis etapas: descrever os fatos, descrever os valores, determinar o principal valor ameaçado, determinar os possíveis cursos de ação, eleger um curso de ação e defendê-lo. Além deste, Figueiredo (2011) também apresenta o método de Albert R. Jonsen, que consiste em três passos: exposição do caso clínico, comentário moral (com quatro categorias: critérios médicos, preferências do paciente, qualidade de vida e fatores socioeconômicos) e conselho moral. Ainda, o autor descreve o método de James F. Drane, com aspectos de Jonsen e Thomasma, que se estrutura em três fases: descritiva, racional e volitiva (FIGUEIREDO, 2011). Zoboli (2013) analisa a casuística, em que se arranjam os casos por paradigmas e analogias, apelo a máximas, análise das circunstâncias, qualificação de opiniões, acúmulo de argumentos e conclusão. Na proposta de Diego Gracia (2001), por princípio, a realidade concreta é mais rica que esquemas intelectuais, de maneira que a tomada de decisões deve refletir cuidadosamente sobre os principais fatores envolvidos, ao que se chama deliberação. A Deliberação Moral busca eleger a decisão mais sábia, adequada, racional, prudente, que atenda aos valores em jogo, todos eles, ou que menos os lesione, a saber que unicamente a solução ótima, a mais rica em valor, pode ser considerada moralmente aceitável ou correta (GRACIA, 2016). Zoboldi (2012) descreve que a abordagem dilemática, decisão baseada em dois extremos de conduta, é limitada, e para que exista adequada deliberação, é necessária a abordagem problemática, em razão da complexidade da realidade, em que várias condutas são elencadas para então se escolher a ótima, atendo-se aos fatos, valores e deveres. Os passos básicos da Deliberação são: apresentação do caso pela pessoa responsável por tomar a decisão, discussão dos aspectos médicos envolvidos na história, identificação dos problemas morais que apresenta, eleição, pela pessoa responsável, do problema moral que lhe preocupa e quer discutir, identificação dos cursos de ação extremos e intermediários possíveis, deliberação do curso de ação ótimo, e decisão final, com prova de consistência (GRACIA, 2001). Com o exposto, conclui-se que o conhecimento de tais métodos deliberativos, sobretudo da Deliberação Moral, de Diego Gracia, facilita amplamente a análise ética para a tomada de decisões em conflitos morais de difícil solução por considerarem os aspectos circunstanciais, as possibilidades existentes, a realidade da disponibilidade de recursos e os interesses dos agentes envolvidos na questão.
Palavras-chave: Ética médica. Análise ética. Ética clínica. Deliberação.
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Referências
GRACIA, Diego. Tomar decisiones morales: Del casuismo a la deliberación. Dilemata, Norteamérica, n. 20, p. 15-31, jan. 2016. Disponível em: http://www.dilemata.net/revista/index.php/dilemata/article/view/420. Acesso em: 13 maio 2016.
FIGUEIREDO, Antônio Macena de. Bioética clínica e sua prática. Rev. Bioét. Brasília, v. 19, n. 2, p. 343-358, 2011. Disponível em: http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/632/659 Acesso em: 28 abr. 2016.
ZOBOLI, Elma. Tomada de decisão em bioética clínica: casuística e deliberação moral. Rev. Bioét., Brasília, v. 21, n. 3, p. 389-396, dez. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-80422013000300002&lng=pt&nrm=iso Acesso em: 29 abr. 2016.
ZOBOLI, Elma. Bioética clínica na diversidade: a contribuição da proposta deliberativa de Diego Gracia. Revista Bioethikos, Centro Universitário São Camilo, v. 6, n. 1, p. 49-57, 2012. Disponível em: http://www.saocamilo-sp.br/pdf/bioethikos/91/a05.pdf. Acesso em: 12 maio 2016.
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