História e fotografia: algumas considerações
Resumo
O presente artigo tem por objetivo analisar o processo de inserção da fotografia como fonte para a pesquisa e para o conhecimento histórico. Trata da evolução conceitual da categoria “texto”, o que possibilitou a ascensão da icnografia (pintura, escultura, cinema, fotografia etc.) ao hall dos documentos portadores de indícios do passado. Discorre sobre o tratamento dispensado a essa tipologia de fonte pela semiótica e pela fenomenologia, sobretudo no que concerne à oposição fotografia-realidade/fotografia-indício-seleção e às noções de monumento e documento. Busca “desnaturalizar” a fotografia compreendendo-a como uma escolha, mediada por normas sociais de conduta, do fotógrafo. Oferece para a discussão acadêmica o “fotografado”, não entendido como passivo no ato do registro, mas como um sujeito que desempenha um papel social em um determinado espaço geográfico e em determinada temporalidade. Compreendendo a história enquanto uma ciência indiciária, cujo objeto é a ação dos homens no tempo, defende a possibilidade do “uso” da fotografia (assim como demais fontes iconográficas) para a construção do conhecimento histórico, na medida em que esta conduz elementos que outras variantes de fontes não podem apresentar ou na medida em que é instrumentalizada na “fabricação” de outras formas de indícios do passado, como é o caso da história oral.
Palavras-chave: Fotografia. Documento. Monumento. Historiografia.