CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR ENDOPARASITAS PRESENTES EM CÃES EM UMA REGIÃO RURAL DE FRONTEIRA ENTRE BRASIL E ARGENTINA
Resumo
Introdução: Em países em desenvolvimento, os surtos de doenças zoonóticas são frequentemente exacerbados por interações complexas entre fatores ecológicos, socioeconômicos e demográficos. A degradação ambiental e as desigualdades sociais nas regiões de fronteira aumentam o contato entre humanos e animais selvagens, potencializando a transmissão de doenças zoonóticas. Objetivo: Este estudo teve por objetivo relatar a prevalência de parasitas gastrointestinais em cães (Canis lupus familiaris), na região rural próxima à fronteira Brasil-Argentina no estremo oeste do estado de Santa Catarina, investigando os fatores de risco associados aos parasitas mais prevalentes ou zoonóticos. Método: A pesquisa foi conduzida de setembro e dezembro de 2023 em propriedades rurais onde cães errantes são comuns, coletando-se amostras fecais diretamente do solo. As técnicas de Willis-Mollay e Faust foram utilizadas para a recuperação e identificação de ovos e cistos de parasitas. A análise incluiu microscopia óptica para diferenciar espécies com base em características morfométricas. Resultados: A espécie mais prevalente identificada foi Ancylostoma spp., detectada em 41 dos 50 cães examinados, correspondendo a uma prevalência de 82%. Trichuris vulpis foi o segundo parasita mais comum, encontrado em 15 animais e representando uma prevalência de 30%. Toxocara canis e Isospora spp. apresentaram a mesma prevalência, sendo encontrados em sei cães cada, o que corresponde a 12% da população estudada. A análise estatística realizada por meio do teste do Qui-quadrado revelou diferenças significativas nas frequências de infecção entre as espécies de parasitas amostrados. (χ2 = 48.35, p < 0,05). Conclusão: A pesquisa revelou uma alta prevalência de infecções parasitárias entre cães em uma região de fronteira, destacando a importância de estratégias integradas de saúde-pública e veterinária para controle de parasitas e prevenção de zoonoses. Os resultados do estudo indicam uma alta prevalência de infecções parasitárias em cães localizados em áreas rurais e fronteiriças próximas a grandes áreas florestais, onde o contato frequente com a fauna silvestre eleva significativamente o risco de zoonoses. A complexidade das paisagens florestais e a interação constante entre cães e animais selvagens exigem estratégias robustas de vigilância epidemiológica e controle de parasitas. É crucial implementar medidas preventivas integradas e programas de educação ambiental focados na gestão de saúde animal e na minimização do contato direto com animais selvagens para mitigar a transmissão de doenças zoonóticas nessas regiões de fronteira de alta biodiversidade e mobilidade animal.