AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE VACAS NO PÓS-PARTO COMO PORTADORAS DE CRYPTOSPORIDIUM SPP. E O IMPACTO PARA A CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL E INFECÇÃO DE BEZERROS
Resumo
O protozoário Cryptosporidium spp. é mundialmente conhecido como importante causador da diarreia neonatal bovina, a qual acarreta diversos custos relacionados ao diagnóstico, medicações, suplementações nutricionais, bem como compra de novos animais, em casos de morte. Em bovinos, há quatro espécies do protozoário de maior importância, sendo mais comumente observadas: C. parvum, a qual é de maior ocorrência em bezerros neonatos e as espécies C. bovis, C. ryanae e C. andersoni, encontradas com maior frequência em animais adultos. Dentre os principais fatores epidemiológicos correlacionados com a ocorrência, pode-se citar a idade, método de criação, colostragem e boas práticas de higiene. Sabendo-se do potencial impacto desta enfermidade na bovinocultura e, considerando fatores epidemiológicos como idade dos animais e espécie de protozoário, o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial de vacas no pós-parto como portadoras de Cryptosporidium spp. e o impacto da excreção dos oocistos para a contaminação ambiental e posterior infecção de bezerros. O estudo foi realizado no período entre Outubro de 2023 e Abril de 2024 em uma propriedade de bovinocultura leiteira localizada na região oeste de Santa Catarina, Brasil, na cidade de Xanxerê, com rebanho estimado em 1340 vacas. A propriedade foi escolhida de acordo com histórico de criptosporidiose neonatal bovina, comprovado por amostras previamente encaminhadas ao laboratório de parasitologia veterinária da Universidade do Oeste de Santa Catarina. Para o estudo, foram amostradas fezes de 122 vacas, as quais encontravam-se no período pós-parto imediato. Além disso, foram coletadas fezes dos seus respectivos bezerros nos dias 4, 8, 12, 16 e 20 pós-nascimento. Para a investigação de Cryptosporidium spp., tanto as amostras das fezes das vacas como das bezerras foram processadas utilizando a técnica de Ziehl-Neelsen modificada. As lâminas de microscopia foram analisadas em microscópio óptico em aumento de 400x e 1000x. Apesar de 100% das vacas serem identificadas como negativas para o protozoário, 71,3% (87/122) dos bezerros foram positivos, independente do dia amostrado. Ademais, observou-se que a maioria dos bezerros foram positivos nos dias 8 e 12 pós nascimento, com maior taxa de excreção e contaminação ambiental nesse período. Diante disso, mesmo com a elevada taxa de bezerros infectados pelo protozoário na propriedade, as vacas no pós-parto não representam risco potencial de portadoras, e consequente impacto na contaminação ambiental e transmissão de Cryptosporidium spp..