“ENGOLE ESSE CHORO!”: O CHORAR NAS RELAÇÕES DE DIFERENTES ARRANJOS FAMILIARES NO EXTREMO OESTE CATARINENSE
Resumo
Introdução: O choro, por vezes, pode ser visto como demonstração de fraquezas e/ou vulnerabilidades, nesse
contexto, alguns traços culturais regionais do extremo oeste catarinense evidenciam como o cuidado à saúde mental é negligenciado, uma vez que se perpetua no tradicionalismo conservador da região, a repressão em
expressar as emoções e as vivências que afetam o pré-adolescente e também o adulto. Objetivo: Correlacionar o significado de chorar na perspectiva de pré-adolescentes e seus cuidadores com o espaço em que estão inseridos e as implicações em suas relações psicossociais; buscar entender como se dá o “chorar” e qual o seu impacto dentro do núcleo familiar de diferentes arranjos familiares do extremo oeste de Santa Catarina; Compreender como a permissibilidade ou a repressão do choro reflete na subjetividade dos pré-adolescentes e dos seus cuidadores, e
relacionar a partir da Psicologia a expressão da subjetividade dos entrevistados com os traços culturais da região extremo oeste catarinense. Método: Foram realizadas quinze entrevistas com os cuidadores (nove pessoas) e os pré-adolescentes (seis pessoas), com cinco diferentes arranjos familiares compostos das seguintes formas: casal heterossexual com filhos adotivos; pai solo com filhos de diferentes faixas etárias, sendo um deles pré-adolescente; família com cuidadora idosa e pré-adolescente (cuidador na faixa-etária acima de 60 anos); família com cuidadora mais jovem e filho pré-adolescente (cuidador na faixa-etária de até 30 anos); casal heterossexual com
filho pré-adolescente biológico. Apreciação das informações coletadas utilizando o método Análise de Conteúdo, de Lawrence Bardin (2011). Aprovado pelo CEP conforme parecer número 6.125.231. Resultados: A partir do contexto do extremo oeste catarinense nos deparamos com três possíveis eixos que se diferem entre si, mas se correlacionam e têm codependência quanto a sua manutenção em um recorte cultural da região: Campo e Cidade; Homem e Mulher; Famílias antigas e Famílias contemporâneas. Nessa linha, pautando as diferenças culturais e psicossociais, exprimimos com as entrevistas que a geração de pré-adolescentes tem mais facilidade em
se colocar na posição de reconhecer o impacto, da maneira como foram criados e na formação de sua
subjetividade. Contudo, essa geração enfrenta dificuldades ao se deparar com uma cultura pré-estabelecida.
Conclusão: A nomeação do choro é algo bem particular e tem a ver com a construção e história, tem a ver com a
forma com que essa subjetividade se forjou. Assim, a psicoterapia nos proporciona instrumentos que nos auxiliam a nos relacionar de maneira mais próxima com aquilo que somos e, também, com aquilo que expressamos.