PROTOCOLOS PARA DETECÇÃO DE ENTEROBACTÉRIAS PATOGÊNICAS EM AMOSTRAS DE FEZES
Resumo
A família Enterobacteriaceae (filo Proteobacteria, classe Gammaproteobacteria e ordem Enterobacteriales) compreende as bactérias Gram-negativas e agrega 42 gêneros, amplamente distribuídos no ambiente e, como o próprio nome sugere, compõe a microbiota intestinal dos animais. Essa família inclui diversos gêneros de micro-organismos patogênicos para o homem e para os animais, destacando-se os gêneros Salmonella, Shigella e Yersinia. O isolamento de espécies patogênicas a partir de material fecal envolve uma série de dificuldades, como o baixo título no qual são eliminadas nas fezes de indivíduos saudáveis; baixa competitividade diante da microbiota intestinal; necessidades especiais relacionadas à fisiologia e metabolismo; e o tamanho da população quando comparada às outras espécies que compõem a microbiota fecal. O objetivo com este trabalho foi avaliar quatro protocolos para isolamento de enterobactérias patogênicas em fezes de animais saudáveis. O primeiro consistiu no isolamento direto a partir das fezes (protocolo A). Estas foram diluídas em 10 mL de Água Peptonada Tamponada (APT) e, posteriormente, semeadas em Ágar MacConckey (MC). O segundo protocolo consistiu na diluição das fezes em APT e transferência de 100 uL para Caldo Muller Kaufmann Tetrationato (MKtt), que foi, então, incubado a 36 °C/24 horas e após o isolamento em ágar MC (protocolo B). O terceiro protocolo consistiu no pré-enriquecimento das fezes em APT e enriquecimento seletivo em MKtt e isolamento em ágar MC (protocolo C). O quarto protocolo foi similar ao terceiro, entretanto o enriquecimento seletivo foi em meio semissólido Rappaport Vassiliadis (MSRV) incubado a 42 °C/24 horas (protocolo D). Foi realizada uma adaptação nas recomendações do uso do meio MSRV e repicadas todas as culturas que demonstraram desenvolvimento microbiano independente da formação de zona de migração. Como material biológico, foram utilizadas seis amostras de fezes de morcegos. As amostras 1 e 2 não apresentaram desenvolvimento de culturas de enterobactérias em nenhum dos protocolos utilizados. As amostras 3 e 4 não apresentaram resposta nos protocolos A e B. As amostras 5 e 6 apresentaram desenvolvimento de enterobactérias nos quatro protocolos utilizados, sendo os protocolos B, C e D os que permitiram os isolamentos de enterobactérias patogênicas (Salmonella – protocolo B; Shigella – protocolos C e D; Yersinia – protocolo D). Essa avaliação preliminar indica que as etapas de enriquecimento seletivo são indispensáveis para o isolamento de enterobactérias patogênicas em material fecal de indivíduos sem sinais de infecção. O estudo está em continuidade a fim de aumentar o número de amostras.
Palavras-chave: Coprocultura. Morcegos. Salmonella. Shigella. Yersinia.