Impacto da cirurgia oncológica de cabeça e pescoço na função pulmonar e o efeito do uso do cicloergômetro para membros superiores na troca gasosa no período pós-operatório desses pacientes
Resumo
O câncer de cabeça e pescoço compreende tumores malignos do trato aerodigestivo superior, e nos pacientes com indicação cirúrgica, as complicações pulmonares no pós-operatório apresentam significativa causa de morbidade e mortalidade. Objetivou-se avaliar o impacto da cirurgia de ressecção de tumores de cabeça e pescoço na mecânica respiratória, função pulmonar, e comparar a eficácia do uso do cicloergômetro em relação à fisioterapia convencional na capacidade funcional, troca gasosa e a mecânica respiratória no período pós-operatório imediato. Trata-se de um ensaio clínico aleatório de caráter experimental, realizado com pacientes candidatos à cirurgia oncológica de cabeça e pescoço. Os dados demográficos e clínicos foram coletados no prontuário, a mecânica respiratória, a função pulmonar e a troca gasosa foram mensuradas através de cirtometria, manovacuômetria, espirometria e gasometria arterial nos períodos pré e pós-operatório imediato. Os pacientes foram aleatorizados em grupo controle (GC), que recebeu tratamento fisioterapêutico convencional, e grupo intervenção (GI), que realizou terapia com cicloergômetro para membros superiores e inferiores. Ambos os grupos realizaram oito sessões durante quatro dias de internação, após esse período a mecânica respiratória e troca gasosa foram reavaliadas. Houve maior prevalência do sexo masculino (63,2%), e a média de idade foi de 58,6 (± 13,2); o tempo médio de internação foi de 8,3 ± 10,7 dias, não apresentando correlação com a presença de comorbidades (p= 0,291). No período pós-operatório observou-se diminuição significativa da Pressão Expiratória máxima (PEmax) (p=0,001), da VEF1 (p=0,011) e do Escore de Cuello (p= 0,002). Ao comparar o GI com o GC, foi observada melhora significativa nos níveis de PO2 arterial no GI (p= 0,043). A cirurgia oncológica de cabeça e pescoço promove impacto na mecânica respiratória e função pulmonar dos pacientes, e a implementação de um protocolo de tratamento com o uso do cicloergômetro pode melhorar a capacidade de troca gasosa em comparação à fisioterapia convencional nesses pacientes.
Palavras-chave: Fisioterapia. Neoplasias de cabeça e pescoço. Complicações pós-operatórias. Cirurgia. Cicloergômetro.