INTOXICAÇÃO ESPONTÂNEA AGUDA APÓS INGESTÃO DE BROTOS DE PTERIDIUM AQUILINUM “SAMAMBAIA” EM BOVINO NO MUNICÍPIO DE XANXERÊ, SC

Autores

  • Fernanda Vieira Ribeiro Laboratório de Patologia Veterinária Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê
  • Rafael Toazza Laboratório de Patologia Veterinária Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê
  • Camila Pagotto Laboratório de Patologia Veterinária Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê
  • Ana Carla Marquezzan Laboratório de Patologia Veterinária Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê
  • Tatiane Silva Berto Laboratório de Patologia Veterinária Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê
  • Scherlon Luiz Soares Severo Laboratório de Patologia Veterinária Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê
  • Anderson Tiecher Simionatto Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê
  • Natalha Biondo Laboratório de Patologia Veterinária Curso de Medicina Veterinária Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Xanxerê

Resumo

Pteridium aquilinum (samambaia) é uma das plantas tóxicas de maior importância no Brasil e causa de intoxicações frequentes na clínica médica de bovinos. Relata-se um caso de intoxicação espontânea na forma aguda por ingestão de brotos de P. aquilinum em bovino, fêmea, 18 meses de idade, raça holandesa, no mês de abril de 2014 no Município de Xanxerê, SC. O animal encontrava-se em piquete de Hermarthria altissima e apresentou apatia, anorexia, seguida de episódios de diarreia aquosa escura, e nas 24 horas seguintes apresentou hipertermia. O quadro progrediu rapidamente, e em 48 horas, o animal posicionou-se em decúbito, morrendo 96 horas após o início da sintomatologia clínica, totalizando um curso clínico de cinco dias. O animal foi medicado com antitóxico e enrofloxacina, mas sem melhora clínica. Na necropsia, observou-se conteúdo ruminal seco, petéquias no omento, fígado com múltiplas áreas arredondadas amareladas e material gelatinoso de coloração amarelada (edema) adjacente ao órgão. Foram observadas hemorragias na cápsula esplênica e áreas vermelho-escuras no intestino (infartos), ao corte, conteúdo aquoso. Fragmentos de órgãos foram colhidos para exame histopatológico e remetidos ao laboratório de patologia veterinária da Unoesc de Xanxerê. As amostras foram processadas rotineiramente para histopatologia e coradas com Hematoxilina e Eosina. Na histopatologia, observaram-se hemorragias localmente extensas em múltiplos órgãos (rim, cápsula esplênica, endocárdio e epicárdio), e o fígado apresentava áreas de necrose de coagulação juntamente com infiltrado inflamatório misto, restos celulares, bactérias (bacilos) e enfisema multifocal, caracterizando uma hepatite necrótica associada a colônias bacterianas. Após a manifestação dos sinais clínicos e a realização da necropsia, suspeitou-se de intoxicação aguda por P. aquilinun. Baseado nisso, optou-se pela investigação epidemiológica do local onde os bovinos permaneceram nas últimas semanas, e verificou-se a presença da samambaia e sinais de consumo de brotos. Os animais que consomem a planta podem apresentar quadros agudos da doença, como diátese hemorrágica, ou crônicos com neoplasias na bexiga e vias digestivas superiores. Na intoxicação aguda, o animal ingere doses maiores que 10 g/kg por dia, sendo a lesão primária uma grave aplasia de medula óssea, causando trombocitopenia e leucopenia. Como consequência da diminuição de plaquetas e leucócitos, ocorrem hemorragias e multiplicação bacteriana com possível migração embólica, resultando em infarto de órgãos. A ingestão do broto favorece quadros agudos da intoxicação, uma vez que este apresenta elevadas concentrações do princípio tóxico. Superlotação, fome e carência de fibra favorecem a ingestão da planta por bovinos. O histórico da ingestão da planta, sinais clínicos e anátomo-patologia caracterizam um quadro de intoxicação aguda por samambaia, entretanto, para diagnóstico definitivo, recomenda-se a avaliação histológica de medula óssea. Salienta-se ainda que, para diagnóstico diferencial, devem ser consideradas babesiose e anaplasmose, pasteurelose septicêmica, leptospirose, intoxicação por rodenticidas, entre outros.

Palavras-chave: Pteridium aquilinum. Samambaia. Diátese hemorrágica. Infarto. Bovino.

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Publicado

2014-10-09

Como Citar

Vieira Ribeiro, F., Toazza, R., Pagotto, C., Marquezzan, A. C., Silva Berto, T., Soares Severo, S. L., Tiecher Simionatto, A., & Biondo, N. (2014). INTOXICAÇÃO ESPONTÂNEA AGUDA APÓS INGESTÃO DE BROTOS DE PTERIDIUM AQUILINUM “SAMAMBAIA” EM BOVINO NO MUNICÍPIO DE XANXERÊ, SC. Congresso Regional De Medicina Veterinária, 5–6. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/crmv/article/view/6014