CUIDADOS PALIATIVOS: AUTONOMIA E DIFICULDADES

Autores

  • Elcio Luiz Bonamigo Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Aline Würzius Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Rayana Wastner Pereira Universidade do Oeste de Santa Catarina

Resumo

A doença e a morte são temas-tabu (COELHO; FERREIRA, 2015). O envelhecimento da população aumentou a prevalência de doenças crônico-degenerativas e, com isso, surgiu a demanda por cuidados paliativos (AMORIM et al., 2014), sobretudo, em fim de vida. O fato de a formação médica ser baseada na preservação da vida (SILVA, 2015) dificulta a aceitação de tratamentos não curativos. Neste trabalho visou-se apontar os conflitos éticos envolvidos na aceitação dos cuidados paliativos pelos profissionais da saúde. Foi realizada uma pesquisa descritiva-exploratória por meio de revisão bibliográfica de artigos da base de dados Scielo e Revista Bioética. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2002), cuidado paliativo é a abordagem destinada a melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares em face de uma doença que põe em risco a continuidade da vida, mediante prevenção e alívio do sofrimento (CARVALHO; PARSONS, 2012). Os cuidados paliativos enfrentam a morte como um evento natural sem prolongá-la (CHAVES et al., 2011). Com a implantação desse conceito, criou-se uma lacuna na formação acadêmica (CARVALHO; PARSONS, 2012) e surgiu um desafio às equipes, pois na saúde considera-se a ausência de cura um fracasso (PAIVA; ALMEIDA JÚNIOR; DAMÁSIO, 2014). Por outro lado, apareceu um dilema ético: o paciente terminal é submetido ao paternalismo médico (CHAVES et al., 2011) e recebe intervenções para prorrogação de vida sem expressar sua autonomia (COELHO; FERREIRA, 2015). Conclui-se que o prolongamento da expectativa de vida foi acompanhado pelo aumento das doenças crônico-degenerativas e gerou a necessidade de promover mais conforto ao paciente em fim de vida. No entanto, a formação em saúde tende a considerar a cura sinônimo de sucesso terapêutico, dificultando a aceitação de que os cuidados paliativos sejam a opção de morte digna. Diante disso, é possível que o paciente acabe submetido a tratamentos fúteis para a prorrogação da vida, sem que possa expressar sua vontade.

Palavras-chave: Cuidados paliativos. Ética médica. Morte.

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Biografia do Autor

Elcio Luiz Bonamigo, Universidade do Oeste de Santa Catarina

Professor da disciplina de Ética Médica na Universidade do Oeste de Santa Catarina. Orientador do trabalho.

Aline Würzius, Universidade do Oeste de Santa Catarina

Acadêmica do 7º período do curso de Medicina da Universidade do Oeste de Santa Catarina

Rayana Wastner Pereira, Universidade do Oeste de Santa Catarina

Acadêmica do 7º período do curso de Medicina, da Universidade do Oeste de Santa Catarina.

Referências

COELHO, Maria Emidia de Melo; FERREIRA, Amauri Carlos. Cuidados paliativos: narrativas do sofrimento na escuta do outro. Revista Bioética, Brasília, v. 23, n. 2, p. 340-348. 2015.

AMORIM, Rosendo de Freitas et al. A formação acadêmica dos profissionais de saúde numa perspectiva da humanização dos cuidados paliativos: uma metassíntese. In: Anais do Congresso Internacional de Humanidades e Humanização em Saúde. São Paulo: Editora Blucher, v. 1, n. 2, p. 192. Março/2014. Disponível em: DOI: 10.5151/medpro-cihhs-10540. Acesso em: 15/08/2015.

SILVA, Luiz Felipe da Cunha e. Crônica de uma morte adiada: o tabu da morte e os limites não científicos da ciência. Revista Bioética, Brasília, v.23, n. 2, p. 331-339. 2015.

ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS. Manual de cuidados paliativos. 2 ed. 2012. Disponível em: www.paliativo.org.br/dl.php?bid=146. Acesso em: 15/08/2015.

CHAVES, José Humberto Belmino et al. Cuidados paliativos na prática médica: contexto bioético. Revista Dor, São Paulo, v. 12, n. 3, jul/set 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-00132011000300011&script=sci_arttext. Acesso em: 15/08/2015.

PAIVA, Fabianne Christine Lopes de; ALMEIDA JÚNIOR, José Jailton de; DAMÁSIO, Anne Christine. Ética em cuidados paliativos: concepções sobre o fim da vida. Revista Bioética, Brasília, v. 22, n. 3, p. 550-560. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bioet/v22n3/v22n3a19.pdf. Acesso em: 15/08/2015.

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Publicado

2015-12-16

Como Citar

Bonamigo, E. L., Würzius, A., & Wastner Pereira, R. (2015). CUIDADOS PALIATIVOS: AUTONOMIA E DIFICULDADES. Anais De Medicina. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/anaisdemedicina/article/view/8962

Edição

Seção

Resumos