PRINCIPAIS EFEITOS COLATERAIS DOS COLÍRIOS ANESTÉSICOS E DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS
Resumo
Os colírios anestésicos e os anti-inflamatórios esteroidais têm ampla aplicação na prática clínica oftalmológica. Os primeiros são usados em procedimentos oftalmológicos de curta duração como retirada de corpos estranhos, realização da tonometria, biópsias e procedimentos cirúrgicos; já os colírios de corticoide são usados em quadros de inflamação da conjuntiva bulbar e palpebral, de inflamações da córnea e no segmento anterior do globo e associado a antibióticos. O desconhecimento dos efeitos colaterais mais comuns de ambas as classes pode causar uma falsa ideia de segurança em relação ao uso dessas drogas. O principal objetivo desta pesquisa foi descrever os principais efeitos colaterias relacionados aos colírios anéstesicos e aos colírios anti-inflamatórios esteroidais. Tratou-se de um estudo de revisão bibliográfica, qualitativo e exploratório sobre os anestésicos e corticoides oculares. Entre as principais reações adversas oculares relacionadas ao uso crônico dos colírios anestésicos encontram-se a diminuição do lacrimejamento e do reflexo de piscar, a instabilidade do filme pré-ocular, levando a alterações da superfície ocular, e a dermatite de contato, com o quadro típico de edema palpebral, eritema e erupção. Os sinais de toxicidade são representados por cefaleia, delírio, convulsão, náusea, vômito e dor abdominal. O uso abusivo desse tópico ocular leva à ceratite epitelial persistente, em razão da infiltração estromal decorrente da dificuldade na cicatrização corneana. O uso continuado de colírios com corticoides podem causar catarata subcapsular posterior, glaucoma, perfuração do globo ocular (nas doenças que causam adelgaçamento da córnea ou esclera), até lesão do nervo óptico. Seu uso é contraindicado em situações como ceratite dendrítica (por herpes simples) e tuberculose ocular. O principal efeito sistêmico é a diminuição do cortisol endógeno, suprimindo a resposta do hospedeiro e aumentando o risco de infecções oculares secundárias. Em conclusão, os colírios são medicamentos de fácil obtenção sem receitas em farmácias, onde os pacientes poucas vezes são orientados a procurar um médico para avaliar seu caso. Um trabalho realizado em Tubarão, Santa Catarina constatou que 98% das farmácias indicaram alguma conduta quando procuradas por queixas de dor ocular inespecífica, e 65% delas não indicou serviço médico-hospitar. O aspecto aparentemente inofensivo dos colírios, a facilidade de obtenção e o despreparo de outros profissionais não oftalmologistas quanto à indicação de cada colírio favorecem o uso indiscriminado desse medicamento. Mesmo havendo restrições à venda de alguns tipos de colírios, há a necessidade de reforçar a fiscalização e conscientizar profissionais não oftalmologistas para o risco da venda e do uso indiscriminado desse medicamento, a fim de diminuir o número de complicações oculares provocadas.
Palavras-chave: Soluções oftálmicas. Efeito colateral. Anestésicos. Corticosteroides.