Paradigmas e relevância da espiritualidade em saúde mental na atualidade
Resumo
Introdução: A história ao longo do desenvolvimento da humanidade mostra como a relação entre Ciência e Religião mudam conforme o tempo e a cultura. Diante disso, cabe relembrar que, inicialmente, para a Psiquiatria, a Religiosidade era referida para sustentar o lugar daquilo que era visto como patológico, compreendida como a causa de variados transtornos mentais (LEITE; SEMINOTTI, 2007). Atualmente, com a Reforma Psiquiátrica, o fenômeno da desinstitucionalização proporcionou à Psiquiatria um caráter mais humanizado, integralizado e amplo do sujeito, levando em conta as diferentes esferas, perpassando o social e também cultural, para além do fisiológico, que compõem a psique humana. (MOREIRA-ALMEIDA; LUCHETTI, 2015). Para os religiosos, as visões acerca da natureza da ciência desacreditam o que a religião buscava, por vezes, postular. Entretanto, é notório na atualidade como a comunidade religiosa passou a ver a ciência para além do confronto, alcançando a harmonia ao deixar um pouco de lado a busca pela verdade, alcançada por meio da crença fundamentada (REINALD; SANTOS, 2016). Objetivo: Revisar e discutir o que há de mais atual sobre Saúde Mental e Religiosidade/Espiritualidade (R/E), considerando a crescente influência que um tema exerce sobre o outro. A relevância, tanto social quanto científica, surge diante da necessidade de pesquisas mais atuais e amplas sobre o tema, discutindo dados e instrumentos de avaliação capazes de corroborar ou refutar os benefícios propostos pela R/E, sobretudo no âmbito da psiquiatria. Metodologia: Trata-se de uma revisão literária, a escolha do assunto surgiu a partir da leitura de alguns artigos de revisão (essencialmente cinco artigos, mencionados nas referências) sistemáticos que abordam a temática em questão. As bases de dados utilizadas foram PubMed e PsycINFO, e a pesquisa durou três semanas. Resultados: Ao longo do estudo, foi observado que esse novo panorama do estado atual do diálogo entre as duas áreas é resultado de uma série de estudos que afirmam que pacientes psiquiátricos que possuem algum tipo de R/E apresentam melhor resposta terapêutica e significativa melhora no bem-estar geral, quando comparados randomicamente com aqueles que não possuem nenhum tipo de crença (HAROLD, 2007). Além disso, a espiritualidade é um dos alicerces que compõem não apenas a psique dos indivíduos, mas também as diferentes formas de manifestação cultural. Seja qual for a crença, ela possui um importante papel na integralização e nas manifestações sociais naquele meio em que se encontra inserido (MOREIRA-ALMEIDA, 2010). Conclusão: O conhecimento do impacto que as crenças religiosas podem ter na etiologia, diagnóstico e evolução dos transtornos psiquiátricos ajudará os psiquiatras a compreender melhor seus pacientes, avaliar quando as crenças religiosas ou espirituais são utilizadas para lidar melhor com a doença mental e quando podem estar exacerbando essa doença. A vasta maioria das pesquisas em populações saudáveis sugere que as crenças e práticas religiosas estão associadas com maior bem-estar, melhor saúde mental e um enfrentamento mais exitoso de situações estressantes.
Palavras-chave: Saúde mental. Espiritualidade. Religiosidade.
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Referências
KOENIG H. G. Religião, espiritualidade e psiquiatria: uma nova era na atenção à saúde mental / Religion, spirituality and psychiatry: a new era in mental health care. Rev. Psiq. Clín., v. 34, supl 1; p. 5-7, 2007.
LEITE, I. S.; SEMINOTTI, E. P. A Influência da Espiritualidade na Prática Clínica em Saúde Mental: Uma Revisão Sistemática. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v. 17, p. 189-196, 2013.
MOREIRA-ALMEIDA, A.; LUCCHETTI, G. Panorama das pesquisas em ciência, saúde e espiritualidade. Rev Artigos e Ensaios, p. 54-56, 2015.
MOREIRA-ALMEIDA, A. O crescente impacto das publicações em espiritualidade e saúde e o papel da Revista de Psiquiatria Clínica. Rev Psiq Clín., v. 37, n. 2, p. 41-42, 2010.
REINALDO, A. M. dos S.; SANTOS, R. L. F. dos. Religião e transtornos mentais na perspectiva de profissionais de saúde, pacientes psiquiátricos e seus familiares. Rev. Saúde Debate, Rio de Janeiro, v. 40, n. 110, p. 162-171, jul./set. 2016.