Como os pacientes enxergam os estudantes de Medicina
Resumo
Introdução: O debate acerca da satisfação dos pacientes m relação ao atendimento quando na presença de acadêmicos de Medicina nas aulas práticas oferecidas pelo Curso tem aumentado com o passar dos anos. A relação médico-paciente ou paciente-aluno interfere diretamente no processo de diagnóstico e tratamento do doente, além de ser de extrema importância para a formação do acadêmico. Objetivo: Analisar a opinião do paciente sobre o contato com os estudantes durante as aulas práticas do Curso de Medicina. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa qualitativa, descritiva e bibliográfica, a partir de dados secundários obtidos em trabalhos disponíveis nas bases Scielo e Google Acadêmico nos idiomas inglês e português, sendo que quatro foram selecionados a partir do ano 2008. Os descritores utilizados foram “estudantes de medicina” e “pacientes”. Resultados: Para Ribeiro e Amaral (2008), são dois os componentes principais da medicina centrada no paciente: um se refere ao cuidado da pessoa, com a identificação de suas ideias e emoções a respeito do adoecer e a resposta a elas; e o segundo se relaciona à identificação de objetivos comuns entre médicos e pacientes sobre a doença e sua abordagem, com o compartilhamento de decisões e responsabilidades. Segundo Menendéz (2008), o emprego de pacientes para ensinar estudantes não viola princípios éticos, desde que o paciente seja devidamente informado e não seja submetido a riscos desnecessários e sejam cumpridas regras quanto aos princípios do respeito à autonomia e da confidencialidade. Quanto aos questionários feitos por Silva Junior et al. (2014), “[...] apenas 12 pacientes (9,1%) referiram ficar incomodados quando eram solicitados a participar de aulas práticas”, sendo que a maioria referiu ter sido tratada de forma respeitosa pelos estudantes e reclamaria de sua presença caso se sentisse incomodada. Entretanto, a maioria declarou ter recebido informações de que poderia se negar a participar das aulas práticas, e três pacientes (2,2%) consideraram a participação em alguma atividade prática com estudantes uma má experiência, sendo que os principais problemas referidos foram o tipo de doença apresentado e o fato de ter que ser visto e/ou examinado por muitos estudantes (SILVA JUNIOR et al., 2014). Já a pesquisa de Berwanger, Geroni e Bonamigo (2015) mostrou que “[...] 86 participantes das ESF (86%) consideraram que recebiam mais explicações sobre sua doença com a presença de estudantes durante a consulta, enquanto 14 (14%) discordaram da afirmação”, e isso se confirmou também no ambulatório médico, em que 94 (94%) participantes concordaram e somente seis (6%) discordaram. Conclusão: Conclui-se que a maioria dos pacientes aceita e valoriza a presença dos estudantes em seu atendimento. Além disso, é importante lembrar que cabe aos médicos e acadêmicos a prática de um atendimento humanizado, valorizando os pacientes, seus sentimentos e suas vontades, tratando-os de maneira empática e respeitosa, a fim de que exista uma boa relação aluno-paciente, visando obter o bem-estar dos pacientes.
Palavras-chaves: Estudantes de medicina. Atendimento médico. Relacionamento interpessoal.Downloads
Referências
BERWANGER, J.; GERONI, G. D. de; BONAMIGO, E. L. Estudantes de medicina na percepção dos pacientes. Revista Bioética, v. 23, n. 3, p. 552-562, 2015.
SILVA JUNIOR, G. B. da et al. Percepção dos Pacientes sobre Aulas Práticas de Medicina: uma outra ausculta. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 38, n. 3. p. 381-387, 2014.
MENÉNDEZ, D. F. da S. et al. Percepção do paciente na interação com o aluno de semiologia médica: Proposta para questionário estruturado de observação. In: ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA, 10., 2008. Anais... João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2008.
RIBEIRO, M. M. F.; AMARAL, C. F. S. Medicina centrada no paciente e ensino médico: a importância do cuidado com a pessoa e o poder médico. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 29, n. 1, p. 90-97, 2008.