Avaliação da qualidade de vida e dos cuidados com a saúde mental dos acadêmicos do Curso de Medicina da Universidade do Oeste de Santa Catarina
Resumo
Introdução: A graduação em Medicina, caracterizada pela grande concorrência e consequente desgaste dos estudantes desde a prova de vestibular, tem tido também como particularidade a presença cada vez mais comum de transtornos psiquiátricos nos acadêmicos, resultando na redução da qualidade de vida destes. Seja pela mudança no estilo de vida, carga horária excessiva, grande volume de conteúdo, redução no tempo de lazer e de contato familiar, seja por outras variáveis, como o contato com a doença e a morte a partir de determinadas fases, o estudante de Medicina acaba tendo, muitas vezes, a saúde mental comprometida. Segundo Clark e Zeldow (1988), Millan et al. (1995), Croen et al. (1997), Mesquita et al. (1997), Millan et al. (1998 apud AQUINO, 2012, p. 25), a revisão dos trabalhos sobre a temática envolvendo os estudantes de medicina sugeriu alta frequência de transtornos mentais nessa população. Millan et al. (1998), Rezende et al. (2008) e Cavestro e Rocha (2006 apud AQUINO, 2012, p. 25) também confirmam que “[...] estudos revelam que a população de estudantes de medicina, em muitos casos, adoece mais quando comparada com a população em geral.” Objetivo: Avaliar a qualidade de vida e a saúde mental dos estudantes de Medicina da Universidade do Oeste Catarinense e assim despertar a reflexão sobre os padrões estabelecidos no processo de formação médica e incentivar a busca por auxílio profissional nos casos em que a saúde mental e o bem-estar estiverem comprometidos. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, não intervencionista, que descreve os dados obtidos por meio de questionário aplicado aos estudantes de Medicina da Unoesc durante o ano 2018. O questionário, baseado no Inventário de Qualidade de Vida do Estudante de Medicina (IQVEM), o qual foi desenvolvido a partir de tese realizada na Universidade de São Paulo (USP) pela autora Patrícia Tempski Fiedler no ano 2008, foi aplicado em grupo, e foi modificado e adequado para os objetivos da pesquisa. As perguntas são de múltipla escolha, graduadas de 1 a 5, respectivamente correspondendo a ‘nada, muito pouco, médio, muito e completamente’. A compilação dos dados foi feita pelo software Epi Info. Resultados: Como dados parciais obtidos até o momento por meio da análise dos questionários, observou-se que cerca de 70,37% dos alunos acreditam que o estudante de Medicina apresenta completa ou bastante piora em sua qualidade de vida ao longo do Curso. Além disso, a dependência financeira dos pais faz com que 59,25% dos alunos se sintam muito ou completamente pressionados por esse motivo, fator que pode contribuir para o desencadeamento de distúrbios psíquicos. Outro fator alarmante já identificado é a ideação suicida, que esteve presente em 7,4% dos estudantes analisados. Conclusão: Por fim, apesar da limitada amostra até então, é visível a importância de reforçar que é preciso maior preocupação com a qualidade de vida e a saúde mental do estudante por parte da educação médica, a qual deve promover ações e estratégias que visem melhorar esses aspectos dos futuros profissionais, visto que ambos podem afetar não somente a vida do futuro médico, mas também do paciente que será tratado por ele.
Palavras-chave: Saúde mental. Qualidade de vida. Estudante de Medicina.
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Referências
AQUINO, M. T. de. Prevalência de transtornos mentais entre estudantes de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. 2012. 78 p. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde)–Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-93EL9J/1_pags_01_a_78.pdf?sequence=1>. Acesso em: 13 mar. 2018.
FIEDLER, P. T. Avaliação da qualidade de vida do estudante de medicina e da influência exercida pela formação acadêmica. 2008. 308 p. Tese (Doutorado em Ciências)–Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www2.fm.usp.br/gdc/docs/cedem_119_tese_patriciatempski.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2018.