Condições de epilepsia relacionadas à infecção de neurocisticercose
Resumo
Introdução: A neurocisticercose (NC) é uma infecção do Sistema Nervoso Central causada pelo estágio larvário do parasita Taenia solium. A forma mais frequente de aquisição dessa condição é a heteroinfecção que decorre da ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos liberados pelos proglotes de outros indivíduos parasitados. A patologia apresenta algumas alterações psíquicas que se manifestam por meio de uma variedade de sintomas. Estudos epidemiológicos sugerem que a NC é a causa principal de epilepsia sintomática em países em desenvolvimento, tendo a convulsão como o principal sintoma associado. Objetivo: Analisar o perfil clínico da epilepsia associada à infecção de NC, bem como estabelecer a prevalência da doença como provável etiologia de epilepsia sintomática. Metodologia: Foi realizado por meio de uma pesquisa exploratório-descritiva segundo a abordagem qualitativa através de bibliografia baseada em artigos científicos e trabalhos disponibilizados em revistas eletrônicas. O material foi obtido por intermédio de buscas pelas bases de dados Scielo e Google Acadêmico, considerando as bibliografias escritas nos idiomas português e inglês, publicadas no período de 1991 a 2010. Resultados: Segundo estudo de Trevisol-Bittencourt, Silva e Figueredo (1998), em algumas regiões do Sul do País há um número significativo de pacientes internados por epilepsias com evidências tomográficas de NC, tendo uma prevalência de cerca de 24%. Além disso, Bruck et al. (1991), em pesquisa sobre a NC infantil realizada pela Universidade Federal do Paraná, mostraram que de 34 casos, 20 apresentaram como sintomas a epilepsia. O quadro clínico depende não somente do número e localização das lesões, mas também do seu estágio e evolução, assim como da resposta imunitária do hospedeiro; no entanto, a forma mais comum de apresentação é a convulsão. Em 1998, Trevisol-Bittencourt, Silva e Figueredo constataram que “Em termos de classificação das crises epiléticas relacionadas à NC, sabe-se que elas preferencialmente apresentam-se como parciais simples ou complexas, com ou sem generalização secundária e tendem a ocorrer em salvas.” Outros sintomas como hipertensão intracraniana e déficit neurológico focal, embora raros, podem ser percebidos. Em relação à associação com outras doenças, Andrade (2010) afirma que uma grande diferença foi a prevalência de epilepsia em pacientes que apresentavam também demência em razão de NC ativa, cerca de 85%, enquanto o grupo sem demência manifestou epilepsia em 58% dos casos. Conclusão: Nesse sentido, ao considerar as pesquisas realizadas e os estudos pertinentes ao tema, verificou-se que existe uma carência de estudos que abordem as alterações neuropsiquiátricas nas doenças infecciosas parasitárias, e embora a lesão do hipocampo e as convulsões possam explicar o desenvolvimento da epilepsia, muitas questões que abordam as relações clínicas e patológicas ainda surgem e vão ao encontro de sintomas psicomotores e neuronais, os quais dependem de novas descobertas e estudos na área.
Palavras-chave: Doença infecciosa e parasitária. Convulsão. Demência.
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Referências
ANDRADE, D. C. A. de. Comprometimento cognitivo e demência na neurocisticercose ativa: um estudo transversal controlado. 2010. 62 p. Tese (Doutorado em Ciências)–Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
BRUCK, L. et al. Neurocisticercose na infância: diagnóstico clínico e laboratorial. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 49, p. 43-46, 1991.
FERREIRA, M. et al. Neurocisticercose em idade pediátrica. Acta Pediátrica Portuguesa, v. 2, n. 37, p. 48-55, 2006.
SILVA, A. V. da et al. Neurocysticercosis and microscopic hippocampal dysplasia in a patient with refractory mesial temporal lobe epilepsy. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 64, n. 2, p. 309-313, 2006.
TREVISOL-BITTENCOURT, P. C.; SILVA, N. C. da; FIGUEREDO, R. Neurocisticercose em pacientes internados por epilepsia no hospital regional de Chapecó região oeste do estado de Santa Catarina. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 56, n. 1, p. 53-58, 1998.