Avaliação do conhecimento da população do Município de Concórdia, SC sobre parada cardiorrespiratória, ressuscitação cardiopulmonar e uso do desfibrilador externo automático
Resumo
Introdução: A parada cardiorrespiratória (PCR) é responsável por quase 15% das mortes cardiovasculares no mundo (MENEZES FERREIRA et al., 2013). O início rápido da reanimação cardiorrespiratória e a utilização precoce do desfibrilador externo automático (DEA) são fundamentais para aumentar a sobrevida de vítimas de PCR (AEHLERT,2013; GONZALEZ et al., 2013). Objetivo: Avaliar e quantificar o conhecimento da população de Concórdia, SC, sobre PCR, ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e utilização do DEA. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal-descritivo que, por meio da aplicação de questionários com 11 questões objetivas, de múltipla escolha, abordou 386 indivíduos nas ruas e no comércio do centro e dos bairros de Concórdia. Resultados: Dos entrevistados, 75,4% eram mulheres. A média de idade é de 27,9 anos (± 12,2 anos). A maioria (29,7%) possuía ensino médio completo ou superior incompleto (29,2%). Ao serem perguntados se sabiam o que era um DEA, 83,6% dos entrevistados disseram que não. Quando o termo utilizado era Desfibrilador Externo Automático, 39,6% afirmou saber o que era. Sobre o que fazer quando uma pessoa perde a consciência e não desperta mais, 72,2% relataram não saber. Sobre o número do SAMU, 89,6% afirmaram que lembram, quantidade semelhante aos 91,4% que sabem o dos Bombeiros. A maioria (82,1%) disse saber o que é uma PCR. Entre os participantes, 42,7% afirmaram terem recebido algum tipo de treinamento para realizar compressões torácicas/massagem cardíaca, número superior a dados encontrados em Hong Kong (34%) e inferior a Nova Zelândia (74%) e Washington (79%) (FAN et al., 2016). Destes, 29,6% assinalaram a resposta correta “chamar ajuda” quando perguntados sobre qual a primeira atitude após reconhecer uma PCR em adulto, dado inferior aos 60,9% de estudos realizados nos Estados Unidos. Sobre o local correto das compressões, 90,9% assinalaram a alternativa correta “no meio do peito, sobre o esterno”. Sobre o número mínimo de compressões por minuto que deveriam ser feitas, 38,1% assinalaram a resposta correta: “100”. Por fim, sobre a utilização DEA, 8,4% disseram que sabem usar, número inferior aos 71% encontrados em estudos americanos. Por meio de análise condicional, selecionando somente os indivíduos que dizem já ter recebido treinamento, a chance de, ao acaso, selecionar uma dessas pessoas, que saiba corretamente a sequência básica entre os itens avaliados nas questões 8 a 11 (chamar ajuda antes de iniciar as compressões, local correto das compressões, número mínimo de compressões por minuto e utilizar o DEA) é de 0,86%. Conclusão: Os dados demonstram que o conhecimento das pessoas com ou sem treinamento em RCP estão aquém do ideal, considerando o importante papel leigo no atendimento à RCP extra-hospitalar. Considera-se ser necessário melhorar os programas de treinamento existentes e criar novas intervenções práticas de educação e treinamento da população sobre os temas abordados.
Palavras-chave: Parada cardiorrespiratória. Ressuscitação cardiopulmonar. Desfibrilação.
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Referências
AEHLERT, B. ACLS Suporte avançado de vida em cardiologia: emergência em cardiologia. 4. Ed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2013. 389p.
FAN, K. L. et al. Public knowledge of how to use an automatic external defibrillator in out-of-hospital cardiac arrest in Hong Kong. Hong Kong medical jornal, v. 22, i. 6, p. 582, 2016. Disponível em: <http://www.hkmj.org/system/files/hkmj164896.pdf>. Acesso em: 10 de fev. 2017
GONZALEZ, M. M. et al. I Diretriz de ressuscitação cardiopulmonar e cuidados cardiovasculares de emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq, Bras. de Cardiol., São Paulo, v. 101, n. 2, p. 1-221, 2013. Disponível em: <http://www.arquivosonline.com.br/2013/10002/pdf/interativa-10002.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2016.
MENEZES FERREIRA, M. M. et al. Ressuscitação cardiopulmonar: Uma abordagem atualizada. Revista Enfermagem Contemporânea, v. 2, n. 1, 2013. Disponível em: <https://www5.bahiana.edu.br/index.php/enfermagem/article/view/188>. Acesso em: 02 set. 2016.