RELATO DE CASO SOBRE UMA ENTIDADE INCÓGNITA

Autores

  • Bruna Kruczewski Docente da Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Ricardo Hohmann Camiña Docente da UNOESC. Médico patologista do Instituto de Patologia Joaçaba.
  • Arthur Lichs Marçal Santos Acadêmico do curso de medicina da UNOESC
  • Nadia Aparecida Lorencette Docente da UNOESC. Médico patologista do Instituto de Patologia Joaçaba.

Resumo

A Fibrose Retroperitoneal (FR) é uma doença rara. Apresenta uma prevalência estimada de 1.38/100.000 habitantes. É mais comum em homens (2-3:1) na faixa etária de 50 a 60 anos de idade (CRONIN et al., 2008). Essa entidade consiste em uma desordem inflamatória, fibrosante e esclerosante que acomete a região e os órgãos retroperitoneais, levando a diversas comorbidades. Objetivou-se relatar estudo de um caso de fibrose retroperitoneal; trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, desenvolvida em 2016, na qual foi relatado o caso de uma paciente, natural de Santa Catarina, atendida em um determinado serviço de Urologia. A coleta de dados utilizou-se de dados de prontuário, exames complementares, como ecografia e tomografia computadorizada, exames laboratoriais e exame anatomopatológico. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Unoesc. Apresenta-se um caso de fibrose retroperitoneal, uma desordem inflamatória e esclerosante que atinge áreas perivasculares da artéria aorta abdominal e artérias ilíacas, afetando, também, o trato urinário alto e estruturas venosas e gastrointestinais proximais (SWARTZ; SCHEEL, 2011). Essa doença foi diagnosticada em uma paciente de 32 anos após esta procurar um serviço de urologia, com queixas de dor lombar à direita, com agravo de intensidade ao longo do tempo, sendo os sintomas inespecíficos, o que é uma característica da doença (CRONIN et al., 2008). Foi requisitada uma URO-TC, que mostrou evidências de uma massa compressiva envolvendo a artéria ilíaca comum direita e o ureter médio direito, causando moderada/severa hidronefrose, e confirmada posteriormente pelo estudo anatomopatológico das peças cirúrgicas, que apresentava rim direito alterado por hidronefrose e pielonefrite crônica decorrentes de estenose ureteral por fibrose extrínseca com processo inflamatório crônico  predominantemente linfocitário e plasmocitário, por vezes formando folículos linfoides, associada a focos de flebite oclusiva e áreas de necrose gordurosa com reação xantogranulomatosa, características clássicas da FR (ROSAI, 2011). Dois possíveis fatores desencadeadores da doença foram encontrados na paciente em questão, o uso crônico de paracetamol/acetaminofeno durante um ano e uma cirurgia abdominal prévia. A cirurgia foi o tratamento de escolha em razão da suspeita de neoplasia retroperitoneal com acometimento renal e ureteral, sendo realizada a nefrectomia e a ureterectomia, e não foram realizados tratamentos adicionais, somente o acompanhamento da paciente. A etiologia da fibrose retroperitoneal ainda é incerta. Apesar da fisiopatologia da fibrose retroperitoneal induzida por drogas ainda ser desconhecida, os dados encontrados nesta pesquisa evidenciaram uma relação do uso crônico do paracetamol/acetaminofeno e de uma cirurgia prévia (dermolipectomia abdominal), sendo estes dois possíveis fatores, isolados ou em associação, desencadeadores da fibrose retroperitoneal. Sendo entidade rara e pouco conhecida no meio médico, a fibrose retroperitoneal é uma doença que tem importância em ser relatada, principalmente pela possibilidade de o seu desencadeamento ser decorrente do uso de medicamentos, como o paracetamol, que é frequentemente utilizado de forma contínua e indiscriminada.

Palavras-chave: Fibrose retroperitoneal. Renal. Hidronefrose. Acetaminofeno.

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Biografia do Autor

Bruna Kruczewski, Docente da Universidade do Oeste de Santa Catarina

Possui graduação e licenciatura em Enfermagem pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2004 a 2008). Residência Multiprofissional em Saúde da Família (2009 a 2011) e Mestrado em Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná (2012 a 2014). Atualmente é professora na Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), nos cursos de medicina e enfermegem. Membro do Grupo de Pesquisa Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva - NESC da Universidade Federal do Paraná. 

Ricardo Hohmann Camiña, Docente da UNOESC. Médico patologista do Instituto de Patologia Joaçaba.

Docente da UNOESC.
Médico patologista do Instituto de Patologia Joaçaba.

Arthur Lichs Marçal Santos, Acadêmico do curso de medicina da UNOESC

Acadêmico do curso de medicina da UNOESC

Nadia Aparecida Lorencette, Docente da UNOESC. Médico patologista do Instituto de Patologia Joaçaba.

Docente da UNOESC.
Médico patologista do Instituto de Patologia Joaçaba.

Referências

CRONIN, C G. et al. Retroperitoneal fibrosis: a review of clinical features and imaging findings. United States of America: American Journal of Radiology. 2008, v. 191, n. 2, p. 423-31.

GILLEWATER, Jay J et al. Adult and Pediatric Urology. 4. Ed. Missouri: Mosby, 2002, 3008 p.

ROSAI, Juan. Rosai and Ackerman’s Surgical Pathology. 10th ed. Filadélfia: Elsevier, 2011. 2624 p.

VAN BOMMEL, E F. Retroperitoneal Fibrosis. Netherlands Journal of Medicine, Netherlands. Jul;60(6):231-42. 2002.

VIVAS, I et al. Retroperitoneal fibrosis: typical and atypical manifestations. United Kingdom: British Journal Radiology. 2000, v. 73, n.866, p. 214-22.

WALSH, P C et al. Campbell’s Urology. Eighth Edition. Baltimore: Saubders, 2002.

SWARTZ, Ricard: SCHEEL, Paul. Retroperitoneal fibrosis: gaining traction on no enigma. The Lancet. 2011, v. 378, n. 9788, p. 296-298.

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Publicado

2016-10-26

Como Citar

Kruczewski, B., Camiña, R. H., Santos, A. L. M., & Lorencette, N. A. (2016). RELATO DE CASO SOBRE UMA ENTIDADE INCÓGNITA. Anais De Medicina. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/anaisdemedicina/article/view/12105

Edição

Seção

Resumos