RELATO DE CASO SOBRE UMA ENTIDADE INCÓGNITA
Resumo
A Fibrose Retroperitoneal (FR) é uma doença rara. Apresenta uma prevalência estimada de 1.38/100.000 habitantes. É mais comum em homens (2-3:1) na faixa etária de 50 a 60 anos de idade (CRONIN et al., 2008). Essa entidade consiste em uma desordem inflamatória, fibrosante e esclerosante que acomete a região e os órgãos retroperitoneais, levando a diversas comorbidades. Objetivou-se relatar estudo de um caso de fibrose retroperitoneal; trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, desenvolvida em 2016, na qual foi relatado o caso de uma paciente, natural de Santa Catarina, atendida em um determinado serviço de Urologia. A coleta de dados utilizou-se de dados de prontuário, exames complementares, como ecografia e tomografia computadorizada, exames laboratoriais e exame anatomopatológico. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Unoesc. Apresenta-se um caso de fibrose retroperitoneal, uma desordem inflamatória e esclerosante que atinge áreas perivasculares da artéria aorta abdominal e artérias ilíacas, afetando, também, o trato urinário alto e estruturas venosas e gastrointestinais proximais (SWARTZ; SCHEEL, 2011). Essa doença foi diagnosticada em uma paciente de 32 anos após esta procurar um serviço de urologia, com queixas de dor lombar à direita, com agravo de intensidade ao longo do tempo, sendo os sintomas inespecíficos, o que é uma característica da doença (CRONIN et al., 2008). Foi requisitada uma URO-TC, que mostrou evidências de uma massa compressiva envolvendo a artéria ilíaca comum direita e o ureter médio direito, causando moderada/severa hidronefrose, e confirmada posteriormente pelo estudo anatomopatológico das peças cirúrgicas, que apresentava rim direito alterado por hidronefrose e pielonefrite crônica decorrentes de estenose ureteral por fibrose extrínseca com processo inflamatório crônico predominantemente linfocitário e plasmocitário, por vezes formando folículos linfoides, associada a focos de flebite oclusiva e áreas de necrose gordurosa com reação xantogranulomatosa, características clássicas da FR (ROSAI, 2011). Dois possíveis fatores desencadeadores da doença foram encontrados na paciente em questão, o uso crônico de paracetamol/acetaminofeno durante um ano e uma cirurgia abdominal prévia. A cirurgia foi o tratamento de escolha em razão da suspeita de neoplasia retroperitoneal com acometimento renal e ureteral, sendo realizada a nefrectomia e a ureterectomia, e não foram realizados tratamentos adicionais, somente o acompanhamento da paciente. A etiologia da fibrose retroperitoneal ainda é incerta. Apesar da fisiopatologia da fibrose retroperitoneal induzida por drogas ainda ser desconhecida, os dados encontrados nesta pesquisa evidenciaram uma relação do uso crônico do paracetamol/acetaminofeno e de uma cirurgia prévia (dermolipectomia abdominal), sendo estes dois possíveis fatores, isolados ou em associação, desencadeadores da fibrose retroperitoneal. Sendo entidade rara e pouco conhecida no meio médico, a fibrose retroperitoneal é uma doença que tem importância em ser relatada, principalmente pela possibilidade de o seu desencadeamento ser decorrente do uso de medicamentos, como o paracetamol, que é frequentemente utilizado de forma contínua e indiscriminada.
Palavras-chave: Fibrose retroperitoneal. Renal. Hidronefrose. Acetaminofeno.
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Referências
CRONIN, C G. et al. Retroperitoneal fibrosis: a review of clinical features and imaging findings. United States of America: American Journal of Radiology. 2008, v. 191, n. 2, p. 423-31.
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ROSAI, Juan. Rosai and Ackerman’s Surgical Pathology. 10th ed. Filadélfia: Elsevier, 2011. 2624 p.
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WALSH, P C et al. Campbell’s Urology. Eighth Edition. Baltimore: Saubders, 2002.
SWARTZ, Ricard: SCHEEL, Paul. Retroperitoneal fibrosis: gaining traction on no enigma. The Lancet. 2011, v. 378, n. 9788, p. 296-298.