DISCRIMINAÇÃO AO PACIENTE PORTADOR DO VÍRUS HIV
Resumo
No Brasil, a crescente epidemia de SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) tem sua transmissão de forma predominantemente sexual e parece estar presente em todos os grupos sociais com constante feminilização e heterossexualização (GARBIN et al., 2009a) da doença, atingindo, notoriamente, classes sociais menos favorecidas (GUIMARÃES, 2013). Por se tratar de uma doença ainda estigmatizada, o portador sofre discriminação da população de um modo geral, inclusive dos profissionais da saúde. Nesse sentido, com o presente estudo buscou-se analisar a ocorrência de casos de discriminação aos pacientes portadores de HIV tanto no sistema de saúde quanto no seu convívio diário em sociedade. Como metodologia para realização do estudo foram analisados artigos on-line encontrados nas bases de dados da Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde e Portal de Periódicos do CAPES/MEC e elaborou-se uma descrição com dados de caráter quanti-qualitativo. A partir da análise realizada, em um estudo ocorrido no Município de Três lagoas, MS, com 69 pessoas entrevistadas, portadoras de HIV/AIDS, foram encontrados 34 relatos de preconceito, principalmente nos serviços públicos de saúde (85%), por parte de todos os profissionais de saúde, predominantemente enfermeiros (41,2%) e médicos (35,3%) (GARBIN et al., 2009b). No estudo de Lelis et al. (2012) encontrou-se que 41,2% de um total de 68 participantes HIV+ afirmaram ter sido discriminados por profissionais de saúde. Nesse estudo, a maior porcentagem de discriminação também esteve no sistema público de saúde (78,6%), e entre os profissionais envolvidos encontravam-se os enfermeiros (34,2%), os cirurgiões-dentistas (34,2%) e os médicos (31,6%). A discriminação realizada pelos profissionais de saúde tem sido observada em vários estudos, e isso acontece por motivos como o medo de contaminação, em razão do pouco conhecimento sobre a transmissão do HIV, a associação da doença com comportamentos impróprios e imorais, além da falta de conscientização quanto à existência do preconceito e suas consequências (LELIS et al., 2012). Em estudo realizado na Cidade de Joaçaba, SC, os resultados mostram que 19,57% dos pacientes relatam ter sofrido algum tipo de discriminação por parte de profissionais da saúde, sendo que 61,11% aconteceram nas Unidades Básicas de Saúde, 22% em hospitais/emergências, 11,11% em laboratórios e 5,56% em consultório. Nesse estudo, ainda, há relato de que a discriminação relatada na sociedade em geral foi de 53,46% (AMORIM, 2015). A partir desta revisão, fica evidente a presença de discriminação aos indivíduos portadores do vírus HIV em diversos setores da sociedade, inclusive no setor de saúde, como consequência da falta de conhecimento em relação à doença, algo inconcebível diante da atual acessibilidade à informação. Infere-se a necessidade de campanhas públicas educacionais sobre a doença, bem como a busca do conhecimento individual principalmente por parte dos profissionais da saúde.
Palavras-chave: HIV. Discriminação. Preconceito.
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Referências
AMORIN, Lilian Tania. HIV/AIDS Meio-Oeste de Santa Catarina: comorbidades, preconceito e discriminação. 2016. 96 p. (Dissertação de Mestrado em Biociências da Saúde) - Universidade do Oeste de Santa Catarina, Joaçaba, 2016.
GARBIN, Cléa Adas Saliba. et al. Percepção dos pacientes HIV-Positivo de um centro de referência em relação a tratamentos de saúde. Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis. [S.l]: [s.n.], v. 21, n.3, p. 107-110. 2009a.
GARBIN, Cléa Adas Saliba et al. Bioética e HIV/Aids: discriminação no atendimento aos portadores. Revista Bioética. [s.l.]: [s.n,], v.17, n. 3, p. 511 – 522. 2009b.
GUIMARÃES, Mark Drew Crosland. Vulnerabilidade e HIV. Revista Médica de Minas Gerais. Belo Horizonte: [s.n.], v. 23.4, p. 409-411, out./dez. 2013.
LELIS, Ricardo Takeda et al. Vivendo com HIV/AIDS: estudo da ocorrência de discriminação nos serviços de saúde. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde. Vitória: [s.n.], v. 14, n.4, p. 22-28, out./dez. 2012.