http://dx.doi.org/10.18593/r.v40i0.9776

EDITORIAL

Ao longo das últimas edições, a Roteiro tem procurado trazer para o centro do debate textos que retratem a problemática da avaliação educacional em seus múltiplos contextos e dimensões. Na edição 37, publicada no segundo semestre de 2012, a Revista apresentou um conjunto de textos agregados ao Dossiê Políticas e práticas de avaliação no ensino fundamental, etapa da educação brasileira sobre a qual têm recaído políticas educacionais de grande impacto e de extensas repercussões na escola elementar, especialmente nas últimas décadas. Os textos que compunham o Dossiê apontavam complexas questões que atravessam o campo da avaliação, evidenciando, em seu conjunto, necessidade de transformação dos sentidos excludentes e a possibilidade de construção de outros sentidos para as políticas e práticas de avaliação escolar.

O Dossiê contou ainda com a participação do professor Dr. Almerindo Janela Afonso que, por meio de uma entrevista a esta Editora, ofereceu importante contribuição ao debate pondo em revista políticas de regulação e avaliação no campo da educação, em perspectiva global.

Em 2015, a Roteiro retoma o tema de forma mais sistemática, por meio do Dossiê Avaliação e regulação da educação em contextos ibero e latino-americanos, mesmo título do Seminário Internacional de Políticas e Processos Educacionais, organizado e realizado pelo Programa de Pós-graduação em Educação (PPGEd) da Unoesc em março de 2015. O Dossiê é composto por oito textos, fruto de palestra proferida por seus autores ao longo dos dois dias de realização do Seminário.

Além dos textos do Dossiê, a Roteiro traz ainda nesta Edição Especial dois artigos de demanda contínua e uma resenha. A discussão proposta pelos autores é extremamente necessária no quadro atual da política educacional postos os desafios que se apresentam especialmente no Brasil, diante da grave crise de governabilidade instaurada no país.

Na seção de artigos, Luiza Helena Dalpiaz debate Educação permanente e políticas públicas: problematização de práticas e produção de conhecimentos. Para a autora, a demanda para profissionalização de operadores locais de políticas públicas coloca na pauta a educação permanente. O objetivo do artigo é apresentar uma perspectiva que se particulariza por duas noções operativas: crise do praticante e tensão paradigmática. Essas noções fundamentam um método para problematização de práticas profissionais, do qual se desdobram uma metodologia para construção do problema e cinco procedimentos metodológicos complementares. O trabalho com esse método indica a existência de um conjunto diversificado de problemas/temas e condições para a formação do praticante. Nesse caminho, Dalpiaz interroga políticas públicas a partir da análise de situações singulares de práticas profissionais, destacando a pertinente indissociabilidade entre formação profissional e pesquisa científica.

Maria Teresa Ceron Trevisol, Mônica Piccione Gomes Rios, Naidi Carmen Gabriel e Sherlon Cristina De Bastiani debatem Ações e estratégias com incidência nas práticas pedagógicas: implicações na qualidade da educação. As autoras propõem analisar a diversidade e a natureza das ações e estratégias planejadas e implementadas em escolas públicas municipais de ensino fundamental localizadas na região oeste catarinense, integrantes do Programa Observatório da Educação (Obeduc/Capes). Constatam ações e estratégias com potencial para contribuir com a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem e, logo, com reflexo no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).

Finalizando o conjunto de manuscritos dessa Edição Especial, a resenha Notas sobre os fundamentos da educação sob múltiplas visões, de Meira Chaves Pereira, apresenta uma análise crítica do volume dois da obra Fundamentos da educação: recortes e discussões, lançado pela Paco Editorial, em 2015. A obra é uma organização de textos selecionados pelos autores Paulo Gomes Lima e Silvio Cesar Moral Marques e reúne contribuições de pesquisadores de universidades públicas e privadas do Brasil, além de contribuições de acadêmicos dos cursos de pós-graduação stricto sensu, em torno da evolução do pensamento pedagógico das comunidades primitivas até o surgimento das universidades.

Agradecemos a todos os autores e avaliadores pela importante colaboração na publicação de mais esta edição e informamos que a partir de 2016 a Roteiro passará a ter publicação quadrimestral, oferecendo assim maiores oportunidades de publicização do conhecimento científico produzido com foco nas políticas e processos educacionais.

A todos, uma boa leitura.

Marilda Pasqual Schneider

Editor-chefe

Roteiro, Joaçaba, Edição Especial, p. 9-10. 2015