https://doi.org/10.18593/r.v40i1.8179

EDITORIAL

Temos a satisfação de disponibilizar ao público leitor, pesquisadores da área da educação e comunidade acadêmica em geral, o 40º volume da Roteiro que, em 2015, completa 37 anos de uma trajetória que consagrou este como um periódico de referência na divulgação e disseminação do conhecimento produzido na área da educação. Ao longo desses anos foram investidos esforços na sua inserção nacional e internacional e na diversificação de autores e instituições. Essa edição reflete o resultado desse esforço. O conjunto de textos selecionados versam sobre diferentes temas relacionados à linha editorial da revista. A diversidade de autores, instituições e olhares possibilita conhecer diferentes abordagens e incitam seus leitores a produzir novas leituras e significações acerca dos temas selecionados.

O primeiro deles, Gestión escolar y realidad política en Latinoamérica: ejes y desafíos histórico-políticos, de autoria de Maria de Lourdes Pinto de Almeida, da Universidade do Oeste de Santa Catarina – SC, e Cesar Gerônimo Tello, da Universidad Nacional de Trés de Febrero – Argentina, apresenta uma reflexão sobre a escola considerando-a um espaço de tolerância e de respeito. Essa perspectiva busca superar a visão da escola apenas como espaço de reprodução das condições de produção. Para os autores, o trabalhado realizado na gestão de muitas escolas perdeu o sentido de espaço de troca, de construção e de relação social, tendo assumido funções muito próximas às do mercado.

O artigo Rankings acadêmicos na educação superior brasileira: a emergência de um campo de estudo (1995-2013), de autoria de Adolfo Ignacio Calderón, Mariana Pfister e Carlos Marshal França, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas – SP, apresenta um estudo sobre a expansão dos rankings na educação superior brasileira, apontando para a inexpressiva produção sobre o tema. Argumentam que, embora seja um campo de estudos emergente, o aprofundamento dos rankings acadêmicos não tem despertado o interesse dos pesquisadores das Ciências da Educação, fato que se revela na reduzida literatura acadêmica, nas lacunas existentes em termos de assuntos inexplorados e na inexistência de grupos de pesquisa sobre o tema.

No artigo O Parfor e sua operacionalização em Mato Grosso do Sul (2009-2011), Margarita Victoria Rodríguez, Leandro Picolli Nucci e Silvia Helena Andrade de Brito, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – MT, analisam, a partir de entrevistas e fontes documentais, o acesso ao Parfor e o trabalho docente realizado no estado do Mato Grosso do Sul. Defendem que a baixa adesão ao Programa e a precarização do trabalho docente são em virtude da falta de regulamentação e da precariedade de condições ofertadas para a sua realização no estado.

O tema das representações sociais de formação na licenciatura é abordado no artigo Formação na licenciatura: as representações sociais de estudantes, de autoria de Laeda Bezerra Machado e Viviane Cordeiro Gomes, da Universidade Federal do Pernambuco – PE. A partir de estudo qualitativo realizado com estudantes de cursos de licenciatura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife – PE, as autoras apontam que as representações sociais dos estudantes estão focalizadas na descoberta do aluno como sujeito de saber e lugar da aprendizagem técnica ou transposição do conteúdo específico e na instrumentalização do docente. Acreditam que as representações sociais evidenciadas podem contribuir no processo formativo de futuros professores da educação básica.

No artigo Livros didáticos de Biologia e a História da Ciência, as autoras Nadir Castilho Delizoicov e Jéssica Zauza Fiorese, da Universidade de Chapecó – SC, debatem a importância dos livros didáticos para professores e alunos durante o processo de ensino e aprendizagem. A partir da análise de livros didáticos de biologia, apontam ser tímida a inserção de uma visão historicamente contextualizada na abordagem dos conteúdos veiculados pelos livros didáticos.

Questões envolvendo o binômio avaliação e qualidade são o tema do artigo Avaliação e qualidade: diferentes percursos na educação básica, escrito por Nilceia Vieira e Valdete Côco, da Universidade Federal do Espírito Santo – ES. No trabalho, as autoras apontam a necessidade de posicionamento dos diferentes atores sociais acerca dos processos de avaliação da qualidade, defendendo que estes precisam estar articulados com as finalidades da educação.

No artigo Institucionalização de sistemas municipais de educação: concepções e complexidade, Rosilene Lagares, da Universidade Federal de Tocantins – TO, debate, a partir de estudo documental, aspectos da complexidade histórica na organização e gestão da educação municipal, destacando o processo de institucionalização de Sistemas Municipais de Educação a partir do pacto federativo e do regime de colaboração.

As autoras Aliandra Cristina Mesomo Lira e Josiane Aparecida Kopczynski, da Universidade Estadual do Centro-Oeste – PR, problematizam o uso do parque infantil por meio do estudo de sua organização em uma instituição de educação infantil. No artigo Quando o brincar tem hora e lugar: reflexões sobre o uso do parque na educação infantil, as autoras reconhecem que o uso do parque faz parte de um cotidiano extremamente dirigido e controlado pelo adulto, que inclui desde a disposição dos brinquedos até os horários de uso nas rotinas das turmas. 

Por fim, o artigo os desafios do cotidiano educacional: o caso da Educação Física, de autoria de Marta Nascimento Marques, Rodrigo de Rosso Krug, Hugo Norberto Krug e Victor Julierme Santos da Conceição, da Universidade de Cruz Alta – RS traz alguns desafios percebidos pelos professores de Educação Física no cotidiano de suas práticas pedagógicas na escola, a partir de entrevistas realizadas com professores de Educação Física do ensino fundamental. Para analisar as informações coletadas foi utilizada a análise de conteúdo. Entre os desafios apontados, destacam a desvalorização da Educação Física, a falta de união e companheirismo entre os professores e os baixos salários.

Nesta edição trazemos, ainda, uma entrevista realizada com o professor Doutor Jaime Moreles Vázquez, da Universidade de Colima – México, tratando do tema Políticas de avaliação de investigadores no México. O Doutor Jaime Moreles Vázquez pertence ao Sistema Nacional Investigadores, nível 1, do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CONACYT), no México, e seus estudos oferecem importantes recursos teóricos e conceituais para compreender o uso da investigação, as políticas educativas e as práticas científicas. A entrevista foi motivada pela participação no Seminário Internacional de Políticas e Processos Educativos: Avaliação e regulação da educação em contextos ibero e latino-americanos, promovido pelo Programa de Pós-graduação da Unoesc entre os dias 30 e 31 de março de 2015, e trata das políticas de avaliação da produtividade docente em curso no México.

Finaliza a edição uma resenha, Balanço da política educacional brasileira, de autoria de Mariana Cunha Bhering, da Universidade de São Carlos – SP. A obra resenhada foi organizada Débora Cristina Jefrey e Luis Enrique Aguilar e retrata a política educacional brasileira no período de 1999 a 2009.

Os leitores estão convidados a examinar os textos aqui apresentados, resultado dos estudos e das pesquisas realizadas por seus autores, e a construir novas possibilidades de interpretação a partir de diferentes olhares e de novos estudos.

Marilda Pasqual Schneider

Editor

Roteiro, Joaçaba, v. 40, n. 1, p. 7-10, jan./jun. 2015