https://doi.org/10.18593/r.v49.32630

Revisão sistemática qualitativa em educação: características e etapas

Qualitative systematic review in education: characteristics and steps

Revisión sistemática cualitativa en educación: características y etapas

Jean Marcos Detofeno Tonello1

Universidade do Oeste de Santa Catarina; Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação.

https://orcid.org/0000-0001-9023-1758

Jacques Lima Ferreira2

Universidade do Oeste de Santa Catarina; Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação. http://lattes.cnpq.br/0200302136977910

Resumo: O presente artigo apresenta a Revisão Sistemática da Literatura como possibilidade metodológica para as pesquisas de abordagem qualitativa na área da Educação. O problema de pesquisa foi delimitado a fim de investigar o seguinte questionamento: como realizar uma revisão sistemática na abordagem qualitativa para as pesquisas em educação? Na tentativa de responder o problema enunciado, os objetivos desta investigação consistiram em caracterizar e propor etapas para a realização da revisão sistemática na abordagem qualitativa para pesquisas em educação. Em relação aos aspectos metodológicos, trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo bibliográfica, de natureza interpretativa, realizada em livros, artigos, teses e dissertações. A partir da pesquisa realizada, foi possível identificar que a Revisão Sistemática na abordagem qualitativa permite uma análise criteriosa quanto a qualidade da literatura que foi selecionada para o estudo. O rigor metodológico é um aspecto de destaque neste tipo de estudo de revisão, é possível avaliar e sintetizar de forma rigorosa as evidências disponíveis, oferecendo uma visão mais clara e abrangente do estado atual do conhecimento na área da educação. Além disso, permite a identificação de lacunas de pesquisa, fornecendo direcionamentos para estudos futuros. Dessa forma, essa técnica é uma ferramenta valiosa para pesquisadores, professores e profissionais da educação que buscam aprimorar suas práticas e a compreensão dos desafios educacionais.

Palavras-chave: pesquisa qualitativa; revisão sistemática da literatura; educação.

Abstract: This article presents the Systematic Literature Review as a methodological possibility for qualitative research in the field of Education. The research problem was delimited to investigate the following question: how to conduct a systematic review in the qualitative approach for research in education? In an attempt to answer the stated problem, the objectives of this investigation consisted of characterizing and proposing stages for conducting a systematic review in the qualitative approach for research in education. Regarding methodological aspects, it is a qualitative, bibliographic research of interpretative nature, carried out in books, articles, theses and dissertations. Through the research, it was possible to identify that the Systematic Review in the qualitative approach allows for a careful analysis of the quality of the literature selected for the study. Methodological rigor is a highlight of this type of review study, as it is possible to rigorously evaluate and synthesize available evidence, offering a clearer and more comprehensive view of the current state of knowledge in the field of education. In addition, it allows the identification of research gaps, providing directions for future studies. Thus, this technique is a valuable tool for researchers, teachers and education professionals who seek to improve their practices and understanding of educational challenges.

Keywords: qualitative research; systematic literature review; education.

Resumen: El presente artículo presenta la Revisión Sistemática de la Literatura como posibilidad metodológica para las investigaciones de enfoque cualitativo en el área de la Educación. El problema de investigación se delimitó para investigar la siguiente pregunta: ¿cómo realizar una revisión sistemática en el enfoque cualitativo para investigaciones en educación? En un intento por responder el problema planteado, los objetivos de esta investigación consistieron en caracterizar y proponer etapas para la realización de la revisión sistemática en el enfoque cualitativo para investigaciones en educación. En cuanto a los aspectos metodológicos, se trata de una investigación de enfoque cualitativo, de tipo bibliográfico, de naturaleza interpretativa, realizada en libros, artículos, tesis y disertaciones. A través de la investigación realizada fue posible identificar que la Revisión Sistemática en el enfoque cualitativo permite un análisis riguroso en cuanto a la calidad de la literatura que se seleccionó para el estudio. El rigor metodológico es un aspecto destacado en este tipo de estudio de revisión, es posible evaluar y sintetizar de manera rigurosa las evidencias disponibles, ofreciendo una visión más clara y amplia del estado actual del conocimiento en el área de la educación. Además, permite la identificación de brechas en la investigación, proporcionando orientaciones para futuros estudios. De esta manera, esta técnica es una herramienta valiosa para investigadores, profesores y profesionales de la educación que buscan mejorar sus prácticas y comprensión de los desafíos educativos.

Palabras clave: investigación cualitativa; revisión sistemática de la literatura; educación.

Recebido em 16 de abril de 2023

Aceito em 15 de setembro de 2024

1 INTRODUÇÃO

A abordagem qualitativa tem se mostrado uma aliada às pesquisas em educação, porque o campo educacional é repleto de processos complexos que possibilitam a aplicação de múltiplas abordagens a fim de estudar e interpretar os fenômenos desta área levando em conta suas subjetividades. Sendo assim, as investigações quantitativas, por si só, não são suficientes para atender as necessidades emergentes no contexto da educação.

Os estudos de abordagem qualitativa tornaram-se uma forma aceitável, se não dominante, de pesquisa em diferentes áreas acadêmicas e profissionais. Um grande número de discentes e docentes realizam estudos qualitativos em distintas áreas do conhecimento. Yin (2016) enfatiza que o enfoque qualitativo representa um modo atraente e produtivo de fazer pesquisa. Justamente pela ampla variedade de tópicos que podem ser estudados por meio da pesquisa qualitativa, ampliam-se as discussões a respeito da qualidade dos estudos e da evidência científica atreladas às produções das diversas áreas, dentre elas, a da educação.

Sendo assim, é importante enunciar que para haver uma evidência científica é necessário que exista uma pesquisa realizada de acordo com preceitos científicos, como exemplo, obedecer aos critérios de viabilidade, adequação, significância (pertinência) e eficácia, além de ser passível de repetição por outros cientistas em locais diferentes daquele onde foi realizada originalmente (Guanilo; Takahashi; Bertolozzi, 2011).

Para isso, é importante assegurar o rigor metodológico da pesquisa, que pode ser definido como a precisão e a clareza com que uma pesquisa é conduzida e documentada. É uma forma de garantir a qualidade e a confiabilidade dos resultados obtidos. Em pesquisas em educação, o rigor metodológico é fundamental para assegurar que os resultados possam ser replicados e validados por outros pesquisadores e que possam ser utilizados como subsídios na tomada de decisão envolvendo as políticas e os processos educacionais.

São características importantes que se relacionam ao rigor metodológico: a escolha de uma metodologia apropriada; a definição clara dos objetivos da pesquisa; a coleta de dados de maneira consistente; a análise cuidadosa dos dados; e a documentação detalhada do processo de pesquisa. Nestes casos, os estudos de revisão permitem a verificação dessas características, a fim de oportunizar ao pesquisador atestar a qualidade e selecionar as pesquisas que mais se aproximam de seu tema de pesquisa. Contudo, esta etapa precisa ser seletiva, porque todo ano são publicados milhares de artigos em revistas acadêmicas, periódicos e livros de todo o mundo (Sampieri; Collado; Lucio, 2013).

Com isso, os estudos de revisão, segundo Sampieri, Collado e Lucio (2013), implicam em detectar, consultar e obter as referências bibliográficas e outros materiais úteis ao propósito da pesquisa, a fim de extrair e sintetizar as informações relevantes e necessárias para o estudo. Ainda de acordo com os autores, dentre as pesquisas localizadas nessa etapa, é essencial que sejam selecionadas apenas as mais importantes e recentes e que estejam diretamente ligadas à formulação do problema de pesquisa.

Muitos são os tipos de estudos de revisão na abordagem qualitativa, os quais estão sendo cada vez mais demandados nas áreas sociais, educacionais e da saúde (Soares, 2021). Dentre os existentes, podem ser citados a revisão da literatura, a revisão integrativa, a revisão narrativa, o estado da arte e a revisão sistemática, sendo esta última o objeto de investigação deste artigo.

Dito isto e por ser o tema principal deste artigo, apresenta-se a revisão sistemática como forma de revisão de literatura no campo da educação, visto que a partir deste método é possível localizar, selecionar, sistematizar e analisar os estudos relevantes e que atendam aos requisitos de rigor metodológico estipulados pelo pesquisador. A revisão sistemática da literatura se difere de uma revisão tradicional, que geralmente é mais subjetiva e menos estruturada.

A partir desse ponto de vista, esta investigação apresenta como problema de pesquisa a seguinte indagação: como realizar uma revisão sistemática na abordagem qualitativa para as pesquisas em educação? Para responder a este problema, o presente estudo tem como objetivo caracterizar e propor etapas para a realização da revisão sistemática na abordagem qualitativa para pesquisas em educação. Metodologicamente, esta pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa, do tipo bibliográfica, de natureza interpretativa, realizada em artigos, livros, teses e dissertações que tratam da temática.

Tendo em vista os resultados obtidos nesta pesquisa bibliográfica, acredita-se que ela possa contribuir para uma melhor compreensão acerca da Revisão Sistemática na abordagem qualitativa no contexto das pesquisas em educação, assim como na formação e no desenvolvimento de pesquisadores. Por essas razões, este artigo visa apresentar aspectos da abordagem qualitativa nas pesquisas em educação, conceituar Revisão Sistemática e apresentar as etapas que compreendem sua realização.

2 A PESQUISA QUALITATIVA EM EDUCAÇÃO

A pesquisa qualitativa surgiu como uma alternativa à pesquisa quantitativa, a qual se concentra em métodos estatísticos e quantitativos para coletar e analisar dados. A pesquisa qualitativa, por sua vez, emergiu como uma resposta às críticas de que as pesquisas de abordagem quantitativa não conseguiam capturar a complexidade e a subjetividade das experiências humanas, visto que, de acordo com Flick (2004), devido a acelerada mudança social e a consequente diversificação de esferas de vida, os pesquisadores sociais defrontam-se, cada vez mais, com novos contextos e perspectivas sociais, situações em que as metodologias dedutivas tradicionais não se mostram suficientes na diferenciação dos objetos.

Na abordagem qualitativa não se parte, necessariamente, de um modelo teórico da questão que está sendo investigada e evita-se hipóteses e operacionalização. Ao contrário das ciências naturais, a pesquisa qualitativa não está moldada na mensuração e não há interesse na padronização da situação ou na representatividade por amostragem aleatória dos participantes (Flick, 2013).

Sendo assim, por possibilitar a abordagem de aspectos intrínsecos à área da educação e que não podem ser mensurados por dados quantitativos, a pesquisa qualitativa tem se tornado cada vez mais popular e amplamente aceita como uma forma válida de investigação neste meio. Além disso, ela é observada em diversas outras áreas de estudo, incluindo, por exemplo, a sociologia, a psicologia e a antropologia. Na educação, especificamente, sua aplicação assume muitas formas e é conduzida por múltiplos contextos, como afirmam Bogdan e Biklen (1994) ao escrever que as experiências educacionais de pessoas de todas as idades, tanto em contexto escolar como exteriores à escola, podem constituir um objeto de estudo.

A coleta de dados, no entanto, é realizada de forma mais aberta e abrangente com o objetivo de alcançar a reconstrução do fenômeno estudado. Espera-se que os participantes respondam de forma espontânea a partir das experiências vivenciadas, o que os constitui enquanto sujeitos. Por isso, com frequência, conforme Flick (2013), os pesquisadores optam por trabalhar com narrativas da vida e histórias pessoais dos entrevistados.

Nesta esteira, Bogdan e Biklen (1994) ainda corroboram ao declarar que os dados coletados nesta abordagem se caracterizam por qualitativos, pois são compostos de pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas. Os autores ainda sustentam que as questões a serem investigadas não se estabelecem mediante a operacionalização de variáveis, sendo, outrossim, formuladas com o objetivo de investigar os fenômenos em toda a sua complexidade e em seu contexto natural de ocorrência.

A pesquisa qualitativa é realizada por meio de instrumentos de coleta de dados não estruturados, como entrevistas, grupos focais, observação participante e análise de documentos. No entanto, ela é baseada em uma abordagem interpretativa e subjetiva, o que significa, por consequência, que os resultados podem ser influenciados pela perspectiva do pesquisador, diferenciando-se da pesquisa quantitativa, a qual busca a objetividade, o distanciamento e a neutralidade do pesquisador perante o objeto em estudo. Contudo, a pesquisa qualitativa também pode ser utilizada em conjunto com a pesquisa quantitativa para obter-se uma compreensão mais completa dos fenômenos em estudo.

Em relação aos aspectos essenciais da pesquisa qualitativa, Flick (2004) afirma que eles consistem em: a) métodos e teorias escolhidas de forma apropriada; b) perspectivas dos participantes e sua diversidade; c) reflexividade do pesquisador e de sua pesquisa como parte do processo de produção do conhecimento; e d) variedade de abordagens e métodos.

Quanto ao exposto, reconhece-se, principalmente, a importância em avaliar de forma adequada os métodos disponíveis e aceitos e identificar se os mesmos podem ser empregados no estudo do objeto de pesquisa. Isto porque, por analisar fenômenos que se constituem por variáveis não quantificáveis, os estudos de abordagem qualitativa não buscam padronizar, mas sim, representar da forma mais fidedigna possível, as características específicas dos elementos investigados a fim de coletar dados relevantes ao estudo.

Quanto a variedade de abordagens, existe um número imenso de opções para a realização de investigações qualitativas no contexto atual e, ao realizar-se uma breve análise histórica, percebe-se que diversos autores mencionaram diferentes tipos de pesquisa qualitativa em educação ao longo dos anos (ver Quadro 1).

Quadro 1 – Pesquisas qualitativas mencionadas por autores da área da educação ao longo dos anos

Ano

Autor(es)

Pesquisas qualitativas

1987

Jacob

Psicologia ecológica; Etnografia histórica; Antropologia cognitiva; Etnografia da comunicação; Interacionismo simbólico.

1993

Lancy

Perspectivas antropológicas; Perspectivas sociológicas; Perspectivas biológicas; Estudos de caso; Relatos pessoais; Estudos cognitivos; Investigações históricas.

2010

Marshall e Rossman

Abordagens etnográficas; Abordagens fenomenológicas; Abordagens sociolinguísticas (gêneros críticos, como a teoria racial crítica, teoria queer etc.).

2011

Saldaña

Teoria fundamentada; Fenomenologia; Métodos mistos de pesquisa; Investigação narrativa.

2020

Santos e Silva

Etnográfica; Estudo de caso; Bibliográfica; Documental; Participante; Pesquisa-Ação.

Fonte: Adaptado de Creswell (2014, p 24-25) e complementado por Santos e Silva (2020, p. 5-6).

Com o Quadro 1 não se tem o objetivo de apresentar todos os tipos de pesquisas qualitativas em educação, mas sim, pretende-se registrar como são múltiplas as possibilidades de investigações que buscam coletar e analisar dados qualitativos. Algumas abordagens aparecem consistentemente ao longo dos anos segundo Creswell (2014), são elas a etnografia, a teoria fundamentada, a fenomenologia e os estudos de caso. Além disso, diversas abordagens relacionadas à narrativa têm sido discutidas, como a história de vida, a biografia e a autoetnografia.

Ary, Jacobs e Sorensen (2010) complementam, sustentando que existem muitos tipos diferentes de pesquisa qualitativa. Para os autores, oito são as abordagens mais amplamente utilizadas: estudos interpretativos básicos, estudos de caso, análise documental ou de conteúdo, etnografia, teoria fundamentada, estudos históricos, investigação narrativa e estudos fenomenológicos. A escolha pela abordagem qualitativa mais adequada ao objeto de estudo parte do pesquisador, conforme mencionado anteriormente, por isso a importância de estudar e compreender as diferentes possibilidades de realizar pesquisas qualitativas.

Por fim, pode-se afirmar que a pesquisa qualitativa na educação é um tipo de investigação que se concentra em compreender os fenômenos educacionais de maneira profunda e detalhada. Ela busca compreender o significado das experiências, perspectivas e motivações das pessoas envolvidas em um determinado contexto educacional. Sendo assim, a pesquisa qualitativa é muito útil para compreender a complexidade das questões educacionais e pode ser utilizada para identificar problemas, criar soluções e melhorar a prática educacional.

3 ESTUDOS DE REVISÃO: A REVISÃO SISTEMÁTICA

Os estudos de revisão proporcionam, segundo Sampieri, Collado e Lucio (2013), uma visão geral sobre onde se situa a formulação proposta dentro do campo de conhecimento em que se irá “caminhar”. Além disso, estes estudos apresentam como a pesquisa se encaixa no panorama daquilo que já se sabe a respeito de um tópico ou tema estudado, proporcionando pensar novas ideias e possibilitando compartilhar descobertas recentes de outros pesquisadores.

Vosgerau e Romanowski (2014) corroboram, ao afirmar que os estudos de revisão favorecem examinar as contribuições das pesquisas, na perspectiva da definição da área, do campo e das disciplinas que o constituem e na avaliação do acumulado na área. Ademais, podem apontar as necessidades de melhoria do estatuto teórico metodológico e das tendências de investigação.

Dentre as principais funções deste tipo de estudo, Sampieri, Collado e Lucio (2013) citam que: a) ajudam a prevenir erros cometidos em pesquisas anteriores; b) orientam sobre como o estudo deverá ser realizado, de forma em que sejam identificados que tipos de pesquisas já foram realizadas, com que participantes, como os dados foram coletados, em que lugar foi realizado e que desenhos foram utilizados; c) ampliam o horizonte do estudo e guiam o pesquisador para que se centre em seu problema; d) documentam a necessidade de realizar o estudo; e) ajudam na formulação de hipóteses ou afirmações; f) inspiram novas linhas e áreas de pesquisa; e g) proporcionam uma estrutura de referência para interpretar os resultados do estudo.

Sendo assim, por permitir a avaliação crítica de materiais que já foram produzidos e estabelecer um parâmetro quanto ao progresso das pesquisas na temática abordada, a produção de estudos de revisão faz parte do cotidiano de todos os acadêmicos e pesquisadores. Constantemente, são elaboradas revisões para a seção de introdução de trabalhos acadêmicos e projetos de pesquisa (Koller; Couto; Hohendorff, 2014), contudo, os estudos de revisão não devem se limitar a esta função e podem ser realizados de forma a ser o elemento principal de artigos e dissertações.

Em relação aos tipos de estudos de revisão existentes, Vosgerau e Romanowski (2014) atribuem duas categorias para sua classificação: as revisões que mapeiam (levantamento bibliográfico, revisão de literatura ou revisão bibliográfica, estado da arte e estudos bibliométricos) e as revisões que avaliam e sintetizam (revisão sistemática, revisão integrativa, síntese de evidências qualitativas, metassíntese qualitativa, meta-análise e metassumarização).

As revisões de mapeamento têm como finalidade central “levantar indicadores que fornecem caminhos ou referências teóricas para novas pesquisas” (Vosgerau; Romanowski, 2014, p. 174-175), enquanto as revisões que avaliam e sintetizam, segundo Davies (2007), se diferenciam na formulação da questão a ser investigada, nas estratégias de diagnóstico crítico estabelecidas e na exigência de critérios de inclusão e exclusão para a garantia da transparência do estudo.

A revisão sistemática na abordagem qualitativa, principal objeto de investigação deste estudo, classifica-se como uma revisão que avalia e sistematiza, como citam Vosgerau e Romanowski (2014), e “objetiva sumarizar pesquisas prévias para responder questões, testar hipóteses ou reunir evidências” (Koller; Couto; Hohendorff, 2014, p. 41). Os autores Petticrew e Roberts (2006) complementam, escrevendo que a revisão sistemática pode ser entendida como um método de pesquisa e equivale a um levantamento de estudos que já foram publicados a partir de um tema específico ou com o intuito de buscar respostas a determinadas questões.

Para produzir estudos de revisão sistemática, Sampaio e Mancini (2007) afirmam que é necessário ter um problema de pesquisa claro, definir uma estratégia de busca dos estudos, estabelecer critérios para inclusão e exclusão dos artigos, bem como, realizar uma análise criteriosa quanto à qualidade da literatura que foi selecionada. Com o exposto, é possível evidenciar que o rigor metodológico é um aspecto de destaque neste tipo de estudo de revisão.

A revisão sistemática, para Fernández-Ríos e Buela-Casal (2009), é uma abordagem metodológica que permite maximizar o potencial de uma busca, a fim de encontrar o maior número possível de resultados de uma maneira organizada. O resultado deste tipo de estudo, ainda segundo os autores, não é uma simples relação cronológica ou uma exposição linear e descritiva de uma temática, pois a revisão sistemática da literatura se constitui em um trabalho crítico, reflexivo e compreensivo a respeito do material analisado.

Neste contexto, a revisão sistemática pode ser caracterizada da seguinte forma, conforme ilustrado no Quadro 2:

Quadro 2 – Principais características da Revisão Sistemática da Literatura

Característica

Descrição

Planejamento rigoroso

- Uma revisão sistemática envolve um planejamento rigoroso antes do início da coleta de dados, incluindo a definição clara do objetivo e questão de pesquisa, a identificação de fontes de dados relevantes e a seleção de critérios para incluir ou excluir estudos.

Abordagem sistemática na busca de dados

- A busca de dados é realizada de maneira sistemática e exaustiva, com palavras chaves e operadores booleanos estudados e definidos pelo pesquisador, em bases de dados relacionadas à área de investigação do estudo.

Seleção criteriosa de estudos

- Os estudos incluídos na revisão são selecionados com base em critérios (de inclusão e exclusão) previamente definidos, garantindo a qualidade e a relevância dos dados coletados.

Análise rigorosa dos dados

- Os dados coletados são analisados de maneira rigorosa, incluindo a avaliação da qualidade metodológica dos estudos incluídos.

Relato claro e transparente

- A revisão sistemática é relatada de maneira clara e transparente, incluindo uma descrição detalhada dos procedimentos realizados, métodos utilizados, resultados e conclusões.

Atualização contínua

- Uma revisão sistemática deve ser atualizada periodicamente para refletir as novas evidências e desenvolvimentos de uma área do conhecimento.

Fonte: os autores (2023).

O Quadro 2, ao apresentar as principais características de um estudo de revisão sistemática da literatura, permite evidenciar a importância do registro detalhado das etapas de planejamento, busca, seleção de materiais e análise dos dados, bem como, da organização do pesquisador ante ao seu trabalho, o qual deve ser realizado de maneira sistemática, responsável e com rigor metodológico.

Faria (2016) assume que a importância da revisão sistemática da literatura se revela na possibilidade de contextualizar um estudo e, ao mesmo tempo, proceder a uma análise e síntese do seu referencial teórico. A realização da revisão sistemática da literatura “impedirá que o investigador se deixe conduzir pelo deslumbramento tentador de concluir que se encontra perante a uma área de investigação nova ou ainda inexplorada” (Faria, 2016, p. 14).

Vosgerau e Romanowski (2014) afirmam que a revisão sistemática tem sua origem na área de ciências da saúde. Atualmente, existe um centro de referência que define indicações para grande parte dos estudos de revisão sistemática da literatura na área da saúde, o UK Cochrane Centre, o qual está presente no Brasil como Centro Cochrane do Brasil. Outro instituto referência no assunto de revisão sistemática é o Joanna Briggs Institute (JBI), o qual também publica protocolos de revisão, que utilizam as metodologias propostas pelo instituto, através do JBI Evidence Synthesis.

Contudo, por mais que inicialmente estivessem limitados à clínica médica, com o passar do tempo estes estudos passaram a fazer parte das pesquisas em ciências humanas e sociais, como é o caso da área da educação, por exemplo. Nesta perspectiva, pode-se citar como referência na área da educação a Campbell Collaboration. Esta organização surgiu no final dos anos 2000, inspirada pelas pesquisas produzidas pelo UK Cochrane Centre e pelas necessidades apresentadas por pesquisadores na busca de evidências que não se limitassem à área da saúde, mas que auxiliassem, também, nas intervenções sociais.

Diante do exposto, percebe-se que a revisão sistemática da literatura se difere dos demais estudos de revisão principalmente pela característica de ser um instrumento que contém todas as informações para que seja reproduzível e para que apresente, de fato, evidências científicas. Além disso, pode-se afirmar que a indispensabilidade do registro dos critérios de inclusão e exclusão no processo de análise dos estudos selecionados aumenta a credibilidade e o rigor científico-metodológico deste tipo de estudo de revisão de literatura na abordagem qualitativa.

4 PROPOSIÇÃO DE ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DE UMA REVISÃO SISTEMÁTICA NA ABORDAGEM QUALITATIVA

Sugere-se que, antes de se iniciar a coleta das referências que serão utilizadas no estudo, o pesquisador busque ampliar seus conhecimentos acerca do objeto a ser estudado. Isso pode ser feito, segundo Sampieri, Collado e Lucio (2013), consultando um ou vários especialistas no tema, como professores ou pesquisadores, e procurando fontes primárias em sistemas de informações, como bases de referências e dados da internet.

Entende-se que cada estudo é único e que os pesquisadores devem se atentar às necessidades que permeiam cada campo de estudo e os objetivos de seus trabalhos. Contudo, de forma a facilitar a compreensão e indicar uma possível trajetória para estudos que tenham a revisão sistemática como método de pesquisa, o presente artigo propõe oito etapas como essenciais neste tipo de pesquisa. As etapas estão citadas e descritas abaixo:

4.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

Como primeiro passo para começar uma revisão sistemática, a delimitação da questão de pesquisa é basilar. Para Koller, Couto e Hohendorff (2014), os temas pesquisados podem apresentar números tão grandes de resultados que inviabilizaria qualquer tentativa de sistematização. Desta forma, para que a busca seja relevante, é importante que se tenha clareza quanto aos conceitos que se pretende investigar e as relações existentes entre eles.

Com o objetivo de facilitar a busca e a organização dos resultados encontrados, o problema de pesquisa pode ser decomposto em partes e algumas estratégias facilitadoras podem ser aplicadas. Os pesquisadores Petticrew e Roberts (2006) indicam possíveis desmembramentos da questão de estudo, levando em consideração indicadores como: a) eficácia; b) triagem; c) fatores de risco e/ou proteção; d) interação entre intervenção e desfecho; e) prevalência; f) processos de intervenções ou influências de eventos na vida das pessoas; g) metodologias; e h) custo-benefício.

São exemplos de problemas de pesquisa respondidos por meio de revisões sistemáticas da literatura, na área da educação: Quais os impactos da COVID-19 na educação escolar brasileira e portuguesa? Qual a capacidade de resposta das instituições educacionais no processo de ensino frente à atual crise de COVID-19? (Vieira; Silva, 2020); Como as metodologias ativas estão sendo aplicadas nas instituições de ensino atuais? (Marques et al., 2021); e Quais são as variáveis influentes no ensino da matemática para estudantes cegos? (Prado; Arias-Gago, 2021).

Face aos exemplos expostos, percebe-se a possibilidade de associá-los aos indicadores sugeridos por Petticrew e Roberts (2006) e citados anteriormente. As questões envolvendo os impactos da COVID-19 na educação se relacionam aos “processos de intervenções ou influências de eventos na vida das pessoas” e as investigações acerca das metodologias ativas se entrelaçam com o tópico “metodologias”, por exemplo.

Dito isso, cabe ressaltar a importância de buscar revisões já existentes que investiguem o mesmo tema, pois não é aconselhável reproduzir uma revisão sistemática recente já existente, o que desperdiça tempo e recursos. Todavia,

O fato de já existir uma revisão sobre o assunto de interesse não elimina a necessidade de iniciar um novo trabalho. Revisões de qualidade, porém desatualizadas, ou revisões com problemas metodológicos intrínsecos podem justificar a realização de um novo estudo sobre o tema, buscando responder as lacunas das revisões anteriores (Koller; Couto; Hohendorff, 2014, p. 57).

Tendo se apropriado do conhecimento prévio sobre o tema e perante o problema de pesquisa já delimitado, pode-se seguir para as demais etapas a fim de iniciar a revisão propriamente dita.

4.2 ESCOLHA DAS BASES DE DADOS, DEFINIÇÃO DAS PALAVRAS-CHAVE E BUSCA DOS MATERIAIS

Muitas são as possibilidades no que se refere às bases de dados. Usualmente, as bases de dados eletrônicas costumam ser a primeira opção, principalmente pela facilidade de busca e acesso de tópicos específicos e pelo grande volume de material que reúnem. Algumas apresentam conteúdos mais genéricos e outras se diferem por seus conteúdos mais exclusivos. No caso da educação, são sugestões de bases de dados, tanto brasileiras quanto internacionais, as seguintes: Periódicos CAPES; Scientific Electronic Library Online (SciELO), na plataforma Educ@; Sistema de Información Científica Redalyc; EBSCO – The Educational Resources Information Center (ERIC); ISI Web of Knowledge (ISI); Web of Science; SciVerse Scopus (SCOPUS); e Google Acadêmico.

Uma estratégia possível de ser adotada, de acordo com Koller, Couto e Hohendorff (2014), é a busca nas referências dos artigos já selecionados para revisão, pois é muito provável que artigos de mesma temática apresentem referências complementares e interessantes ao estudo de revisão que se pretende elaborar. Contudo, é imprescindível evidenciar que não deve ser esta a única abordagem adotada, visto que se pode deixar de considerar diversos outros estudos não citados no determinado artigo. Se essa estratégia for adotada, ela deve estar descrita na seção do método.

Faz-se importante ressaltar que a pesquisa não precisa se limitar à escolha de apenas uma base de dados, pelo contrário, sugere-se que as buscam sejam feitas em mais de uma fonte de dados, a fim de garantir uma maior abrangência no projeto de revisão sistemática. Desta forma, a combinação de bases de dados é vista como uma estratégia que enriquece os projetos de revisão.

Após a definição das bases de dados, a próxima etapa consiste na busca, de fato, dos artigos que se relacionam à problemática da pesquisa e, para isso, é necessário que sejam utilizadas palavras-chave adequadas, a fim de se chegar a um número significativo e representativo de resultados.

A escolha pelas palavras-chave (ou descritores) que serão inseridas no momento da pesquisa dos materiais é de extrema importância, isto porque, de acordo com Sampieri, Collado e Lucio (2013), se os termos forem vagos e gerais, a consulta contará com muitas referências e informações não apropriadas ao problema de pesquisa. Buscas realizadas somente com palavras como “educação”, “ensino”, “pesquisa” ou “inovação”, por exemplo, mostram-se insuficientes para delimitar uma quantidade de estudos com o conteúdo desejado e possíveis de serem sistematizados pelo pesquisador.

Por isso, além do conhecimento prévio necessário para a definição de palavras-chave que contribuam, de fato, para a seleção de materiais relevantes ao estudo, indica-se a utilização dos operadores booleanos. Estes operadores são termos, em inglês, que permitem combinar os descritores entre si e personalizar a busca dos estudos. Faz-se prudente ressaltar, como afirmam Koller, Couto e Hohendorff (2014), que cada base de dados utiliza operadores específicos e, com isso, é necessário consultar as instruções de cada base, a fim de definir os descritores e os operadores corretamente.

Oliveira (2004) apresenta alguns operadores e suas funções, os quais estão descritos a seguir: AND – encontra documentos que contenham um e outro assunto; OR – encontra documentos que contenham um ou outro assunto; e AND NOT – encontra documentos que contenham um assunto e exclui outro assunto não desejado. É exemplo de pesquisa com a aplicação desses operadores: (ambiente escolar OR escola) AND (aluno OR estudante).

Por interferir diretamente no número de artigos resultante da pesquisa, os operadores booleanos compõem elementos fundamentais para o critério de inclusão. A forma como serão utilizados ou a não utilização desses termos pode alterar o resultado da amostra. Por isso, é interessante que esta etapa seja realizada com cautela e fundamentada em pesquisas e leituras prévias para garantir que o resultado seja expressivo e que não faltem artigos importantes nas amostras finais.

4.3 ARMAZENAMENTO DOS RESULTADOS

Diferentemente de uma revisão convencional, Koller, Couto e Hohendorff (2014) ressaltam que o processo de busca na revisão sistemática deve obedecer a alguns procedimentos cuidadosos. Em primeiro lugar, a escolha dos descritores e operadores booleanos utilizados deve ser documentada, bem como o número de artigos incluídos e excluídos. Pode-se utilizar esquemas e figuras para facilitar a ilustração do processo (Figura 1).

Figura 1 - Exemplo de esquema para documentação de processo de pesquisa

Fonte: Elaborado pelos autores (2023).

A Figura 1 apresenta o registro de uma busca fictícia em bases de dados que contêm conteúdos relevantes à área da educação. Como percebe-se, as buscas foram realizadas em quatro bases distintas (SciELO, Eric, Scopus e Redalyc) e o número de artigos encontrado em cada uma delas foi registrado. A partir disso, contabilizaram-se as referências potencialmente relevantes (N = 116) somando-se os materiais encontrados, e foram removidos os artigos duplos (N = 87), ou seja, que aparecem em mais do que uma base de dados.

Após essa etapa, sugere-se a leitura flutuante dos resumos, a fim de identificar os artigos que possuam potencial para responder o problema de pesquisa (N = 29), e, neste caso, foram excluídos aqueles que não atendiam os critérios de inclusão (N = 15). O resultado desse processo compõe a quantidade de amostras do banco de dados final (N = 14). Desta forma, para o exemplo anterior, dos 116 artigos encontrados na busca inicial, somente 14 comporiam o banco de dados final e teriam seus conteúdos analisados.

Além do registro minucioso das etapas da pesquisa, Koller, Couto e Hohendorff (2014) também reiteram a importância da delimitação temporal em que a revisão ocorreu, isso porque novos artigos são acrescentados nas bases a cada momento. Dito isso, fica clara a necessidade de registrar e justificar o recorte de tempo em que a pesquisa se situa, por exemplo um estudo de revisão que pretende analisar e sistematizar os materiais referentes a implantação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no território brasileiro, pode ser realizado a partir de artigos publicados entre 2018 e 2022, visto que a Resolução CNE/CP nº 2 (Brasil, 2017), que institui e orienta a implantação da BNCC, foi publicada em dezembro de 2017.

Outro fator imprescindível de ser registrado é a data em que ocorreu a busca pelos artigos nas bases de dados, a qual pode ser descrita com mês e ano (ex. agosto de 2022) e, a critério do pesquisador, pode-se acrescentar o dia e a hora da busca. Isto porque, como citado anteriormente, as atualizações dos materiais que compõem as bases de dados são constantes. Para a sistematização e o armazenamento dos materiais para posterior análise dos resumos, é possível utilizar softwares na tentativa de facilitar estes processos. Fornari e Pinho (2021) afirmam que

A utilização de ferramentas digitais como apoio para o desenvolvimento de pesquisas é uma temática emergente no campo das ciências, uma vez que otimiza o processo de trabalho dos pesquisadores. Todavia, as potencialidades e os limites destas ferramentas precisam ser conhecidos pelos pesquisadores, a fim de que possam optar pelo produto que responda da melhor forma às suas questões de pesquisa (Fornari; Pinho, 2021, p. 39).

São exemplos de programas que atuam como gestores de referências: EndNote, Zotero, Refworks e Mendeley. Nestes softwares, os pesquisadores podem salvar os metadados principalmente nos formatos de arquivo BibTeX, RIS ou XML. Essas ferramentas auxiliam os usuários pois “a importação dos metadados, por meio de formatos específicos de arquivos, facilita a inserção de grande volume de dados de forma sincronizada nas ferramentas digitais” (FORNARI; PINHO, 2021, p. 41), além de, ainda segundo Fornari e Pinho (2021), otimizar os processos de armazenamento, identificação e seleção de metadados, principalmente em situações de arquivos duplicados, direcionando-os para uma pasta criada pela própria ferramenta.

Por fim, nesta seção, comprova-se a necessidade de que sejam evidenciadas e registradas todas as etapas que compuseram a pesquisa, destacando-se a data da realização da busca; o recorte temporal da revisão; a quantidade de arquivos encontrados, selecionados e descartados; a forma de armazenamento e sistematização dos dados e os detalhes do processo realizado no software, se utilizado como recurso facilitador.

4.4 TRIAGEM DOS ARTIGOS DE ACORDO COM CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Conforme já discorrido, nem todos os artigos encontrados nas buscas realizadas nas bases de dados serão interessantes e terão resultados relevantes para o estudo de revisão. Sendo assim, um dos passos que compõem esta proposição é a triagem dos materiais de acordo com critérios de inclusão e exclusão, levando em consideração a leitura dos resumos. Nesta etapa, os pesquisadores devem, segundo Okoli (2019, p. 18), “decidir e explicar os critérios para selecionar ou excluir documentos da revisão”.

A explicação dos critérios se mostra relevante principalmente “de modo que a revisão de literatura resultante seja reprodutível” (Okoli, 2019, p. 18), pois pode-se optar por incluir apenas estudos experimentais, por exemplo, ou somente estudos escritos em língua inglesa. Dessa forma, caso os critérios não forem suficientemente explícitos e descritos, a revisão pode perder uma de suas principais características, a possibilidade de ser reproduzida.

São exemplos de fatores que podem ser levados em consideração na elaboração dos critérios de inclusão e exclusão, de acordo com Koller, Couto e Hohendorff (2014): a) critérios metodológicos, como experimentos, levantamentos, estudos de caso etc.; b) tipo de instrumento utilizado, citam-se entrevistas, grupos focais, testagem etc.; e c) análise dos dados, como exemplo análise de conteúdo, fenomenologia, testes estatísticos etc. Os autores ainda citam outros critérios de inclusão e exclusão que podem ser levados em consideração: o idioma de publicação e a realização da pesquisa em determinado contexto ou cultura.

Em termos práticos, são apresentados os critérios de inclusão e exclusão da revisão sistemática de Marques et al. (2021), os quais investigaram as metodologias ativas de ensino-aprendizagem e excluíram determinado número de artigos por meio de cinco critérios: (i) por não serem textos integrais publicados em periódicos; (ii) por não estarem publicados na língua inglesa e/ou por terem sido publicados antes de 2009, uma vez que considerou-se publicações dos últimos 10 anos; (iii) por não corresponderem à área de pesquisa da ISI Web of Science “pesquisas educacionais e educação”; (iv) por publicados em revistas com fator de impacto menor que 1; e (v) por não corresponderem ao escopo da pesquisa.

Os artigos resultantes dessa triagem irão compor o banco de dados final, conforme pode ser observado anteriormente na Figura 1. São esses os materiais que serão explorados pelo pesquisador de maneira pormenorizada e, durante essa análise, é imprescindível que se tenha um olhar atento e cuidadoso para extrair e avaliar os dados dos estudos selecionados.

4.5 EXTRAÇÃO DOS DADOS

Na etapa de extração de dados, é importante contar com os textos completos dos artigos e não somente com seus resumos. Caso não seja possível encontrar algum texto na íntegra, o artigo deve ser deixado de fora dos resultados e deve haver uma explicação na seção que apresenta o percurso metodológico da revisão.

Para que a extração de dados seja facilitada, Koller, Couto e Hohendorff (2014, p. 65) sugerem a elaboração de uma planilha com dados gerais do artigo, seguindo algumas categorias, como “nome do estudo, referencial teórico, objetivos, localização temporal da intervenção, contexto, instrumentos, descrição dos participantes, principais achados, entre outros”. Este procedimento, segundo os autores, “auxilia na visualização mais geral dos artigos, possibilitando organizá-los e compará-los”.

Esta sistematização inicial, a qual organiza os artigos em categorias, auxilia na avaliação crítica dos estudos, visto que, com ela, faz-se possível “visualizar possíveis limitações metodológicas significativas” (Koller; Couto; Hohendorff, 2014, p. 65). Neste sentido, é importante estar atento e registrar os pontos altos e baixos de cada estudo, os quais podem ajudar na avaliação dos artigos.

Como pontos baixos, Koller, Couto e Hohendorff (2014, p. 65) citam as “limitações metodológicas, análises estatísticas inadequadas, problemas com amostragem, etc” e, como pontos altos, são registrados os “achados relevantes que atendam ao objetivo da revisão, delineamentos fortes e tratamento adequado dos dados” (Koller; Couto; Hohendorff, 2014, p. 65).

4.6 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE METODOLÓGICA E ANÁLISE DOS DADOS

Realizada a extração dos dados e registrados os pontos altos e baixos de cada estudo, parte-se, então, para a avaliação dos materiais que compõem o banco de dados final. A avaliação é um componente importante do planejamento e avaliação de revisões de boa qualidade e tem como principal objetivo analisar se o estudo selecionado para a revisão foi conduzido de maneira adequada e avaliar sua qualidade metodológica a fim de constatar se os artigos selecionados são ou não pertinentes para responder à pergunta de pesquisa.

Para um pesquisador, avaliar a qualidade metodológica dos estudos que estão sendo revisados é uma tarefa desafiadora que exige muito esforço, habilidade e dedicação. É preciso estabelecer critérios rigorosos, manter um registro detalhado de todas as etapas realizadas, documentar cada decisão tomada e utilizar uma ferramenta de avaliação da qualidade que esteja alinhada aos objetivos da revisão.

Os autores Liabo, Gough e Harden (2017) ressaltam que refletir criticamente sobre os fatos e a interpretação das evidências está no centro de toda pesquisa. Citam que ao realizar qualquer estudo, os investigadores devem considerar qual é a pergunta mais importante a ser feita e garantir que os métodos usados em seu estudo de pesquisa são apropriados para abordar suas questões de pesquisa. Descrevem, portanto, que ao avaliar um estudo, os usuários da pesquisa precisam considerar se os métodos são apropriados e os resultados confiáveis e até que ponto a questão é relevante ou importante aos seus interesses.

Durante a extração de dados em revisões sistemáticas, é comum que dois revisores independentes coletem informações dos estudos primários, a fim de minimizar possíveis erros. Caso ocorram divergências, um terceiro revisor ou um consenso pode ser utilizado para resolvê-las. É importante ressaltar que, uma vez que a revisão sistemática se baseia em informações apresentadas nos estudos primários, qualquer erro ou medida tomada posteriormente pode invalidar os achados da revisão (Almeida; Goulart, 2017).

Por essa razão, Almeida e Goulart (2017) afirmam ser imprescindível avaliar a qualidade metodológica dos estudos primários que serão incluídos na revisão sistemática. É necessário que eles apresentem resultados de associação válidos e que sejam comparáveis em relação às populações pesquisadas, a fim de evitar vieses de seleção, aferição e confundimento.

Alguns institutos especializados em pesquisas de revisão, como é o caso do já citado Cochrane, recomendam o uso de ferramentas, como checklists, para avaliação da qualidade metodológica dos estudos. Contudo, é imprescindível que o pesquisador saiba decidir sobre o melhor instrumento para se utilizar no contexto da análise que está desenvolvendo.

É importante que os critérios de inclusão e exclusão sejam claramente definidos, de modo a servirem como indicadores para a avaliação da qualidade metodológica das pesquisas incluídas na revisão. Essa abordagem auxilia o pesquisador a determinar quais estudos devem ser excluídos por apresentarem qualidade insuficiente, bem como facilita a classificação da qualidade de todos os documentos incluídos de acordo com as metodologias de pesquisa empregadas.

No delineamento e na análise de dados qualitativos, sugere-se, fundamentado em Koller, Couto e Hohendorff (2014, p. 65), “utilizar a estratégia de metassíntese, que envolve a análise da teoria, dos métodos e dos resultados de estudos qualitativos, levando a uma síntese do fenômeno estudado”. Outra possibilidade, segundo os autores, é “utilizar como critério de avaliação o referencial teórico, classificando os estudos de acordo com a qualidade da utilização dos construtos adotados” (Koller; Couto; Hohendorff, 2014, p. 65).

Para analisar os dados extraídos dos artigos selecionados, sugerem-se diferentes análises que podem ser empregadas em métodos qualitativos. Para exemplificar estas possibilidades, apresenta-se o Quadro 3, com técnicas de análise de dados, baseadas em diferentes autores e aplicadas em pesquisas na educação:

Quadro 3 – Possíveis técnicas de análise de dados empregadas em Revisões Sistemáticas na área da Educação

Ano

Autores

Título

Técnica de análise

Evidência textual

2023

Carvalho e Moura

A entrada na carreira docente: uma revisão sistemática

Análise de conteúdo baseada em Bardin

“Escolhemos a análise de conteúdo para a interpretação dos dados (Bardin, 2016)” (p. 6).

2022

Schnorr e Pietrocola

Educação em Ciências e Matemática no Brasil: uma Revisão Sistemática de 25 Anos de Pesquisa (1994-2018)

Análise do discurso baseada em Foucault

“Construímos, portanto, uma ferramenta analítica inspirada na análise do discurso (Foucault, 2012; 2013)” (p. 6).

2022

Cunha e Hellmann

Ética, bioética e educação física: revisão sistematizada de uma convergência necessária

Análise de conteúdo temático baseada em Bardin

“Para verificação dos dados, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo temático proposta por Bardin” (p. 446).

2018

Furlanetto et al.

Educação sexual em escolas

brasileiras: revisão sistemática

da literatura

Análise temática baseada em Braun e Clarke

“Os dados foram submetidos à análise temática, conforme proposto por Braun e Clarke (2006)” (p. 556).

Fonte: os autores com base nos artigos citados no quadro (2023).

Vale ressaltar, a partir do Quadro 3, que os pesquisadores que optarem por analisar de forma qualitativa os dados coletados precisam dominar as técnicas de análise de dados e aprofundar os estudos neste campo. A forma com que serão analisados os dados deve ser pensada de forma a garantir a relevância dos achados e a potencialidade dessas informações para contribuir na tentativa de responder ao problema de pesquisa.

Percebe-se, por fim, que para realizar a avaliação geral dos dados extraídos é preciso identificar se os métodos utilizados foram adequados para abordar a questão da revisão, se as pesquisas incluídas na revisão foram adequadas a essa questão e se as evidências produzidas foram suficientes para respondê-la. Para finalizar, após percorrido todo o percurso indicado, pode-se realizar a síntese, interpretação e apresentação dos resultados.

4.7 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS EVIDÊNCIAS

Galvão e Pereira (2015) destacam que a avaliação da qualidade das evidências requer do pesquisador um entendimento de que distintos delineamentos de pesquisa geram evidências de qualidade variável. Conforme apontado pelos autores, algumas pesquisas podem apresentar um delineamento forte, mas falhar em aspectos que afetam a confiabilidade dos resultados, enquanto outras pesquisas bem elaboradas, mesmo utilizando delineamentos relativamente mais fracos, podem produzir resultados altamente confiáveis.

Para avaliar a qualidade das evidências de forma padronizada, é importante utilizar ferramentas de avaliação crítica previamente elaboradas e validadas por especialistas. A qualidade das evidências é um reflexo da confiança que o revisor deposita nos resultados apresentados (Galvão; Pereira, 2015).

Como sugestão para garantir a qualidade na produção de uma revisão sistemática transparente e confiável, para fornecer uma avaliação geral das alegações de evidência feitas por uma revisão e até que ponto elas respondem à pergunta da revisão, propõe-se uma análise a partir de três dimensões: “Dimensão 1: os métodos de revisão; Dimensão 2: os métodos dos estudos incluídos; e Dimensão 3: as evidências produzidas (com dois aspectos de natureza e extensão das evidências)” (Liabo; Gough; Harden, 2017, p. 253).

Os autores Liabo, Gough e Harden (2017) sustentam que a combinação de considerar o método de uma revisão (Dimensão 1), a natureza dos estudos incluídos (Dimensão 2) e as evidências produzidas (Dimensão 3), é uma estrutura para avaliar se uma revisão fornece evidências suficientes, evidências boas o suficiente e evidências relevantes o suficiente para fazer reivindicações de evidências.

Nesta esteira, apresenta-se o software Qualitative Assessment and Review Instrument (QARI) como possibilidade, o qual foi desenvolvido com o objetivo específico de sintetizar estudos de pesquisa qualitativa e pode ser empregado para avaliar a qualidade dos estudos qualitativos incluídos na revisão sistemática. O QARI fornece uma lista com dez critérios que auxiliam na verificação da qualidade dos estudos e permite que dois ou mais revisores acessem a ferramenta on-line.

4.8 SÍNTESE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Por mais que durante o percurso metodológico sugerido para a elaboração de uma revisão sistemática os artigos sejam analisados de forma individual, os dados extraídos devem ser organizados de forma coerente para que seja possível responder ao problema de pesquisa elaborado. A esse trabalho, dá-se o nome de síntese dos resultados.

As sínteses diferenciam-se dependendo dos delineamentos dos estudos revisados. No caso dos estudos quantitativos, com delineamentos similares, Koller, Couto e Hohendorff (2014, p. 66) garantem que “a síntese é facilitada com a possibilidade de se comparar os estudos” e que “esse tipo de revisão permite, inclusive, uma síntese estatística”. Entretanto, áreas como a educação costumam incluir delineamentos qualitativos, o que resulta em dados heterogêneos e exige uma síntese narrativa.

Com isso, propõe-se, a partir de Koller, Couto e Hohendorff (2014, p. 66), uma “categorização lógica para comparar os resultados dos estudos, explorando suas similaridades e diferenças”, de forma a “iniciar a síntese com estudos que investigam determinado contexto, expondo em seguida estudos que adotam o mesmo delineamento ou referencial teórico”, por exemplo.

Para o processo de apresentação dos resultados da revisão, podem ser utilizadas tabelas a fim de facilitar a leitura e a compreensão dos dados, tanto quantitativos quanto qualitativos. Como exemplo prático, cita-se a pesquisa de Vieira e Silva (2020), os quais buscaram responder, através de uma revisão sistemática de literatura, quais os impactos da COVID-19 na educação escolar brasileira e portuguesa? Os dados extraídos foram sintetizados e apresentados em forma de tabela, conforme o recorte mostrado no Quadro 4:

Quadro 4 – Impactos e desafios impostos pela pandemia em educação

Autores

Abordagens qualitativas

Jesus Pereira; Narduchi e Miranda (2020)

- Fechamento das escolas e suspensão das aulas presenciais.

- Reorganização do calendário letivo por meio do ensino remoto.

Oliveira; Gomes e Barcellos (2020)

- Limitações estruturais que dificultam a implementação de medidas afetivas.

- Limitações associadas à qualidade do professor e ao acesso a tecnologias.

- Consequências negativas para a aprendizagem dos alunos.

Arruda (2020)

- Propostas difusas, que refletem a falta de liderança do Ministério da Educação.

- Incipiência na apropriação de tecnologias digitais na educação pública.

Silva Monteiro (2020)

- Professores sem acesso à internet ou acesso limitado inviabiliza/dificulta o planejamento e implementação de ensino online.

- Famílias sem condições financeiras para adquirir computador e internet em casa.

- Aumento das desigualdades sociais.

- Necessidade de (re)inventar a profissão docente em tempos de adversidade.

Fonte: Adaptado de Vieira e Silva (2020, p. 1021-1022).

O Quadro 4, o qual apresenta um recorte de todos os dados extraídos dos artigos analisados por Vieira e Silva (2020), deixa clara a relação existente entre o problema de pesquisa e os dados extraídos e apresentados. Percebe-se que os estudos apresentam características particulares e indicam respostas diferentes ao problema de pesquisa, contudo, se analisados coletivamente, é nítido que atendem o objetivo proposto pela revisão sistemática.

Nesta esteira, é necessário ressaltar a importância da síntese coerente e da apresentação dos dados de forma adequada ao leitor, visto que, por mais que a revisão sistemática seja conduzida de maneira a ser reproduzível, os dados mostrados ao final do estudo compõem o produto principal da pesquisa, o qual sintetiza as informações essenciais e responde ao problema delimitado. Para finalizar, conforme as fases descritas acima, destaca-se um fluxograma que sintetiza e apresenta as etapas, propostas neste artigo, para a elaboração de uma Revisão Sistemática da Literatura na área da educação (ver Figura 2).

Figura 2 – Fluxograma das etapas para realizar uma revisão sistemática da literatura sugeridas pelos autores

1

Fonte: os autores (2023).

As etapas sugeridas por este estudo, apresentadas no fluxograma anterior, foram elaboradas e sustentadas teoricamente por estudos e pesquisas que discorrem sobre o tema e seguem estas etapas. Com isso, pretende-se facilitar a compreensão e a visualização dos possíveis passos a serem seguidos na elaboração de uma Revisão Sistemática da Literatura na abordagem qualitativa em pesquisas na área da educação.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos estudos realizados, é possível aferir que os aspectos das pesquisas de abordagem qualitativa na área da Educação se relacionam, principalmente, a capacidade de capturar a complexidade e a subjetividade das experiências humanas, as quais não podem ser mensuradas por dados quantitativos e estão intrinsecamente ligadas ao campo educacional. Ressalta-se que este tipo de abordagem permite ao pesquisador investigar e analisar com mais profundidade e de forma mais abrangente os aspectos dessa área.

Em relação a Revisão Sistemática da Literatura, na abordagem qualitativa, observou-se que ela se apresenta como uma possibilidade metodológica para pesquisas na área da Educação. Isto porque, as evidências encontradas indicam que esta forma de revisão se caracteriza como uma abordagem metodológica que permite maximizar o potencial de uma busca, a fim de encontrar o maior número possível de resultados de uma maneira organizada e se constitui em um trabalho crítico, reflexivo e compreensivo sobre o material coletado.

Desta forma, entende-se a necessidade de serem desenvolvidas Revisões Sistemáticas da Literatura, na abordagem qualitativa, no campo da Educação, principalmente pela crescente produção acadêmica e publicação de estudos relacionados à área. A partir deste tipo de revisão, os achados das pesquisas educacionais podem ser sistematizados, analisados e apresentados de forma em que se estabeleça um panorama geral daquilo que já foi produzido sobre um tema estudado. Este movimento proporciona pensar novas ideias e possibilita compartilhar descobertas de forma mais sistêmica.

Contudo, quando utilizada em pesquisas no campo da educação, na abordagem qualitativa, a revisão sistemática tem algumas limitações. Aponta-se que os métodos de síntese de dados em pesquisas qualitativas ainda são pouco explorados e desenvolvidos, o que pode dificultar a compilação e a análise dos resultados. Além disso, as pesquisas qualitativas têm como objetivo entender em profundidade fenômenos específicos, enquanto a revisão sistemática, muitas vezes, busca generalizações. Portanto, é necessário adaptar os métodos para lidar com as particularidades das pesquisas qualitativas.

Quanto às etapas que compreendem este tipo de estudo, sugeriu-se um percurso com oito passos, os quais observou-se darem conta de atender a complexidade das Revisões Sistemáticas da Literatura. São elas: 1 - Delimitação do problema de pesquisa; 2 - Escolha das bases de dados, definição das palavras-chave e busca dos materiais; 3 - Armazenamento dos resultados; 4 - Triagem dos artigos de acordo com critérios de inclusão e exclusão; 5 - Extração e análise dos dados; 6 - Avaliação da qualidade metodológica e análise dos dados; 7 - Avaliação da qualidade das evidências; e 8 - Síntese e apresentação dos resultados.

Por fim, evidencia-se que a revisão sistemática de abordagem qualitativa desempenha um papel fundamental na pesquisa em educação. Por meio dessa técnica, é possível avaliar e sintetizar de forma rigorosa as evidências disponíveis, oferecendo uma visão mais clara e abrangente do estado atual do conhecimento em uma determinada área. Além disso, a revisão sistemática de abordagem qualitativa permite a identificação de lacunas de pesquisa, fornecendo direcionamentos para estudos futuros. Dessa forma, essa técnica é uma ferramenta valiosa para pesquisadores, professores e profissionais da educação que buscam aprimorar suas práticas e a compreensão dos desafios educacionais.

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Endereços para correspondência:

Jean Marcos Detofeno Tonello - Universidade do Oeste de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Educação, Rua: Getúlio Vargas, 2125, Flor da Serra, 89560000 - Joaçaba, SC. jeanmarcostonello@gmail.com.

Jacques Lima Ferreira - Universidade do Oeste de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Educação, Rua: Getúlio Vargas, 2125, Flor da Serra, 89560000 - Joaçaba, SC. drjacqueslima@gmail.com.


  1. 1 Graduado em Engenharia Civil pela Universidade do Oeste de Santa Catarina; Especialista em Engenharia de Avaliações e Perícias; Graduado em Letras Português/Inglês pela Universidade Paulista; Especialista em Literatura Contemporânea; Professor Universitário na área das Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade do Oeste de Santa Catarina; Professor de Língua Estrangeira – Inglês, na Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina.

  2. 2 Doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná; Mestre em Tecnologia em Saúde - Mestrado Interdisciplinar pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná; Pós-Doutorado pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação na Universidade do Porto; Pós-Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná; Especialista em Metodologia do Ensino de Biologia e Química. Licenciado em Pedagogia e Biologia.