http://dx.doi.org/10.18593/r.v41i2.10649

EDITORIAL

Na segunda edição da Roteiro de 2016 temos a satisfação de disponibilizar aos leitores um conjunto de textos candentes que versam sobre temáticas relevantes focalizadas nas políticas e nos processos educacionais.

Tomando como procedimento para coleta de dados histórias de vida, o manuscrito A intencionalidade do projeto de si e da formação docente de professoras formadoras do curso de magistério em Catalão – GO, com a autoria de Wolney Honório Filho, Mara Rubia Guardieiro Costa e Rita Tatiana Cardoso Erbs, versa sobre a concepção do projeto de si e a formação docente expressa em narrativas de cinco professoras do Curso Técnico em Magistério de Catalão – GO. Com base nas histórias de vida desses professores, os autores concluem que o fato de haver uma intencionalidade na escolha da carreira docente revela haver consciência sobre a profissão que confere um sentido par si e para a vida.

No manuscrito Educação Infantil: o consensual nas representações sociais de pais e mães de crianças, Laeda Bezerra Machado e Luciana Oliveira Freitas Monteiro identificam existir um consenso nas representações sociais de educação infantil entre pais e mães de crianças matriculadas nessa etapa da educação. Para as autoras, consenso decorre do acesso a diferentes formas de comunicação a que estão expostas as famílias.   

Letícia Veiga Casanova, no manuscrito A produção do conhecimento sobre a relação escola e família em treze anos de Anped, analisa-se a produção do conhecimento acerca da relação escola e família a partir dos trabalhos comunicados nas reuniões anuais da Anped no período compreendido entre 2000 e 2013. Constatam que os trabalhos publicados sobre o tema no período situam-se preponderantemente na área da Sociologia da Educação.

O compromisso formativo na avaliação da aprendizagem em Química é o título do manuscrito de Nadia Aparecida de Souza e Elaine Cristina Galvão. No texto, as autoras apresentam resultados de um estudo que mapeou práticas avaliativas marcadas pelo compromisso formativo, detendo-se nas relações possíveis de serem estabelecidas entre elas e a maneira de abordar do erro, entre professores de Química. Os resultados obtidos pelas autoras revelaram que as professoras realizam práticas avaliativas formativas intentando conhecer a estratégia empreendida pelo aluno para, pela recomposição do ensino, auxiliá-lo a avançar no processo de construção do conhecimento. Constataram, ainda, que o erro constitui um elemento essencial no processo de ensino e aprendizagem de Química, sendo fonte de reflexões e de descobertas.

Maristela da Rosa e Gladys Ghizoni Teive trazem uma importante contribuição à área de educação com seu manuscrito Manuais didáticos como patrimônio histórico-educativo: artefatos da cultura material escolar. O artigo versa sobre o potencial do estudo histórico de manuais didáticos considerados objetos indiciários que materializam concepções pedagógicas, saberes e práticas constituindo, desse modo, exemplares de uma cultura escolar.

Na esteira do debate sobre o papel dos manuais didáticos, Lílian Bárbara Cavalcanti Cardoso, Roseane Maria de Amorim e Rosemeire Reis efetuam uma análise do livro Lições de História do Brasil, de Joaquim Manuel de Macedo, com o objetivo de compreender as origens das práticas escolares contidas no Ensino de História. No manuscrito O Ensino de História e o Manual Didático de Joaquim Manuel de Macedo no Início da República Brasileira (1889-1940), realizam um estudo acerca do postulado histórico do ensino de História, partindo do pressuposto de que a constituição da História como disciplina é de extrema importância para entender a persistência de certas práticas de ensino que se tornaram tradição nesta disciplina e promovem o fracasso dos alunos, que a rotulam como matéria “decorativa”. Para as autoras, a tendência tradicional, que visualiza o passado como uma verdade absoluta e inquestionável, ainda é uma das abordagens priorizadas nos métodos contemporâneos de ensino de História.

No manuscrito Gestão escolar democrática: idealizações e realidade, os autores Sergio Brasil Fernandes e Sueli Menezes Pereira analisam os modelos de gestão utilizados nas escolas da rede estadual de Santa Maria, RS e enfatizam a importância de priorizar uma consistente participação da comunidade escolar nos aspectos atinentes à gestão administrativa, pedagógica e financeira das escolas.

Gênero e sexualidades em políticas contemporâneas: entrelaces com a educação é o título do manuscrito de autoria de Bianca Salazar Guizzo e Jane Felipe. Com base nas contribuições dos estudos sobre gênero e cultura, as autoras analisam políticas públicas sobre o tema, buscando evidenciar aspectos que têm dificultado a inserção do tema nas escolas. Destacam o incremento de documentos que dão visibilidade às questões de gênero e sexualidade, mas que não são postos em prática em razão da resistência de setores conservadores.

Alice Copetti Dalmaso e Marilda Oliveira de Oliveira nos brindam com um manuscrito que trata das relações entre leitura e escrita por meio de escritos de Mia Couto. Com o título Uma leitura (e escrita) que nos move: costurando possibilidades entre educação e a literatura de Mia Couto, as autoras buscam responder “O que é ler?”, “O que é ler Mia Couto?” e apontam o desafio de encontrar na materialidade literária a promoção da ação da escrita.

Fechando o conjunto de textos desta edição, temos o manuscrito de Mirna Juliana Santos Fonseca intitulado Jovens do século XXI na cultura analógica do cineclube. No texto, a autora desvela como ocorre a escolha pela cultura analógica do cineclube por jovens do século XXI nativos de uma cultura digital e virtual.

Para completar essa edição, Isabela Toscan Toscan Mitterer Berkembrock brinda-nos com uma resenha da obra Educação superior iberoamericana: uma análise para além das perspectivas mercadológicas da produção de conhecimento, organizada por Maria de Lourdes Pinto de Almeida y Afrânio Mendes Catani e publicada em 2015 pela Editora Clacso.

Os leitores estão convidados a examinar os textos aqui apresentados, resultado dos estudos e das pesquisas realizadas por seus autores, e a construir novas possibilidades de interpretação a partir de diferentes olhares e de novos estudos.

A todos, uma boa leitura.

Marilda Pasqual Schneider

Editor-chefe

Roteiro, Joaçaba, v. 41, n. 2, p. 307-310, maio/ago. 2016