Roteiro, Joaçaba, v. 41, n. 1, p. 285-286, jan./abr. 2016
SOBRE A CAPA
Victor Junger1
Uma sobre a outra formam as dobras de uma linha. Corre sobre a superfície a linha que forma as dobras de seu traçado. Camadas, invaginações, relevo. A linha trata de não se perder em sua vizinhança. Ocupar o branco da superfície com prudência. Aproximar dos contornos para tornar a se dobrar.
Logo forma o círculo a partir de seu traçado. Ele se forma à medida que a linha persiste em seu movimento. Vemos avançar pela superfície os círculos um sobre os outros. Eles avançam através do branco como em um primeiro gesto de estar presente. Incorporam em seus contornos o espaço do branco que é a superfície. Eles se formam como em um gesto seu corpo presente no espaço.
São sete as linhas que se fazem círculos para unir o traçado. Uma linha está distante das demais como sob o exercício da distância. As sete linhas se encontram a partir das dobras que produzem em movimento. Elas se conciliam entre as dobras invaginações que unem este corpo presente no espaço. Uma linha escapa de seus contornos para fechar os círculos em sua vizinhança. Ela escapa e fecha os círculos em sua distância.
São sete as linhas que incorporam na superfície os contornos das demais. Elas se encontram para deixar os círculos de que eram feitas. Mas o que desejam estas linhas ao unirem seus contornos entre si? O que deseja seu movimento ao avançarem unidas sobre a superfície do branco?
Apenas uma linha escapa das demais para se manter a distância. Ela está para as demais como em seu exercício de afastamento. Por que comunicá-las somente em seu afastamento? Por que desejar encontrá-las sob a forma da distância?
Que história afinal desejam traçar neste encontro? Que escrita tornam presente neste espaço?
Nomeei este momento de 7 Linhas e Uma. Um instantâneo do seu encontro, desenho desta história que deseja ver entre as linhas um encontro.
1 Doutorando em Educação pelo PROPED/UERJ. Mestre em Artes pelo PPGArtes/UERJ e pedagogo pela UNIRIO.