ÉTICA EMPRESARIAL: EVIDÊNCIA EMPÍRICA DAS PERCEÇÕES DOS PROFISSIONAIS PORTUGUESES
Bruno José Machado de Almeida*
Resumo
A responsabilidade social da empresa obriga as instituições socioeconómicas a to- marem decisões abrangentes e extensivas a todas as suas funções, como necessida- de de responder às exigências dos tempos modernos e a uma sociedade civil cada vez mais exigente e disposta a fomentar o countervailling power em contraponto aos objetivos mais egoístas da sociedade capitalista: essa situação requer uma transformação ética do capitalismo e da empresa. Em face dessa problemática, foi objetivo dessa investigação conhecer as perceções dos profissionais de auditoria portugueses e dos professores do ensino superior de contabilidade e auditoria, relativamente ao comportamento ético dos auditores, à existência de mecanismos de controlo e às próprias limitações da contabilidade. Para alcançar esse desi- derato, foi elaborado um questionário dirigido àqueles profissionais:
– percentagens,
1 INTRODUÇÃO
Os sucessivos escândalos financeiros que ocorreram na sociedade, des- de 1990 até 2012 (Enron, Worldcom, Tyco, Parmalat, etc.), têm contribuído para
*Doutor em Ciências Económicas e Empresariais pela Universidade Complutense de Madrid; Mestre em Contabilidade e Auditoria pela Universidade Aberta; Revisor Oficial de Contas; Professor Coordenador do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra; Quinta Agrícola, Bencanta,
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Bruno José Machado de Almeida
colocar sob pressão o conjunto de todas as ciências empresariais que têm desen- volvido instrumentos tecnológicos importantes para analisar a realidade, em de- trimento do estudo e aperfeiçoamento dos valores éticos e do exercício da capaci- dade de julgamento, considerados, hoje, pilares fundamentais de uma sociedade sustentável. Essa tendência sugere um novo período caraterizado por uma maior transparência da informação financeira e não financeira e pelo desenvolvimento de práticas de accountability mais éticas e responsáveis, e a centragem do coração da ética nos outros, e não no estrito interesse pessoal (KNECHEL; SALTERIO; BALLOU, 2007, p. 734).
A exigência de uma ética de responsabilidade (CORTINA, 2003, p. 78) nas relações entre os diferentes agentes, visando encontrar um equilíbrio entre rentabilidade e valores sociais,
O estudo que se propõe se diferencia dos restantes porque, de uma ma- neira geral e no melhor do nosso conhecimento,4 investigações sobre a problemá- tica da ética em contabilidade e auditoria, têm sido, maioritariamente, focadas nos auditores externos, o que corresponde a uma visão demasiado reducionista. Por outro lado, em Portugal, no setor público, que em termos de auditoria está sob a alçada jurisdicional do Tribunal de Contas, têm alegadamente ocorrido situações de corrupção, que, genericamente, não são apontadas pelos auditores desse organismo. Essa classe de profissionais, nos diferentes estudos analisados em termos interna- cionais, nunca foi inquirida. A análise é ainda enriquecida quando consideramos a opinião dos professores do ensino superior, responsáveis pelo ensino da ética em contabilidade e auditoria e por oferecerem uma visão exógena ao processo de ac- countability. É, ainda, solicitado a todos esses profissionais que se pronunciem sobre o comportamento dos gestores e das estruturas de corporate governance, bem como das práticas contabilísticas adotadas pelos preparadores da informação financeira portugueses, o que corresponde a outro importante elemento distintivo, por facul- tar uma visão mais ampla dos comportamentos éticos dos agentes.
Este trabalho
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Ética empresarial: evidência empírica...
os resultados obtidos centrados em Portugal e inseridos na discussão internacio- nal, e na quinta,
2 REVISÃO DA LITERATURA
Em termos gerais, a literatura mais recente sobre o tema em investi- gação valoriza o denominado mercado da ética (ARENS; ELDER; BEASLEY, 2010, p.
Paralelamente a essas pesquisas, outros autores (MESSIER; GLOVER; PRAWITT, 2012, p. 647; LOUWERS et al., 2013, p. 591; MOREIRA, 1999, p. 67; MINTZ, 1997, p. 460) referem, em termos mais específicos, as interdependências existentes nas empresas e sugerem a necessidade da existência de códigos de con- duta ética para os gestores, preparadores da informação financeira e auditores. Aqueles seriam instrumentos indispensáveis ao estabelecimento de determina- dos objetivos de caráter ético que se desejam alcançar dentro e fora da empresa. Messier, Glover e Prawitt (2012, p. 674) referem que a conduta ética é o funda- mento do profissionalismo moderno, e que o mais importante ativo de um agente é a sua integridade e sólida reputação. Louwers et al. (2013, p. 591)
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Bruno José Machado de Almeida
o aperfeiçoamento e a criação de um conjunto de regras para aferir o comporta- mento dos seus membros, com o objetivo de incrementar a qualidade e o rigor da informação financeira apresentada e divulgada.
O ensino institucional da ética nos programas de gestão, contabilidade e auditoria tem sido a linha de investigação mais enfatizada desde 1995, enten-
Ao nível do reporting financeiro
Os mecanismos de corporate governance, representados pelos atributos de independência e o código de conduta dos gestores, contribuem para dimi- nuir o gap de credibilidade. Essa situação é retratada nas pesquisas de Hamdallah (2012, p.
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Ética empresarial: evidência empírica...
3 METODOLOGIA
O objetivo essencial deste trabalho diz respeito ao estudo das diver- sas perceções e expetativas dos profissionais de auditoria portugueses e dos pro- fessores do ensino superior de contabilidade e auditoria, relativamente ao com- portamento ético dos auditores, ao comportamento dos gestores, ao governo das sociedades, à atuação de organismos profissionais e às próprias limitações da contabilidade. Para tal, foram elaborados questionários e enviados àqueles pro- fissionais. Os questionários elaborados continham cinco conjuntos de questões relativas às seguintes problemáticas:
a)Comportamento ético dos auditores;
-Atuação pouco ética dos auditores;
b)Comportamento dos gestores;
-Pouca preocupação com o interesse dos acionistas;
-Comportamento pouco ético;
-Objetivos individuais
c)Governo das sociedades;
-Governo das sociedades pouco ativo na deteção de erros e fraudes;
d)Atuação de organismos profissionais;
-Deficiente controlo de qualidade ao trabalho dos auditores;
-Insuficiente poder disciplinar;
-Comportamento permissivo em relação aos colegas de trabalho;
e)Limitações da contabilidade;
-Falta de ética dos contabilistas;
-Práticas de contabilidade criativa.
A resposta a cada um dos itens relativos à problemática em causa se encon- trava em uma escala nominal na qual apenas eram admitidas as respostas sim e não.
No sentido de diferenciar as respostas dadas pelos inquiridos, foram considerados quatro grupos, os Professores, os Revisores Oficiais de Contas, os Auditores Internos e os Auditores do Tribunal de Contas relativamente às ques- tões colocadas.
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741
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Bruno José Machado de Almeida
Q1: Qual a percentagem de concordância/discordância por parte de cada um dos grupos em relação ao comportamento ético dos auditores?
Q2: Quais os itens que apresentam maior percentagem de concordân- cia/discordância por parte de cada um dos grupos em relação às questões que dizem respeito ao comportamento dos gestores?
Q3: Relativamente a cada um dos grupos inquiridos, qual é a percenta- gem de concordância/discordância no que diz respeito ao governo das sociedades?
Q4: Qual é a opinião de cada um dos grupos inquiridos relativamente à atuação dos organismos profissionais?
Q5: Qual a percentagem de concordância/discordância de cada um dos grupos profissionais no que diz respeito às limitações da contabilidade relativa- mente a cada um dos itens em causa?
Por outro lado, no sentido de comparar a visão de todos os grupos pro- fissionais relativamente às questões colocadas,
Q6: A visão dos diversos grupos participantes no estudo em relação ao comportamento ético dos auditores difere de forma significativa?
Q7: A visão dos diversos grupos que participaram no estudo em relação ao comportamento ético dos gestores difere significativamente, nomeadamente no que diz respeito:
Q7.1: À pouca preocupação com os interesses dos acionistas. Q7.2: Ao comportamento pouco ético dos gestores.
Q7.3: Aos objetivos individuais que se sobrepõem aos coletivos.
Q8: Há diferenças estatisticamente significativas na visão de cada um dos grupos profissionais em relação ao governo das sociedades?
Q9: A atuação dos organismos profissionais é vista de forma significativa- mente diferente em cada um dos grupos profissionais, nomeadamente no que se refere:
Q9.1: Ao deficiente controlo de qualidade do trabalho dos auditores. Q9.2: Ao insuficiente poder disciplinar.
Q9.3: Ao comportamento permissivo em relação aos colegas de trabalho. Q10: A visão dos diversos grupos profissionais apresenta diferenças
significativas no que se refere às limitações da contabilidade, nomeadamente:
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Ética empresarial: evidência empírica...
Q10.1: À falta de ética dos contabilistas.
Q10.2: Às práticas de contabilidade criativa.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A amostra escolhida para levar a cabo este estudo foi selecionada entre vá- rios grupos profissionais: Revisores Oficiais de Contas, Auditores Internos, Auditores do Tribunal de Contas e Professores de Auditoria de universidades e institutos politécnicos portugueses, tendo a sua recolha decorrido entre janeiro e agosto de 2010. A amostra total foi constituída por 447 profissionais, dos quais 51 são Auditores Internos (11,4%), 159 são Professores do ensino universitário ou politécnico (35,6%), 212 são Revisores Oficiais de Contas (47,4%) e 25 são Auditores do Tribunal de Contas (5,6%).
Os resultados para os Auditores Internos se apresentam na Tabela seguinte:
Tabela 1 – Descrição da amostra: Auditores Internos
n |
% |
χ2 |
p |
|
|
|
|
Idade |
|
4.412** |
0.036 |
Inferior ou igual a 40 anos |
18 |
35,3 |
|
Superior a 40 anos |
33 |
64,7 |
|
Sociedades auditadas |
|
2.373 |
0.123 |
Cotadas |
20 |
39,2 |
|
Não cotadas |
31 |
60,8 |
|
Habilitações |
|
18.843*** |
0.000 |
Licenciatura |
41 |
80,4 |
|
Mestrado |
10 |
19,6 |
|
Fonte: o autor.
Nota: As estatísticas foram determinadas com base em testes χ2 da aderência.
Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.
Os resultados obtidos para os Analistas do Tribunal de Contas se apre- sentam em seguida:
Tabela 2 – Descrição da amostra: Analistas do Tribunal de Contas
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Bruno José Machado de Almeida
n |
% |
|
χ2 |
p |
|
|
|
|
|
Idade |
|
|
17.640*** |
0.000 |
Inferior ou igual a 40 anos |
2 |
8 |
|
|
Superior a 40 anos |
23 |
92 |
|
|
Sociedades auditadas |
|
|
|
|
Cotadas |
3 |
12 |
14.440*** |
0.000 |
Não cotadas |
22 |
88 |
|
|
Habilitações |
|
|
|
|
Licenciatura |
25 |
100 |
|
|
Fonte: o autor.
Nota: As estatísticas foram determinadas com base em testes χ2 da aderência. Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.
Os resultados obtidos para os Revisores Oficiais de Contas se apresen- tam a seguir:
Tabela 3 – Descrição da amostra: Revisores Oficiais de Contas |
(continua) |
|||
|
|
|
|
|
n |
% |
χ2 |
p |
|
|
|
|
|
|
Idade |
|
49.075*** |
0.000 |
|
Inferior ou igual a 40 anos |
157 |
74,1 |
|
|
Superior a 40 anos |
55 |
25,9 |
|
|
Experiência profissional |
|
19.321*** |
0.000 |
|
Inferior ou igual a 10 anos |
74 |
34,9 |
|
|
Superior a 10 anos |
138 |
65,1 |
|
|
Forma de atividade |
|
6.811*** |
0.009 |
|
Individual |
87 |
41 |
|
|
Sociedade |
125 |
59 |
|
|
Ligação |
|
5.453** |
0.020 |
|
Com ligação internacional |
123 |
58 |
|
|
Sem ligação internacional |
89 |
42 |
|
|
Sociedades auditadas |
|
124.311*** |
0.000 |
|
Cotadas |
11 |
5,2 |
|
|
Não cotadas |
142 |
67 |
|
|
|
|
|
|
|
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|
|
|
(conclusão) |
|
n |
% |
χ2 |
p |
|
|
|
|
|
|
Ambas |
59 |
27,8 |
|
|
Habilitações |
|
276.066*** |
0.000 |
|
Licenciatura |
184 |
86,8 |
|
|
Mestrado |
25 |
11,8 |
|
|
Doutoramento |
3 |
1,4 |
|
|
Fonte: o autor.
Nota: As estatísticas foram determinadas com base em testes χ2 da aderência. Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.
Os resultados obtidos para os Professores se apresentam a seguir:
Tabela 4 – Descrição da amostra: Professores
n |
% |
χ2 |
p |
|
|
|
|
Idade |
|
3.327* |
0.068 |
Inferior ou igual a 40 anos |
68 |
42,8 |
|
Superior a 40 anos |
91 |
57,2 |
|
Escola onde lecionam |
|
59.170*** |
0.000 |
Ensino politécnico |
128 |
80,5 |
|
Universidades |
31 |
19,5 |
|
Habilitações |
|
35.811*** |
0.000 |
Licenciatura |
65 |
40,9 |
|
Mestrado |
76 |
47,8 |
|
Doutoramento |
18 |
11,3 |
|
Fonte: o autor.
Nota: As estatísticas foram determinadas com base em testes χ2 da aderência. Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.
Da análise das tabelas referenciadas,
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Ética empresarial: evidência empírica...
3.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Relativamente ao questionário enviado para os profissionais que participaram no estudo, foram obtidos os resultados que constam do Quadro 1:
Quadro 1 – Resultados
|
|
|
Inquiridos |
|
|
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|
|
|
|
|
|
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|
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|
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|
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|
|
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|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Ordem |
Questão |
Professores |
|
|
|
ROC’S |
|
|
|
Auditores Internos |
|
ATC’s |
|
|
|
||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|||
|
|
|
1 |
2 |
|
3 |
4 |
5 |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Comportamento dos auditores |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
1.1 |
Atuação pouco éti- |
60 |
59 |
|
1 |
29 |
10 |
30 |
118 |
- |
60 |
4 |
8 |
40 |
- |
2 |
1 |
10 |
14 |
- |
1 |
- |
|
ca dos auditores |
|
||||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Comportamento dos gestores |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Pouca preocupação |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
2.1 |
com |
os interesses |
5 |
70 |
|
2 |
70 |
12 |
10 |
90 |
1 |
91 |
20 |
8 |
20 |
- |
20 |
3 |
5 |
6 |
- |
10 |
4 |
|
dos acionistas |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
2.2 |
Comportamento |
12 |
55 |
|
3 |
80 |
9 |
10 |
100 |
2 |
89 |
11 |
7 |
30 |
1 |
9 |
4 |
3 |
10 |
1 |
8 |
3 |
|
pouco ético |
|
||||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Objetivos indivi- |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
2.3 |
duais |
sobrepõem- |
7 |
13 |
|
3 |
100 |
36 |
10 |
45 |
- |
100 |
57 |
9 |
11 |
1 |
20 |
10 |
6 |
10 |
- |
6 |
3 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
Governo das sociedades |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Governo das socie- |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
3.1 |
dades |
pouco ativo |
6 |
10 |
|
- |
100 |
43 |
13 |
30 |
- |
150 |
19 |
1 |
4 |
- |
40 |
6 |
2 |
5 |
- |
12 |
6 |
na deteção de erros |
|
||||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
|
e de fraudes |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
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|
|
|
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|
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|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Unoesc RACE, |
|
|
|
|
|
|
|
Bruno José Machado de Almeida
Atuação das associações e das ordens profissionais |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
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||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
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|
|
|
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|
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|
|
|
|
|
|
|
Deficiente |
contro- |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
4.1 |
lo da qualidade de |
12 |
50 |
1 |
80 |
|
16 |
32 |
122 |
- |
50 |
8 |
7 |
14 |
- |
21 |
9 |
3 |
7 |
- |
10 |
5 |
||
trabalho dos audi- |
|
|||||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|||
|
tores |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
4.2 |
Insuficiente poder |
16 |
72 |
3 |
50 |
|
18 |
13 |
150 |
- |
40 |
9 |
9 |
22 |
- |
16 |
4 |
4 |
13 |
- |
6 |
2 |
||
disciplinar |
|
|
||||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
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Comportamento |
|
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|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
4.3 |
permissivo em re- |
11 |
50 |
- |
87 |
|
11 |
9 |
140 |
- |
50 |
13 |
3 |
30 |
- |
10 |
8 |
2 |
13 |
- |
8 |
2 |
||
lação |
aos |
colegas |
|
|||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
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|||
|
de trabalho |
|
|
|
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|
|
|
|
|
|
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|
|
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Limitações da contabilidade |
|
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5.1 |
Falta |
de ética dos |
13 |
60 |
- |
80 |
|
6 |
22 |
100 |
- |
80 |
10 |
5 |
35 |
- |
9 |
2 |
7 |
10 |
- |
6 |
2 |
|
contabilistas |
|
|||||||||||||||||||||||
|
|
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|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
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|
|
|
|
|
|
|
|
|||
5.2 |
Práticas de |
conta- |
12 |
29 |
- |
110 |
|
8 |
10 |
50 |
- |
140 |
12 |
9 |
20 |
- |
20 |
2 |
1 |
7 |
- |
9 |
8 |
|
bilidade criativa |
|
|||||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
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|
|
|||
1 - Forte discordância; 2 – Discordância; 3 – Indiferença; |
4 – Concordância; 5 – Forte Concordância. |
|
|
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|
|
|
|
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|||||||||||||||
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Fonte: os autores. |
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|
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|
768, maio/ago. 2014
2014 .maio/ago
Ética empresarial: evidência empírica...
Como forma de caracterizar a percentagem de concordância ou discordância relativa às questões,
Para os Revisores Oficiais de Contas, 21,2% estão de acordo com a questão que se refere ao comportamento pouco ético dos Auditores, embora a maioria, 78,8% não con- corde com a questão. Existem, assim, também diferenças estatisticamente significativas em relação a essas percentagens para esse grupo profissional (χ2(1) = 70.208; p = 0.000). A maioria dos Auditores Internos também não concorda com esta questão (62,7%), embora 37,3% emita um parecer favorável à questão colocada. Não existem, no entanto, diferenças estatisticamente significativas em relação à percentagem de concordância com esta ques- tão por parte desse grupo profissional (χ2(1) = 3.314; p = 0.069). Também, a maioria dos auditores internos discorda da questão colocada relativamente a essa problemática (96%), sendo apenas de 4% a percentagem de auditores internos que com ela concordam. Mais uma vez,
Para comparar as respostas conjuntas dos quatro grupos profissionais se efe- tuou um teste de
Tabela 5 – Estatísticas descritivas por subgrupos de respondentes – Comportamento ético dos Auditores
|
Professores |
ROCs |
ATCs |
Auditores |
Estatística de |
||||||
|
Internos |
||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|||||
|
n = 159 |
|
n = 212 |
|
n = 25 |
|
n = 51 |
|
|||
|
|
|
|
|
|
|
|||||
|
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
χ2 |
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
lue |
|
|
(Não) |
(Não) |
(Não) |
(Não) |
|
|
|||||
|
% |
|
% |
|
% |
|
% |
|
|
|
|
Questão |
32,1 |
20.434*** |
21,2 |
70.208*** |
37,3 |
3.314 |
4 |
21.160*** |
15.192*** |
0.002 |
|
1.1 Atua- |
|||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
ção pouco |
(67,9) |
(0.000) |
(78,8) |
(0.000) |
(62,7) |
(0.069) |
(96) |
(0.000) |
|
|
|
ética dos |
|
|
Auditores
Fonte: o autor.
Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.
2014 .maio/ago
748
Ética empresarial: evidência empírica...
Nas questões relacionadas ao comportamento dos gestores,
No que diz respeito aos Revisores Oficiais de Contas, é também a questão 2.3 que maior consenso reúne (n=156; 73,6%),
No teste de comparações múltiplas de
2014 .maio/ago
749
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Bruno José Machado de Almeida
Tabela 6 – Estatísticas descritivas por subgrupos de respondentes – Comportamento dos gestores
|
|
|
|
Professores |
ROCs |
|
ATCs |
|
Auditores Internos |
Estatística |
|||
|
|
|
|
n = 159 |
|
n = 212 |
|
n = 25 |
|
n = 51 |
|
de Kruskal- |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|||||
|
|
|
|
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
χ2 |
|
|
|
|
|
lue |
|||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
(Não) |
(Não) |
(Não) |
(Não) |
|
|
||||
|
|
|
|
% |
|
% |
|
% |
|
% |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Questão |
2.1 |
50,9 |
0.057 |
49,1 |
0.075 |
56 |
0.360 |
62,7 |
3.314 |
3.300 |
0.348 |
|
|
– |
Pouca |
preo- |
||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|||
|
cupação |
com |
(49,1) |
(0.812) |
(50,9) |
(0.784) |
(44) |
(0.549) |
(37,3) |
(0.069)* |
|
|
|
|
o interesse dos |
|
|
||||||||||
|
acionistas |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
|
Questão |
2.2 – |
55,3 |
1.818 |
49,1 |
0.075 |
48 |
0.040 |
41,2 |
1.589 |
3.494 |
0.322 |
|
|
Comportamen- |
(44,7) |
(0.178) |
(50,9) |
(0.784) |
(52) |
(0.841) |
(58,8) |
(0.208) |
|
|
||
|
to pouco ético |
|
|
||||||||||
|
Questão |
2.3 |
77,4 |
47.604*** |
73,6 |
41.170*** |
68 |
3.240*** |
86,3 |
26.843*** |
4.665 |
0.198 |
|
|
– |
Objetivos |
|||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|||
|
i n d i v i d u a i s |
(22,6) |
(0.000) |
(26,4) |
(0.000) |
(32) |
(0.007) |
(13,7) |
(0.000) |
|
|
||
|
|
|
|||||||||||
|
aos coletivos |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
|
Fonte: o autor. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.
Em relação ao governo das sociedades, os Professores concordam na sua maioria com a questão que se refere à pouca atividade na deteção de erros e frau- des (n=12; 48%), enquanto apenas 29 desses profissionais (18.2%) discordam dessa afirmação. Existem, assim, diferenças estatisticamente significativas na proporção de concordância/discordância com a questão colocada (χ2(1)=64.157; p=0.000).
A maior parte dos Revisores Oficiais de Contas está também de acordo com esta questão (n=82; 85,8%), embora 14,2% (n=30) discordem dela. Essa si- tuação leva a que existam diferenças estatisticamente significativas na resposta a esta questão (χ2(1)=108.981; p=0.000).
Quase a totalidade dos Auditores Internos que participaram nes- te estudo concorda com a questão em análise (n=46; 90,2%), sendo apenas de 9,8% (n=5) a percentagem dos que não estão de acordo com ela. Há, pois, uma vez mais diferenças estatisticamente significativas nas respostas a esta questão (χ2(1)=32.469; p=0.000).
Finalmente, uma elevada percentagem de auditores do tribunal de con- tas está também de acordo com a questão colocada (n=19; 76%), sendo apenas de 24% (n=6) a percentagem daqueles que não estão de acordo com ela.
Existem também diferenças estatisticamente significativas, ao nível de 1%, nas respostas dadas por esses profissionais a esta questão (χ2(1)=6.760; p=0.009).
750
Ética empresarial: evidência empírica...
Os resultados podem ser consultados na Tabela seguinte.
Tabela 7 – Estatísticas descritivas por subgrupos de respondentes – Governo das sociedades
|
|
Professores |
ROCs |
|
ATCs |
|
Auditores Internos |
Estatística |
||||
|
|
n = 159 |
|
n = 212 |
|
n = 25 |
|
n = 51 |
|
de Kruskal- |
||
|
|
|
|
|
|
|
||||||
|
|
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
χ2 |
||
|
|
lue |
||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
|
|
(Não) |
(Não) |
(Não) |
(Não) |
|
|
|||||
|
|
% |
|
% |
|
% |
|
% |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
Questão |
81,8 |
60.157*** |
85,8 |
108.981*** |
76 |
6.760*** |
90,2 |
32.461*** |
3.800 0.284 |
|||
3.1 – Go- |
||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|||
v e r n o |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
das |
so- |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
ciedades |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
p o u c o |
(18,2) |
(0.000) |
(14,2) |
(0.000) |
(24) |
(0.009) |
(9,8) |
(0.009) |
|
|
||
ativo |
na |
|
|
|||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
deteção de erros
e fraudes Fonte: o autor.
Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.
Por análise das comparações múltiplas relativamente aos grupos em causa,
No que diz respeito às questões relacionadas com a atuação dos orga- nismos profissionais, é relativamente à questão 4.3, “Comportamento permissivo em relação aos colegas de trabalho”, aquela que manifesta maior concordância por parte dos Professores (n=69; 38,4%), seguida da questão 4.1, “Deficiente controlo de qua- lidade ao trabalho dos auditores” (n=42; 26,4%), e da questão 4.2, “Insuficiente poder disciplinar” (n=39; 24,5%).
É de salientar, no entanto, que as percentagens de concordância por parte dos Professores com todas estas questões são muito baixas, sendo sempre inferiores a 50%.
Existem diferenças estatisticamente significativas na percentagem de concordância/discordância com essa problemática relativamente às questões 4.1 (χ2(1)=35.377; p=0.000), 4.2 (χ2(1)=41.264; p=0.000) e 4.3 (χ2(1)=8.610; p=0.003).
Para os Revisores Oficiais de Contas que participaram neste trabalho, é a questão 4.1 a que obtém maior concordância obtém, (n=111; 52,4%), logo seguida da 4.3 (n=108; 50,9%), e finalmente, da 4.2 (n=42; 43,4%). Embora as
2014 .maio/ago
751
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Bruno José Machado de Almeida
percentagens de concordância com a questão por parte desse grupo não sejam muito elevadas, já se registam valores próximos de 50%. Existem, no entanto, diferenças estatisticamente significativas na percentagem de concordância com cada uma destas questões por parte dos grupos em causa,
Para os Auditores Internos, a questão que reúne maior percentagem de concordância é a 4.3 (n=32; 62,7%), sendo de 56,9% (n=29) a percentagem de concordância com a questão 4.1 e de 47,4% (n=24) a correspondente percentagem para a questão 4.2.
Não existem, ainda assim, diferenças estatisticamente significativas nas respostas às questões 4.1 (χ2(1)=0.961; p=0.327), 4.2 (χ2(1)=0.176; p=0.674) e 4.3 (χ2(1)=3.314; p=0.069).
Finalmente, em relação aos Auditores do Tribunal de Contas, verifica-
Não existem também diferenças estatisticamente significativas nas res- postas dadas às questões 4.1 (χ2(1)=1.960; p=0.162), 4.2 (χ2(1)=3.240; p=0.072) e 4.3 (χ2(1)=0.040; p=0.841).
Da análise das comparações múltiplas para estas questões,
752
Ética empresarial: evidência empírica...
Tabela 8 – Estatísticas descritivas por subgrupos de respondentes – Atuação dos organismos profissionais
|
|
|
Professores |
ROCs |
|
ATCs |
|
Auditores Inter- |
Estatística |
de |
|||
|
|
|
|
|
nos |
|
|||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||||
|
|
|
n = 159 |
|
n = 212 |
|
n = 25 |
|
n = 51 |
|
|||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
χ2 |
||
|
|
|
(Não) |
(Não) |
(Não) |
p - v a - |
(Não) |
p - v a - |
|
|
|||
|
|
|
|
|
|
|
|
lue |
|
lue |
|
|
|
|
|
|
% |
|
% |
|
% |
|
% |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Questão |
4.1 |
– |
26,4 |
35.377*** |
52,4 |
0.472 |
64 |
1.960 |
56,9 |
0.961 |
33.311*** |
0.000 |
|
Deficiente con- |
|||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||||
trolo de qualida- |
(73,6) |
(0.000) |
(47,6) |
(0.492) |
(36) |
(0.162) |
(43,1) |
(0.327) |
|
|
|||
de do |
trabalho |
|
|
||||||||||
dos auditores |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
Questão |
4.2 |
– |
24,5 |
41.264*** |
43,4 |
0.698* |
32 |
3.240* |
47,1 |
0.176 |
16.823*** |
0.001 |
|
Insuficiente |
po- |
(75,5) |
(0.000) |
(56,6) |
(0.054) |
(68) |
(0.072) |
(52,9) |
(0.674) |
|
|
||
der disciplinar |
|
|
|||||||||||
Questão |
4.3 |
– |
38,4 |
8.610*** |
50,9 |
0.075 |
48 |
0.040 |
62,7 |
3.314* |
11.052** |
0.011 |
|
Comportamento |
|||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||||
permissivo |
em |
(61,6) |
(0.003) |
(49,1) |
(0.784) |
(52) |
(0.841) |
(37,3) |
(0.069) |
|
|
||
relação aos cole- |
|
|
gas de trabalho Fonte: o autor.
Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.
Em relação às questões que se prendem com as limitações da contabili- dade, é relativamente à questão 5.2, “Práticas de contabilidade criativa”, aquela com que os Professores manifestam maior concordância (n=117; 73,6%), sendo de 23,4% (n=69) a percentagem de concordância desses profissionais com a questão 5.1, “Falta de ética dos contabilistas”.
Não se observam diferenças estatisticamente significativas nas respos- tas destes profissionais em relação à questão 5.1 (χ2(1)=2.774; p=0.096). Isso não ocorre em relação à questão 5.2, na qual se verificam diferenças estatisticamente significativas em relação à concordância com a questão por parte dos professores (χ2(1)=35.377; p=0.000). Esse resultado é significativo ao nível de 1%.
Relativamente aos Revisores Oficiais de Contas que participaram neste estudo,
2014 .maio/ago
753
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Bruno José Machado de Almeida
com ambas as questões.
Mais uma vez, também os Auditores Internos concordam maioritaria- mente com a questão 5.2 (n=43; 84,3%), sendo apenas de 51% (n=26) a percen- tagem de concordância com a questão 5.1. Assim, não se verificam diferenças estatisticamente significativas em relação à concordância/discordância com a questão 5.1 (χ2(1)=0.020; p=0.889), havendo, no entanto, diferenças estatistica- mente significativas em relação à concordância/discordância com a questão 5.2 (χ2(1)=24.020; p=0.000).
Finalmente, em relação à opinião dos Auditores do Tribunal de Contas,
Por análise das comparações múltiplas das respostas dadas a esse gru- po de questões, não se verificam diferenças estatisticamente significativas na vi- são de qualquer um desses grupos de profissionais relativamente à questão 5.1 (χ2(3)=7.576; p=0.056) e 5.2 (χ2(3)=7.454; p=0.059).
Os resultados descritos podem ser consultados na Tabela seguinte.
Tabela 9 – Estatísticas descritivas por subgrupos de respondentes – Limitações da contabilidade
|
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Professores |
ROCs |
|
ATCs |
|
Auditores Inter- |
Estatística de |
||||
|
|
|
|
nos |
|
|||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||||
|
|
n = 159 |
|
n = 212 |
|
n = 25 |
|
n = 51 |
|
|||
|
|
|
|
|
|
|
|
|||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
Sim |
χ2 |
χ2 |
||
|
|
(Não) |
(Não) |
(Não) |
(Não) |
|
|
|||||
|
|
% |
|
% |
|
% |
|
% |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||
Q u e s t ã o |
43,4 |
2.774* |
33,5 |
23.113*** |
51 |
0.020 |
32 |
3.240* |
7.576 |
0.056* |
||
5.1 |
– Falta |
|||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|||
de ética dos |
(56,6) |
(0.096) |
(66,5) |
(0.000) |
(49) |
(0.889) |
(68) |
(0.072) |
|
|
||
contabilis- |
|
|
||||||||||
tas |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Questão 5.2 |
73,6 |
35.377*** |
66 |
21.811*** |
84,3 |
24.020*** |
72 |
4.840 |
7.454 |
0.059* |
||
– |
Práticas |
|||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|||
de |
contabi- |
(26,4) |
(0.000) |
(34) |
(0.000) |
(15,7) |
(0.000) |
(28) |
(0.028)* |
|
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Fonte: o autor.
Notas: 1 *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.
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3.3 RESPOSTAS ÀS HIPÓTESES CONSIDERADAS
Q1: Qual a percentagem de concordância com a questão 1, por parte de cada um dos grupos em relação ao comportamento ético dos auditores?
Professores: 32,1% Rocs: 21,2%
AIs: 37,3%
ATC’s: 4%
Q2: Quais os itens que apresentam maior percentagem de concordân- cia/discordância por parte de cada um dos grupos em relação às questões que dizem respeito ao comportamento dos gestores?
Professores: Questão 2.3 “Objetivos individuais
gem de concordância com a questão 3.1 (governo das sociedades)? Professores: 81,8%
Rocs: 85,8%
AIs: 90,2%
ATCs: 76%
Q4: Qual é a opinião de cada um dos grupos inquiridos relativamente à atuação dos organismos profissionais, isto é, qual é a questão que reúne maior consenso por cada um dos grupos profissionais?
Professores: Questão 4.3 “Comportamento permissivo em relação aos colegas de trabalho”.
Rocs: Questão 4.1 “Deficiente controlo de qualidade ao trabalho dos auditores”.
AIs: Questão 4.3 “Comportamento permissivo em relação aos colegas de trabalho”.
ATCs: Questão 4.1 “Deficiente controlo de qualidade ao trabalho dos auditores”.
Q5: Qual a questão que reúne maior consenso por parte de cada um dos grupos profissionais no que diz respeito às limitações da contabilidade?
Professores: Questão 5.2 “Práticas de contabilidade criativa”. Roc’s: Questão 5.2 “Práticas de contabilidade criativa”.
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AIs: Questão 5.2 “Práticas de contabilidade criativa”. ATCs: Questão 5.2 “Práticas de contabilidade criativa”.
Q6: A visão dos diversos grupos participantes no estudo em relação ao comportamento ético dos auditores difere de forma significativa.
Sim. Diferenças significativas ao nível de 1%.
Q7: A visão dos diversos grupos que participaram no estudo em relação ao comportamento ético dos gestores difere significativamente, nomeadamente no que diz respeito:
Q7.1: À pouca preocupação com os interesses dos acionistas? Não.
Q7.2: Ao comportamento pouco ético dos gestores? Não.
Q7.3: Aos objetivos individuais que se sobrepõem aos coletivos? Não.
Q8: Há diferenças estatisticamente significativas na visão de cada um dos grupos profissionais em relação ao governo das sociedades?
Não.
Q9: A atuação dos organismos profissionais é vista de forma significa- tivamente diferente em cada um dos grupos profissionais, nomeadamente no que se refere:
Q9.1: Ao deficiente controlo de qualidade do trabalho dos auditores? Sim. Diferenças significativas ao nível de 1%.
Q9.2: Ao insuficiente poder disciplinar. Sim. Diferenças significativas ao nível de 1%
Q9.3: Ao comportamento permissivo em relação aos colegas de trabalho? Sim. Diferenças significativas ao nível de 5%.
Q10: A visão dos diversos grupos profissionais apresenta diferenças significativas no que diz respeito às limitações da contabilidade, nomeadamente:
Q10.1: À falta de ética dos contabilistas? Não.
Q10.2: Às práticas de contabilidade criativa? Não.
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4 DISCUSSÃO
Todos os profissionais de auditoria anteriormente citados, consideram que o seu comportamento ético é exemplar, atributo também confirmado pelos Professores de Contabilidade e Auditoria que lecionam essas disciplinas no ensi- no superior. O cumprimento dos princípios e regras éticas emanadas pelas orga- nizações profissionais e reguladoras é considerado aceitável pelos práticos. Como se tratam de profissões monopolistas e autorreguladas, a conclusão a extrair está de acordo com a proposição de Canning (2002, p.
Relativamente ao comportamento dos gestores e à atuação do governo das sociedades, todos os inquiridos concordam que as preocupações dos gestores, em uma ótica da teoria da agência, revelam um comportamento, em termos éticos, muito deficiente. Com efeito, a pouca preocupação com os interesses dos acionistas e o facto de os seus objetivos individuais se sobreporem aos interesses coletivos, testemunhados por toda uma classe que audita, em Portugal, as contas das empre- sas, não deixam de ser preocupantes em termos de teoria da confiança, e, particu- larmente, em termos da estrutura regulatória do Corporate Governance. Esse meca- nismo de controlo é acusado, por todas as classes profissionais, de não controlar e monitorizar o comportamento dos indivíduos enquadrados na relação de agência. Essa constatação está de acordo com a visão psicológica da ética (KOLTHBERG, 1981), que sugere que as pessoas com altas funções nas estruturas de direção nas empresas não têm demonstrado elevados níveis de eticidade e moralidade, o que é, infelizmente, confirmado pelos escândalos financeiros referidos.
Os Auditores Internos, ao discordarem do comportamento pouco ético dos gestores, responderam em autodefesa: a auditoria interna responsável global- mente pela eficiência, eficácia e economicidade da organização, como um todo, reagiu de forma institucional e defensiva, preservando os seus próprios interesses, dada a sua quota de responsabilidade na avaliação do desempenho dos gestores (MERCHANT; VAN DER STEDE, 2000, p.
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um sistema de controlo operativo. No entanto, no inquérito, privilegiam a lealda- de com a administração: a problemática da independência na auditoria interna, é, por isso, questionada (LEMON; WALLACE, 2000, p.
A outra classe que divergiu relativamente à opinião dos Professores e Au- ditores Internos foi a dos auditores do Tribunal de Contas. Essa função, muito espe- cífica do controlo dos dinheiros públicos, manifestou uma atitude contraditória ao rejeitar o comportamento pouco ético dos gestores. Essa explicação tem, contudo, que ser enquadrada na sua função específica – controlo da legalidade e regularidade das despesas públicas –
As estruturas regulatórias da profissão, endógena ou exogenamente consideradas, têm desempenhado em Portugal um papel deficiente no controlo e na monitorização do comportamento de todos os agentes envolvidos no processo de accountability. Essa asserção é retirada das respostas facultadas pelos agentes relativamente aos reguladores e ordens profissionais bem como das correlações efetuadas, que, em termos gerais, garantem que as entidades supervisoras não reforçam a teoria da confiança, e que os mecanismos institucionais e de confiança (KAPLAN; RULAND, 1995, p.
Consideram, assim, que o controlo de qualidade dos auditores não é exercido de uma forma rigorosa: o poder disciplinar não é atuante e existem com- portamentos permissivos relativamente aos pares. Essa situação sugere que os auditores portugueses não revelam um sentido de responsabilidade elevada com a sociedade e os seus clientes, o que está em desacordo com as pesquisas efetuadas relativamente à competência ética dos auditores (PONEMON; GABHART, 1994, p.
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essencialmente em princípios que priorizam a essência das transações relativa- mente à sua forma legal e regulatória. A perceção dos profissionais portugueses parece não evidenciar essa alteração de comportamentos, o que tem acentuado o expectation gap relativamente às normas de accountability e auditoria e à conduta dos auditores, maioritariamente, nos países
Os preparadores da informação financeira desempenham um impor- tante papel na sua apresentação e divulgação. A contabilidade está estruturada em um conjunto de regras impostas pelos reguladores e organizações profissio- nais nacionais e internacionais, e esse sistema de exprimir, mensurar e divulgar tem sido baseado no chamado
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regulatórias próprias (DEDOULIS, 2006, p.
No entanto, os profissionais portugueses, de maneira geral, com ex- ceção dos Auditores do Tribunal de Contas e dos Professores, não relacionam as práticas de contabilidade criativa com a falta de ética dos contabilistas, o que parece difícil de aceitar. Com efeito, Clarke, Dean e Olivier (2003) sugerem que a instituição contabilística não tem violado a representação apropriada e verda- deira da situação da empresa de forma ocasional ou trivial, mas sistemática e universalmente ao longo dos anos e no presente. Esta situação é contraditória por apenas se conseguir na ausência de regras e na sua interpretação egoística mate- rializada em um comportamento não ético, em que se sobrevaloriza a cultura do dinheiro, a sociedade do capitalismo e a cultura do legalismo.
Por fim, o governo das sociedades, pouco ativo na deteção de erros e fraudes, é sufragado por todas as classes profissionais como um aspeto muito ne- gativo do Corporate Governance das sociedades portuguesas. Essa conclusão está em conformidade com as investigações de Low e Hooper (2008, p. 225), que sa- lientam que um bom comportamento ético é fundamental nas organizações, e que um bom sistema de Corporate Governance e práticas de negócio eticamente sustentáveis são o suporte básico de sustentação das organizações. Os profissio- nais portugueses são concludentes quando opinam que o governo das sociedades das empresas portuguesas não tem uma estrutura de valores e de comportamentos adequados à proteção dos interesses do público e dos shareholders/stakeholders, o que está de acordo com as análises de Adler (2002, p. 148), Young (2003, p. 14), Allen (2005, p.
5 CONCLUSÃO
O comportamento ético dos preparadores da informação financeira, dos profissionais que a validam e dos gestores, bem como o governo das sociedades e atuação dos organismos profissionais e as limitações do sistema de representação contabilística, estiveram em análise nessa investigação. Dos resultados obtidos e da discussão efetuada, é possível concluir que existem perceções divergentes relativamente à questão ética centrada no processo de accountability por parte dos
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profissionais de auditoria e professores portugueses. Com efeito, autoavaliam de modo geral o seu comportamento como ético, sugerindo, no entanto, aos pro- fissionais da gestão, em Portugal, comportamentos e práticas éticas reprováveis. Acrescem, ainda, que todo o espaço profissional admite que as estruturas regula- tórias e de monitorização de condutas dos agentes são mecanismos de controlo de elevada importância para sancionarem práticas desviantes relativamente a regras e normas de conduta. Consideram, porém, em Portugal e de maneira geral, que a confiança dos utilizadores da informação financeira facultada pelas empresas é prejudicada por percecionar que os instrumentos de controlo existentes não são suficientemente rigorosos para assegurar o objetivo de apresentação e divulgação de uma informação financeira transparente, materializada na apresentação das contas da maneira mais fidedigna possível. Quanto às limitações da contabilida- de, a perceção dos profissionais portugueses também não é homogénea. De facto, somente os auditores públicos e os professores correlacionam a ética com as prá- ticas de contabilidade criativa.
5.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO
A insuficiente conceituação do padrão ético que deva servir de guia aos profissionais impossibilita equilíbrio e coerência nas respostas dos inquiridos, bem como falta de formação em ética. As perguntas efetuadas podem não ser as mais adequadas para abarcar a transcendente dimensão da ética. A fraca adesão dos auditores internos pode afetar os resultados, bem como a não consideração das empresas e dos analistas financeiros.
5.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES
O envolvimento de outros beneficiários da auditoria na investigação – empresas e analistas financeiros – e o confronto de conclusões relativamente aos corpos profissionais inquiridos enriquecerão naturalmente a investigação.
A introdução, na investigação das diferentes correntes da ética e o con- fronto com outros profissionais e outros beneficiários da contabilidade e audito- ria – utilizadores em sentido amplo
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A análise dos atributos dos grupos profissionais e a sua influência nas respostas podem contribuir para um aclaramento da investigação. A introdução do género enriqueceria, à partida, a pesquisa.
Ethical business: empirical evidence of the perceptions of the Portuguese profes- sionals
Abstract
The social responsibility of a company obliges social and economic institutions to take compre- hensive and
Keywords: Ethics. Countervailing power. Dilemmas. Corporate governance. Moral.
Notas explicativas:
1Banco Português de Negócios.
2Banco Privado Português.
3Banco Comercial Português.
4Foram analisados todos os artigos de ética (cerca de 100) publicados por diferentes autores, no Research on Accounting Ethics (v. 1 (1995), v. 2 (1996), v. 3 (1997), v. 4 (1998), v. 5 (1999), v. 6 (2000) e v. 8 (2002)) e Research on Professional Responsability on Ethics in Accounting (v. 9 (2004), v. 10 (2005), v. 11 (2007), v. 12 (2008), v. 13 (2009), v. 15 (2011) e v.
16(2012).
5Comissão Nacional de Supervisão e Auditoria
6Sistema de Normalização Contabilística.
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