ÉTICA EMPRESARIAL: EVIDÊNCIA EMPÍRICA DAS PERCEÇÕES DOS PROFISSIONAIS PORTUGUESES

Bruno José Machado de Almeida*

Resumo

A responsabilidade social da empresa obriga as instituições socioeconómicas a to- marem decisões abrangentes e extensivas a todas as suas funções, como necessida- de de responder às exigências dos tempos modernos e a uma sociedade civil cada vez mais exigente e disposta a fomentar o countervailling power em contraponto aos objetivos mais egoístas da sociedade capitalista: essa situação requer uma transformação ética do capitalismo e da empresa. Em face dessa problemática, foi objetivo dessa investigação conhecer as perceções dos profissionais de auditoria portugueses e dos professores do ensino superior de contabilidade e auditoria, relativamente ao comportamento ético dos auditores, à existência de mecanismos de controlo e às próprias limitações da contabilidade. Para alcançar esse desi- derato, foi elaborado um questionário dirigido àqueles profissionais: trata-se de o primeiro estudo empírico realizado em Portugal, relacionado àquelas verten- tes da ética empresarial, residindo aqui, além de outras, a principal contribuição do trabalho. Os resultados obtidos baseados nas medidas estatísticas utilizadas

– percentagens, qui-quadrado e estatística de Kruskal-Wallis – revelam algumas especificidades próprias dos grupos identificados e da área geográfica onde estão inseridos, e permitem-nos sugerir diversas recomendações aos profissionais de auditoria, professores e organismos de regulação, no sentido de aperfeiçoamento do espaço profissional no qual se inserem.

Palavras-chave: Ética. Countervailling power. Situações dilemáticas. Governo das sociedades. Moral.

1 INTRODUÇÃO

Os sucessivos escândalos financeiros que ocorreram na sociedade, des- de 1990 até 2012 (Enron, Worldcom, Tyco, Parmalat, etc.), têm contribuído para

*Doutor em Ciências Económicas e Empresariais pela Universidade Complutense de Madrid; Mestre em Contabilidade e Auditoria pela Universidade Aberta; Revisor Oficial de Contas; Professor Coordenador do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra; Quinta Agrícola, Bencanta, 3040-316 Coimbra, Portugal; brunojmalmeida@gmail.com

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colocar sob pressão o conjunto de todas as ciências empresariais que têm desen- volvido instrumentos tecnológicos importantes para analisar a realidade, em de- trimento do estudo e aperfeiçoamento dos valores éticos e do exercício da capaci- dade de julgamento, considerados, hoje, pilares fundamentais de uma sociedade sustentável. Essa tendência sugere um novo período caraterizado por uma maior transparência da informação financeira e não financeira e pelo desenvolvimento de práticas de accountability mais éticas e responsáveis, e a centragem do coração da ética nos outros, e não no estrito interesse pessoal (KNECHEL; SALTERIO; BALLOU, 2007, p. 734).

A exigência de uma ética de responsabilidade (CORTINA, 2003, p. 78) nas relações entre os diferentes agentes, visando encontrar um equilíbrio entre rentabilidade e valores sociais, coloca-se também em Portugal, onde ocorreram recentemente escândalos empresariais de grande gravidade e repercussão social (BPN,1 PP,2 BPC3), o que suscita a necessidade de investigar como os profissionais da auditoria e do ensino percecionam a ética nas relações de accountability: os pri- meiros por desenvolverem a sua atividade nas empresas e os segundos por serem responsáveis pelo ensino da ética e deontologia no ensino superior.

O estudo que se propõe se diferencia dos restantes porque, de uma ma- neira geral e no melhor do nosso conhecimento,4 investigações sobre a problemá- tica da ética em contabilidade e auditoria, têm sido, maioritariamente, focadas nos auditores externos, o que corresponde a uma visão demasiado reducionista. Por outro lado, em Portugal, no setor público, que em termos de auditoria está sob a alçada jurisdicional do Tribunal de Contas, têm alegadamente ocorrido situações de corrupção, que, genericamente, não são apontadas pelos auditores desse organismo. Essa classe de profissionais, nos diferentes estudos analisados em termos interna- cionais, nunca foi inquirida. A análise é ainda enriquecida quando consideramos a opinião dos professores do ensino superior, responsáveis pelo ensino da ética em contabilidade e auditoria e por oferecerem uma visão exógena ao processo de ac- countability. É, ainda, solicitado a todos esses profissionais que se pronunciem sobre o comportamento dos gestores e das estruturas de corporate governance, bem como das práticas contabilísticas adotadas pelos preparadores da informação financeira portugueses, o que corresponde a outro importante elemento distintivo, por facul- tar uma visão mais ampla dos comportamentos éticos dos agentes.

Este trabalho desenvolve-se em cinco seções: a segunda apresenta a literatura mais recente sobre a problemática da ética, em termos gerais e específi- cos. A terceira apresenta a metodologia empírica adotada. Na quarta, discutem-se

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Ética empresarial: evidência empírica...

os resultados obtidos centrados em Portugal e inseridos na discussão internacio- nal, e na quinta, formulam-se as conclusões gerais e específicas.

2 REVISÃO DA LITERATURA

Em termos gerais, a literatura mais recente sobre o tema em investi- gação valoriza o denominado mercado da ética (ARENS; ELDER; BEASLEY, 2010, p. 78-87; O’SULLIVAN, 2007, p. 86-87; CORTINA, 2003, p. 10) e sugere a necessidade de revitalização do conceito face ao número de escândalos financei- ros ocorridos em todo o mundo, em um contexto de globalização dos negócios. Outros (REGO; SARRICO; MOREIRA, 2003, p. 17) salientam a necessidade de refundamentar o capitalismo em critérios sociais, em que a escolha ética é referida como um pilar fundamental do desenvolvimento da sociedade. Cortina (2003, p. 78-79) contrapõe uma posição minimalista: a ética na empresa deve ser mínima.

Paralelamente a essas pesquisas, outros autores (MESSIER; GLOVER; PRAWITT, 2012, p. 647; LOUWERS et al., 2013, p. 591; MOREIRA, 1999, p. 67; MINTZ, 1997, p. 460) referem, em termos mais específicos, as interdependências existentes nas empresas e sugerem a necessidade da existência de códigos de con- duta ética para os gestores, preparadores da informação financeira e auditores. Aqueles seriam instrumentos indispensáveis ao estabelecimento de determina- dos objetivos de caráter ético que se desejam alcançar dentro e fora da empresa. Messier, Glover e Prawitt (2012, p. 674) referem que a conduta ética é o funda- mento do profissionalismo moderno, e que o mais importante ativo de um agente é a sua integridade e sólida reputação. Louwers et al. (2013, p. 591) informam-nos que todas as correntes filosóficas apresentadas por Mintz (1997) são importantes para resolver problemas em que a consciência deve ser o único guia. Essa temática ganhou uma importância acrescida depois da ocorrência de falências, assentes em práticas eticamente reprováveis de corporate governance, contabilidade e auditoria: manipulação dos resultados, dos balanços, da prática enviesada de governo das sociedades, da apresentação e divulgação de informação financeira distorcida e da violação dos códigos de conduta ética (STUART; STUART, 2004, p. 111-123; WEYGANDT; KIESO; KIMMEL, 2012, p. 7-21). Essa interação motivou em todos os organismos da classe Association Certified Fraud Examiner’s (2001), Public Company Accounting Oversight Board (2006), Institute of Management Accountants (2005), Institute of Internal Auditors (2008), Ordem dos Reviso- res Oficiais de Contas (2011), International Federation of Accountants (2012),

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o aperfeiçoamento e a criação de um conjunto de regras para aferir o comporta- mento dos seus membros, com o objetivo de incrementar a qualidade e o rigor da informação financeira apresentada e divulgada.

O ensino institucional da ética nos programas de gestão, contabilidade e auditoria tem sido a linha de investigação mais enfatizada desde 1995, enten- dendo-se que, como a ética e a economia do longo prazo, a resposta aos escândalos financeiros deveria começar pela introdução da ética nas escolas de negócios, no sentido de se prevenirem futuros comportamentos desviantes. Thornton (2012, p. 350-352) e Gaa (2010, p. 1817-1826) demonstraram que as atitudes profissio- nais dos preparadores da informação financeira e dos auditores devem ser o resul- tado de uma educação institucional, que ajude a transformar o estudante em um profissional. Nessa linha de investigação, os trabalhos de Cheng (2012, p. 28-32), Manalo (2013, p. 82-94), Frank, Ofobike e Gradisher (2010, p. 132-138), Usurelu (2010, p. 349-356) sugerem que a ética é mais importante do que os instrumentos tecnológicos e o próprio conhecimento. Nesse espírito, advogam que a educação contabilística não deve focar unicamente as técnicas, mas desenvolver igualmen- te uma consciência ética profissional.

Ao nível do reporting financeiro critica-se o rules-based-approach, isto é, o cumprimento fixo das regras (CAPLAN; DUTTA; MARCINKO, 2012, p. 441-459) sem atender aos aspetos da moralidade e da eticidade. O cumprimento estrito dos códigos de conduta é considerado por muitos investigadores (STE- PHENS; VANCE; PETTEGREW, 2012, p. 17-21; ALWAN, 2012, p. 998-1007; VÁSQUEZ, 2007, p. 23; FILIPE et al., 2012, p. 60-74; SPALDING; ODDO, 2011, p. 49-59; KUSHNIROFF, 2012, p. 40-45) extremamente reducionista e deve ser enquadrado em perspetiva mais ampla que confira massa crítica para resolver adequadamente os dilemas éticos. Nessa perspetiva, Clements, Neill e Stovall (2009, p. 383-391) apontam para a existência de evidência empírica que comprova a convergência dos códigos de ética em nível mundial, no entanto, aspetos culturais e sociais podem gerar interpretações diferentes das mesmas si- tuações, em outros pontos do Globo.

Os mecanismos de corporate governance, representados pelos atributos de independência e o código de conduta dos gestores, contribuem para dimi- nuir o gap de credibilidade. Essa situação é retratada nas pesquisas de Hamdallah (2012, p. 178-186) e, por sua vez, Davidson e Stevens (2013, p. 51-74) sugerem que a aderência pública aos códigos de ética do governo das sociedades pelos gestores reforça o comportamento não egoísta.

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Ética empresarial: evidência empírica...

3 METODOLOGIA

O objetivo essencial deste trabalho diz respeito ao estudo das diver- sas perceções e expetativas dos profissionais de auditoria portugueses e dos pro- fessores do ensino superior de contabilidade e auditoria, relativamente ao com- portamento ético dos auditores, ao comportamento dos gestores, ao governo das sociedades, à atuação de organismos profissionais e às próprias limitações da contabilidade. Para tal, foram elaborados questionários e enviados àqueles pro- fissionais. Os questionários elaborados continham cinco conjuntos de questões relativas às seguintes problemáticas:

a)Comportamento ético dos auditores;

-Atuação pouco ética dos auditores;

b)Comportamento dos gestores;

-Pouca preocupação com o interesse dos acionistas;

-Comportamento pouco ético;

-Objetivos individuais sobrepõem-se aos coletivos ;

c)Governo das sociedades;

-Governo das sociedades pouco ativo na deteção de erros e fraudes;

d)Atuação de organismos profissionais;

-Deficiente controlo de qualidade ao trabalho dos auditores;

-Insuficiente poder disciplinar;

-Comportamento permissivo em relação aos colegas de trabalho;

e)Limitações da contabilidade;

-Falta de ética dos contabilistas;

-Práticas de contabilidade criativa.

A resposta a cada um dos itens relativos à problemática em causa se encon- trava em uma escala nominal na qual apenas eram admitidas as respostas sim e não.

No sentido de diferenciar as respostas dadas pelos inquiridos, foram considerados quatro grupos, os Professores, os Revisores Oficiais de Contas, os Auditores Internos e os Auditores do Tribunal de Contas relativamente às ques- tões colocadas.

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741

RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p. 739-768, maio/ago. 2014

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Pretende-se, agora, determinar as respostas às seguintes questões:

Q1: Qual a percentagem de concordância/discordância por parte de cada um dos grupos em relação ao comportamento ético dos auditores?

Q2: Quais os itens que apresentam maior percentagem de concordân- cia/discordância por parte de cada um dos grupos em relação às questões que dizem respeito ao comportamento dos gestores?

Q3: Relativamente a cada um dos grupos inquiridos, qual é a percenta- gem de concordância/discordância no que diz respeito ao governo das sociedades?

Q4: Qual é a opinião de cada um dos grupos inquiridos relativamente à atuação dos organismos profissionais?

Q5: Qual a percentagem de concordância/discordância de cada um dos grupos profissionais no que diz respeito às limitações da contabilidade relativa- mente a cada um dos itens em causa?

Por outro lado, no sentido de comparar a visão de todos os grupos pro- fissionais relativamente às questões colocadas, pretende-se responder às seguin- tes questões:

Q6: A visão dos diversos grupos participantes no estudo em relação ao comportamento ético dos auditores difere de forma significativa?

Q7: A visão dos diversos grupos que participaram no estudo em relação ao comportamento ético dos gestores difere significativamente, nomeadamente no que diz respeito:

Q7.1: À pouca preocupação com os interesses dos acionistas. Q7.2: Ao comportamento pouco ético dos gestores.

Q7.3: Aos objetivos individuais que se sobrepõem aos coletivos.

Q8: Há diferenças estatisticamente significativas na visão de cada um dos grupos profissionais em relação ao governo das sociedades?

Q9: A atuação dos organismos profissionais é vista de forma significativa- mente diferente em cada um dos grupos profissionais, nomeadamente no que se refere:

Q9.1: Ao deficiente controlo de qualidade do trabalho dos auditores. Q9.2: Ao insuficiente poder disciplinar.

Q9.3: Ao comportamento permissivo em relação aos colegas de trabalho. Q10: A visão dos diversos grupos profissionais apresenta diferenças

significativas no que se refere às limitações da contabilidade, nomeadamente:

742

Ética empresarial: evidência empírica...

Q10.1: À falta de ética dos contabilistas.

Q10.2: Às práticas de contabilidade criativa.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra escolhida para levar a cabo este estudo foi selecionada entre vá- rios grupos profissionais: Revisores Oficiais de Contas, Auditores Internos, Auditores do Tribunal de Contas e Professores de Auditoria de universidades e institutos politécnicos portugueses, tendo a sua recolha decorrido entre janeiro e agosto de 2010. A amostra total foi constituída por 447 profissionais, dos quais 51 são Auditores Internos (11,4%), 159 são Professores do ensino universitário ou politécnico (35,6%), 212 são Revisores Oficiais de Contas (47,4%) e 25 são Auditores do Tribunal de Contas (5,6%). Registam-se, assim, diferenças estatisticamente significativas na percentagem de indivíduos de cada um dos grupos participantes no estudo (χ2(3) = 210.280; p = 0.000). Analisa-se seguidamente a amostra em relação aos participantes em cada um dos grupos profissionais.

Os resultados para os Auditores Internos se apresentam na Tabela seguinte:

Tabela 1 – Descrição da amostra: Auditores Internos

n

%

χ2

p

 

 

 

 

Idade

 

4.412**

0.036

Inferior ou igual a 40 anos

18

35,3

 

Superior a 40 anos

33

64,7

 

Sociedades auditadas

 

2.373

0.123

Cotadas

20

39,2

 

Não cotadas

31

60,8

 

Habilitações

 

18.843***

0.000

Licenciatura

41

80,4

 

Mestrado

10

19,6

 

Fonte: o autor.

Nota: As estatísticas foram determinadas com base em testes χ2 da aderência.

Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.

Os resultados obtidos para os Analistas do Tribunal de Contas se apre- sentam em seguida:

Tabela 2 – Descrição da amostra: Analistas do Tribunal de Contas

2014 .maio/ago 768,-739 .p 2, .n 13, .v Unoesc, RACE,

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n

%

 

χ2

p

 

 

 

 

 

Idade

 

 

17.640***

0.000

Inferior ou igual a 40 anos

2

8

 

 

Superior a 40 anos

23

92

 

 

Sociedades auditadas

 

 

 

 

Cotadas

3

12

14.440***

0.000

Não cotadas

22

88

 

 

Habilitações

 

 

 

 

Licenciatura

25

100

 

 

Fonte: o autor.

Nota: As estatísticas foram determinadas com base em testes χ2 da aderência. Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.

Os resultados obtidos para os Revisores Oficiais de Contas se apresen- tam a seguir:

Tabela 3 – Descrição da amostra: Revisores Oficiais de Contas

(continua)

 

 

 

 

 

n

%

χ2

p

 

 

 

 

 

Idade

 

49.075***

0.000

 

Inferior ou igual a 40 anos

157

74,1

 

 

Superior a 40 anos

55

25,9

 

 

Experiência profissional

 

19.321***

0.000

 

Inferior ou igual a 10 anos

74

34,9

 

 

Superior a 10 anos

138

65,1

 

 

Forma de atividade

 

6.811***

0.009

 

Individual

87

41

 

 

Sociedade

125

59

 

 

Ligação

 

5.453**

0.020

 

Com ligação internacional

123

58

 

 

Sem ligação internacional

89

42

 

 

Sociedades auditadas

 

124.311***

0.000

 

Cotadas

11

5,2

 

 

Não cotadas

142

67

 

 

 

 

 

 

 

744

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Bruno José Machado de Almeida

 

 

 

(conclusão)

n

%

χ2

p

 

 

 

 

 

 

Ambas

59

27,8

 

 

Habilitações

 

276.066***

0.000

 

Licenciatura

184

86,8

 

 

Mestrado

25

11,8

 

 

Doutoramento

3

1,4

 

 

Fonte: o autor.

Nota: As estatísticas foram determinadas com base em testes χ2 da aderência. Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.

Os resultados obtidos para os Professores se apresentam a seguir:

Tabela 4 – Descrição da amostra: Professores

n

%

χ2

p

 

 

 

 

Idade

 

3.327*

0.068

Inferior ou igual a 40 anos

68

42,8

 

Superior a 40 anos

91

57,2

 

Escola onde lecionam

 

59.170***

0.000

Ensino politécnico

128

80,5

 

Universidades

31

19,5

 

Habilitações

 

35.811***

0.000

Licenciatura

65

40,9

 

Mestrado

76

47,8

 

Doutoramento

18

11,3

 

Fonte: o autor.

Nota: As estatísticas foram determinadas com base em testes χ2 da aderência. Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.

Da análise das tabelas referenciadas, verificam-se diferenças estatisti- camente significativas, ano nível de 1%: nas habilitações literárias dos Auditores Internos, na idade dos Auditores do Tribunal de Contas e Professores, e nos Re- visores Oficiais de Contas, na forma de atividade, na sua experiência profissional e nas sociedades que auditam.

745

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Ética empresarial: evidência empírica...

3.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Relativamente ao questionário enviado para os profissionais que participaram no estudo, foram obtidos os resultados que constam do Quadro 1:

Quadro 1 – Resultados

 

 

 

Inquiridos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ordem

Questão

Professores

 

 

 

ROC’S

 

 

 

Auditores Internos

 

ATC’s

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1

2

 

3

4

5

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Comportamento dos auditores

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1.1

Atuação pouco éti-

60

59

 

1

29

10

30

118

-

60

4

8

40

-

2

1

10

14

-

1

-

ca dos auditores

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Comportamento dos gestores

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pouca preocupação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2.1

com

os interesses

5

70

 

2

70

12

10

90

1

91

20

8

20

-

20

3

5

6

-

10

4

 

dos acionistas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2.2

Comportamento

12

55

 

3

80

9

10

100

2

89

11

7

30

1

9

4

3

10

1

8

3

pouco ético

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Objetivos indivi-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2.3

duais

sobrepõem-

7

13

 

3

100

36

10

45

-

100

57

9

11

1

20

10

6

10

-

6

3

 

-se aos coletivos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Governo das sociedades

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Governo das socie-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3.1

dades

pouco ativo

6

10

 

-

100

43

13

30

-

150

19

1

4

-

40

6

2

5

-

12

6

na deteção de erros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

e de fraudes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Unoesc RACE,

 

 

 

 

 

 

 

Bruno José Machado de Almeida

Atuação das associações e das ordens profissionais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Deficiente

contro-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4.1

lo da qualidade de

12

50

1

80

 

16

32

122

-

50

8

7

14

-

21

9

3

7

-

10

5

trabalho dos audi-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

tores

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4.2

Insuficiente poder

16

72

3

50

 

18

13

150

-

40

9

9

22

-

16

4

4

13

-

6

2

disciplinar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Comportamento

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4.3

permissivo em re-

11

50

-

87

 

11

9

140

-

50

13

3

30

-

10

8

2

13

-

8

2

lação

aos

colegas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

de trabalho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Limitações da contabilidade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5.1

Falta

de ética dos

13

60

-

80

 

6

22

100

-

80

10

5

35

-

9

2

7

10

-

6

2

contabilistas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5.2

Práticas de

conta-

12

29

-

110

 

8

10

50

-

140

12

9

20

-

20

2

1

7

-

9

8

bilidade criativa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1 - Forte discordância; 2 – Discordância; 3 – Indiferença;

4 – Concordância; 5 – Forte Concordância.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: os autores.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

768, maio/ago. 2014

2014 .maio/ago 768,-739 .p 2, .n 13, .v Unoesc, RACE,

Ética empresarial: evidência empírica...

Como forma de caracterizar a percentagem de concordância ou discordância relativa às questões, fez-se um estudo separando as respostas de cada um dos grupos pro- fissionais que participaram neste trabalho. Assim, no que diz respeito ao comportamento ético dos Auditores, verifica-se que a percentagem de concordância dos Professores em relação à questão “Atuação pouco ética dos Auditores” é de 32,1% (n=51), sendo de 67,9% (n=108) a percentagem dos Professores que responderam não concordar com ela. Exis- tem diferenças estatisticamente significativas na proporção de concordância/discordância com a questão por parte desse grupo profissional (χ2(1) = 20.434; p = 0.000).

Para os Revisores Oficiais de Contas, 21,2% estão de acordo com a questão que se refere ao comportamento pouco ético dos Auditores, embora a maioria, 78,8% não con- corde com a questão. Existem, assim, também diferenças estatisticamente significativas em relação a essas percentagens para esse grupo profissional (χ2(1) = 70.208; p = 0.000). A maioria dos Auditores Internos também não concorda com esta questão (62,7%), embora 37,3% emita um parecer favorável à questão colocada. Não existem, no entanto, diferenças estatisticamente significativas em relação à percentagem de concordância com esta ques- tão por parte desse grupo profissional (χ2(1) = 3.314; p = 0.069). Também, a maioria dos auditores internos discorda da questão colocada relativamente a essa problemática (96%), sendo apenas de 4% a percentagem de auditores internos que com ela concordam. Mais uma vez, verificam-se diferenças estatisticamente significativas na resposta a esta questão por parte dos auditores internos (χ2(1) = 21.160; p = 0.000).

Para comparar as respostas conjuntas dos quatro grupos profissionais se efe- tuou um teste de Kruskal-Wallis, tendo-se concluído que não existem diferenças signifi- cativas do ponto de vista estatístico em relação a essa questão (χ2(3) = 15.192; p = 0.002), apontando para que todos os grupos profissionais revelem idêntica visão relativamente à questão que lhes foi colocada. Esses resultados podem ser consultados na Tabela seguinte:

Tabela 5 – Estatísticas descritivas por subgrupos de respondentes – Comportamento ético dos Auditores

 

Professores

ROCs

ATCs

Auditores

Estatística de

 

Internos

 

 

 

 

 

 

 

 

n = 159

 

n = 212

 

n = 25

 

n = 51

 

Kruskal-Wallis

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim

χ2

Sim

χ2

Sim

χ2

Sim

χ2

χ2

p-va-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

lue

 

(Não)

p-value

(Não)

p-value

(Não)

p-value

(Não)

p-value

 

 

 

%

 

%

 

%

 

%

 

 

 

Questão

32,1

20.434***

21,2

70.208***

37,3

3.314

4

21.160***

15.192***

0.002

1.1 Atua-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ção pouco

(67,9)

(0.000)

(78,8)

(0.000)

(62,7)

(0.069)

(96)

(0.000)

 

 

ética dos

 

 

Auditores

Fonte: o autor.

Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.

2014 .maio/ago 768,-739 .p 2, .n 13, .v Unoesc, RACE,

748

Ética empresarial: evidência empírica...

Nas questões relacionadas ao comportamento dos gestores, pode-se ob- servar o seguinte: para os professores foi a questão 2.3, “Objetivos individuais sobre- põem-se aos coletivos”, aquela que maior concordância obteve (n=123; 77,4%), logo seguida da questão 2.2, “Comportamento pouco ético” (n=88; 55,3%), com uma per- centagem muito semelhante à obtida para a questão 2.1, “Pouca preocupação com o interesse dos acionistas” (n=81; 50,9%). Não existem diferenças estatisticamente significativas nas respostas dadas pelos professores à questão 2.1 (χ2(1)=0.057; p=0.812) e 2.2 (χ2(1)=1.818; p=0.178). Existem, no entanto, diferenças nestas percentagens quando se considera a questão 2.3 (χ2(1)=47.604; p=0.000). Esses resultados apresentam uma significância estatística de 1%.

No que diz respeito aos Revisores Oficiais de Contas, é também a questão 2.3 que maior consenso reúne (n=156; 73,6%), tendo-se obtido para as questões 2.1 e 2.2 iguais percentagens de concordância (n=104; 49,1%). Assim, também não se verificam diferenças estatisticamente significativas nas respostas às questões 2.1 e 2.2 (χ2(1)=0.075; p=0.784), embora haja uma diferença esta- tisticamente significativa, ao nível de 1%, nas percentagens de concordância e discordância relativas à questão 2.3 (χ2(1)=41.170; p=0.000). Para os Auditores Internos, é também a questão 2.3 que reúne a maior percentagem de concordân- cia (n=44; 86,3%), logo seguida da questão 2.1 (n=32; 62,7%), e finalmente a questão 2.2 (n=21; 41,2%). Não se verificam, no entanto, mais uma vez, diferen- ças estatisticamente significativas em relação à proporção de concordância/dis- cordância com a questão 2.1 (χ2(1)=3.314; p=0.069) e 2.2 (χ2(1)=1.588; p=0.208). Verificam-se, no entanto, diferenças significativas, ao nível de 1%, relativamente à percentagem de concordância/discordância com a questão 2.3 (χ2(1)=26.843; p=0.000). Finalmente, para os Auditores do Tribunal de Contas, é também a questão 2.3 que reúne a maior concordância (n=17; 68%), seguida respetivamen- te das questões 2.1 (n=14; 56%) e 2.2 (n=12; 48%). Não se verificam diferenças estatisticamente significativas em relação à proporção de concordância/discor- dância com a questão 2.1 (χ2(1)=0.360; p=0.549), 2.2 (χ2(1)=0.040; p=0.841) e 2.3 (χ2(1)=3.240; p=0.072).

No teste de comparações múltiplas de Kruskal-Wallis para a compara- ção das respostas a cada uma destas questões em relação aos grupos, verificou-se que não existem diferenças nas visões de cada um dos grupos relativamente às questões em análise. Os resultados apresentam-se a seguir:

2014 .maio/ago 768,-739 .p 2, .n 13, .v Unoesc, RACE,

749

RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p. 739-768, maio/ago. 2014

Bruno José Machado de Almeida

Tabela 6 – Estatísticas descritivas por subgrupos de respondentes – Comportamento dos gestores

 

 

 

 

Professores

ROCs

 

ATCs

 

Auditores Internos

Estatística

 

 

 

 

n = 159

 

n = 212

 

n = 25

 

n = 51

 

de Kruskal-

 

 

 

 

 

 

 

 

-Wallis

 

 

 

 

 

Sim

χ2

Sim

χ2

Sim

χ2

Sim

χ2

χ2

p-va-

 

 

 

 

lue

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Não)

p-value

(Não)

p-value

(Não)

p-value

(Não)

p-value

 

 

 

 

 

 

%

 

%

 

%

 

%

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Questão

2.1

50,9

0.057

49,1

0.075

56

0.360

62,7

3.314

3.300

0.348

 

Pouca

preo-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

cupação

com

(49,1)

(0.812)

(50,9)

(0.784)

(44)

(0.549)

(37,3)

(0.069)*

 

 

 

o interesse dos

 

 

 

acionistas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Questão

2.2 –

55,3

1.818

49,1

0.075

48

0.040

41,2

1.589

3.494

0.322

 

Comportamen-

(44,7)

(0.178)

(50,9)

(0.784)

(52)

(0.841)

(58,8)

(0.208)

 

 

 

to pouco ético

 

 

 

Questão

2.3

77,4

47.604***

73,6

41.170***

68

3.240***

86,3

26.843***

4.665

0.198

 

Objetivos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

i n d i v i d u a i s

(22,6)

(0.000)

(26,4)

(0.000)

(32)

(0.007)

(13,7)

(0.000)

 

 

 

sobrepõem-se

 

 

 

aos coletivos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: o autor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.

Em relação ao governo das sociedades, os Professores concordam na sua maioria com a questão que se refere à pouca atividade na deteção de erros e frau- des (n=12; 48%), enquanto apenas 29 desses profissionais (18.2%) discordam dessa afirmação. Existem, assim, diferenças estatisticamente significativas na proporção de concordância/discordância com a questão colocada (χ2(1)=64.157; p=0.000).

A maior parte dos Revisores Oficiais de Contas está também de acordo com esta questão (n=82; 85,8%), embora 14,2% (n=30) discordem dela. Essa si- tuação leva a que existam diferenças estatisticamente significativas na resposta a esta questão (χ2(1)=108.981; p=0.000).

Quase a totalidade dos Auditores Internos que participaram nes- te estudo concorda com a questão em análise (n=46; 90,2%), sendo apenas de 9,8% (n=5) a percentagem dos que não estão de acordo com ela. Há, pois, uma vez mais diferenças estatisticamente significativas nas respostas a esta questão (χ2(1)=32.469; p=0.000).

Finalmente, uma elevada percentagem de auditores do tribunal de con- tas está também de acordo com a questão colocada (n=19; 76%), sendo apenas de 24% (n=6) a percentagem daqueles que não estão de acordo com ela.

Existem também diferenças estatisticamente significativas, ao nível de 1%, nas respostas dadas por esses profissionais a esta questão (χ2(1)=6.760; p=0.009).

750

Ética empresarial: evidência empírica...

Os resultados podem ser consultados na Tabela seguinte.

Tabela 7 – Estatísticas descritivas por subgrupos de respondentes – Governo das sociedades

 

 

Professores

ROCs

 

ATCs

 

Auditores Internos

Estatística

 

 

n = 159

 

n = 212

 

n = 25

 

n = 51

 

de Kruskal-

 

 

 

 

 

 

-Wallis

 

 

 

Sim

χ2

Sim

χ2

Sim

χ2

Sim

χ2

χ2

p-va-

 

 

lue

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Não)

p-value

(Não)

p-value

(Não)

p-value

(Não)

p-value

 

 

 

 

%

 

%

 

%

 

%

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Questão

81,8

60.157***

85,8

108.981***

76

6.760***

90,2

32.461***

3.800 0.284

3.1 – Go-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

v e r n o

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

das

so-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ciedades

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

p o u c o

(18,2)

(0.000)

(14,2)

(0.000)

(24)

(0.009)

(9,8)

(0.009)

 

 

ativo

na

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

deteção de erros

e fraudes Fonte: o autor.

Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.

Por análise das comparações múltiplas relativamente aos grupos em causa, verifica-se que a visão de cada um deles em relação à questão é semelhante, embora não se verifiquem diferenças estatisticamente significativas nas respostas dadas por cada um deles (χ2(3)=3.799; p=0.284).

No que diz respeito às questões relacionadas com a atuação dos orga- nismos profissionais, é relativamente à questão 4.3, “Comportamento permissivo em relação aos colegas de trabalho”, aquela que manifesta maior concordância por parte dos Professores (n=69; 38,4%), seguida da questão 4.1, “Deficiente controlo de qua- lidade ao trabalho dos auditores” (n=42; 26,4%), e da questão 4.2, “Insuficiente poder disciplinar” (n=39; 24,5%).

É de salientar, no entanto, que as percentagens de concordância por parte dos Professores com todas estas questões são muito baixas, sendo sempre inferiores a 50%.

Existem diferenças estatisticamente significativas na percentagem de concordância/discordância com essa problemática relativamente às questões 4.1 (χ2(1)=35.377; p=0.000), 4.2 (χ2(1)=41.264; p=0.000) e 4.3 (χ2(1)=8.610; p=0.003).

Para os Revisores Oficiais de Contas que participaram neste trabalho, é a questão 4.1 a que obtém maior concordância obtém, (n=111; 52,4%), logo seguida da 4.3 (n=108; 50,9%), e finalmente, da 4.2 (n=42; 43,4%). Embora as

2014 .maio/ago 768,-739 .p 2, .n 13, .v Unoesc, RACE,

751

RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p. 739-768, maio/ago. 2014

Bruno José Machado de Almeida

percentagens de concordância com a questão por parte desse grupo não sejam muito elevadas, já se registam valores próximos de 50%. Existem, no entanto, diferenças estatisticamente significativas na percentagem de concordância com cada uma destas questões por parte dos grupos em causa, verificando-se para a questão 4.1 (χ2(1)=0.472; p=0.492), para a questão 4.2 (χ2(1)=3.698; p=0.054) e para a questão 4.3 (χ2(1)=0.075; p=0.784).

Para os Auditores Internos, a questão que reúne maior percentagem de concordância é a 4.3 (n=32; 62,7%), sendo de 56,9% (n=29) a percentagem de concordância com a questão 4.1 e de 47,4% (n=24) a correspondente percentagem para a questão 4.2.

Não existem, ainda assim, diferenças estatisticamente significativas nas respostas às questões 4.1 (χ2(1)=0.961; p=0.327), 4.2 (χ2(1)=0.176; p=0.674) e 4.3 (χ2(1)=3.314; p=0.069).

Finalmente, em relação aos Auditores do Tribunal de Contas, verifica- -se que a maior percentagem de concordância é com a questão 4.1 (n=16; 64%), seguida da 4.3 (n=12; 48%), e finalmente da 4.2 (n=8; 32%).

Não existem também diferenças estatisticamente significativas nas res- postas dadas às questões 4.1 (χ2(1)=1.960; p=0.162), 4.2 (χ2(1)=3.240; p=0.072) e 4.3 (χ2(1)=0.040; p=0.841).

Da análise das comparações múltiplas para estas questões, verificam-se vi- sões diversas, estatisticamente significativas para todas as questões, em relação aos grupos considerados. Essas diferenças são significativas, ao nível de 1% para as ques- tões 4.1 (χ2(3)=33.311; p=0.000), 4.2 (χ2(3)=16.823; p=0.001) e 4.3 (χ2(1)=11.052; p=0.011). Os resultados podem ser consultados na Tabela que segue:

752

Ética empresarial: evidência empírica...

Tabela 8 – Estatísticas descritivas por subgrupos de respondentes – Atuação dos organismos profissionais

 

 

 

Professores

ROCs

 

ATCs

 

Auditores Inter-

Estatística

de

 

 

 

 

 

nos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

n = 159

 

n = 212

 

n = 25

 

n = 51

 

Kruskal-Wallis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim

χ2

Sim

χ2

Sim

χ2

Sim

χ2

χ2

p-value

 

 

 

(Não)

p-value

(Não)

p-value

(Não)

p - v a -

(Não)

p - v a -

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

lue

 

lue

 

 

 

 

 

%

 

%

 

%

 

%

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Questão

4.1

26,4

35.377***

52,4

0.472

64

1.960

56,9

0.961

33.311***

0.000

Deficiente con-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

trolo de qualida-

(73,6)

(0.000)

(47,6)

(0.492)

(36)

(0.162)

(43,1)

(0.327)

 

 

de do

trabalho

 

 

dos auditores

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Questão

4.2

24,5

41.264***

43,4

0.698*

32

3.240*

47,1

0.176

16.823***

0.001

Insuficiente

po-

(75,5)

(0.000)

(56,6)

(0.054)

(68)

(0.072)

(52,9)

(0.674)

 

 

der disciplinar

 

 

Questão

4.3

38,4

8.610***

50,9

0.075

48

0.040

62,7

3.314*

11.052**

0.011

Comportamento

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

permissivo

em

(61,6)

(0.003)

(49,1)

(0.784)

(52)

(0.841)

(37,3)

(0.069)

 

 

relação aos cole-

 

 

gas de trabalho Fonte: o autor.

Nota: *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.

Em relação às questões que se prendem com as limitações da contabili- dade, é relativamente à questão 5.2, “Práticas de contabilidade criativa”, aquela com que os Professores manifestam maior concordância (n=117; 73,6%), sendo de 23,4% (n=69) a percentagem de concordância desses profissionais com a questão 5.1, “Falta de ética dos contabilistas”.

Não se observam diferenças estatisticamente significativas nas respos- tas destes profissionais em relação à questão 5.1 (χ2(1)=2.774; p=0.096). Isso não ocorre em relação à questão 5.2, na qual se verificam diferenças estatisticamente significativas em relação à concordância com a questão por parte dos professores (χ2(1)=35.377; p=0.000). Esse resultado é significativo ao nível de 1%.

Relativamente aos Revisores Oficiais de Contas que participaram neste estudo, pode-se observar que a maior percentagem de concordância é também com a questão 5.2, (n=140; 66%), sendo de 34% (n=72) a percentagem de discor- dância em relação a esta questão. No que diz respeito à questão 5.1, a percentagem de concordância é de 33,5% (n=71), sendo de 66,5% (n=141) a percentagem de discordância com esta questão. Verificam-se diferenças estatisticamente signifi- cativas, ao nível de 1%, em relação à percentagem de concordância/discordância

2014 .maio/ago 768,-739 .p 2, .n 13, .v Unoesc, RACE,

753

RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p. 739-768, maio/ago. 2014

Bruno José Machado de Almeida

com ambas as questões. Observou-se (χ2(1)=23.113; p=0.000) para a questão 5.1 e (χ2(1)=21.811; p=0.000) para a questão 5.2.

Mais uma vez, também os Auditores Internos concordam maioritaria- mente com a questão 5.2 (n=43; 84,3%), sendo apenas de 51% (n=26) a percen- tagem de concordância com a questão 5.1. Assim, não se verificam diferenças estatisticamente significativas em relação à concordância/discordância com a questão 5.1 (χ2(1)=0.020; p=0.889), havendo, no entanto, diferenças estatistica- mente significativas em relação à concordância/discordância com a questão 5.2 (χ2(1)=24.020; p=0.000).

Finalmente, em relação à opinião dos Auditores do Tribunal de Contas, verifica-se que a maior percentagem de concordância é também com a questão 5.2 (n=18; 72%), sendo apenas de 32% (n=8) a percentagem de concordância com a questão 5.1. Não se verificam diferenças estatisticamente significativas em relação à concordância/discordância desses profissionais relativamente à questão 5.1 (χ2(1)=3.240; p=0.072), embora existam diferenças em relação à questão 5.2 (χ2(1)=4.840; p=0.028).

Por análise das comparações múltiplas das respostas dadas a esse gru- po de questões, não se verificam diferenças estatisticamente significativas na vi- são de qualquer um desses grupos de profissionais relativamente à questão 5.1 (χ2(3)=7.576; p=0.056) e 5.2 (χ2(3)=7.454; p=0.059).

Os resultados descritos podem ser consultados na Tabela seguinte.

Tabela 9 – Estatísticas descritivas por subgrupos de respondentes – Limitações da contabilidade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Professores

ROCs

 

ATCs

 

Auditores Inter-

Estatística de

 

 

 

 

nos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

n = 159

 

n = 212

 

n = 25

 

n = 51

 

Kruskal-Wallis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim

χ2

Sim

χ2

Sim

χ2

Sim

χ2

χ2

p-value

 

 

(Não)

p-value

(Não)

p-value

(Não)

p-value

(Não)

p-value

 

 

 

 

%

 

%

 

%

 

%

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Q u e s t ã o

43,4

2.774*

33,5

23.113***

51

0.020

32

3.240*

7.576

0.056*

5.1

– Falta

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

de ética dos

(56,6)

(0.096)

(66,5)

(0.000)

(49)

(0.889)

(68)

(0.072)

 

 

contabilis-

 

 

tas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Questão 5.2

73,6

35.377***

66

21.811***

84,3

24.020***

72

4.840

7.454

0.059*

Práticas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

de

contabi-

(26,4)

(0.000)

(34)

(0.000)

(15,7)

(0.000)

(28)

(0.028)*

 

 

lidade cria-

 

 

tiva

Fonte: o autor.

Notas: 1 *p < 0.10; **p < 0.05; ***p < 0.01.

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Ética empresarial: evidência empírica...

3.3 RESPOSTAS ÀS HIPÓTESES CONSIDERADAS

Q1: Qual a percentagem de concordância com a questão 1, por parte de cada um dos grupos em relação ao comportamento ético dos auditores?

Professores: 32,1% Rocs: 21,2%

AIs: 37,3%

ATC’s: 4%

Q2: Quais os itens que apresentam maior percentagem de concordân- cia/discordância por parte de cada um dos grupos em relação às questões que dizem respeito ao comportamento dos gestores?

Professores: Questão 2.3 “Objetivos individuais sobrepõem-se aos coletivos”. Rocs: Questão 2.3 “Objetivos individuais sobrepõem-se aos coletivos”. AIs: Questão 2.3 “Objetivos individuais sobrepõem-se aos coletivos”. ATCs: Questão 2.3 “Objetivos individuais sobrepõem-se aos coletivos”. Q3: Relativamente a cada um dos grupos inquiridos, qual é a percenta-

gem de concordância com a questão 3.1 (governo das sociedades)? Professores: 81,8%

Rocs: 85,8%

AIs: 90,2%

ATCs: 76%

Q4: Qual é a opinião de cada um dos grupos inquiridos relativamente à atuação dos organismos profissionais, isto é, qual é a questão que reúne maior consenso por cada um dos grupos profissionais?

Professores: Questão 4.3 “Comportamento permissivo em relação aos colegas de trabalho”.

Rocs: Questão 4.1 “Deficiente controlo de qualidade ao trabalho dos auditores”.

AIs: Questão 4.3 “Comportamento permissivo em relação aos colegas de trabalho”.

ATCs: Questão 4.1 “Deficiente controlo de qualidade ao trabalho dos auditores”.

Q5: Qual a questão que reúne maior consenso por parte de cada um dos grupos profissionais no que diz respeito às limitações da contabilidade?

Professores: Questão 5.2 “Práticas de contabilidade criativa”. Roc’s: Questão 5.2 “Práticas de contabilidade criativa”.

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AIs: Questão 5.2 “Práticas de contabilidade criativa”. ATCs: Questão 5.2 “Práticas de contabilidade criativa”.

Q6: A visão dos diversos grupos participantes no estudo em relação ao comportamento ético dos auditores difere de forma significativa.

Sim. Diferenças significativas ao nível de 1%.

Q7: A visão dos diversos grupos que participaram no estudo em relação ao comportamento ético dos gestores difere significativamente, nomeadamente no que diz respeito:

Q7.1: À pouca preocupação com os interesses dos acionistas? Não.

Q7.2: Ao comportamento pouco ético dos gestores? Não.

Q7.3: Aos objetivos individuais que se sobrepõem aos coletivos? Não.

Q8: Há diferenças estatisticamente significativas na visão de cada um dos grupos profissionais em relação ao governo das sociedades?

Não.

Q9: A atuação dos organismos profissionais é vista de forma significa- tivamente diferente em cada um dos grupos profissionais, nomeadamente no que se refere:

Q9.1: Ao deficiente controlo de qualidade do trabalho dos auditores? Sim. Diferenças significativas ao nível de 1%.

Q9.2: Ao insuficiente poder disciplinar. Sim. Diferenças significativas ao nível de 1%

Q9.3: Ao comportamento permissivo em relação aos colegas de trabalho? Sim. Diferenças significativas ao nível de 5%.

Q10: A visão dos diversos grupos profissionais apresenta diferenças significativas no que diz respeito às limitações da contabilidade, nomeadamente:

Q10.1: À falta de ética dos contabilistas? Não.

Q10.2: Às práticas de contabilidade criativa? Não.

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Ética empresarial: evidência empírica...

4 DISCUSSÃO

Todos os profissionais de auditoria anteriormente citados, consideram que o seu comportamento ético é exemplar, atributo também confirmado pelos Professores de Contabilidade e Auditoria que lecionam essas disciplinas no ensi- no superior. O cumprimento dos princípios e regras éticas emanadas pelas orga- nizações profissionais e reguladoras é considerado aceitável pelos práticos. Como se tratam de profissões monopolistas e autorreguladas, a conclusão a extrair está de acordo com a proposição de Canning (2002, p. 160-183), que sugere uma ten- dência destes profissionais para preservarem os seus próprios interesses, e, por- tanto, não seria lógico, em termos sociológicos, que a profissão não evidenciasse, formalmente, uma preocupação ética forte.

Relativamente ao comportamento dos gestores e à atuação do governo das sociedades, todos os inquiridos concordam que as preocupações dos gestores, em uma ótica da teoria da agência, revelam um comportamento, em termos éticos, muito deficiente. Com efeito, a pouca preocupação com os interesses dos acionistas e o facto de os seus objetivos individuais se sobreporem aos interesses coletivos, testemunhados por toda uma classe que audita, em Portugal, as contas das empre- sas, não deixam de ser preocupantes em termos de teoria da confiança, e, particu- larmente, em termos da estrutura regulatória do Corporate Governance. Esse meca- nismo de controlo é acusado, por todas as classes profissionais, de não controlar e monitorizar o comportamento dos indivíduos enquadrados na relação de agência. Essa constatação está de acordo com a visão psicológica da ética (KOLTHBERG, 1981), que sugere que as pessoas com altas funções nas estruturas de direção nas empresas não têm demonstrado elevados níveis de eticidade e moralidade, o que é, infelizmente, confirmado pelos escândalos financeiros referidos.

Os Auditores Internos, ao discordarem do comportamento pouco ético dos gestores, responderam em autodefesa: a auditoria interna responsável global- mente pela eficiência, eficácia e economicidade da organização, como um todo, reagiu de forma institucional e defensiva, preservando os seus próprios interesses, dada a sua quota de responsabilidade na avaliação do desempenho dos gestores (MERCHANT; VAN DER STEDE, 2000, p. 153-169; LOW; HOOPER, 2008, p. 222-254). Com efeito, os Auditores Internos geralmente reportam ao comité de auditoria ou órgão similar e desempenham, na sequência da Sarbanes Oxley Act (2002), e da Public Company Accounting Oversight Board (2006), um papel pri- mordial nas estruturas de Corporate Governance da sociedade e na manutenção de

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um sistema de controlo operativo. No entanto, no inquérito, privilegiam a lealda- de com a administração: a problemática da independência na auditoria interna, é, por isso, questionada (LEMON; WALLACE, 2000, p. 189-203).

A outra classe que divergiu relativamente à opinião dos Professores e Au- ditores Internos foi a dos auditores do Tribunal de Contas. Essa função, muito espe- cífica do controlo dos dinheiros públicos, manifestou uma atitude contraditória ao rejeitar o comportamento pouco ético dos gestores. Essa explicação tem, contudo, que ser enquadrada na sua função específica – controlo da legalidade e regularidade das despesas públicas – excluindo-se, em conformidade, a avaliação da gestão pública.

As estruturas regulatórias da profissão, endógena ou exogenamente consideradas, têm desempenhado em Portugal um papel deficiente no controlo e na monitorização do comportamento de todos os agentes envolvidos no processo de accountability. Essa asserção é retirada das respostas facultadas pelos agentes relativamente aos reguladores e ordens profissionais bem como das correlações efetuadas, que, em termos gerais, garantem que as entidades supervisoras não reforçam a teoria da confiança, e que os mecanismos institucionais e de confiança (KAPLAN; RULAND, 1995, p. 1-20) não estão salvaguardados em Portugal, em virtude de essas associações lidarem com os problemas éticos de uma forma não rigorosa e em detrimento da confiança pública que devem merecer os agentes.

Consideram, assim, que o controlo de qualidade dos auditores não é exercido de uma forma rigorosa: o poder disciplinar não é atuante e existem com- portamentos permissivos relativamente aos pares. Essa situação sugere que os auditores portugueses não revelam um sentido de responsabilidade elevada com a sociedade e os seus clientes, o que está em desacordo com as pesquisas efetuadas relativamente à competência ética dos auditores (PONEMON; GABHART, 1994, p. 110-111), bem como à existência de uma efetiva monitorização ética no pro- cesso de autorregulação da profissão (ROBERTSON; LAMIN; LIVANIS, 2000, p. 3-23). Essas inferências não estão de acordo com a literatura internacional, todavia, o atributo de competência ética tem sido contestado noutros países a par- tir de 2001, na sequência dos escândalos financeiros relacionados com a Enron, Worldcom, Tyco, Parmalat, etc. Nessa sequência, a perceção da contabilidade e da auditoria, pelo público em geral, entrou em crise, conforme refere um conjunto amplo de investigadores (PESQUEUX, 2005, p. 797-823; LOW; HOOPER, 2008, p. 222-254; RIOTTO, 2008, p. 952-962). Essa alteração estrutural, sobretudo nos países anglo-saxónios, tem sido acompanhada de uma mudança dos sistemas con- tabilísticos apoiados em regras e normas para sistemas contabilísticos assentes

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essencialmente em princípios que priorizam a essência das transações relativa- mente à sua forma legal e regulatória. A perceção dos profissionais portugueses parece não evidenciar essa alteração de comportamentos, o que tem acentuado o expectation gap relativamente às normas de accountability e auditoria e à conduta dos auditores, maioritariamente, nos países anglo-saxónios. De qualquer manei- ra, não deixa de ser preocupante que 30% dos auditores certificados em Portugal (ROCs) consideram a sua atuação pouco ética. No entanto, a investigação sugere que o código de ética e deontologia profissional dos ROCs com os seus mecanis- mos de enforcement-CNSA5 tem contribuído para manter um padrão ético elevado dentro da profissão auditora, o que é reconhecido pelos outros profissionais liga- dos à auditoria e ao ensino. Robertson, Lamin e Livanis (2000, p. 3-23) eviden- ciam que a existência de estrutura sancionatória e com uma adequada verificação e monitorização contribui para desenvolver, nos auditores em geral, uma preocu- pação de cumprimento das regras, normas e condutas.

Os preparadores da informação financeira desempenham um impor- tante papel na sua apresentação e divulgação. A contabilidade está estruturada em um conjunto de regras impostas pelos reguladores e organizações profissio- nais nacionais e internacionais, e esse sistema de exprimir, mensurar e divulgar tem sido baseado no chamado rules-based accounting systems (PINCUS, 2000, p. 243-258). A contabilidade é caracterizada por ser uma profissão de regras, espe- cialmente quando reporta informação a terceiros. Como corolário, os contabilis- tas desempenham um significativo papel no esquema de Corporate Governance de uma sociedade e na manutenção de práticas éticas sustentáveis (LOW; HOO- PER, 2008, p. 222-254). Muitas vezes, para se atingir o objetivo é necessário não observar a regra, e, por outro lado, a total conformidade com as normas conta- bilísticas do SNC6 não é suficiente para que o auditor exprima uma opinião não qualificada. Por outro lado, a não existência de regras não implica que qualquer comportamento seja aceitável. Assim, aquelas podem ser vistas como uma força ética positiva (MCLENNEN, 1997, p. 210-258; DANIELS; SABIN, 1998, p. 50- 64) tendo, por consequência, aspetos favoráveis: asseguram consistência à infor- mação financeira, facilitam as decisões e constituem um patamar mínimo de qua- lidade. Enquadrando as respostas dos profissionais inquiridos nesse desenho da contabilidade, facilmente se deteta uma contradição indesmentível relativamente às limitações da contabilidade. Todos os profissionais manifestam um espírito de solidariedade notável com os colegas de profissão, o que está de acordo com as características de atividades ocupacionais monopolizadas e regidas por estruturas

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regulatórias próprias (DEDOULIS, 2006, p. 155-178): a situação portuguesa ali- nha com esse tipo de resultados.

No entanto, os profissionais portugueses, de maneira geral, com ex- ceção dos Auditores do Tribunal de Contas e dos Professores, não relacionam as práticas de contabilidade criativa com a falta de ética dos contabilistas, o que parece difícil de aceitar. Com efeito, Clarke, Dean e Olivier (2003) sugerem que a instituição contabilística não tem violado a representação apropriada e verda- deira da situação da empresa de forma ocasional ou trivial, mas sistemática e universalmente ao longo dos anos e no presente. Esta situação é contraditória por apenas se conseguir na ausência de regras e na sua interpretação egoística mate- rializada em um comportamento não ético, em que se sobrevaloriza a cultura do dinheiro, a sociedade do capitalismo e a cultura do legalismo.

Por fim, o governo das sociedades, pouco ativo na deteção de erros e fraudes, é sufragado por todas as classes profissionais como um aspeto muito ne- gativo do Corporate Governance das sociedades portuguesas. Essa conclusão está em conformidade com as investigações de Low e Hooper (2008, p. 225), que sa- lientam que um bom comportamento ético é fundamental nas organizações, e que um bom sistema de Corporate Governance e práticas de negócio eticamente sustentáveis são o suporte básico de sustentação das organizações. Os profissio- nais portugueses são concludentes quando opinam que o governo das sociedades das empresas portuguesas não tem uma estrutura de valores e de comportamentos adequados à proteção dos interesses do público e dos shareholders/stakeholders, o que está de acordo com as análises de Adler (2002, p. 148), Young (2003, p. 14), Allen (2005, p. 41-53) e Boatright (1999, p. 153-161), que demonstram que os executivos são treinados, em uma sociedade que cultiva o dinheiro, para obterem sucesso no mundo como ele existe, não privilegiando, por isso, uma cultura de integridade no negócio.

5 CONCLUSÃO

O comportamento ético dos preparadores da informação financeira, dos profissionais que a validam e dos gestores, bem como o governo das sociedades e atuação dos organismos profissionais e as limitações do sistema de representação contabilística, estiveram em análise nessa investigação. Dos resultados obtidos e da discussão efetuada, é possível concluir que existem perceções divergentes relativamente à questão ética centrada no processo de accountability por parte dos

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profissionais de auditoria e professores portugueses. Com efeito, autoavaliam de modo geral o seu comportamento como ético, sugerindo, no entanto, aos pro- fissionais da gestão, em Portugal, comportamentos e práticas éticas reprováveis. Acrescem, ainda, que todo o espaço profissional admite que as estruturas regula- tórias e de monitorização de condutas dos agentes são mecanismos de controlo de elevada importância para sancionarem práticas desviantes relativamente a regras e normas de conduta. Consideram, porém, em Portugal e de maneira geral, que a confiança dos utilizadores da informação financeira facultada pelas empresas é prejudicada por percecionar que os instrumentos de controlo existentes não são suficientemente rigorosos para assegurar o objetivo de apresentação e divulgação de uma informação financeira transparente, materializada na apresentação das contas da maneira mais fidedigna possível. Quanto às limitações da contabilida- de, a perceção dos profissionais portugueses também não é homogénea. De facto, somente os auditores públicos e os professores correlacionam a ética com as prá- ticas de contabilidade criativa.

5.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

A insuficiente conceituação do padrão ético que deva servir de guia aos profissionais impossibilita equilíbrio e coerência nas respostas dos inquiridos, bem como falta de formação em ética. As perguntas efetuadas podem não ser as mais adequadas para abarcar a transcendente dimensão da ética. A fraca adesão dos auditores internos pode afetar os resultados, bem como a não consideração das empresas e dos analistas financeiros.

5.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES

O envolvimento de outros beneficiários da auditoria na investigação – empresas e analistas financeiros – e o confronto de conclusões relativamente aos corpos profissionais inquiridos enriquecerão naturalmente a investigação.

A introdução, na investigação das diferentes correntes da ética e o con- fronto com outros profissionais e outros beneficiários da contabilidade e audito- ria – utilizadores em sentido amplo –, contribuiriam, também, para um melhor aprofundamento da temática.

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A análise dos atributos dos grupos profissionais e a sua influência nas respostas podem contribuir para um aclaramento da investigação. A introdução do género enriqueceria, à partida, a pesquisa.

Ethical business: empirical evidence of the perceptions of the Portuguese profes- sionals

Abstract

The social responsibility of a company obliges social and economic institutions to take compre- hensive and far-reaching decisions regarding all of its duties in order to address the demands of modern times and of an increasingly demanding civil society which is willing to promote a countervailing power opposing the most selfish objectives of a capitalist society: this situ- ation requires an ethical transformation of capitalism and of companies. In the light of this matter, the objective of this research was to understand the perceptions of Portuguese auditing professionals and accounting and auditing teachers working in higher education concerning the ethical behaviour of auditors, the existence of control mechanisms and the accounting pro- fession’s own limitations. In order to achieve this, a questionnaire was designed and applied to these professionals: this is the first empirical study related to these aspects of business ethics undertaken in Portugal, with this being, along with others, the main contribution of this work. The results obtained from the statistical measures used – percentages, chi-square and Kruskal- Wallis statistics – reveal some specificities of the groups identified and their geographical area, and allow us to put forward various recommendations to the auditing professionals, teachers and regulatory bodies, with a view to improving their profession.

Keywords: Ethics. Countervailing power. Dilemmas. Corporate governance. Moral.

Notas explicativas:

1Banco Português de Negócios.

2Banco Privado Português.

3Banco Comercial Português.

4Foram analisados todos os artigos de ética (cerca de 100) publicados por diferentes autores, no Research on Accounting Ethics (v. 1 (1995), v. 2 (1996), v. 3 (1997), v. 4 (1998), v. 5 (1999), v. 6 (2000) e v. 8 (2002)) e Research on Professional Responsability on Ethics in Accounting (v. 9 (2004), v. 10 (2005), v. 11 (2007), v. 12 (2008), v. 13 (2009), v. 15 (2011) e v.

16(2012).

5Comissão Nacional de Supervisão e Auditoria

6Sistema de Normalização Contabilística.

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Recebido em 10 de fevereiro de 2014

Aceito em 22 de abril de 2014

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