A PROBABILIDADE DE SER CITADO NAS REVISTAS INTERNACIONAIS DE FINANÇAS: UMA ANÁLISE DAS CITAÇÕES
Marcelo Machado de Freitas*
José Alonso Borba**
Vladmir Arthur Fey***
Ernesto Fernando Rodrigues Vicente****
Resumo
Este trabalho objetivou descobrir em quais revistas internacionais de finanças o autor terá mais chance de ser citado, de acordo com os trabalhos publicados no período entre 1996 e 2004, realizando uma análise do número de citações rece- bidas até o ano 2012 por esses artigos. Além disso, foi elaborado um ranking das revistas e dos artigos internacionais de finanças. Os dados utilizados na pesquisa foram extraídos da base de dados Scopus. Como forma de caracterizar as revistas que abordam a área de Finanças, foram selecionadas somente as revistas que con- tinham finance ou financial em seus títulos. A Journal of Finance (JOF) foi a única revista em que todos os seus artigos publicados tiveram pelo menos uma citação. Em contrapartida, 80,42% dos artigos da Finance a Uver (FU) não receberam ne- nhuma citação. A JOF também possui a maior média de citações (aproximada- mente 61 por artigo). Em segundo lugar, a Journal of Financial Economics (JFE) ficou com média de aproximadamente 50 citações por artigo. O terceiro lugar do ranking ficou com a revista Review of Financial Studies (RFS) (aproximadamente 34 citações por artigo). Cinquenta e um artigos receberam mais de 200 citações e 92% destes foram escritos por mais de um autor. Por fim,
*Mestrando do Programa de
**Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo; Professor do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina; j.alonso@ufsc.br
***Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina; Professor do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina; vlad@cse.ufsc.br
****Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo; Professor do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina; ernesto.vicente@ufsc.br
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RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Marcelo Machado de Freitas et al.
1 INTRODUÇÃO
Muitas conquistas foram realizadas por meio de pesquisas e consequen- tes publicações que permitiram a evolução das mais distintas áreas das ciências; assim, as publicações dessas pesquisas são úteis e necessárias.
Baptista e Campos (2007) comentam que a pesquisa só terá significa- do se os seus resultados e as suas descobertas forem divulgados em diferentes meios e submetidos à apreciação, às críticas e às sugestões de outros pesquisa- dores. Conhecer a qualidade de tais meios, portanto, pode ser uma importante ferramenta para a área Acadêmica, visto que são muitos os motivos que levam os autores a querer que seus trabalhos sejam publicados nas revistas mais qualifica- das. Promoções, aumentos de salário e avaliação do estágio probatório são alguns desses motivos (ALEXANDER; MABRY, 1994; BORDE; CHENEY; MADU- RA, 1999; LEAL; OLIVEIRA; SOLURI, 2003; LIEBOWITZ; PALMER, 1984; VOKURKA, 1996; CHAN; TONG; ZHANG, 2012).
Segundo Mueller (2000), o caminho percorrido pela pesquisa pode ser dividido em algumas etapas. A primeira ocorre pelo insight (surgimento de ideias), seguido da publicação do trabalho em meios formais de publicação e ter- mina na recuperação dessas informações que aparecem na forma de citações em outros trabalhos científicos. Assim,
Conforme exposto, a citação é parte integrante da pesquisa acadêmica e pode ser fonte de estudos para avaliar a qualidade de determinada revista, artigo ou autor. Garfield (1955) foi um dos autores que contribuiu para a popularização da contagem do número de citações para a mensuração da relevância na pesquisa científica, método que veio a se tornar referência no mundo acadêmico, conheci- do pela sua simplicidade e facilidade de mensuração.
Ederington (1979) acrescenta que, apesar de a contagem de citações não ser um método perfeito, é provavelmente a que melhor pode avaliar realmente determinada revista, artigo ou autor. Avkiran (2013) reforça que o método de contagem de citações tem suas limitações, porém, acredita que as citações recebi- das por cada artigo, de fato, refletem a significância que o trabalho passa ao meio acadêmico. Em outras palavras, o método de contagem de citações
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A probabilidade de ser citado nas revistas...
possui algumas limitações por não englobar todos os aspectos que envolvem a qualidade da pesquisa.
Alguns autores fazem críticas ao método em questão. Gamble e O’ Doherty (1985) comentam que uma citação pode advir, por exemplo, do caráter polêmico de alguma pesquisa ou pesquisador, que tendem a ser citados por trabalhos que discor- dam de seus resultados. Ou seja, o fato de ser citado não necessariamente configura um alinhamento entre os trabalhos/autores.
Brown e Gardner (1985) comentam que autores populares tendem a ser mais citados sem que isso tenha a ver necessariamente com a qualidade do artigo, causando, em alguns casos, uma distorção da real qualidade do trabalho.
Na área de finanças, alguns trabalhos foram realizados como forma de avaliação de revistas, usando a contagem de citações como metodologia das pesquisas (ALEXANDER; MABRY, 1994; BOROKHOVICH; BRICKER; SI- MKINS, 1994; VOKURKA, 1996; CHUNG; COX; MITCHELL, 2001).
Nesse sentido, trabalhos sobre avaliação de revistas têm se mostrado participativos na construção do cenário acadêmico. Diversos autores estudam e tentam qualificar as revistas de diferentes áreas acadêmicas. Apesar de haver di- vergências sobre qual método deve ser utilizado para a avaliação desse importante meio de disseminação científica,
O objetivo principal deste trabalho foi descobrir em quais revistas in- ternacionais de finanças o autor terá a maior probabilidade de receber pelo me- nos uma citação, de acordo com a contagem de citações recebidas pelos artigos dessas revistas. Além disso, outros objetivos foram abordados: foi organizado um ranking das revistas internacionais de finanças; foram elencados os artigos que re- ceberam mais de 200 citações no período e a quais áreas de finanças esses artigos pertencem; e, foi analisado se os artigos colaborativos (com mais de um autor) tendem a receber mais citações do que os artigos feitos individualmente.
2 ESTUDOS ANTERIORES
As revistas acadêmicas têm papel fundamental na proliferação do co- nhecimento acadêmico, e na área de Finanças isso não é diferente. Por esse mo- tivo, diversos estudos visam conhecer, classificar e qualificar tais revistas. Entre as diversas revistas existentes na área de Finanças, Chen e Huang (2007) e Currie
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e Padher (2011) apontam as quatro melhores, de acordo com os seus resultados: JOF, RFS, JFE e JFQA.
Niemi (1987) comenta que a primeira publicação da JOF é do ano 1946, enquanto de acordo com Parker (2003), a primeira publicação da JFE foi somente em 1974, salientando que revistas que abordam a área de Finanças existem há mais de meio século.
Trabalhos que objetivam elencar as melhores revistas de finanças vêm sendo realizados também há bastante tempo, especialmente se tratando de re- vistas em língua estrangeira.
Boekeloo e McNulty (1999) procuraram descobrir a tendência das re- vistas em publicarem artigos que, eventualmente,
Além da avaliação das revistas, são comuns trabalhos que avaliem a qualidade dos autores e seus artigos. Cooley e Heck (2005) fizeram uma pesquisa para identificar os autores mais prolíficos na área de Finanças dos últimos 50 anos. Avkiran (2013) extraiu 6.667 artigos de finanças da Web of Science (WOS), publicados entre 2001 e 2007, e analisou suas citações recebidas nos quatro pri- meiros anos após a sua publicação para criar um ranking dos melhores artigos. Já Coupé (2013) fez uma análise para saber se os artigos que ganham prêmios aca- dêmicos costumam ser os artigos mais citados da área. Os resultados da pesquisa mostraram que raramente os artigos vencedores dos prêmios são os mais citados. Danielson e Heck (2011) identificaram os autores que mais publicaram na Jour- nal of Financial Education (JFED) e na Financial Practice and Education (FE), e analisaram com que frequência esses autores publicavam nas melhores revistas de finanças. Hanna et al. (2011) propuseram uma análise para saber a quais áreas de finanças pertencem os artigos publicados pela Financial Services Review (FSR).
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A probabilidade de ser citado nas revistas...
Por contagem de citações,
Conforme Mugnani, Leite e Leta (2011), um
Borokhovich, Lee e Simkins (2011) acrescentam que as pesquisas cos- tumam usar a contagem de citações para avaliar as revistas, autores e artigos,
Chan, Tong e Zhang (2012) comentam que, apesar de o método de ci- tações não ser perfeito, a literatura em geral concorda que as citações recebidas por uma revista geralmente representam efetivamente o impacto que ela causa na comunidade acadêmica. Complementam que o método de citações é simples de se entender e sua análise é bastante imparcial. Velho (1986) contrapõe que exis- tem alguns fatores, entre eles os sociais, que afetam o comportamento da citação devendo estes serem considerados.
Avkiran (2013) repara que além dos problemas que muitos autores cos- tumam mencionar (autocitações e citações negativas), algumas editoras insistem que artigos citem outros artigos pertencentes à sua revista para que eles sejam aceitos.
Apesar de existirem algumas divergências quanto ao seu uso, o método de contagem de citações é utilizado por diversos autores. A seguir, são apresenta- dos alguns estudos que abordam especificamente tal método.
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529
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Borokovich, Bricker e Simkins (1994) usaram artigos de oito revistas de finanças para medir o padrão das citações
Currie e Pandher (2011) demonstraram que, geralmente, em análises feitas por pesquisas e questionários, é encontrada pouca diferença de qualidade entre as primeiras colocadas (primeiro, segundo e terceiro lugar) se comparadas com as revistas que, por exemplo,
O Quadro 1 apresenta outras pesquisas relacionadas à avaliação de re- vistas de finanças e seus resultados.
|
Quadro 1 – Pesquisas avaliando revistas de finanças |
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Autor/Revista |
Pesquisa |
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Ederington (1979) |
O trabalho analisou por um período de seis anos os artigos publi- |
|
|
cados na Journal of Finance e na Journal of Financial and Quantita- |
||
2014 |
Journal of Finance |
||
tive Analysis entre 1976 e 1972. |
|||
|
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maio/ago. |
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|
Borde, Cheney e Madura (1999) |
Fizeram uma pesquisa com chefes de departamentos de facul- |
||
|
Review of Quantitative Finance |
dades de finanças. As três melhores revistas foram: Journal of |
|
|
Finance, Journal of Quantitative Analysis, Journal of Financial Eco- |
||
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and Accounting |
||
|
nomics e Journal of Business. |
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|
O artigo avaliou as referências bibliométricas dos artigos das |
||
525 |
|
principais revistas de finanças, de acordo com o número de ci- |
|
|
|
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p. |
Alexander e Mabry (1994) |
tações feitas pelos artigos publicados na Journal of Finance, Jour- |
|
nal of Financial Economics, Journal of Financial and Quantitative |
|||
2, |
|||
Journal of Finance |
|||
Analysis e Review of Financial Studies. |
|||
n. |
|||
|
|||
|
que a Journal of Financial Economics é a revista mais influente, |
||
13, |
|
||
|
seguida pela Journal of Finance. |
||
v. |
|
||
|
|
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Unoesc, |
|
|
|
Chung, Cox e Mitchell (2001) |
Identificaram os autores, artigos e revistas mais citados entre |
||
1974 e 1998. As duas melhores revistas identificadas pelos au- |
|||
Financial Management |
|||
tores foram Journal of Finance e Journal of Financial Economics. |
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RACE, |
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|
|
A probabilidade de ser citado nas revistas... |
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|
Estudaram as cinco principais revistas de finanças no período |
|
|
Krishnan e Bricker (2004) Jour- |
entre 1990 e 2002 para saber se as revistas adicionam valor aos |
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|
artigos publicados. Journal of Finance, Journal of Financial Econo- |
|
|
|
nal of Economics and Finance |
mics e Review of Financial Studies são as revistas que mais adicio- |
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|
nam valor ao artigo. |
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|
|
A pesquisa avaliou a produtividade dos membros do conselho |
|
|
Hardin III et al. (2008) |
das principais revistas de finanças entre 1990 e 2004. Os resulta- |
|
|
dos mostraram que publicar um artigo por ano na Journal of Fi- |
|
|
|
Review of Quantitative Finance |
|
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|
nance, Journal of Financial Economics e Review of Financial Studies, |
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|
|
and Accounting |
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|
em um período de cinco anos, pode representar uma excepcional |
|
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|
|
|
conquista acadêmica. |
|
|
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|
|
Chegaram ao resultado de que os periódicos que apresentaram |
|
|
Souza et al. (2008) |
maior impacto foram: JOF, JFE e RFS. O artigo mais citado foi |
|
|
Revista Brasileira de Finanças |
de autoria de Shleifer e Vishny (1997), intitulado A survey of cor- |
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|
|
porate governance. |
|
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|
|
Foo (2009) |
Nesse estudo, foram estudadas seis revistas de áreas multidisci- |
|
|
Science and Engineering Ethics |
plinares para analisar o padrão das autocitações e intracitações. |
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|
|
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Oler, Oler e Skousen (2010) |
O trabalho examinou artigos da área de Contabilidade publica- |
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|
Accounting Horizons |
dos nas seis principais revistas desde 1960 até 2007, por meio da |
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|
|
análise de citações. |
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Hasselback, Reinstein e Riley |
Os autores fazem uma crítica ao método de avaliação mediante a |
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|
Sinason (2011) Issues in Accoun- |
contagem de citações, comentando alguns aspectos que não con- |
|
|
ting Education |
seguem ser avaliados por esse método. |
|
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|
|
|
|
Fonte: os autores. |
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3 METODOLOGIA
O critério adotado neste trabalho para a mensuração da qualidade das revistas é o número de citações obtidas pelos artigos publicados nelas. Como os artigos continuam sendo citados por um tempo relativamente longo, é importan- te manter a comparabilidade entre artigos recentes e antigos. Por esse motivo, são consideradas apenas as citações recebidas em um período de oito anos após o ano de sua publicação. Conforme a análise feita neste trabalho, após o oitavo ano, o número de citações recebidas pelos artigos, de maneira geral, começa a diminuir, o que poderia ocasionar uma distorção nos resultados. A análise
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tinham finance ou financial em seu título, caracterizando, assim, as revistas que contêm artigos da respectiva área. A primeira amostra obtida foi de 71 revistas.
Algumas das revistas obtidas na pesquisa inicial possuem sua cobertura descontinuada e, por isso, foram descartadas para os fins de análise do presente trabalho. Restaram, então, 59 revistas para a análise. Destas 59 revistas, algu- mas apresentaram publicações irregulares, e após uma nova exclusão, restaram 43 revistas para serem analisadas, número que foi integralmente usado em todo o restante da pesquisa. O procedimento está detalhado na Tabela 1.
Tabela 1 – Amostra das revistas utilizadas no artigo
Total de revistas com finance ou financial no seu título |
71 |
|
|
12 |
|
16 |
|
(=) Amostra usada para a análise no artigo |
43 |
|
|
Fonte: os autores. |
|
Foram excluídos da pesquisa todos os resultados identificados como editoriais ou erratas. A justificativa para essa exclusão foi de que esses trabalhos são naturalmente pouco citados, o que poderia distorcer os resultados.
Já que muitas revistas são mais antigas e contêm artigos muito mais antigos que outras, foi utilizado somente um período de oito anos na análise, como forma de minimizar essa distorção. Exemplificando, se uma revista X teve somente um artigo publicado em cada um dos anos analisados
Para a escolha dos principais artigos internacionais da área de Finanças foram selecionados apenas aqueles publicados entre 1996 e 2004 e que receberam mais de 200 citações nos oito primeiros anos após o ano de sua publicação. A esco- lha foi intencional e feita para padronizar um período de análise comum a todos
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A probabilidade de ser citado nas revistas...
os artigos; por exemplo, para os artigos que foram publicados em 1999, somente foram utilizadas as citações recebidas por eles até o final do ano de 2007.
Foram analisados os artigos que receberam mais de 200 citações para ca- racterizar à quais áreas eles pertencem. A metodologia utilizada
A JEL divide as diversas áreas em categorias e subcategorias. Entretan- to, para este trabalho, foram utilizadas somente as quatro classificações principais para caracterizar as áreas dos artigos: G0 – General; G1 – General Financial Ma- rkets; G2 – Financial Institutionsand Services e G3 – Corporate Finance and Gover- nance (AMERICAN ECONOMIC ASSOCIATION, 2013).
Dos 51 artigos analisados (que receberam mais de 200 citações), encon- trados conforme metodologia previamente explicada, 17 já indicavam no escopo de seu trabalho a quais categorias da JEL pertenciam. Para encontrar a catego- ria dos demais, foram pesquisadas
4 RESULTADOS
Os procedimentos descritos na metodologia resultaram em um total de revistas analisadas descrito na Tabela 2. O periódico em que os artigos possuem o maior número médio de citações é a JOF, com uma média de 61 citações. No outro lado do ranking se pode reparar que as três últimas revistas receberam, em média, menos de uma citação por artigo. Healthcare Financial Management (HFM) recebeu 0,60 citações em média por artigo, Research in Finance (RF) recebeu 0,51 citações em média por artigo e Finance a Uver (FU) recebeu 0,47 citações em média por artigo.
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Tabela 2 – Descrição estatística do número de citações recebidas nos oito anos após a sua publicação (continua)
Posi- |
Periódico |
Citações |
|
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|
|
|||
ção |
Mé- |
DP |
n. |
||
|
|||||
|
|
dia |
|||
|
|
|
|
||
1 |
Journal of Finance (JOF) |
60,64 |
8,04 |
745 |
|
2 |
Journal of Financial Economics (JFE) |
50,41 |
7,59 |
522 |
|
3 |
Review of Financial Studies (RFS) |
34,27 |
6,11 |
345 |
|
4 |
Journal of Financial and Quantitative Analysis (JFQA) |
23,35 |
4,98 |
260 |
|
5 |
Mathematical Finance (MF) |
20,23 |
5,89 |
199 |
|
6 |
Journal of Financial Markets (JFM) |
18,49 |
5,38 |
118 |
|
7 |
Journal of Financial Intermediation (JFI) |
17,94 |
5,37 |
143 |
|
8 |
Journal of Empirical Finance (JEF) |
16,78 |
4,73 |
205 |
|
9 |
Journal of Corporate Finance (JCF) |
16,38 |
4,95 |
172 |
|
10 |
Journal of Banking and Finance (JBF) |
15,49 |
4,74 |
840 |
|
11 |
Financial Management (FM) |
13,78 |
5,35 |
215 |
|
12 |
Journal of International Money and Finance (JIMF) |
13,24 |
4,07 |
437 |
|
13 |
Journal of Real Estate Finance and Economics (JREFE) |
9,00 |
3,16 |
313 |
|
14 |
Financial Analysts Journal (FAJ) |
8,67 |
3,41 |
414 |
|
15 |
International Journal of Health Care Finance and Economics (IJHCFE) |
8,41 |
3,01 |
64 |
|
16 |
International Finance (IF) |
8,06 |
3,00 |
110 |
|
17 |
Pacific Basin Finance Journal (PBFJ) |
7,81 |
2,80 |
233 |
|
18 |
Journal of Financial Services Research (JFSR) |
6,81 |
2,87 |
215 |
|
19 |
Journal of International Financial Management and Accounting (JIFMA) |
6,77 |
3,02 |
98 |
|
20 |
International Tax and Public Finance (ITPF) |
6,72 |
3,01 |
297 |
|
21 |
International Journal of Finance and Economics (IFJE) |
6,30 |
3,04 |
202 |
|
22 |
Journal of International Financial Markets, Institutions and Money (JIFMIM) |
6,28 |
2,66 |
194 |
|
23 |
Journal of Business Finance and Accounting (JBFA) |
5,93 |
2,78 |
565 |
|
24 |
Accounting and Finance (AF) |
5,40 |
2,48 |
117 |
|
25 |
Applied Financial Economics (AFE) |
5,19 |
2,59 |
651 |
|
26 |
Review of Financial Economics (RFE) |
4,95 |
2,74 |
140 |
|
27 |
North American Journal of Economics and Finance (NAJEF) |
4,79 |
2,83 |
140 |
|
28 |
Journal of Multinational Financial Management (JMFM) |
4,70 |
2,47 |
210 |
|
29 |
International Review of Financial Analysis (IRFA) |
4,54 |
2,33 |
214 |
|
30 |
Emerging Markets Finance and Trade (EMFT) |
4,44 |
2,18 |
75 |
|
31 |
Quarterly Review of Economics and Finance (QREF) |
4,40 |
2,46 |
400 |
|
32 |
Decisions in Economics and Finance (DEF) |
4,21 |
2,91 |
28 |
|
33 |
Journal of Health Care Finance (JHCF) |
3,72 |
2,42 |
300 |
|
|
|
|
|
|
534
|
A probabilidade de ser citado nas revistas... |
|
|||
|
|
|
(conclusão) |
||
|
|
|
|
||
Posi- |
Periódico |
Citações |
|
||
|
|
|
|||
ção |
Mé- |
DP |
n. |
||
|
|||||
|
|
dia |
|||
|
|
|
|
||
34 |
International Review of Economics and Finance (IREF) |
3,24 |
2,39 |
237 |
|
35 |
Global Finance Journal (GFJ) |
3,20 |
2,13 |
132 |
|
36 |
Review of Quantitative Finance and Accounting (RQFA) |
3,20 |
2,08 |
333 |
|
37 |
Finance and Development (FD) |
2,96 |
2,03 |
330 |
|
38 |
Public Finance Review (PFR) |
2,60 |
1,82 |
270 |
|
39 |
Journal of Economics and Finance (JEcF) |
2,42 |
2,05 |
241 |
|
40 |
2,34 |
1,76 |
126 |
||
41 |
Healthcare Financial Management (HFM) |
0,60 |
1,28 |
1687 |
|
42 |
Research in Finance (RF) |
0,51 |
0,88 |
47 |
|
43 |
Finance a Uver (FU) |
0,47 |
1,16 |
429 |
|
|
Total |
10,46 |
3,52 |
13013 |
Fonte: os autores.
Como o número de citações recebidas pelos artigos não se distribui igualmente entre os artigos publicados em uma revista, a quarta coluna da Tabela 2 apresenta o desvio padrão do número de citações. É possível perceber que algu- mas revistas possuem um número médio de citações parecido, mas desvios padrões bastante diferentes. Por exemplo, os artigos da Journal of Financial and Quantitative Analysis (JFQA) e da Mathematical Finance (MF) apresentam médias próximas (23 e 20 citações, respectivamente), mas o número de citações dos artigos da MF apre- sentam uma dispersão muito superior. Isso mostra que, enquanto os números de citações dos artigos publicados na JFQA tendem a se concentrar mais próximo da média, na MF provavelmente existem alguns artigos com um grande número de citações (observações discrepantes, também chamadas de outliers).
As revistas que mais tiveram publicações foram a HFM, com 1.687, a JBF, com 840 e a JOF, com 745 publicações no período. Em contrapartida, as três revistas que menos publicaram no período foram: Decisions in Economics and Finance (DEF), com 28 publicações, Research in Finance (RF), com 47, e a International Journal of He- althl Care Finance and Economics (IJHCFE), com 64 publicações no período.
Do ponto de vista do autor que deseja difundir seus artigos, outras con- siderações podem ser mais relevantes. Talvez ele não acredite que poderá obter centenas de citações, mas deseja receber pelo menos algumas. A Tabela 3 mostra o que o autor pode esperar em cada uma das revistas em relação à quantidade de citações médias recebidas.
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Tabela 3 – Frequência absoluta e relativa de artigos separados por grupos baseados na frequência de citações |
|
|
(continua) |
||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
0 |
|
|
|
|
|
|
|
|
||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Revista |
Freq. |
|
% |
Freq. |
% |
Freq. |
Freq. |
% |
Freq. |
% |
Freq. |
% |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
JOF |
|
0 |
0 |
29 |
3,89 |
40 |
120 |
16,11 |
241 |
32,35 |
315 |
42,28 |
|
JFE |
|
16 |
3,07 |
23 |
4,41 |
35 |
84 |
16,09 |
199 |
38,12 |
165 |
31,61 |
|
RFS |
|
8 |
2,32 |
31 |
8,99 |
39 |
78 |
22,61 |
119 |
31,49 |
70 |
20,29 |
|
JFQA |
|
3 |
1,15 |
49 |
18,85 |
36 |
63 |
24,23 |
80 |
30,77 |
29 |
11,15 |
|
MF |
|
6 |
3,02 |
49 |
24,62 |
40 |
48 |
24,12 |
44 |
22,11 |
12 |
6,03 |
|
JFM |
|
3 |
2,54 |
28 |
23,73 |
25 |
33 |
27,97 |
21 |
17,8 |
8 |
6,78 |
|
JFI |
|
16 |
11,19 |
41 |
28,67 |
26 |
25 |
17,48 |
25 |
17,48 |
10 |
6,99 |
|
JEF |
|
9 |
4,39 |
45 |
21,95 |
55 |
53 |
25,85 |
30 |
14,63 |
13 |
6,34 |
|
JCF |
|
10 |
5,81 |
57 |
33,14 |
39 |
29 |
16,86 |
22 |
12,79 |
15 |
8,72 |
|
JBF |
|
56 |
6,67 |
237 |
28,21 |
164 |
202 |
24,05 |
137 |
16,31 |
44 |
5,24 |
|
FM |
|
3 |
1,4 |
77 |
35,81 |
48 |
54 |
25,12 |
26 |
12,09 |
7 |
3,26 |
|
JIMF |
|
39 |
8,92 |
131 |
29,98 |
92 |
88 |
20,14 |
70 |
16,02 |
17 |
3,89 |
|
JREFE |
|
29 |
9,27 |
125 |
39,94 |
64 |
56 |
17,89 |
38 |
12,14 |
1 |
0,32 |
|
FAJ |
|
46 |
11,11 |
187 |
45,17 |
75 |
63 |
15,22 |
37 |
8,94 |
6 |
1,45 |
|
IJHCFE |
|
3 |
4,69 |
29 |
45,31 |
16 |
10 |
15,63 |
5 |
7,81 |
1 |
1,56 |
|
IF |
|
10 |
9,09 |
46 |
41,82 |
25 |
20 |
18,18 |
9 |
8,18 |
0 |
0 |
|
PBFJ |
|
19 |
8,15 |
93 |
39,91 |
59 |
48 |
20,6 |
14 |
6,01 |
0 |
0 |
|
JFSR |
|
35 |
16,28 |
90 |
41,86 |
47 |
27 |
12,56 |
15 |
6,98 |
1 |
0,47 |
|
JIFMA |
|
14 |
14,29 |
43 |
43,88 |
26 |
8 |
8,16 |
6 |
6,12 |
1 |
1,02 |
|
ITPF |
|
35 |
11,78 |
153 |
51,52 |
51 |
38 |
12,79 |
18 |
6,06 |
2 |
0,67 |
|
IFJE |
|
39 |
19,31 |
93 |
46,04 |
35 |
22 |
10,89 |
11 |
5,45 |
2 |
0,99 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
A probabilidade de ser citado nas revistas...
|
0 |
|
|
|
|
|
(conclusão) |
||||
Revista |
Freq. |
% |
Freq. |
% |
Freq. |
Freq. |
% |
Freq. |
% |
Freq. |
% |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
JIFMIM |
16 |
8,25 |
97 |
50, |
47 |
28 |
14,43 |
5 |
2,58 |
1 |
0,52 |
JBFA |
97 |
17,17 |
275 |
48,67 |
93 |
68 |
12,04 |
32 |
5,66 |
0 |
0 |
AF |
18 |
15,38 |
56 |
47,86 |
27 |
12 |
10,26 |
4 |
3,42 |
0 |
0 |
AFE |
90 |
13,82 |
365 |
56,07 |
104 |
71 |
10,91 |
20 |
3,07 |
1 |
0,15 |
RFE |
30 |
21,43 |
72 |
51,43 |
20 |
10 |
7,14 |
8 |
5,71 |
0 |
0 |
NAJEF |
41 |
29,29 |
62 |
44,29 |
20 |
11 |
7,86 |
5 |
3,57 |
1 |
0,71 |
JMFM |
45 |
21,43 |
108 |
51,43 |
28 |
25 |
11,9 |
4 |
1,9 |
0 |
0 |
IRFA |
46 |
21,5 |
99 |
46,26 |
50 |
17 |
7,94 |
2 |
0,93 |
0 |
0 |
EMFT |
17 |
22,67 |
33 |
44 |
17 |
7 |
9,33 |
1 |
1,33 |
0 |
0 |
QREF |
83 |
20,75 |
210 |
52,5 |
62 |
32 |
8 |
13 |
3,25 |
0 |
0 |
DEF |
11 |
39,29 |
11 |
39,29 |
4 |
0 |
0 |
2 |
7,14 |
0 |
0 |
JHCF |
89 |
29,67 |
146 |
48,67 |
37 |
21 |
7 |
7 |
2,33 |
0 |
0 |
IREF |
88 |
37,13 |
108 |
45,57 |
21 |
17 |
7,17 |
2 |
0,84 |
1 |
0,42 |
GFJ |
44 |
33,33 |
64 |
48,48 |
16 |
7 |
5,3 |
1 |
0,76 |
0 |
0 |
RQFA |
85 |
25,53 |
188 |
56,46 |
44 |
11 |
3,3 |
5 |
1,5 |
0 |
0 |
FD |
79 |
23,94 |
206 |
62,42 |
31 |
11 |
3,33% |
3 |
0,91 |
0 |
0 |
PFR |
82 |
30,37 |
152 |
56,3 |
24 |
12 |
4,44 |
0 |
0 |
0 |
0 |
JFEcF |
89 |
36,93 |
122 |
50,62 |
21 |
6 |
2,49 |
3 |
1,24 |
0 |
0 |
APFM |
43 |
34,13% |
67 |
53,17 |
12 |
4 |
3,17 |
0 |
0 |
0 |
0 |
HFM |
1.219 |
72,26 |
439 |
26,02 |
20 |
7 |
0,41 |
2 |
0,12 |
0 |
0 |
RF |
30 |
63,83 |
17 |
36,17 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
FU |
345 |
80,42 |
78 |
18,18 |
5 |
1 |
0,23 |
0 |
0 |
0 |
0 |
Total |
3.086 |
23,71 |
4.631 |
35,58 |
1.740 |
1.547 |
11,89 |
1.286 |
9,88 |
724 |
5,56 |
Fonte: os autores.
2014 .maio/ago
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Marcelo Machado de Freitas et al.
Todos os artigos publicados na JOF entre 1996 e 2004 receberam pelo menos uma citação. Além disso, os resultados demonstram que 76,29% de todos os artigos receberam pelo menos uma citação cada e 23,71% não receberam ne- nhuma citação ao longo do período analisado. Enquanto na JOF 42,28% dos seus artigos receberam mais do que 51 citações, na JFE esse resultado foi de 31,61%, e na RFS, de 20,29%. Em contrapartida, algumas revistas publicaram muitos ar- tigos que não receberam nenhuma citação: HFM (72,26% dos seus artigos não receberam nenhuma citação), na RF, esse resultado foi de 63,83% e na FU, de 80,42%. Além disso, nenhum dos artigos da RF recebeu mais do que cinco cita- ções.
Também é possível analisar a evolução do número de citações ao longo do tempo. Nem sempre um artigo se torna um sucesso instantâneo: o número médio de citações recebidas por um artigo cresce ao longo do tempo (Tabela 4).
Tabela 4 – Média do número de citações recebidas nos anos seguintes ao da publicação
Ano após a publicação
Revista |
0 |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
7 |
8 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
JOF |
0,852 |
2,764 |
4,416 |
6,16 |
7,205 |
8,246 |
9,485 |
10,438 |
11,055 |
JFE |
0,693 |
2,224 |
3,764 |
4,91 |
5,893 |
6,785 |
7,86 |
8,667 |
9,592 |
RFS |
0,661 |
1,696 |
2,678 |
3,568 |
4,068 |
4,754 |
5,565 |
5,846 |
5,391 |
JFQA |
0,288 |
0,912 |
1,704 |
2,427 |
2,773 |
3,235 |
3,669 |
4,154 |
4,181 |
MF |
0,397 |
0,829 |
1,744 |
1,975 |
2,387 |
2,734 |
3,045 |
3,402 |
3,714 |
JFM |
0,415 |
0,881 |
1,695 |
1,992 |
2,042 |
2,364 |
2,669 |
3,169 |
3,263 |
JFI |
0,364 |
0,783 |
1,273 |
1,797 |
2,322 |
2,364 |
2,797 |
2,979 |
3,259 |
JEF |
0,2 |
0,585 |
1,19 |
1,732 |
2,22 |
2,537 |
2,79 |
2,702 |
2,829 |
JCF |
0,14 |
0,541 |
1,14 |
1,366 |
1,942 |
2,39 |
2,75 |
2,965 |
3,145 |
JBF |
0,305 |
0,567 |
1,131 |
1,618 |
1,943 |
2,296 |
2,367 |
2,545 |
2,713 |
Outros |
0,078 |
0,234 |
0,409 |
0,532 |
0,612 |
0,671 |
0,71 |
0,741 |
0,775 |
Total |
0,195 |
0,563 |
0,969 |
1,298 |
1,524 |
1,732 |
1,93 |
2,082 |
2,192 |
Fonte: os autores.
538
A probabilidade de ser citado nas revistas...
É possível perceber que, para as revistas no topo do ranking da Tabela 2 (JOF, JFE), o número médio de citações recebidas cresce até o oitavo ano. Nas ou- tras revistas, o número de citações pode começar a cair antes. Na RFS, por exemplo, os artigos tiveram (em média) uma queda no número de citações entre o sétimo e o oitavo anos. A revista JEF teve uma oscilação negativa do sexto para o sétimo ano, e um leve aumento do número médio das citações do sétimo para o oitavo ano.
Foram encontrados 51 artigos com mais de 200 citações no período analisado, apresentados de forma resumida no Quadro 2. Destes, 53% pertencem à JOF, 31% à JFE e 8% à RFS. MF, JBF, JFM e JFI tiveram apenas um artigo pu- blicado entre os mais citados. O artigo mais citado foi da revista JOF.
Entre os autores,
Na Tabela 5, são apresentadas as áreas de finanças mais abordadas pelos artigos mais citados.
Tabela 5 Áreas de finanças dos artigos mais citados
|
Áreas de finanças de acordo com os códigos da JEL |
Freq. |
|
% |
|
|
|
|
|
G0 |
- General |
|
11 |
21,57 |
G1 |
- General Financial Markets |
|
30 |
58,82 |
G2 |
- Financial Institutions and Services |
|
9 |
17,65 |
G3 |
- Corporate Finance and Governance |
|
24 |
47,06 |
|
|
|
|
|
Fonte: os autores.
A área de finanças mais presente entre os 51 artigos mais citados foi a General Financial Markets, presente em 58,82% dos artigos analisados. A segunda área de maior destaque foi sobre Corporate Finance and Governance, abordada por 47,06% dos artigos. É importante reforçar que cada artigo poderia pertencer a mais de uma área diferente; por esse motivo, a pircentagem exposta ultrapassa os 100%. Os cinco artigos mais citados abordaram a área de Corporate Finance and Governance, e os dois artigos mais citados também abordam a área de Financial Institutions and Services. A área de General Financial Markets foi abordada também pelo quarto e quinto artigos mais citados.
2014 .maio/ago
539
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Marcelo Machado de Freitas et al.
Quadro 2 – Os artigos com mais de 300 citações nos oito primeiros anos após o ano de sua publicação
|
Cita- |
Revista |
Título |
Autores |
Ano |
|
ções |
||||
|
|
|
|
|
|
|
603 |
Journal of Finance |
Corporate ownership around the world |
La Porta R., |
1999 |
|
|
|
|
|
|
|
521 |
Journal of Finance |
A survey of corporate governance |
Shleifer A., Vishny R. W. |
1997 |
|
|
|
|
|
|
|
462 |
Journal of Financial Economics |
Earnings management and investor protection: An |
Leuz C., Nanda D., Wysocki P. D. |
2003 |
|
|
|
international comparison |
|
|
|
435 |
Journal of Finance |
Legal determinants of external finance |
La Porta R., |
1997 |
|
423 |
Journal of Finance |
Investor protection and corporate valuation |
La Porta R., |
2002 |
|
417 |
Journal of Finance |
Anderson R. C., Reeb D. M. |
2003 |
|
|
|
|
mance: Evidence from the S&P 500 |
|
|
|
389 |
Mathematical Finance |
Coherent measures of risk |
Artzner P., Delbaen F., Eber |
1999 |
|
|
|
|
|
|
|
376 |
Journal of Financial Economics |
Investor protection and corporate governance |
La Porta R., |
2000 |
|
|
|
|
|
|
|
375 |
Journal of Finance |
Private Benefits of Control: An International |
Dyck A., Zingales L. |
2004 |
|
|
|
Comparison |
|
|
|
374 |
Journal of Financial Economics |
The great reversals: The politics of financial develop- |
Rajan R. G., Zingales L. |
2003 |
|
|
|
ment in the twentieth century |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
370 |
Journal of Finance |
Disentangling the incentive and entrenchment effects |
Claessens S., Djankov S., Fan J. P. H., Lang L. H. P. |
2002 |
|
|
|
of large shareholdings |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
343 |
Journal of Financial Economics |
The separation of ownership and control in East |
Claessens S., Djankov S., Lang L. H. P. |
2000 |
|
|
|
Asian Corporations |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
339 |
Journal of Financial Economics |
The theory and practice of corporate finance: |
Graham J. R., Harvey C. R. |
2001 |
|
|
|
Evidence from the field |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
330 |
Journal of Banking and Finance |
Conditional |
Rockafellar R. T., Uryasev S. |
2002 |
|
|
|
tions |
|
|
|
325 |
Journal of Financial Economics |
The ultimate ownership of Western European corpo- |
Faccio M., Lang L. H. P. |
2002 |
|
|
|
rations |
|
|
|
324 |
Journal of Finance |
No contagion, only interdependence: Measuring |
Forbes K. J., Rigobon R. |
2002 |
|
|
|
stock market comovements |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
320 |
Journal of Finance |
Information and the cost of capital |
Easley D., O’Hara M. |
2004 |
|
|
|
|
|
|
|
313 |
Journal of Financial Economics |
Market efficiency, |
Fama E. F. |
1998 |
|
|
|
finance |
|
|
|
311 |
Review of Financial Studies |
Valuing American options by simulation: A simple |
Longstaff F. A., Schwartz E. S. |
2001 |
|
|
|
|
|
|
|
Fonte: os autores. |
|
|
|
A probabilidade de ser citado nas revistas...
5 CONCLUSÃO
O trabalho apresentou uma base considerável para definir quais são, atualmente, as principais revistas de finanças. Os resultados
JOF mostrou que durante o período analisado, todos os artigos ali pu- blicados foram citados ao menos uma vez. É evidente que isso não significa que, se determinado autor publicar na JOF ele será automaticamente citado. Isso pode significar que: ou o processo de seleção de artigos da JOF é rigoroso o suficien- te para que todos os artigos publicados sejam minimamente relevantes, ou esse periódico possui um número de leitores grande o suficiente para que pelo menos um leitor considere que determinado artigo é relevante. Tal revista publicou 745 artigos no período; a JFE, segunda colocada do ranking, publicou no período 522 artigos. Entretanto, não foi observada nenhuma relação entre a qualidade da re- vista e a quantidade de publicações, ficando em aberto a questão se é mais impor- tante para as revistas terem muitos artigos publicados com um número razoável de citações ou poucos artigos publicados com muitas citações.
Com exceção da JOF, todas as revistas nas 10 primeiras posições do ranking da Tabela 3 apresentam pelo menos três artigos que não receberam nenhu- ma citação. Esse resultado sugere que os artigos não são citados somente pelo fato de serem publicados em determinadas revistas. O público acadêmico provavelmen- te é qualificado o suficiente para identificar e citar os artigos mais relevantes.
Os resultados mostram que 76,29% de todos os artigos receberam pelo menos uma citação cada, podendo demonstrar que, de maneira geral, as publica- ções na área de Finanças têm mais chance de receber pelo menos uma citação do que não receber nenhuma. Em contrapartida, apenas 5,56% dos artigos recebe- ram mais do que 51 citações.
O topo do ranking foi composto pela JOF (média de 61 citações), JFE (média de 50 citações), RFS (média de 34 citações), JFQA (média de 23 citações) e MF (média de 20 citações). É interessante notar que as duas primeiras revistas se mostram bem à frente da terceira colocada, podendo demonstrar que ambas têm um maior impacto ao meio acadêmico do que a RFS. Entretanto, alguns
2014 .maio/ago
541
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Marcelo Machado de Freitas et al.
outros estudos que utilizam outra metodologia de análise apontam a RFS como a segunda colocada do ranking (CHENG; HUANG, 2007; CURRIE; PADHER, 2011), o que abre questionamentos acerca de qual método se aproxima mais da real qualidade das revistas. Com o mesmo raciocínio, a JBF que ficou em décima colocada no ranking, recebeu em média 15 citações no período, podendo levar ao imprudente entendimento de que a JOF e a JFE são revistas que possuem quali- dade muito superior à JBF.
A análise dos artigos de acordo com as classificações proposta por JEL é uma facilitadora na identificação das áreas das pesquisas acadêmicas, entretan- to, pode ser necessário que estas áreas sejam mais ampliadas (não se restringindo a somente quatro áreas de finanças) e que outros estudos tentem fazer classifica- ções mais específicas e/ou que métodos paralelos a este sejam utilizados para dar maior amplitude aos resultados.
Os resultados deste trabalho sugerem que a JOF é uma revista de desta- que no cenário de finanças quando avaliada por meio do método de contagem de citações. A revista possui a maior média de citações por artigo, um alto número de publicações, o artigo mais citado e todos os seus artigos no período receberam pelo menos uma citação. Além da JOF, os resultados sugerem que existem outras revis- tas que oportunizam aos pesquisadores uma grande chance de seus artigos serem citados, como a JFE, RFS, JFQA e MF, em que mais de 96% dos seus artigos recebe- ram ao menos uma citação. Por outro lado, existem algumas revistas nas quais mais de 80% dos seus artigos não receberam sequer uma citação, como é o caso da FU.
O método de contagem de citações sugere que existe uma grande discre- pância entre a qualidade de revistas, a qual não é demonstrada por outros trabalhos.
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The probability of being cited in international journals of finance: an citation analysis
Abstract
The purpose of this paper was to identify those international journals of finance which offer authors the greatest chance of having their work cited. This was based on papers published between 1996 and 2004, by analyzing the number of citations for those papers up to 2012. Furthermore, a ranking of journals and papers was developed. Data for the study were extracted from the Scopus database. To characterize journals that concern finance, only those journals which contain finance or financial in their titles were consid- ered. The Journal of Finance (JOF) was the only journal of which all papers had at least one citation. In contrast, 80.42% of papers published in Finance a Uver (FU) received no citation. The JOF also achieved the highest citation average, with approximately 61 citations per paper. This was followed by the Journal of Financial Economics (JFE), with approximately 50 citations per paper, and the Review of Financial Studies (RFS), with approximately 34 citations per paper. 51 papers received more than 200 citations, and 92% of those papers were written by more than one author. This analysis concluded that this method of measuring journal citations enables an understanding of which inter- national journals of finance offer authors a greater chance of having their work cited.
Keywords: Citation. Avaliation. Research.
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Recebido em 02 de dezembro de 2013
Aceito em 26 de março de 2014
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