EVIDENCIAÇÃO AMBIENTAL VOLUNTÁRIA DE
COMPANHIAS LISTADAS NO ÍNDICE CARBONO
EFICIENTE DA BM&FBOVESPA
Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo*
Geovanne Dias de Moura**
Vanderlei Gollo***
Roberto Carlos Klann****
Resumo
O estudo objetivou analisar quais informações ambientais voluntárias são mais
evidenciadas pelas companhias abertas listadas no Índice Carbono Eficiente
(ICO2) da BM&FBovespa. Para tal, realizou-se uma pesquisa descritiva, condu-
zida por meio de análise documental e abordagem quantitativa dos dados, em
uma amostra que compreendeu 34 companhias. A identificação das práticas de
evidenciação ambiental voluntária ocorreu de acordo com o estudo de Murcia et
al. (2008), que elaborou um índice composto por oito dimensões objetivando ava-
liar as práticas ambientais, entre elas: políticas ambientais; sistemas de gerencia-
mento ambiental; impactos dos produtos e processos no meio ambiente; energia;
informações financeiras ambientais; educação, treinamento e pesquisa; mercado
de créditos de carbono e outras informações ambientais. O pressuposto deste es-
tudo é que uma maior evidenciação ambiental voluntária contribui para que as
companhias sejam vistas como organizações mais transparentes e úteis perante a
sociedade. Os resultados evidenciaram que entre as oito dimensões, as informa-
ções sobre créditos de carbono se destacaram com maior nível de evidenciação.
______________
* Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis e Administração da Universidade
Regional de Blumenau; Rua Antônio da Veiga, 140, Victor Konder, 89012-500, Blumenau, SC;
francymacedo2011@gmail.com
** Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis e Administração da
Universidade Regional de Blumenau; geomoura@terra.com.br
*** Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Regional de
Blumenau; vand_gollo@hotmail.com
**** Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Regional de
Blumenau; rklann@furb.br
329
Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo et al.
Por outro lado, constatou-se que as informações sobre impactos dos produtos e
processos no meio ambiente foram as menos evidenciadas.
Palavras-chave: Evidenciação ambiental voluntária. Companhias abertas. Índice
carbono eficiente da BM&FBovespa.
1 INTRODUÇÃO
A evidenciação de informações, segundo Iudícibus (2004), além de ser
extremamente importante, está diretamente ligada ao objetivo que possui a con-
tabilidade de garantir informações aos diversos usuários. O autor menciona tam-
bém que a evidenciação pode ser uma alternativa para a contabilidade diminuir
falhas de informações, principalmente no que se refere à demanda externa.
Assim, a cada dia as empresas passam a evidenciar mais informações
para atender aos órgãos reguladores (evidenciação compulsória), ou para demons-
trar maior transparência na sua administração (evidenciação voluntária). Nesse
sentido, Goulart (2003, p. 59) menciona que as companhias não devem ficar res-
tritas “[...] apenas às informações requeridas em lei, transmitindo também in-
formações que, mesmo não sendo compulsórias, colaboram para que o público
constitua uma visão correta sobre a realidade empresarial”. O autor relata, ainda,
que as empresas podem evidenciar informações voluntárias por princípios éticos
de transparência e equidade.
A Teoria da Evidenciação geralmente sugere que a evidenciação volun-
tária ocorrerá se os custos da empresa para a divulgação e os incentivos do agente
para reter a informação forem inferiores aos benefícios da divulgação (VERREC-
CHIA, 2001; PETERS; ROMI, 2013). Para Malacrida e Yamamoto (2006), o que
influencia um maior nível de evidenciação voluntária por parte das empresas é,
também, a possível repercussão positiva das informações no mercado de valores
mobiliários, que podem contribuir para melhor avaliação financeira da empresa.
No que se refere à evidenciação de informações voluntárias no Brasil,
uma das áreas em que se pode observar um aumento no volume de informações di-
vulgadas pelas companhias é a ambiental (BRAGA; SALOTTI, 2008; MACÊDO
et al., 2013). A evidenciação ambiental voluntária, além de aumentar a transpa-
rência, também contribui para que as organizações sejam percebidas como mais
responsáveis e úteis à sociedade. Assim, tornam-se menos propensas a consequ-
ências negativas de grupos de stakeholders, como ativistas, agências governamen-
330
Evidenciação ambiental voluntária...
tais e mídia, e, por consequência, acabam adquirindo maior legitimidade perante
a sociedade (LIVESEY; KEARINS, 2002; BANSAL; CLELLAND, 2004).
Diante disso, a questão-problema que norteia este estudo é: Quais in-
formações ambientais voluntárias são mais evidenciadas pelas companhias lista-
das no ICO2 da BM&FBovespa? Nessa perspectiva, o objetivo do estudo consiste
em analisar quais informações ambientais voluntárias são mais evidenciadas pe-
las companhias abertas listadas no ICO2 da BM&FBovespa.
No Brasil, pesquisadores têm investigado, principalmente, fatores ca-
pazes de influenciar o nível de evidenciação ambiental voluntária, como o ta-
manho da companhia (BRAGA; SALOTTI, 2008; MURCIA et al., 2008; MUR-
CIA; SANTOS; SOUZA, 2009; ROVER et al., 2009); participação no Índice de
Sustentabilidade Ambiental da BM&FBovespa (MURCIA et al., 2008; ROVER
et al., 2009; MURCIA; SANTOS; SOUZA, 2009); natureza da atividade (BRA-
GA; SALOTTI, 2008;); empresa de auditoria (MURCIA et al., 2008; ROVER
et al., 2009); governança corporativa (BRAGA; OLIVEIRA; SALOTTI, 2009;
MACÊDO et al., 2013). No entanto, pouca atenção tem sido fornecida à análise de
quais informações ambientais são mais evidenciadas pelas companhias.
Dessa forma, o estudo torna-se relevante, pois contribui para fortalecer
o entendimento sobre o tema no cenário brasileiro. Justifica-se, também, em vir-
tude da crescente visibilidade e interesse que a evidenciação ambiental voluntária
vem despertando no meio empresarial e acadêmico, evidenciada em pesquisas
realizadas ao longo do tempo em diferentes países, como a Nova Zelândia (HA-
CKSTON; MILNE, 1996); os Estados Unidos e o Canadá (BEWLEY, 1998), os
países europeus (ADAMS; HILL; ROBERTS, 1998), os países da África (DE
VILLIERS; VAN STADEN, 2006), o Brasil (CALIXTO, 2007; MURCIA et al.,
2008; ROVER et al., 2009; MACÊDO et al., 2013), entre outros.
2 EVIDENCIAÇÃO VOLUNTÁRIA DE INFORMAÇÕES AMBIENTAIS
A década de 1990 testemunhou um renascimento generalizado de pes-
quisas acadêmicas voltadas à responsabilidade social corporativa. Essa realidade
continua presente em pesquisas realizadas no século XXI (ELKINGTON, 2001;
O’DWYER; UNERMAN; BRADLEY, 2005; DEEGAN, 2006; RUPLEY; BRO-
WN; MARSHALL, 2012; PETERS; ROMI, 2013).
Entretanto, embora o início do século XXI tenha registrado mudanças
no ambiente corporativo e muitas empresas agora façam divulgações mais abran-
331
Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo et al.
gentes e voluntárias sobre meio ambiente, sustentabilidade empresarial e ativida-
des de responsabilidade social (RAIBORN; BUTLER; MASSOUD, 2011), a divul-
gação de informações ambientais ainda é considerada um processo voluntário. Na
melhor das hipóteses, ela é apenas parcialmente refletida nas demonstrações finan-
ceiras atuais e em divulgações de relatórios ambientais da maioria das empresas e
em países de todo o mundo (RAIBORN; BUTLER; MASSOUD, 2011; RUPLEY;
BROWN; MARSHALL, 2012; GUIDRY; PATTEN, 2012). Por isso, a literatura
empírica crescente sugere que os programas de divulgação ambiental sejam obri-
gatórios, pois levariam a um melhor desempenho ambiental (KIM; LYON, 2011).
Ademais, como destacado por Raiborn, Butler e Massoud (2011), os
entraves para se efetivar o processo de divulgação ambiental são inúmeros. Por
exemplo, os sistemas de contabilidade financeira, muitas vezes, não conseguem
divulgar plenamente os custos relacionados com o ambiente, entre outras difi-
culdades, em virtude da estrutura do plano de contas da empresa. Esse cenário se
assemelha inclusive aos problemas enfrentados pelos gestores na hora de deter-
minar os custos de produção dos produtos.
Os relatórios ambientais das empresas atuam como um transmissor de
dados ambientais, elaborados com o fito de satisfazer as exigências de prestação
de contas dos diversos stakeholders, bem como para evidenciar os caminhos trilha-
dos pela empresa no que concerne às questões ambientais (SUMIANI; HASLIN-
DA; LEHMAN, 2007).
Raiborn, Butler e Massoud (2011) pontuam que os gestores e as partes
interessadas estão cada vez mais conscientes da importância do impacto ambien-
tal das operações de uma empresa ao avaliar o risco e tentar determinar rentabi-
lidade futura.
Marshall, Brown e Plumlee (2007), Clarkson et al. (2008) e Iatridis
(2013) esclarecem que as divulgações e os relatórios ambientais voluntários deve-
rão incluir informações sobre a capacidade financeira da empresa, operações am-
bientalmente sensíveis, participação acionária, riscos ambientais e compromissos
anteriores com grupos ambientais.
Desta feita, percebe-se que as empresas dependem cada vez mais de
divulgações ambientais voluntárias para atender às demandas das partes inte-
ressadas no que compete aos requisitos exigidos para que seja enquadrada como
transparente (SLAYTER, 2009) e tenham suas práticas legitimadas pela socie-
dade. Além do mais, a Rede Internacional de Governança Corporativa ponderou
serem as divulgações sobre o ambiente importantes para os investidores quando
332
Evidenciação ambiental voluntária...
da avaliação do valor das empresas, análise das perspectivas futuras, bem como
da constatação de oportunidades e riscos organizacionais (RUPLEY; BROWN;
MARSHALL, 2012).
Assim, infere-se que a divulgação ambiental nos relatórios financeiros
tornou-se “[...] um instrumento de ampla política pública, utilizada para proteger
o público e para melhorar o desempenho dos negócios” (NORTH AMERICAN
COMMISSION FOR ENVIRONMENTAL COOPERATION, 2003, p. 2).
3 ESTUDOS ANTERIORES SOBRE EVIDENCIAÇÃO VOLUNTÁRIA
AMBIENTAL
A seguir, estão descritos alguns estudos similares que, também, ana-
lisaram a evidenciação voluntária ambiental em companhias abertas, iniciando
pela pesquisa de Murcia et al. (2008), que analisaram a divulgação voluntária
ambiental de empresas pertencentes a setores de alto impacto ambiental listadas
na Bovespa no ano de 2006. Os autores verificaram a relação entre notícia (boa,
ruim ou neutra), evidência (declarativa, quantitativa monetária ou quantitativa
não monetária) e veículo de divulgação (relatório da administração, demonstra-
ções contábeis ou notas explicativas). Para isso, utilizaram técnicas de análise de
correspondência simples (Anacor) e múltipla (Homals). Em seguida, com o fito
de explicar o disclosure, identificaram os fatores que explicavam a evidenciação
voluntária, tudo isso por meio das técnicas estatísticas de análise fatorial e de
regressão múltipla. Testaram seis hipóteses relacionadas ao tamanho da empre-
sa, à rentabilidade, ao endividamento, à empresa de auditoria, à participação no
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e à internacionalização. Ao final,
os resultados demonstraram que existia relação entre a informação ambiental
apresentada de forma declarativa com uma notícia boa, divulgada no relatório
da administração. A análise de regressão confirmou que o fator ‘tamanho’ e as
variáveis ‘empresa de auditoria’ e ‘participação no ISE’ eram relevantes em nível
de significância de 5% para a explicação do disclosure voluntário ambiental nas
demonstrações contábeis.
Rupley, Brown e Marshall (2012) utilizaram uma lente da governan-
ça multi multistakeholder para investigar os atributos específicos da governança e
testar se estes atributos estavam relacionados à qualidade das Divulgações Am-
bientais Voluntárias (DAVs). Os autores examinaram a associação da qualidade
da divulgação ambiental com as partes interessadas, além da relação entre os as-
333
Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo et al.
pectos específicos da governança e a cobertura da mídia e da qualidade da Divul-
gação Ambiental Voluntária (DAV). Para isso, utilizaram uma amostra de 127
companhias abertas americanas ao longo de um período de seis anos (2000-2005)
e testaram, empiricamente, características da governança e da mídia em relação
à DAV. Os resultados sugeriram que a qualidade da DAV estava positivamente
associada à cobertura da mídia ambiental, meios ambientais negativos e atributos
do conselho de independência, diversidade e especialização. Já os resultados da
análise suplementar sugeriram que os investidores institucionais exerciam influ-
ência sobre as decisões gerenciais em relatórios ambientais apenas em face dos
meios ambientais negativos. Além disso, os resultados das análises longitudinais
indicaram que a qualidade de dados ambientais aumentava ao longo do tempo.
Iatridis (2013) investigou a relação entre a qualidade da divulgação
ambiental e da governança corporativa, além de examinar o grau em que as di-
vulgações ambientais eficazes eram de valor relevante e como elas influenciavam
a percepção dos investidores. O autor examinou os atributos financeiros de 529
companhias abertas que negociavam ações na Bolsa da Malásia pertencentes a in-
dústrias que eram ambientalmente sensíveis e tinham diferentes graus de divul-
gação ambiental. O período de investigação foi de 2005-2011. Informações sobre
o desempenho ambiental foram coletadas dos relatórios anuais e sítios eletrônicos
das empresas. As hipóteses da pesquisa foram testadas utilizando a análise de
regressão OLS. Os resultados do estudo mostraram que a divulgação ambiental
estava positivamente associada ao desempenho ambiental. Observou-se que atri-
butos da empresa como a necessidade de capital, rentabilidade e gastos de capital
estavam associados positivamente com a qualidade da divulgação ambiental. Foi
verificado, também, que as divulgações ambientais de alta qualidade tinham va-
lor relevante e melhoravam a percepção dos investidores.
Macêdo et al. (2013) analisaram a relação entre a evidenciação ambien-
tal voluntária e a adoção de práticas de governança corporativa nas cinco maiores
empresas de cada setor econômico da Bolsa de Valores Mercadorias e Futuros do
Estado de São Paulo (BM&FBovespa). A amostra compreendeu as cinco maiores
empresas de cada setor econômico da BM&FBovespa, totalizando 50 empresas.
Para a análise dos dados, os autores utilizaram medidas de estatísticas descritivas
(médias, mínimos, máximos e desvio padrão) e análise de correlação de Pearson.
Em relação às evidenciações ambientais voluntárias, captadas de acordo com o ín-
dice elaborado por Murcia et al. (2008), obtiveram um índice médio de evidencia-
ção de 65%, muito distante de 100%, com destaque para as empresas dos setores
334
Evidenciação ambiental voluntária...
de bens industriais, financeiro e de telecomunicações. Em relação às práticas de
governança corporativa, captadas de acordo com o índice elaborado por Silveira
(2004), obtiveram um índice médio de 72%. Verificaram também uma forte cor-
relação positiva e significativa entre evidenciação ambiental voluntária e práticas
de governança corporativa nas companhias. Por fim, concluíram que a adoção
de um conjunto maior de práticas de governança corporativa contribuía para o
aumento da evidenciação de informações relacionadas às práticas ambientais nas
empresas analisadas.
Nota-se que o foco principal nas pesquisas apresentadas se encontra,
principalmente, na identificação dos fatores que podem influenciar no nível de
evidenciação ambiental voluntária, no entanto, pouca atenção é dada à análise de
quais informações ambientais foram evidenciadas em maiores ou menores pro-
porções pelas companhias que foram pesquisadas.
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Diante do objetivo proposto para o estudo de analisar quais informa-
ções ambientais voluntárias foram mais evidenciadas pelas companhias abertas
listadas no ICO2 da BM&FBovespa, adotou-se como abordagem metodológica a
pesquisa de natureza descritiva, realizada por meio de análise documental e com
abordagem quantitativa dos dados.
4.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população objeto do estudo é composta pelas companhias abertas lis-
tadas na BM&FBovespa. A amostra é considerada intencional não probabilística,
compreendendo 36 companhias que fazem parte do Índice Carbono Eficiente (ICO2)
da BM&FBovespa. No entanto, duas companhias não tinham relatórios disponíveis
para a coleta das informações necessárias e, por isso, foram excluídas. Assim, a amos-
tra estudada compõe-se de 34 companhias abertas participantes do ICO2.
Estas companhias foram selecionadas para a pesquisa porque adotam
práticas transparentes em relação às suas emissões de gases efeito estufa. Outra
justificativa para a amostra se refere ao fato de que nela existem empresas de di-
ferentes setores econômicos e de diferentes níveis de governança corporativa da
BM&FBovespa, fatores que permitem realizar diferentes tipos de análise.
335
Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo et al.
4.2 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
O constructo utilizado para a coleta de dados foi desenvolvido por Mur-
cia et al. (2008). O índice foi elaborado, segundo os autores, a partir dos estudos
de Gray, Kouhy e Lavers (1995), Hackston e Milne (1996), Nossa (2002), Yusoff,
Lehman e Nasir (2006) e Lima (2007). O Quadro 1 contempla as 8 categorias e as
36 informações que deveriam ser divulgadas pelas companhias.
Quadro 1 - Dimensões do índice de evidenciação ambiental voluntária
(continua)
Categorias
N.
Subcategorias
1
Declaração das políticas/práticas/ações atuais e futuras
2
Estabelecimento de metas e objetivos ambientais
1 - Políticas
Declaração indicando que a empresa está em obediência (compliance) com
3
ambientais
as leis, licenças, normas e órgãos ambientais
4
Parcerias ambientais
5
Prêmios e participações em índices ambientais
6
ISOs 9000 e/ou 14.000
2 - Sistemas de
gerenciamento
7
Auditoria ambiental
ambiental
8
Gestão ambiental
9
Desperdícios/resíduos
10
Processo de acondicionamento (embalagem)
11
Reciclagem
3 - Impactos
dos produtos
12
Desenvolvimento de produtos ecológicos
e processos no
13
Impacto na área de terra utilizada
meio ambiente
14
Uso eficiente/reutilização de água
15
Vazamentos e derramamentos
16
Reparos aos danos ambientais
17
Conservação e/ou utilização mais eficiente nas operações
18
Utilização de materiais desperdiçados na produção de energia
4 - Energia
19
Discussão sobre a preocupação com a possível falta de energia
20
Desenvolvimento/exploração de novas fontes de energia
21
Investimentos ambientais
22
Custos/despesas ambientais
5 - Informações
23
Passivos/provisões ambientais
financeiras
ambientais
24
Práticas contábeis de itens ambientais
25
Seguro ambiental
26
Ativos ambientais tangíveis e intangíveis
336
Evidenciação ambiental voluntária...
(conclusão)
6 - Educação,
27
Educação ambiental (internamente e/ou comunidade)
treinamento e
28
Pesquisas relacionadas ao meio ambiente
pesquisas
29
Projetos de mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL)
7 - Mercado
30
Créditos de carbono
de créditos de
31
Emissão de gases do efeito estufa (GEE)
carbono
32
Certificados de emissões reduzidas (CER)
33
Qualquer menção sobre sustentabilidade/desenvolvimento sustentável
8 - Outras
34
Gerenciamento de florestas/reflorestamento
informações
ambientais
35
Conservação da biodiversidade
36
Stakeholders
Fonte: Murcia et al. (2008, p. 265).
Para verificar se estas informações foram evidenciadas ou não, realiza-
ram-se consultas nos sites das companhias, nos relatórios de referência, nas notas
explicativas e nos relatórios da administração. Destaca-se que os sites e os relató-
rios foram analisados individualmente, em cada companhia da amostra.
Para facilitar o processo de coleta, foram utilizadas planilhas do Micro-
soft Excel para tabular os dados. Todas as respostas foram binárias (0 e 1), sendo 1
para as informações evidenciadas pelas companhias da amostra e 0 para aquelas
informações não evidenciadas. Por exemplo, na questão 1, quando as companhias
declaravam “políticas/práticas/ações” ambientais, sejam atuais ou futuras, rece-
biam valor “1”, caso contrário, recebiam valor “0”.
Após a respectiva coleta de dados foi calculado no próprio Microsoft
Excel a entropia da informação, para cada uma das 8 categorias do índice de evi-
denciação. A entropia possibilitou identificar quais informações foram mais evi-
denciadas pelas companhias.
Na Figura 1, apresentam-se algumas etapas, descritas por Zeleny
(1982), como necessárias para alcançar a entropia da informação:
337
Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo et al.
Figura 1 - Etapas para o cálculo da entropia da informação
Fonte: os autores.
Quanto maior for o e(di), menor é a informação transmitida pelo i-ésimo
atributo. Caso e(di)=emax=Ln(m), então o i-ésimo atributo não transmite infor-
~
mação e pode ser removido da análise decisória. Em virtude do peso λi
ser in-
versamente relacionado à e(di), usa-se 1-e(di) ao invés de e(di) e se normaliza para
~
n
~
assegurar que 0
λ
i
1
e
λ
i
=1
i=1
Assim, a entropia da informação pode ser representada por:
~
1
[
1e
(
d
)]
i
λ
i
=
[
1e
(
d
)]
=
(1)
i
nE
n
E
~
Quanto maior for o peso (λi
) da questão, mais distante de 1 será o e(di),
indicando que haverá maior entropia. No caso deste estudo, quando os valores de
entropia, ou seja, os e(di), estiverem distantes de 1, significa que haverá maior dis-
persão de informação, sinalizando que existem companhias que não divulgaram
a informação ambiental voluntária analisada.
338
Evidenciação ambiental voluntária...
5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Esta seção contém a descrição e a análise dos resultados organizados
pelas oito categorias de evidenciação ambiental voluntária captadas de acordo
com o índice elaborado por Murcia et al. (2008). A análise apresenta o resultado
da entropia da informação das 36 questões que compõem as categorias, a fim de
verificar se as companhias realmente estão possibilitando que os usuários tenham
maior acesso à informação e a o conhecimento sobre as ações ambientais.
A primeira análise foi efetuada em relação às cinco subcategorias ini-
ciais do índice de Murcia et al. (2008), que compõem a dimensão denominada
políticas ambientais, conforme apresentado na Tabela 1:
Tabela 1 - Entropia informacional da dimensão políticas ambientais
Peso da
N.
Dimensão 1 - Políticas ambientais
Entropia e(di)
questão
1
Declaração das políticas/práticas/ações atuais e futuras
0,9970
0,0270
2
Estabelecimento de metas e objetivos ambientais
0,9406
0,5330
Declaração indicando que a empresa está em obediên-
3
cia (compliance) com as leis, licenças, normas e órgãos
0,9944
0,0505
ambientais
4
Parcerias ambientais
0,9566
0,3895
5
Prêmios e participações em índices ambientais
-
-
Total
4,8886
1,0000
Fonte: os autores.
Observa-se na Tabela 1 que uma prática de evidenciação se apresenta
com valor de entropia vazio. Isso ocorre pelo fato de ter atingido o valor mais
elevado de e(di), ou seja, equivalente a 1. No caso da prática n. 5, referente à evi-
denciação voluntária sobre a informação de prêmios e participações em índices
ambientais, obteve-se a máxima entropia e(di) = 1. Esse resultado indica que as
34 companhias da amostra evidenciaram esta informação. Portanto, nessa dimen-
são, esta informação é a mais evidenciada.
É importante destacar que a divulgação de informações ambientais de
qualidade proporciona maior nível de transparência e melhora da reputação so-
cial (PATEL; BALIC; BWAKIRA, 2002; DEEGAN, 2006). Também contribui
para que as companhias sejam vistas como organizações mais responsáveis e úteis
à sociedade.
339
Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo et al.
Nota-se também, na Tabela 1, que os maiores e(di) iguais a 0,9970 e
0,9944 encontram-se nas subcategorias n. 1 (declaração das políticas/práticas/
ações atuais e futuras) e n. 3 (declarações indicando que a empresa está em obe-
diência (compliance) com as leis, licenças, normas e órgãos ambientais). Significa
dizer que há baixa entropia, ou seja, praticamente todas as companhias eviden-
ciavam essas informações. Todavia, assim como a subcategoria n. 5, também, são
as mais evidenciadas dessa dimensão.
As práticas n. 2 (estabelecimento de metas e objetivos ambientais) e n.
4 (parcerias ambientais) apresentaram os menores e(di) = 0,9406 e 0,9566, res-
~
pectivamente, consequentemente resultando nos maiores pesos (λi
) = 0,5330
e 0,895. Assim, essas subcategorias apresentaram maior dispersão da informa-
ção, sinalizando que estas informações não estão sendo evidenciadas por algumas
companhias ou, ainda, elas não realizavam essas ações ambientais.
Na sequência, estão evidenciados na Tabela 2 os resultados do cálculo
da entropia das subcategorias da segunda dimensão, denominada sistemas de ge-
renciamento ambiental.
Tabela 2 - Entropia informacional da dimensão sistemas de gerenciamento ambiental
Entropia
Peso da
N.
Dimensão 2 - Sistemas de gerenciamento ambiental
e(di)
questão
6
ISOs 9000 e/ou 14.000
-
-
7
Auditoria ambiental
0,9685
0,6145
8
Gestão ambiental
0,9838
0,3855
Total
2,9723
1,0000
Fonte: os autores.
Nota-se na Tabela 2 que, novamente, uma das práticas atingiu o valor
mais elevado de e(di), ou seja, equivalente a 1. Trata-se da subcategoria n. 6, que
se refere à disponibilização da informação sobre ISOs 9000 e/ou 14.000. Assim,
tal resultado evidencia que as 34 companhias divulgaram essa informação. Logo,
nessa dimensão, tal informação é a mais evidenciada.
Destaca-se, também, a subcategoria n. 8, que trata da gestão ambiental.
É possível verificar que os e(di) estão próximos a 1 (0,9838). Nesse caso, signifi-
ca que a maioria das 34 companhias analisadas disponibiliza informações sobre
340
Evidenciação ambiental voluntária...
gestão ambiental no período pesquisado. Depreende-se, então, que essa prática
também é bastante evidenciada.
O menor e(di) = 0,9685 encontra-se na subcategoria n. 7 (auditoria
ambiental), sinalizando que esta informação não está sendo evidenciada por um
número maior de companhias.
Os cálculos da entropia das subcategorias da terceira dimensão, deno-
minada impactos dos produtos e processos no meio ambiente, são apresentados
na Tabela 3.
Tabela 3 - Entropia informacional da dimensão impactos dos produtos e processos no meio ambiente
Dimensão 3 - Impactos dos produtos e
N.
Entropia e(di)
Peso da questão
processos no meio ambiente
9
Desperdícios/Resíduos
0,9928
0,0495
10
Processo de acondicionamento (embalagem)
0,9975
0,0173
11
Reciclagem
0,9918
0,0569
12
Desenvolvimento de produtos ecológicos
0,9839
0,1108
13
Impacto na área de terra utilizada
0,9765
0,4386
14
Uso eficiente/reutilização de água
0,9742
0,2471
15
Vazamentos e derramamentos
0,9897
0,0709
16
Reparos aos danos ambientais
0,9987
0,0087
Total
7,8551
1,0000
Fonte: os autores.
Nota-se, na Tabela 3, que os maiores e(di) iguais a 0,9928, 09975 e
0,9918 se encontram nas subcategorias n. 9 (desperdícios/resíduos), n. 10 (proces-
so de acondicionamento (embalagem)) e n. 11 (reciclagem). Significa dizer que
há baixa entropia nessas subcategorias, porém, nesse caso, ocorreu o contrário. A
maioria das companhias não evidenciou estas informações. Portanto, elas são as
menos evidenciadas pelas companhias.
Destaca-se também na Tabela 2 que nenhuma subcategoria desse gru-
po atingiu a máxima entropia e(di) igual a 1. Caso tivesse atingido, não estaria
transmitindo nenhuma informação no grupo (ZELENY, 1982). De forma geral,
as questões da dimensão “impactos dos produtos e processos no meio ambiente”
apresentaram e(di) bastante próximas a 1, ou seja, ocorreu pouca variabilidade nas
práticas. Cabe ressaltar que para as questões de n. 12 a 14 também significa que a
maioria das companhias não evidenciou estas informações. Assim, tais informa-
ções ambientais são as menos evidenciadas pelas companhias da amostra.
341
Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo et al.
Na sequência, estão descritos os resultados do cálculo da entropia das
subcategorias da quarta dimensão, que se refere à energia:
Tabela 4 - Entropia informacional da dimensão energia
Entropia
Peso da
N.
Dimensão 4 - energia
e(di)
questão
17
Conservação e/ou utilização mais eficiente nas operações
0,9970
0,0233
18
Utilização de materiais desperdiçados na produção de energia
0,9683
0,2454
19
Discussão sobre a preocupação com a possível falta de energia
0,9651
0,2703
20
Desenvolvimento/exploração de novas fontes de energia
0,9404
0,4610
Total
3,8708
1,0000
Fonte: os autores.
Observando a Tabela 4, nota-se que a maioria das companhias disponi-
biliza informações sobre a conservação e/ou utilização mais eficiente da energia
em suas operações, pois nesta prática (n. 17) está o maior e(di), igual a 0,9970, e o
~
menor peso (λi
) = 0,0233.
Por outro lado, nota-se que o menor nível de evidenciação se refere
à prática n. 20 (desenvolvimento/exploração de novas fontes de energia), pois
esta subcategoria apresentou o e(di) = 0,9404 mais distante de 1. Essa prática de
evidenciação merece atenção por parte das companhias, em razão de que não é
adotada por muitas delas. Nesse caso, as companhias estão deixando de lado uma
importante alternativa que contribuiria para o aumento da transparência.
As práticas n. 18 (utilização de materiais desperdiçados na produção de
energia) e n. 19 (discussão sobre a preocupação com a possível falta de energia)
apresentaram e(di) muito próximas, equivalentes a 0,9683 e 0,9651, respectiva-
mente, sinalizando que estas informações também não são evidenciadas pela to-
talidade das companhias analisadas.
Destaca-se, ainda, que nenhuma subcategoria desse grupo atingiu a
máxima entropia, e(di) igual a 1. Na sequência, estão evidenciados os resultados
do cálculo da entropia das informações da quinta dimensão, denominada infor-
mações financeiras ambientais:
342
Evidenciação ambiental voluntária...
Tabela 5 - Entropia informacional da dimensão informações financeiras ambientais
Entropia
Peso da
N.
Dimensão 5 - Informações financeiras ambientais
e(di)
questão
21
Investimentos ambientais
0,9404
0,2763
22
Custos/despesas ambientais
0,9885
0,0533
23
Passivos/provisões ambientais
0,9796
0,0944
24
Práticas contábeis de itens ambientais
0,9427
0,2658
25
Seguro ambiental
0,9680
0,1486
26
Ativos ambientais tangíveis e intangíveis
0,9651
0,1616
Total
5,7843
1,0000
Fonte: os autores.
Verifica-se na Tabela 5 que os maiores e(di), iguais a 0,9885 e 0,9796 se
encontram nas subcategorias n. 22 (custos/despesas ambientais) e n. 23 (passivos/
provisões ambientais). Portanto, há baixa entropia, ou seja, a maioria das com-
panhias evidenciava estas informações. Consequentemente, elas são as que mais
contribuem para o aumento da transparência das ações ambientais.
As práticas n. 21 (investimentos ambientais) e n. 24 (práticas contábeis
de itens ambientais) apresentaram os menores e(di) = 0,9404 e 0,9427, respecti-
~
vamente, resultando nos maiores pesos (λi
) = 0,2763 e 0,2658. Portanto, estas
subcategorias apresentaram maior dispersão da informação, sinalizando que tais
informações também merecem atenção, pois muitas companhias não as estão
evidenciando ou, ainda, não realizavam essas ações ambientais.
As práticas n. 25 (seguro ambiental) e n. 26 (ativos ambientais tangíveis
e intangíveis) apresentaram e(di) praticamente equivalentes (0,9680 e 0,9651),
também, mais distantes de 1, sinalizando que estas informações não são eviden-
ciadas por um número significativo de companhias.
Novamente nenhuma subcategoria atingiu a máxima entropia, e(di)
igual a 1, nesta dimensão. Os cálculos da entropia das questões da sexta dimensão,
denominada educação, treinamento e pesquisas, são apresentados na Tabela 6.
343
Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo et al.
Tabela 6 - Entropia informacional da dimensão educação, treinamento e pesquisas
Entropia
Peso da
N.
Dimensão 6 - Educação, treinamento e pesquisas
e(di)
questão
27
Educação ambiental (internamente e/ou comunidade)
0,9404
0,5306
28
Pesquisas relacionadas ao meio ambiente
0,9473
0,4694
Total
1,8877
1,0000
Fonte: os autores.
É possível perceber na Tabela 6 que os e(di) das subcategorias n. 27
(educação ambiental (internamente e/ou comunidade)) e n. 28 (pesquisas relacio-
nadas ao meio ambiente) da sexta dimensão analisada apresentaram e(di) pratica-
mente equivalentes. O e(di) da subcategoria n. 27 foi de 0,9404 e da subcategoria
n. 28 de 0,9473.
Esse resultado demonstra que existem empresas listadas no ICO2 que
não evidenciaram nenhum tipo de informação relacionada a essas duas subcate-
gorias, também consideradas de extrema importância e que podem contribuir
para o aumento da transparência das companhias.
Na Tabela 7 são apresentados os cálculos da entropia das questões da
sétima dimensão, denominada mercado de créditos de carbono.
Tabela 7 - Entropia informacional da dimensão mercado de créditos de carbono
Entropia
Peso da
N.
Dimensão 7 - Mercado de créditos de carbono
e(di)
questão
29
Projetos de mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL)
0,9944
0,3055
30
Créditos de carbono
-
-
31
Emissão de gases do efeito estufa (GEE)
0,9921
0,4283
32
Certificados de emissões reduzidas (CER)
0,9951
0,2662
Total
3,9816
1,0000
Fonte: os autores.
Observa-se na Tabela 7 que uma das subcategorias (n. 30) apresentou
~
valor de entropia vazio, pelo fato de ter atingido e(di) equivalente a 1 e peso (λi
) = 0. Esse resultado indica que as 34 companhias evidenciaram informações
relacionadas a créditos de carbono. Então, na sétima dimensão, esta informação é
a que mais tem sido evidenciada.
344
Evidenciação ambiental voluntária...
De forma geral, as demais informações apresentam e(di) bastante próxi-
mos a 1. Portanto, infere-se que a maioria das companhias evidencia informações
sobre o mercado de créditos de carbono. Consequentemente, tais práticas também
estão contribuindo em maior proporção para a transparência das ações ambientais.
Cabe destacar, ainda, que as subcategorias dessa dimensão apresenta-
ram e(di) superiores aos das questões das dimensões anteriores, significando que
as informações relacionadas ao mercado de créditos de carbono são as que mais
tem sido evidenciadas pelas companhias da amostra. Na Tabela 8 são apresenta-
dos os cálculos da entropia das questões da última dimensão de análise, denomi-
nada outras informações ambientais.
Tabela 8 - Entropia informacional da dimensão outras informações ambientais
Entropia
Peso da
N.
Dimensão 8 - Outras informações ambientais
e(di)
questão
Qualquer menção sobre sustentabilidade/desenvolvimen-
33
-
-
to sustentável
34
Gerenciamento de florestas/reflorestamento
0,9449
0,5760
35
Conservação da biodiversidade
0,9650
0,3652
36
Stakeholders
0,9944
0,0588
Total
3,9043
1,0000
Fonte: os autores.
Nota-se na Tabela 8 que na oitava dimensão analisada, uma das sub-
categorias também apresentou valor de entropia vazio, pelo fato de ter atingido
~
e(di) equivalente a 1 e peso (λi
) = 0. Trata-se da subcategoria n. 33 (qualquer
menção sobre sustentabilidade/desenvolvimento sustentável). Então, o resultado
demonstra que as 34 companhias evidenciaram algum tipo de informação rela-
cionada a esse assunto.
Destaca-se também na Tabela 8 a prática n. 36 (stakeholders); é possível
verificar que o e(di) desta subcategoria ficou muito próximo a 1 (0,9944). Nesse caso,
significa que a maioria das companhias da amostra disponibilizou essa informação.
Negativamente, destacou-se a prática n. 34 (Gerenciamento de florestas/re-
florestamento), pois esta subcategoria apresentou o e(di) mais distantes de 1, equivalen-
~
te a 0,9449, com maior peso (λi
) = 0,5760. Essa prática de evidenciação também mere-
ce atenção por parte das companhias, em razão de que não é adotada por muitas delas.
345
Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo et al.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo objetivou analisar quais informações ambientais voluntárias são
mais evidenciadas pelas companhias abertas listadas no ICO2 da BM&FBovespa.
Para tal, realizou-se pesquisa descritiva, conduzida por meio de análise documental
e abordagem quantitativa dos dados, em uma amostra que compreendeu 34 compa-
nhias de diferentes níveis de governança corporativa, de diferentes setores econô-
micos da BM&FBovespa e que se encontram listadas no ICO2.
Em relação às cinco práticas iniciais do índice de Murcia et al. (2008), que
compõem a primeira dimensão denominada práticas de políticas ambientais, os re-
sultados revelaram que a evidenciação voluntária sobre a informação de prêmios e
participações em índices ambientais era a mais evidenciada. Também se destacaram
positivamente, nessa primeira dimensão, a declaração das políticas/práticas/ações
atuais e futuras e as declarações indicando que a empresa está em obediência (com-
pliance) com as leis, que se tratam de licenças, normas e órgãos ambientais.
Quanto à segunda dimensão, denominada sistemas de gerenciamento
ambiental, destacou-se a disponibilização da informação sobre ISOs 9000 e/ou
14.000, que foi evidenciada pelas 34 companhias da amostra. Destacou-se, tam-
bém, a subcategoria que trata da evidenciação sobre gestão ambiental. De modo
contrário, a informação menos evidenciada foi a relacionada à auditoria ambien-
tal, sinalizando que esta informação não está sendo evidenciada por um grande
número de companhias.
Sobre a terceira dimensão, constatou-se que a maioria das companhias
não disponibilizava as informações sobre impactos dos produtos e processos no
meio ambiente, principalmente, sobre desperdícios/resíduos, processo de acon-
dicionamento e informações sobre reciclagem. Portanto, estas informações são
menos evidenciadas e contribuem em menor proporção para o aumento da trans-
parência das ações ambientais.
No que se refere à quarta dimensão, denominada energia, foi possí-
vel verificar destaque nas informações sobre a conservação e/ou utilização mais
eficiente da energia nas operações. Por outro lado, notou-se que o menor nível
de evidenciação se referia à prática sobre desenvolvimento/exploração de novas
fontes de energia, não evidenciada por muitas companhias.
No que se refere à quinta dimensão, denominada informações financei-
ras ambientais, os resultados demonstram que a subcategoria que reflete a eviden-
346
Evidenciação ambiental voluntária...
ciação sobre custos/despesas ambientais e sobre passivos/provisões ambientais
eram as mais evidenciadas. Negativamente, destacaram-se as subcategorias sobre
investimentos ambientais e sobre práticas contábeis de itens ambientais, sinali-
zando que estas informações também merecem atenção, pois muitas companhias
não estavam evidenciando-as.
Na sexta dimensão, denominada educação, treinamento e pesquisas,
que era composta pelas subcategorias seguro ambiental e ativos ambientais tan-
gíveis e intangíveis, percebeu-se que o nível de evidenciação era equivalente,
porém, um pouco distante do ideal, sinalizando que tais informações não eram
evidenciadas por um número significativo de companhias.
Em relação às quatro práticas que compõem a sétima dimensão, os re-
sultados demonstraram que todas as companhias da amostra evidenciaram infor-
mações relacionadas a créditos de carbono. Então, na sétima dimensão, esta prá-
tica é a que mais tem sido evidenciada. De forma geral, os resultados apontaram
que a maioria das companhias está evidenciando informações sobre o mercado de
créditos de carbono. Consequentemente, tais práticas estão contribuindo para o
aumento da transparência das ações ambientais.
Por fim, quanto à oitava dimensão, denominada outras informações
ambientais, destacaram-se as subcategorias de n. 33 (qualquer menção sobre sus-
tentabilidade e/ou desenvolvimento sustentável) e também a subcategoria de n.
36 (stakeholders), pois a maioria das companhias da amostra disponibilizava esta
informação. Negativamente, destacou-se a subcategoria n. 34 (gerenciamento
de florestas/reflorestamento), que também merece atenção por parte das compa-
nhias, pois não é adotada por muitas delas.
De modo geral, é possível concluir que, entre as oito dimensões, as infor-
mações sobre créditos de carbono se destacaram com maior nível de evidenciação.
Cabe destacar que esse resultado é condizente ao fato de que todas as companhias
analisadas fazem parte do Índice Carbono Eficiente (ICO2) da BM&FBovespa.
Conclui-se ainda que muitas companhias não disponibilizavam muitas
das informações ambientais analisadas, o que prejudica o acesso à informação e ao
conhecimento sobre o processo de gestão ambiental das companhias. Isso fortalece
a sugestão de autores como Raiborn, Butler e Massoud (2011) e Kim e Lyon (2011),
por exemplo, de que programas de divulgação ambiental deveriam ser obrigatórios.
Entre as dimensões, constatou-se que as informações sobre impactos
dos produtos e processos no meio ambiente eram as menos evidenciadas. É im-
portante destacar que, ao não adotar práticas importantes como esta, as compa-
347
Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo et al.
nhias estão deixando de lado uma importante alternativa, que poderia contribuir
para o aumento da sua transparência e legitimidade perante o mercado, os inves-
tidores e a sociedade, conforme mencionam Marshall, Brown e Plumlee (2007),
Clarkson et al. (2008) e Iatridis (2013).
Os resultados deste estudo despertam interesse em novas pesquisas. Assim,
sugere-se analisar variáveis que possam estar relacionadas ao nível de evidenciação
ambiental voluntária das companhias abertas listadas no ICO2 da BM&FBovespa,
bem como fazer replicação deste estudo em outras companhias. Sugere-se, também,
um estudo comparativo ao longo do tempo para analisar a evolução quanto ao nível
de evidenciação ambiental voluntário das companhias do ICO2.
Environmental voluntary disclosure of listed companies carbon content in ef-
ficient BM&FBovespa
Abstract
The study aims to analyze environmental information which volunteers are more evidenced
by companies listed on the BM&FBovespa ICO2. To this end, we carried out descriptive re-
search conducted through document analysis and quantitative approach of data in a sample
comprised of 34 companies. The identification of environmental voluntary disclosure prac-
tices occurred according to the study of Murcia et al. (2008), who developed a composite
index based on eight dimensions which aim to assess the environmental practices, including:
environmental policy, environmental management systems; impacts of products and pro-
cesses in the environment, energy, environmental financial information, education, training
and research; market for carbon credits, other environmental information. The assumption
of this study is that the largest voluntary environmental disclosure helps companies to be seen
as organizations more transparent and useful to society. The results showed that among the
eight dimensions, information on carbon credits stood out with the highest level of disclosure.
On the other hand, it was found that information about the products and processes impact
on the environment were the least evidenced.
Keywords: Environmental voluntary disclosure. Public companies. Carbon efficient in-
dex BM&FBovespa.
348
Evidenciação ambiental voluntária...
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