SISTEMAS SETORIAIS DE INOVAÇÕES SUSTENTÁVEIS: CATEGORIAS DE ANÁLISE, TIPOLOGIAS E CLASSIFI- CAÇÕES PARA ANÁLISE

Andréa Torres Barros Batinga de Mendonça*

Ana Paula Mussi Szabo Cherobim**

Sieglinde Kindl da Cunha***

Resumo

Este ensaio teórico teve o objetivo de identificar prováveis categorias de análise integrando a inovação em sua perspectiva sistêmica e a sustentabilidade. Desta- cou-se a crescente discussão acerca da relação entre o desenvolvimento econô- mico e a sustentabilidade, principalmente, por meio do conceito emergente da ecoinovação, ainda sem consenso definido sobre definições, tipologias e medidas de mensuração. Foi possível fazer um cruzamento entre cinco categorias de aná- lise do Sistema Setorial de Inovação (SSI) (agentes, relações, limites e condições do sistema, conhecimentos, tecnologias e instituições), tipologias e aspectos de mensuração da ecoinovação, que resultou em categorias de análise para pesquisas futuras relacionadas ao tema, buscando testar de forma empírica esta relação.

Palavras-chave: Sistema setorial de inovação. Inovações sustentáveis. Ecoinova- ção. Tipologias.

1 INTRODUÇÃO

Os avanços no arcabouço teórico e prático acerca da inovação tecno- lógica influenciaram o desenvolvimento de uma visão sistêmica do conceito de

_____________

*Doutoranda em Administração pelo Programa de Pós-graduação em Administração na Universidade Federal do Paraná; Mestre em Administração pela Universidade Federal do Paraná; Professora do Curso de Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná; Rua Imaculada Conceição, 1155, Prado Velho, 80215-901, Curitiba, PR; deatorres@gmail.com

**Professora do Programa de Pós-graduação em Administração pela Universidade Federal do Paraná; anapaulamussi@ufpr.br

***Professora do Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da Universidade Positivo e do Programa de Pós-graduação em Administração pela Universidade Federal do Paraná; skcunha21@gmail.com

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inovação, a partir das relações formadas entre empresas e instituições (MARION FILHO; SONAGLIO, 2007; NELSON, 2006; CASSIOLATO; LASTRES, 2000). Essa visão buscou analisar os relacionamentos entre agentes de diferen- tes tipos, que juntos ou individualmente contribuíram para o desenvolvimento do desempenho inovador, na transmissão de tecnologias e na aquisição de novas habilidades e competências (MARION FILHO; SONAGLIO, 2007; NELSON, 2006; CASSIOLATO; LASTRES, 2000).

A teoria econômica tem buscado determinar maneiras mais eficientes e sustentáveis de utilizar os recursos ambientais. Assim, é importante ver o siste- ma econômico interagindo com o meio ambiente, extraindo recursos naturais e devolvendo resíduos e que, desse modo, a economia apresenta impactos sobre o meio ambiente (ANDRADE, 2008; SOUZA, 2008).

O que se percebe é que o padrão de crescimento da economia e do desen- volvimento tecnológico esteve sempre voltado ao uso intensivo de matérias-primas e energia, aumentando o uso de recursos naturais e os rejeitos no meio ambiente provenientes do crescimento contínuo da produção (LUSTOSA, 2003). Fica claro para Andrade (2004) que a inovação está relacionada às preocupações de ordem econômica, como a competitividade, e que a área ambiental é exatamente a que tem encontrado dificuldades de incorporar a inovação em suas perspectivas.

A sustentabilidade vai ganhando destaque a partir de acontecimentos que marcam discussões sobre o futuro do Planeta e o provimento das necessidades da população em longo prazo, principalmente, no debate e na publicação da Comissão de Brundtland em 1987 sobre o desenvolvimento sustentável e, posteriormente, sobre outras visões e perspectivas, unindo os pilares econômico, social e ambiental para formar o conceito do tripé da sustentabilidade – triple bottom line (ELKINGTON, 2012; CARRILO-HERMOSILLA; GONZALEZ; KONNOLA, 2009; BARBIERI, 2007; BLACKBURN, 2007; VAN MARREWIJK, 2003; FUSSLER; JAMES, 1996).

Pensando em unir a inovação e a preocupação com o meio ambiente, muito se tem discutido sobre inovações sustentáveis, ou mais especificamente sobre inovações ambientais ou ecoinovações (ARUNDEL; KEMP, 2009; CAR- RILLO-HERMOSILLA; GONZALEZ; KONNOLA, 2009; FOXON; ANDER- SEN, 2009; ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMEN- TO ECONÔMICO, 2009; ANDERSEN, 2008; KEMP; FOXON, 2007), desde o trabalho seminal de Fussler e James (1996).

Nesse contexto, a inovação e a sustentabilidade se relacionam em uma perspectiva de desenvolvimento de produtos e serviços que agreguem valor aos

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consumidores enquanto diminuem os impactos ambientais das atividades econô- micas, considerando maiores níveis de eficiência ambiental, produção mais limpa e a incorporação de mecanismos de padronização e controle como as certifica- ções ISO (ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2009; KEMP; FOXON, 2007; FUSSLER; JAMES, 1996).

A partir dessas considerações, este estudo objetivou identificar prová- veis categorias de análise que integrem a visão sistêmica da inovação em sua pers- pectiva sustentável ou de ecoinovações no sistema setorial de inovação.

Para o alcance deste objetivo, o trabalho se estruturou em sete seções, abordando na seção a seguir a inovação por uma perspectiva evolucionária e sis- têmica, especificamente, os sistemas setoriais e suas peculiaridades. Nas seções seguintes, foram discutidas as questões que relacionam o debate da sustentabili- dade e da inovação, abordando os aspectos da ecoinovação e, posteriormente, dos estudos que tratam da sua mensuração. Em seguida, foi proposta uma relação que integra a visão sistêmica da inovação e as inovações sustentáveis. E, finalmente, foram apresentadas as considerações finais e as referências utilizadas no trabalho.

2 INOVAÇÃO EVOLUCIONÁRIA E SISTÊMICA

A partir das contribuições de Schumpeter (1985), a inovação, que até meados da década de 1960 era conhecida como o lançamento de novos produtos ou processos e reconhecida por uma visão linear, ou seja, advinda de sucessivas pesquisas básicas e aplicadas, desenvolvimento, produção e difusão, passou a ser entendida por um processo evolucionário a partir das experiências passadas e da acumulação de conhecimento (KIM, 2005; CORAZZA; FRACALANZA, 2004).

A ideia de Schumpeter (1985) era de que a inovação derivava de uma série de novas combinações resultando em um novo bem no mercado, um novo processo de produção, abertura de um novo mercado, novas fontes descobertas de matéria-prima e novos modelos organizacionais. Esse pensamento é complemen- tado por Nelson (2006, p. 430) afirmando que a inovação “[...] engloba os processos pelos quais as empresas dominam e põem em prática projetos de produtos e pro- cessos produtivos que são novos para elas, mesmo que não sejam novos em termos mundiais, ou mesmo nacionais.” Já para Johnson, Edquist e Lundvall (2003), é in- teressante observar a inovação como produção de novos conhecimentos ou combi- nação de conhecimentos de novas maneiras, bem como sua utilização e divulgação.

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A importância dada por essa abordagem à dimensão cognitiva leva a aprendizagem ao posto de fator-chave na conciliação dos conhecimentos indivi- duais dentro de uma organização, dando sentido às suas decisões e colocando os processos de seleção como influência na inovação, não apenas no seu caráter tec- nológico, mas nos cinco tipos de novas combinações de Schumpeter, marcando os processos inovativos por três elementos (CORAZZA; FRACALANZA, 2004; METCALFE; FONSECA; RANLOGAN, 2002, p. 97):

a)O princípio de variação: variação de características dos membros de uma população;

b)O princípio da hereditariedade: características das entidades co- piadas ao longo do tempo;

c)O princípio da seleção: algumas entidades têm conjuntos de carac- terísticas mais adequadas para a sua sobrevivência e crescimento da população.

A importância das relações entre as organizações e os demais agentes da economia para a inovação fez surgir uma nova forma de analisar os proces- sos inovativos a partir de uma abordagem sistêmica, a fim de ampliar a concep- ção anterior de inovação considerando fatores organizacionais, institucionais e econômicos, e buscando explicar o desenvolvimento mais acentuado de algumas regiões em comparação a outras (MARION FILHO; SONAGLIO, 2007; NEL- SON, 2006; CASSIOLATO; LASTRES, 2000).

Os sistemas de inovação podem ser delimitados de acordo com seu posi- cionamento geográfico, com o seu setor específico e a partir das atividades princi- pais (SILVESTRE; DACOL, 2006; JOHNSON; EDQUIST; LUNDVALL, 2003). Destaca-se, neste trabalho, o sistema setorial de inovação com o objetivo de analisar tecnologias específicas ou áreas produtivas que estão delimitadas por limites seto- riais, podendo estar, mas não necessariamente, restritas a um setor de produção (SILVESTRE; DACOL, 2006; JOHNSON; EDQUIST; LUNDVALL, 2003).

O sistema setorial de inovação reúne agentes heterogêneos que intera- gem em relações mercantis e não mercantis de modo a gerar, adotar e usar tecnolo- gias novas e já estabelecidas na busca por criar, produzir e utilizar produtos que são novos e pertencentes a um setor específico (MALERBA, 2002). As relações entre as empresas não se resumem apenas às ações de compra e venda, mas podem ainda es-

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tar relacionadas a fluxos de informações e habilidades e em relação à diversificação tecnológica para as áreas de produtos dos fornecedores e clientes (PAVITT, 1985).

Ressalta-se que o sistema setorial de inovação é composto por três blo- cos distintos que fazem a sua caracterização. O primeiro elemento distingue os setores quanto aos seus conhecimentos, tecnologias e insumos específicos e se constituem como aspectos restritivos em todo o conjunto de comportamentos e organização das empresas em um sistema setorial (MALERBA, 2003).

Já o segundo conjunto de elementos se refere à heterogeneidade en- tre os agentes que compõem o setor, podendo ser distinguidos entre individuais e organizacionais, como empresas, produtores, fornecedores, organizações não empresariais, como universidades, instituições financeiras, agências do Gover- no, departamentos de P&D ou associações industriais (MALERBA, 2002, 2003; CASSIOLATO; LASTRES, 2000). O foco na heterogeneidade dos agentes dentro de um setor considera competências, comportamentos de interação, processos de aprendizagem, crenças, objetivos e estruturas organizacionais que estão presentes nas trocas de cooperação e competição (NELSON, 2006; MALERBA, 2002, 2003).

O terceiro conjunto de elementos trata das instituições que regem as in- terações entre os agentes e podem ser normas, rotinas, hábitos, práticas, regras, leis, entre outras, ressaltando-se, ainda, as relações entre as instituições nacionais e as setoriais, uma vez que as primeiras exercem influência em diferentes âmbitos nos diversos setores de uma nação (MALERBA, 2003). As instituições setoriais podem ser resultado de uma decisão deliberada pelas empresas ou outras organizações ou surgirem sem previsão das interações entre os agentes (MALERBA, 2002).

Segundo Freeman (2004) e Johnson, Edquist e Lundvall (2003), no sis- tema de inovação é importante o acúmulo de tecnologias por meio de uma combi- nação de tecnologias importadas com atividades locais e políticas proativas inter- vencionistas para promover as indústrias em início de desenvolvimento. Com isso, atenta-se para o fato de que é necessário construir uma infraestrutura e instituições em vez de promover a acumulação de “capital intelectual” e usá-la para induzir o desenvolvimento da economia e não apenas esperar pela resolução dos problemas.

Essa abordagem é enfática no sentido da interdependência e da não line- aridade, uma vez que é baseada no entendimento de que as empresas normalmente não inovam isoladamente, mas em interação mais ou menos próxima com outras organizações por meio de relações complexas baseadas nos princípios da reciproci- dade e nos mecanismos dos círculos de feedback (JOHNSON; EDQUIST; LUND- VALL, 2003). Entender a inovação por uma visão sistêmica, portanto, é enxergar o

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processo como a integração entre empresas em uma complexa relação econômica e social com o meio em que estão inseridas (CASSIOLATO; LASTRES, 2000).

3 SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO: O CONCEITO EMERGENTE

DA ECOINOVAÇÃO

Blackburn (2007) e Carrilo-Hermosilla, Gonzalez e Konnola (2009) discutem alguns aspectos relacionados ao histórico da temática da sustentabili- dade, referindo-se à Conferência para o Desenvolvimento Humano, das Nações Unidas, em Estocolmo 1972, como o evento de surgimento do conceito. Colocam- -se também, eventos de desastres ambientais, como o derramamento de óleo no Alasca e o acidente nuclear em Chernobyl, para mostrar o pano de fundo do tema pelo mundo. Além disso, questões sociais como a segregação racial e o Apartheid, na África do Sul, também são discutidas no âmbito da sustentabilidade.

Essas questões foram debatidas pela Comissão de Bruntdland, que em 1987 publicou um relatório com uma definição para o termo sustentabilidade, afir- mando que ela é o desenvolvimento que busca satisfazer as necessidades do presen- te sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias ne- cessidades (BARBIERI, 2007; BLACKBURN, 2007; FUSSLER; JAMES, 1996).

Percebe-se, ainda, outras definições e propostas para a conceituação da sustentabilidade, como o conceito do Triple Bottom Line (TBL), em 1997, por Bri- ton John Elkington, em que foi proposto que para se alcançar a sustentabilidade é necessário alcançar não apenas o desenvolvimento econômico, mas o desempe- nho ambiental e social. Esse conceito foi publicado também em 2000, 2002, pelo Global Reporting Initiative (GRI), no Relatório de Sustentabilidade (BARBIERI et al., 2010; BLACKBURN, 2007; VAN MARREWIJK, 2003).

Apesar dessa proposição, é difícil encontrar na literatura aspectos de mensuração consolidados sobre cada um desses pilares. São encontradas propos- tas, como a de Savitz e Weber (2006), em que os autores abordam para o pilar eco- nômico aspectos como vendas, receitas, retornos sobre investimentos, impostos pagos, fluxos monetários e criação de empregos. Para o pilar ambiental, os autores propõem mensurar aspectos como a qualidade do ar, qualidade da água, uso de energia e produção de lixo. E para o pilar social alguns aspectos propostos por Savitz e Weber (2006) são as práticas de emprego, os impactos na comunidade, direitos humanos e a responsabilidade na produção.

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A relação da inovação com a sustentabilidade se destacou efetivamente em 1996, com a publicação do livro “Driving Eco-innovation”, em que Fussler e James (1996) introduziram o conceito da ecoinovação a partir de uma perspectiva da sustentabilida- de que envolve três “estabilidades”: a estabilidade ecológica relacionada ao funciona- mento contínuo do sistema natural e ao fornecimento de qualidade na cadeia alimentar da água e do ar; a estabilidade de recursos relacionada à acessibilidade da humanidade aos requisitos físicos e materiais em quantidades necessárias e a custos razoáveis; e a estabilidade socioeconômica, em que a população não é pega pelo desemprego, alta cri- minalidade e desigualdades excessivas em renda e saúde. Assim, a pobreza é a grande ameaça para a estabilidade socioeconômica (FUSSLER; JAMES, 1996).

Éimportante acrescentar que a estabilidade de recursos significa o uso eficiente de recursos em bens e serviços; a estabilidade socioeconômica pode ser traduzida em termos de fornecer produtos e serviços que podem ser consumidos por todos e que melhora a qualidade de vida e a estabilidade ecológica se traduz no conceito de cuidado ambiental (FUSSLER; JAMES, 1996).

Épossível destacar, ainda, quanto à relação entre inovação e sustentabili- dade, que esta ocorre em uma perspectiva de desenvolvimento de produtos e serviços que adicionam valor aos consumidores, reduzindo os impactos ambientais das ati- vidades econômicas, alcançando níveis mais elevados de eficiência ambiental e de produção mais limpa (ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVI- MENTO ECONÔMICO, 2009; KEMP; FOXON, 2007; FUSSLER; JAMES, 1996).

A discussão a respeito do tema também foi feita pelo Environmmental Technology Action Plan (ETAP), em 2004, propondo como conceito de ecoinova- ção como a busca por produzir, assimilar ou explorar “[...] novos produtos, pro- cessos produtivos, serviços ou métodos de gestão e negócios, cujo objetivo, por todo ciclo de vida, é prevenir ou reduzir substancialmente riscos ambientais, po- luição e outros impactos negativos no uso de recursos.” (ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2009, p. 38).

A partir da concepção de diferentes autores que abordam a relação en- tre inovação e sustentabilidade, apresenta-se na seção seguinte a discussão quanto às tipologias e aos aspectos a mensurar desse conceito emergente.

4 TIPOLOGIAS E CLASSIFICAÇÕES DE ANÁLISE DE ECOINOVAÇÃO

Diversos autores abordam de forma direta e indireta a relação entre inovação e sustentabilidade, como Carrillo-Hermosilla, Gonzalez e Konnola

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(2009), Foxon e Andersen (2009), Arundel e Kemp (2009), Organização para Co- operação e Desenvolvimento Econômico (2009), Andersen (2006, 2008), Reid e Miedzinski (2008), Kemp e Foxon (2007) e Rennings (1998), todos voltados a esta relação a partir de uma visão evolucionária da inovação e da sustentabilidade.

Rennings (1998) aborda perspectivas distintas relacionadas à ecoinovação na economia neoclássica, em que se predomina a economia ambiental e de recursos com a superioridade dos instrumentos de mercado e a ecoinovação em uma aborda- gem coevolucionária, interessada nos processos de transição e aprendizado. A passa- gem de uma abordagem para a outra modificou a forma de enxergar aspectos como as externalidades, que na economia neoclássica, segundo Rennings (1998), podem ser estimuladas positivamente pelos mecanismos de regulação, ou políticas de inovação, enquanto na abordagem de coevolução passasse a importar também para as inovações sociais e institucionais, ou seja, coenvolve nessa abordagem os sistemas social, insti- tucional e ecológico, ressaltando ainda a interação entre eles.

Diante dessa perspectiva, Rennings (1998) destaca que as ecoinovações podem ser de natureza tecnológicas, quando relacionadas a tecnologias preventivas e curativas; de natureza organizacionais, quando relacionadas à mudança nos ins- trumentos de gestão; de natureza sociais, voltadas às mudanças no comportamento e estilo de vida dos consumidores; e as de natureza institucionais, relacionadas à criação de redes locais e agências, governança global e comércio internacional.

Autores como Kemp e Foxon (2007) fazem uma revisão das definições e propõem que a ecoinovação não envolva somente a redução de impactos ambien- tais, mas que busque a produção, a aplicação ou a exploração de um bem, servi- ço, processo produtivo, estrutura organizacional e modelo de gestão novo para a empresa ou consumidor e que tenha como resultado, ao longo do ciclo de vida, a redução de riscos ambientais, poluição e impactos negativos do uso de recursos em comparação com alternativas anteriores.

Kemp e Foxon (2007) abordam uma taxonomia de ecoinovações que se assemelham ao trabalho publicado por Andersen (2008), classificando-as em:

a)Tecnologias ambientais: como controle da poluição, tecnologias mais limpas, processos tecnológicos mais limpos e aspectos rela- cionados ao controle de barulho e de gastos de água;

b)Inovações organizações para o meio ambiente: métodos e sistemas de ges- tão para lidar com problemas ambientais na produção e nos produtos;

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c)Inovação em produtos ou serviços: relacionada à melhoria de pro- dutos ou serviços benéficos ao meio ambiente;

d)Sistemas verdes de inovação: relacionados a sistemas alternativos de produção e consumo.

Andersen (2008) afirma que a ecoinovação é um tema complexo e de difícil definição em decorrência da sua subjetividade e é conceituada pelo autor como uma inovação que tem capacidade de atrair rentabilidade verde no merca- do, focando a pesquisa no grau em que os problemas ambientais se tornam inte- grados no processo econômico e colocando a firma como centro de análise. Para tanto, Andersen (2008) propõe uma taxonomia refletindo os diferentes papéis de um mercado verde, sugerindo:

a)ecoinovações add-on: relacionadas a produtos, tecnologias e servi- ços que melhoram o desempenho ambiental dos consumidores;

b)ecoinovações integradas: fazem tanto o processo produtivo quanto o produto mais ecoeficiente (“limpo”) em relação aos seus simila- res;

c)ecoinovações de produtos alternativos: representam uma nova tra- jetória tecnológica de inovações radicais e não são inovações mais limpas que seus produtos similares, mas oferecem uma solução di- ferente e mais ambientalmente eficiente em comparação aos pro- dutos existentes;

d)ecoinovações macro-organizacionais, ou novas estruturas organi- zacionais: representam uma nova forma ecoeficiente de organizar a sociedade, ou seja, novas formas de organização da produção e consumo em um nível mais sistemático;

e)ecoinovações de propósito geral: se referem a tecnologias de propó- sitos gerais que afetam a economia e o processo de inovação.

Reid e Miedzinski (2008) trazem uma abordagem diferenciada identifi- cando três níveis de análise da ecoinovação: nível micro, meso e macro. Segundo os autores, o nível micro aborda questões relacionadas ao produto e ao serviço, aos processos e à empresa; o nível meso destaca aspectos do setor, da cadeia de for- necimento, da região específica e do sistema de produto e serviço, e; o nível ma- cro está relacionado à economia como um todo, às nações e aos blocos econômicos

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(REID; MIEDZINSKI, 2008). Para cada um desses níveis os autores destacam indicadores mensuráveis específicos, abordados na seção seguinte deste trabalho.

Carrillo-Hermosilla, Gonzalez e Konnola (2009) abordam uma tipolo- gia mais específica conceituando ecoinovação como um processo de mudança sis- têmica tecnológica e/ou social que consiste em uma invenção para mudança e sua aplicação prática melhorando o desempenho ambiental. Os autores diferenciam quatro dimensões da ecoinovação: dimensão de design, do usuário, de produto/ serviço e do papel da governança. A dimensão do design sugere três abordagens para identificar o papel e o impacto das ecoinovações, sendo:

a)Adição de componentes: busca amenizar e reparar impactos nega- tivos sem necessariamente mudar o processo e o sistema que pro- duz o problema;

b)A mudança no subsistema ou soluções ecoeficientes e a otimização do subsistema: com o objetivo de melhorar o desempenho ambiental, reduzindo impactos negativos pela criação de mais bens e serviços en- quanto fazem menos uso de recursos e criam menos lixo e poluição;

c)Mudança no sistema: relacionada ao redesenho do sistema e mu- danças dos seus componentes, voltando-se tanto para os impactos negativos quanto para os positivos.

A segunda dimensão, a dimensão do usuário, busca envolver os usuários de modo a se beneficiarem da sua criatividade e se assegurarem que eles vão aceitar e assumir os novos produtos e serviços, incluindo a abordagem de desenvolvimento do produto ou serviço e a aceitação, envolvendo a mudança no comportamento do usuário. A dimensão do produto/serviço envolve a maneira pela qual as empresas criam valor agregado com seus produtos, processos e serviços e aborda a mudança na entrega dos produtos/serviços e a mudança na rede de valor e de outras relações. Por fim, a dimensão da governança se refere a todas as novas soluções institucionais e or- ganizacionais para resolver conflitos sobre recursos ambientais tanto no setor público quanto privado (CARRILLO-HERMOSILA; GONZALEZ; KONNOLA, 2009).

A mensuração da ecoinovação se configura como um desafio substan- cial, uma vez que requer medidas coerentes definidas, considerando-se as aborda- gens tradicionais, como os estudos em inovação e a economia ambiental. Assim, o desafio consiste em combinar dois importantes modelos no desenvolvimento da ecoinovação: sistema ou cadeia de inovação e a tecnologia ambiental, vista de uma perspectiva mais ampla (REID; MIEDZINSKI, 2008; ANDERSEN, 2006).

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Para Andersen (2006), os principais problemas se encontram na defini- ção e na operacionalização da ecoinovação, pois estas não são claras e as perspec- tivas do sistema são deixadas de lado. Dessa forma, acrescenta que as questões re- lacionadas à cadeia de inovação e ao sistema de inovação devem ser combinadas; as análises de setores específicos são centrais para a comparação internacional.

Apesar dos desafios, a mensuração da ecoinovação auxilia na avaliação do progresso em várias categorias, como no acesso a de que forma os países lidam na promoção da ecoinovação, ou quanto do progresso dos países está dissociado da de- gradação ambiental e permite ainda a análise dos direcionadores da ecoinovação e as consequências econômicas e ambientais (ARUNDEL; KEMP, 2009; ORGANI- ZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2009).

Nesse sentido, os principais benefícios de mensurar a ecoinovação se re- lacionam à ajuda aos tomadores de decisão pública para que entendam, analisem e comparem a tendência geral da atividade da ecoinovação bem como a tendência em produtos específicos; ajuda os tomadores de decisão públicos a identifica- rem direcionadores e barreiras para a ecoinovação; sensibilização à ecoinovação dos principais stakeholders e o encorajamento às empresas para que aumentem os esforços para a ecoinovação; ajuda para a sociedade em dissociar o crescimento econômico da degradação ambiental; e tornar os consumidores mais preocupados com as diferenças nas consequências ambientais causadas por produtos e estilos de vida (ARUNDEL; KEMP, 2009; ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2009).

Os indicadores relacionados à ecoinovação são indicadores de resposta que mensuram o desenvolvimento social na ecoinovação em diferentes níveis e se diferen- ciam dos indicadores ambientais tradicionais que focam essencialmente em mensurar o estado do ambiente (água, solo e ar) e a ecoeficiência (ANDERSEN, 2006).

O autor aborda, também, três conjuntos de elementos que podem ser uti- lizados para mensurar a ecoinovação. O primeiro se refere aos objetos da inovação, a cadeia, ou seja, as atividades de inovação desde a ideia até a geração para a criação de valor, cobrindo indicadores como “competências” (investimentos em P&D, ha- bilidades e educação e desenvolvimento organizacional), resultados da inovação (ecoeficiência e análise setorial e patentes) e a penetração no mercado (market share). O segundo elemento se refere aos temas da inovação e aborda o nível verde dos atores/instituições no sistema de inovação, considerando elementos como o desen- volvimento organizacional, o ecoempreendedorismo, instituições de conhecimento e educação, o compartilhamento de conhecimento e o estabelecimento de institui-

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ções e governança. O terceiro e último conjunto de elementos é a taxonomia da ecoinovação, em que é questionado o fato de existirem muitas tipologias difusas e que não são claras, além de focarem no grau em que os produtos contribuem para a melhoria ambiental, em vez de analisar como eles funcionam no mercado.

Outros aspectos de mensuração são descritos por Arundel e Kemp (2009) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2009) dividindo em três níveis de elementos: a natureza e a escala de uso da ecoinovação, direcionadores e bar- reiras da ecoinovação e os efeitos. Quanto à natureza da ecoinovação, os autores abor- dam duas classificações, a da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Eco- nômico que divide as categorias em “gestão da poluição”, “tecnologias e produtos mais limpos” e “gestão de recursos”, e a classificação do programa Mensuring Eco-innovation da União Europeia que faz a classificação em “tecnologias ambientais”, “inovação or- ganizacional”, “inovação em produtos ou serviços” e “sistemas verde de inovação”. Em relação aos direcionadores, são destacados os mecanismos de regulação, a deman- da dos usuários, novos mercados, redução de custos e imagem, e, quanto às barreiras, destacam-se as econômicas, as de regulamentação e padrões, os esforços insuficientes de pesquisa, capital de risco disponível inadequado e a falta de demanda de mercado. Por fim, os efeitos da ecoinovação podem estar relacionados à economia como crescimento e empregabilidade, efeitos micro e macro, como redução de custos e comportamentos do nível micro influenciados pelo nível macro, como taxas e regulações.

Ambas as publicações abordam fontes de dados para mensurar a ecoino- vação dividindo em quatro categorias (ARUNDEL; KEMP, 2009; ORGANIZA- ÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2009):

a)As medidas de entrada: gastos com P&D, pessoal na P&D, outros gastos com inovação;

b)As medidas de saída intermediária: número de patentes ou núme- ros e tipos de publicações científicas;

c)As medidas de saídas diretas: número de inovações, descrições de inovações individuais, dados de vendas de novos produtos, etc.;

d)As medidas de impacto indireto: mudanças na eficiência dos re- cursos e produtividade utilizando análise de decomposição.

Conforme já discutido, Reid e Miedzinski (2008) abordam três níveis de identificação da ecoinovação e para cada um destes níveis abordam também aspec- tos específicos para se mensurar. No nível micro, os autores destacam o perfil da

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empresa como atividades de ecoinovação (tipo de inovação, nível de novidade, setor e tamanho da empresa) e o perfil da inovação, como benefícios da ecoinovação e o perfil da eficiência da ecoinovação. No nível meso, destacam-se atividades de ecoi- novação das empresas em diferentes setores, os ganhos de eco-eficiência nos seto- res, cadeias de valor, regimes tecnológicos e sistemas de produtos. Por fim, no nível macro, são ressaltados aspectos do sistema nacional de inovação e ecoinovação e as atividades de ecoinovação e economia (crescimento do PIB, empregos, comércio, etc.), comportamento do consumidor e ambiente natural (limite de consumo de energia e materiais, produção de lixo, qualidade da água, solo e ar, etc.).

Percebe-se, diante dessas discussões uma gama de autores que discu- tem aspectos para caracterizar e mensurar a ecoinovação, evidenciando que não existe um consenso entre essas abordagens. A fim de tentar agrupar essas perspec- tivas e integrar com a visão sistêmica da inovação, aborda-se, na seção seguinte, a relação entre esses conceitos.

5 INOVAÇÕES SUSTENTÁVEIS NO SISTEMA SETORIAL DE INOVAÇÃO

Neste trabalho, foi possível discutir o conceito de inovação por uma perspectiva evolucionária influenciada pelo trabalho de Schumpeter (1985) e por autores como Nelson (2006), Lall (2005) e Johnson, Edquist e Lundvall (2003), que destacam a coevolução das tecnologias, empresas e estrutura institucional nessa abordagem.

Nesse sentido, é interessante ressaltar a maneira com a qual as empre- sas passam a se relacionar com outras dentro de um mesmo setor e, ainda, com instituições que oferecem suporte a suas atividades, como instituições de finan- ciamento e pesquisas, e que também estão sob o regimento de órgãos e agências que aplicam normas e leis a essas relações. Em virtude dessa dinâmica, o estudo da inovação ganhou novas perspectivas com a abordagem sistêmica, destacando a importância no compartilhamento de informações, talentos e habilidades, re- lações de parcerias, competição e cooperação e as lutas para ganhos comuns nos governos e entidades de classe.

Pensando dessa forma e analisando esses precedentes, Malerba (2002, 2003) aborda o sistema setorial de inovação buscando destacar que, sob um setor específico, as empresas agem e reagem a mecanismos comuns, como tecnologias e conhecimentos semelhantes e que podem ser compartilhados a instituições tam-

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RACE, Unoesc, v. 13, n. 1, p. 305-328, jan./abr. 2014

Andréa Torres Barros Batinga de Mendonça, Ana Paula Mussi Szabo Cherobim, Sieglinde Kindl da Cunha

bém comuns. Assim, o autor destaca três conjuntos de elementos caracterizando esse sistema setorial: conhecimento e tecnologia, agentes e relações e instituições.

Para um maior detalhamento, buscou-se unir as perspectivas de Coenen e López (2009), Speirs, Pearson e Foxon (2008), Nelson (2006), Malerba (2002, 2003), Johnson, Edquist e Lundvall (2003) e Cassiolato e Lastres (2000) destacando-se as seguintes categorias de descrição e análise do sistema setorial de inovação:

Quadro 1 – Categorias de descrição e análise do sistema setorial de inovação

 

Categorias analí-

Descrição

 

ticas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Perfil das empresas;

 

 

 

Inovação nas empresas (produtos, processos, organizacional, mercado e

 

 

 

matéria-prima);

 

Agentes

 

Competências;

 

 

 

Usuários;

 

 

 

Fornecedores;

 

 

 

Atividades de inovação (ex.: P&D).

 

 

 

 

 

 

 

Rede de empresas;

 

 

 

Cooperação e parcerias;

 

Relações

 

Redes de comunicação;

 

 

Transferência de conhecimento e tecnologia;

 

 

 

 

 

 

Relações internacionais para inovação;

 

 

 

Spin-offs.

 

 

 

 

 

 

 

Estrutura competitiva do setor;

 

 

 

Demandas internas e externas;

 

Limites e

condi-

Tamanho (quantidade de empresas relacionadas);

 

Cultura;

 

ções do sistema

 

Recursos disponíveis;

 

 

 

 

 

 

Competitividade.

 

 

 

 

 

 

 

Conhecimentos específicos do setor;

 

Conhecimento/ tec-

Tecnologias aplicadas nas empresas do setor;

 

Aprendizado tecnológico;

 

nologias

 

 

 

Pesquisa básica e aplicada no setor;

 

 

 

 

 

 

Estratégias de P&D.

 

 

 

 

 

 

 

Normas;

 

 

 

Regras;

 

Instituições

 

Leis;

 

 

Políticas de desenvolvimento do setor;

 

 

 

 

 

 

Agências, órgãos e entidades de classe;

 

 

 

Instituições financeiras, educacionais e de pesquisa.

 

 

 

 

Fonte: Coenen e López

(2009), Speirs, Pearson e Foxon (2008), Nelson (2006), Malerba (2002, 2003),

Johnson, Edquist e Lundvall (2003) e Cassiolato e Lastres (2000).

Com a emergência da introdução do conceito da sustentabilidade no desenvolvimento econômico, diversos autores têm buscado estudar e pesquisar

318

Sistemas setoriais de inovações sustentáveis....

a relação entre a inovação e a sustentabilidade. Pensando nessa relação, autores como Fussler e James (1996) passaram a abordar o conceito da ecoinovação como uma forma de alinhar três perspectivas, ou estabilidades: ecológica, de recursos e socioeconômica.

Interessante destacar que as discussões subsequentes a de Fussler e Ja- mes (1996) se apoiaram, assim como a dele, em uma perspectiva evolucionária da inovação, dessa forma, enfatizando os processos de coevoluções de tecnologias e instituições e nos processos de aprendizado e acumulação do conhecimento e da experiência. Nesse sentido, vale ressaltar que, como colocou Rennings (1998), olhar a inovação e a sustentabilidade juntas é observar um processo em que estão envolvidos os sistemas sociais, institucionais e ecológicos.

Os autores dessa corrente de pensamento compartilham o efeito evo- lucionário, mas tratam a ecoinovação sob diferentes conceituações, tipologias e caracterizações, permitindo verificar que não existe consenso entre eles nessa de- finição. Os autores abordam ainda diferentes aspectos relacionados à mensuração desse conceito, permitindo que aquele que deseja fazer um estudo ou pesquisa sobre o tema busque aquela que mais se adéqua a seu caso ou a que mais se asse- melha ao seu pensamento próprio sobre o assunto.

Visando destacar as diferentes tipologias, caracterizações e medidas de mensuração, conforme já discutido anteriormente, buscou-se fazer um quadro- -resumo dessas perspectivas, o qual é apresentado a seguir:

Quadro 2 – Caracterização/tipologias e aspectos de mensuração da ecoinovação

(continua)

 

 

 

 

 

Autores

Classificação/tipologias

Mensuração

 

 

Fussler e James

Estabilidade ecológica;

 

 

RACE,

Estabilidade de recursos;

 

 

(1996)

Estabilidade socioeconômica.

 

 

 

 

 

 

 

 

Ecoinovações tecnológicas: preventivas e

 

 

Unoesc,

 

 

curativas;

 

 

 

Ecoinovações organizacionais: mudança

 

 

 

 

nos instrumentos de gestão;

 

 

Rennings (1998)

Ecoinovações sociais: mudança no

 

 

.v

 

 

comportamento e estilo de vida dos

 

 

13,

 

 

consumidores;

 

 

 

 

 

 

.n

 

Ecoinovações institucionais: redes locais

 

 

 

 

 

1,

 

 

e agências, governança global e comércio

 

 

 

 

 

 

.p

 

 

internacional.

 

 

 

 

 

 

 

2014 ./abr.jan 328,-305

 

 

 

 

 

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RACE, Unoesc, v. 13, n. 1, p. 305-328, jan./abr. 2014

Andréa Torres Barros Batinga de Mendonça, Ana Paula Mussi Szabo Cherobim, Sieglinde Kindl da Cunha

(conclusão)

 

Autores

Classificação/tipologias

Mensuração

 

 

Tecnologias ambientais: controle da

 

 

 

 

poluição, tecnologias mais limpas, proces-

 

 

 

 

sos tecnológicos mais limpos e aspectos

 

 

 

 

relacionados ao controle de barulho e de

 

 

 

 

gastos de água;

 

 

Kemp e Foxon

Inovações organizacionais para o meio

 

 

(2007)

 

ambiente: métodos e sistemas de gestão

 

 

 

para resolver problemas ambientais;

 

 

 

 

 

 

 

Inovação em produtos ou serviços: melho-

 

 

 

 

ria de produtos ou serviços benéficos ao

 

 

 

 

meio ambiente;

 

 

 

Sistema de verde de inovação: sistemas

 

 

 

 

alternativos de produção e consumo.

 

 

 

 

 

Objetos da inovação: atividades da

 

 

 

 

inovação desde a ideia até a geração para a

 

 

 

 

criação de valor:

 

 

 

 

Competências, resultados da inovação e

 

 

Ecoinovações add-on;

penetração no mercado.

 

Andersen (2006,

Ecoinovações integradas;

Temas da inovação:

 

2008)

Ecoinovações de produtos alternativos;

Desenvolvimento organizacional,

 

Ecoinovações macro-organizacionais;

ecoempreendedorismo, instituições de

 

 

 

 

Ecoinovações de propósito geral.

conhecimento e educação, compartilha-

 

 

 

 

mento de conhecimento e estabelecimento

 

 

 

 

de instituições e governança.

 

 

 

 

Taxonomia da ecoinovação: (conforme

 

 

 

 

descrita ao lado).

 

 

 

 

Nível Micro:

 

 

 

 

Perfil da empresa;

 

 

 

 

Perfil da inovação.

 

 

 

 

Nível Meso:

 

 

 

 

Atividades em diferentes setores, ganhos

 

Reid e Mie-

 

 

de ecoeficiência em setores, cadeia de

 

 

 

valor, regimes tecnológicos e sistemas de

 

dzinski (2008)

 

 

 

 

 

produtos.

 

 

 

 

 

 

 

 

Nível Macro:

 

 

 

 

Sistema nacional de inovação e ecoinova-

 

 

 

 

ção, atividades de ecoinovação e economia,

 

 

 

 

comportamento do consumir e ambiente

 

 

 

 

natural.

 

 

 

 

Natureza da ecoinovação (destacados ao

 

 

 

 

lado);

 

 

OCDE:

Direcionadores e barreiras à ecoinovação;

 

Arundel e

Gestão da poluição;

Efeitos da ecoinovação: microefeitos

 

Kemp (2009)

Tecnologias e produtos mais limpos;

(vendas, preços, custos de energia, mate-

 

e Organização

Gestão de recursos.

riais, etc.) e efeitos meso (setor) e macro

 

para Cooperação

Projeto MEI (mensuring eco-innovation):

(nacional).

 

e Desenvolvi-

Tecnologias ambientais;

 

 

mento Econô-

Inovação organizacional;

Fontes de dados:

 

mico (2009)

Inovação em produtos ou serviços;

Medidas de entrada;

 

 

Sistemas verde de inovação.

Medidas de saída intermediárias;

 

 

 

 

Medidas de saída diretas;

 

 

 

 

Medidas de impacto indireto.

 

Carrillo-Hermo-

Dimensão do design;

 

 

silla, Gonzalez e

Dimensão do usuário;

 

 

Konnola (2009)

Dimensão do produto/serviço;

 

 

Dimensão da governança.

 

 

 

 

 

Fonte: os autores.

 

 

 

320

Sistemas setoriais de inovações sustentáveis....

A partir da definição das categorias de análise e descrição do sistema setorial de inovação e do destaque das principais tipologias e aspectos de men- suração da ecoinovação é possível fazer uma análise cruzada desses conceitos e propor categorias e indicadores de análise que caracterizarem um sistema setorial de inovação a partir das inovações sustentáveis ou ecoinovações.

Dessa forma, destacam-se dentro das cinco categorias do sistema seto- rial, os aspectos a mensurar ou características a analisar das ecoinovações especí- ficas do setor, conforme exposto no Quadro 3:

Quadro 3 – Categorias e aspectos a mensurar do sistema setorial de inovações sustentáveis (continua)

Categorias

 

 

 

do Sistema

Características do SSI

Aspectos a mensurar ecoinovação

 

Setorial de

 

 

 

 

Inovação

 

 

 

 

 

 

 

 

Perfil das empresas;

Perfil da ecoinovação na organização:

 

 

Ecoinovações organizacionais, em produto ou

 

 

Inovação nas empresas (produtos,

 

 

processos, organizacional, merca-

serviço; em processo; em matéria-prima;

 

 

Gastos de P&D para inovação voltada à pre-

 

 

do e matéria-prima);

 

 

servação ambiental;

 

Agentes

Competências;

 

Atividades para ecoinovação em toda a cadeia

 

 

Usuários;

 

 

de valor;

 

 

Fornecedores;

 

 

Competências para ecoinovação;

 

 

Atividades de Inovação (ex.:

 

 

Efeitos micro da ecoinovação;

 

 

P&D).

 

 

Eco-patentes das organizações.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rede de empresas;

 

 

 

Cooperação e parcerias;

Parceria e cooperação para P&D de inovação

 

 

Redes de comunicação;

 

 

ambiental;

 

 

Transferência de conhecimento e

 

Relações

Transferência de conhecimento e tecnologias

 

tecnologia;

 

 

de ecoinovação.

 

 

Relações internacionais para

RACE,

 

 

 

inovação;

 

 

 

 

 

Spin-offs.

 

 

 

 

 

.v Unoesc,

 

 

Aspectos culturais com objetivos à inovação

 

 

sustentável;

 

Estrutura competitiva do setor;

Demanda e comportamento do consumidor

 

Demandas internas e externas;

por ecoinovações;

Limites e

Tamanho (quantidade de empre-

Recursos (renováveis/sustentáveis) disponí-

13,

Condições do

sas relacionadas);

veis;

.n

Sistema

Cultura organizacional;

Ambiente natural;

p 1,

 

Recursos disponíveis;

Ecoinovação na cadeia de valor;

 

Competitividade.

Ecoempreendedorismo;

.

 

 

Eco-patentes gerais do sistema;

305

 

 

Sistemas verde de inovação.

-

 

 

2014 ./abr.jan 328,

 

 

 

 

 

 

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Andréa Torres Barros Batinga de Mendonça, Ana Paula Mussi Szabo Cherobim, Sieglinde Kindl da Cunha

 

 

 

(conclusão)

 

Categorias

 

 

 

 

do Sistema

Características do SSI

Aspectos a mensurar ecoinovação

 

 

Setorial de

 

 

 

 

 

 

Inovação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conhecimentos específicos do

Tecnologias mais limpas/sustentáveis do

 

 

 

setor;

 

 

 

setor;

 

 

 

Tecnologias aplicadas nas empre-

 

 

Conhecimen-

Pesquisas em ecoinovação no setor;

 

 

sas do setor;

 

 

to/

Conhecimentos aplicados à inovação susten-

 

 

Aprendizado tecnológico;

 

 

Tecnologias

tável;

 

 

Pesquisa básica e aplicada no

 

 

 

Regime tecnológico sustentável;

 

 

 

setor;

 

 

 

Processo de aprendizagem tecnológica e de

 

 

 

Estratégias de P&D.

 

 

 

inovações sustentáveis.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Normas;

Sistema político e econômico para ecoinova-

 

 

 

Regras;

 

 

 

ção;

 

 

 

Leis;

 

 

 

Direcionadores e barreiras à ecoinovação;

 

 

 

Políticas de desenvolvimento do

 

 

 

Instituições de financiamento e pesquisa para

 

 

Instituições

setor;

 

 

inovação sustentável;

 

 

 

Agências, órgãos e entidades de

 

 

 

Sistema regulatório voltado a ecoinovações;

 

 

 

classe;

 

 

 

Atuação de órgãos e entidades de classe volta-

 

 

 

Instituições financeiras, educacio-

 

 

 

das à ecoinovação.

 

 

 

nais e de pesquisa.

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: os autores.

 

 

 

Na categoria “agentes”, percebe-se uma relação direta com as caracterís- ticas específicas das organizações e é a partir desta relação que se definem os aspec- tos a mensurar relacionados à ecoinovação. Portanto, destaca-se o perfil das organi- zações e suas inovações voltadas à sustentabilidade, como em produtos, processos e gestão, além de questões como atividades específicas de inovação e gastos em P&D, ressaltando que todos estão voltados à prática e a objetivos da ecoinovação.

A categoria “relações” destaca o relacionamento entre os agentes do siste- ma setorial e, dessa forma, pode-se definir características da ecoinovação a mensu- rar relacionados a esse fator, como cooperações e parcerias de objetivo eco-inovador e as transferências de tecnologias sustentáveis. Já na categoria “limites e condições do sistema” são abordados aspectos que caracterizam a delimitação do sistema seto- rial, sendo, nesse sentido, destacadas questões de mensuração, como aspectos cul- turais de ecoinovação, a demanda e o comportamento dos consumidores de forma sustentável, as características dos recursos renováveis/sustentáveis disponíveis, a ecoinovação em toda a cadeia de valor e os aspectos de ecoempreendedorismo que podem ser identificados no setor e as patentes de ecoinovações.

No que diz respeito ao “conhecimento/tecnologia” são destacados aque- les conhecimentos e tecnologias específicas do setor, mas que têm como objetivo ser eco-inovadores. Dessa forma, abordam-se tecnologias mais limpas, regimes

322

Sistemas setoriais de inovações sustentáveis....

tecnológicos sustentáveis do setor, processos de aprendizagem, pesquisas e co- nhecimentos aplicados à ecoinovação. Por fim, a categoria “instituições” se refere aos aspectos regulatórios do sistema setorial, destacando-se o sistema político e econômico voltado à ecoinovação, direcionadores e barreiras à ecoinovação, as instituições financeiras e de pesquisa voltadas à inovação sustentável e os siste- mas regulatórios que regem o setor, mas que estão relacionados à ecoinovação.

Diante dessas considerações, percebe-se que para cada categoria de análise do sistema setorial de inovação é possível identificar aspectos que possam caracterizá-las de forma geral e relacionar indicadores e questões mensuráveis de ecoinovação.

6 CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo identificar categorias de análise que podem ser utilizadas para integrar o sistema setorial de inovação e a sustentabi- lidade em sua perspectiva de ecoinovação. O alcance do objetivo foi possível a partir de uma revisão da literatura sobre o caráter sistêmico e evolucionário da inovação e sobre a relação de sustentabilidade e inovação, abordando o conceito da ecoinovação.

A revisão da literatura possibilitou identificar cinco categorias de aná- lise e descrição do sistema setorial: “agentes”, “relações”, “limites e condições do sistema”, “conhecimento/tecnologia” e “instituições”. Cada categoria foi descrita de modo a permitir a visualização das características dos elementos que compõem o sistema setorial.

Em seguida, foram abordados os principais conceitos sobre sustentabi- lidade, porém, destacando-se a relação possível entre inovação e sustentabilidade, principalmente, o conceito emergente da ecoinovação. Foi sobre a temática da ecoinovação que se permitiu alinhar a sustentabilidade e a inovação no seu cará- ter evolucionário. Dessa forma, observou-se que ainda não existe um consenso na literatura quanto à definição desse tema e quanto à sua divisão tipológica. Porém, permitiu-se que, a partir da diversidade de definições e classificações, fosse feito um quadro-resumo dessas abordagens, ressaltando os principais autores presen- tes na literatura que estudam o assunto. Esta revisão sobre a ecoinovação permi- tiu, ainda, identificar nos autores-chave do tema, aspectos e questões específicas relacionadas a medidas de mensuração.

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Andréa Torres Barros Batinga de Mendonça, Ana Paula Mussi Szabo Cherobim, Sieglinde Kindl da Cunha

Para a conclusão do objetivo do trabalho, a partir de autores como Co- enen e López (2009), Speirs, Pearson e Foxon (2008), Nelson (2006), Malerba (2002, 2003), Johnson, Edquist e Lundvall (2003) e Cassiolato e Lastres (2000), que abordam aspectos de categorização dos sistemas setoriais de inovação e au- tores como Carrillo-Hermosilla, Gonzalez e Konnola (2009), Arundel e Kemp (2009), Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2009), Reid e Miedzinsk (2008), Andersen (2006, 2008), Kemp e Foxxon (2007), Ren- nings (1998) e Fussler e James (1996), que destacam tipologias e aspectos a men- surar da ecoinovação, foi possível cruzar as categorias dos SSI e da ecoinovação e identificar indicadores e quesitos que podem ser utilizados em pesquisas futuras para caracterizar e analisar sistemas de inovações sustentáveis.

É importante ressaltar que o caráter exploratório e de estudo bibliográ- fico deste trabalho não possibilita uma comprovação empírica dessas categorias, mas o cruzamento das temáticas aqui expostas serve de base para estudos futuros que desejam realizar pesquisas que integrem o sistema setorial e as inovações sus- tentáveis, uma vez que faz uma vasta busca na literatura de questões relacionadas às temáticas e que podem ser combinadas a fim de gerar novos insights.

Nesse sentido, sugere-se que pesquisas empíricas sejam conduzidas de modo a identificar novos indicadores de mensuração em cada uma das categorias do sistema setorial de inovação ou visando caracterizar sistemas setoriais a partir dos aspectos de ecoinovação destacados neste trabalho.

Sustainable sectoral systems of innovations: categories of analysis, types and ratings for analysis

Abstract

This theoretical essay aims to identify probable categories of analysis integrating innova- tion into their systems perspective and sustainability. We highlight the growing discus- sion about the relationship between economic development and sustainability, especially through the emerging concept of eco-innovation, still without no definite consensus about definitions, types of measures and measurement. It was possible to do a cross between five categories of analysis (SSI agents, relations, limits and conditions of the system, knowledge / technology and institutions) and aspects of measurement and types of eco- innovation, which resulted in categories of analysis for future research related to the theme seeking empirically test this relationship.

324

Sistemas setoriais de inovações sustentáveis....

Keywords: Sectoral system of innovation. Sustainable innovations. Eco-innovation. Ty- pologies.

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RACE, Unoesc, v. 13, n. 1, p. 305-328, jan./abr. 2014

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Recebido em 21 de agosto de 2013

Aceito em 16 de dezembro de 2013

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