https://doi.org/10.18593/race.28621
EDITORIAL
Estimados leitores da Race, como vão?
Saúdo a todos desejando que vocês e suas famílias estejam bem de saúde. Se por um lado começamos a ver a vacinação avançar dentro de nosso país, o que é a principal medida de recuperação da atividade empresarial e da economia, por outro ainda lamentamos as irreparáveis perdas que tivemos. Foram colegas, amigos, familiares, pensadores, educadores, artistas e empresários, entre muitos outros atores relevantes de nossa sociedade que, somados, são mais de 580 mil vozes silenciadas, famílias desestruturadas, negócios interrompidos e sonhos que se esvaziaram.
Esse sentimento ambíguo, essa necessidade de seguir em frente diante da ausência de quem nos importávamos tanto não é simples de experimentar. Sigo daqui desejando forças a todos aqueles que tiveram perdas e que precisam superá-las mesmo vendo a negligência e a incompetência todo dia nos jornais. Nosso ferramental é o inconformismo, o debate racional e a ação participativa visando que jamais tamanha catástrofe ocorra novamente.
Munidos desse aparato, nós, da Race - Revista de Administração, Contabilidade e Economia, buscamos contribuir para os avanços da sociedade, no âmbito da gestão de empresas, da gestão pública, da contabilidade e da economia. Este número oferece contribuições importantes para todas essas áreas. Convido você, leitor, para que se aprofunde em nossos textos que dialogam diretamente com seus interesses e formação e que conheça aqueles que não estão imediatamente conectados com sua área de especialidade.
O primeiro artigo de nossa edição é intitulado “Cross-Country Analysis of Word-of-Mouth of Online Consumer: The Role of Action Loyalty in Brazil and Sweden” dos autores Raul Beal Partyka e Jailson Lana. Esta pesquisa empírica com dados de dois países nos oferece um interessante e muito bem estruturado olhar sobre os efeitos do boca a boca na lealdade de consumidores.
Já o segundo artigo desta edição ressalta a relevância da inclusão de medidas de desempenho sustentável em estudos de desempenho de mercado de empresas. Com a intensificação da adesão das empresas de grande porte às demandas de sustentabilidade da sociedade contemporânea, entender essa relação passou a ser uma necessidade emergencial. As autoras Janine Patrícia Jost, Adriana Kroenke e o autor Nelson Hein o fazem no artigo: “Relação entre desempenho sustentável e desempenho de mercado”. As conclusões do estudo apontam que as organizações, que têm intensificado seu desempenho de mercado em pouco tempo, trabalham para que o desempenho sustentável também venha a crescer significativamente, denotando que a exigência de balanceamento entre os diferentes tipos de desempenho tem se materializado nos indicadores das organizações.
O terceiro artigo aborda uma preocupação patente da sociedade contemporânea que é o desenvolvimento humano. Em um estudo empírico munido de dados de uma importante amostra de municípios do Brasil, os autores Flavio Saab, Fagner Oliveira Dias, André Vaz Lopes e Pedro Ivo Sebba Ramalho oferecem um conjunto de fatores fortemente relacionados à temática central do trabalho. Essa contribuição auxilia a compreender melhor os vetores do desenvolvimento humano e tem importante papel no delineamento de políticas públicas por parte dos profissionais desse âmbito. O título do artigo é: “Políticas públicas e desenvolvimento: fatores que impactam o IDH em municípios brasileiros”.
A quarta contribuição que oferecemos a vocês debruça-se sobre a administração no ensino superior a partir de uma perspectiva das competências. O artigo “Análise das competências necessárias aos membros do colegiado pleno do programa de Pós-graduação em Administração Universitária da UFSC para a realização das ações previstas em seu planejamento estratégico”, de Leonardo Borges da Silva Martins, Nicolas Rufino dos Santos e Marcos B. L. Dalmau, faz um interessante cruzamento entre as competências dos membros do colegiado de cursos da Área de Administração e aquilo que se dispõe no planejamento estratégico da Universidade em voga. Ao sugerir a ênfase no alinhamento dessas duas importantes entidades organizacionais, os autores apontam soluções para um problema clássico das universidades que é o alinhamento das demandas da sociedade com o estoque de conhecimento a ser oferecido à ela a partir do conjunto de docentes e cursos existentes.
Nessa linha, porém em outro contexto não menos importante, o quinto artigo que trazemos para nossos leitores tem como objeto de estudo a Administração Pública Federal e os Poderes Legislativo, Judiciário, Executivo e Ministério Público. O artigo “Avaliação de competências organizacionais de órgão público federal: ótica de diferentes atores”, da Professora Lana Montezano com Iuri Sivinski Petry, Leila Barbieri de Matos Frossad e Antonio Isidro, reforça a relevância e pertinência de análises e da gestão de competências no serviço público. O método utilizado inspira futuros trabalhos nesse campo e certamente dá indicativos sobre como avançar na estruturação de um conjunto de competências que atenda à finalidade dos diversos órgãos públicos.
O artigo final desta edição contribui com a Área da Contabilidade ao estabelecer um perfil comportamental de um importante profissional dessa área, os controllers. A autora Luciane Reginato e seu colega Samuel de Oliveira Durso contribuem com o campo demonstrando que esses profissionais têm experimentado maior poder de tomada de decisão, vista sua elevada capacitação e capacidade de atuar em equipe. Além disso, o artigo “Perfil comportamental de Controllers no Brasil: como estão os nossos profissionais?” pavimenta caminhos do debate da atuação desses profissionais e de incentivos ligados ao exercício de sua função.
Estes últimos dois artigos foram admitidos na revista em caráter de fast-track junto ao tradicional evento organizado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), o XXIII SEMEAD Seminários em Administração ocorrido no final do ano de 2020.
Assim, constitui-se o segundo número de nossa Revista neste ano. Esperamos que façam um bom proveito e que estejam sempre conferindo nossas contribuições com o debate qualificado e racional a respeito das questões fundamentais das organizações privadas, públicas e também com o Estado Brasileiro e seu funcionamento.
Saudações a todos, cuidem-se e fiquem bem!
Prof. Dr. Juliano Danilo Spuldaro
Editor-chefe da Race