EMOÇÕES POSITIVAS E NEGATIVAS, ATITUDE E IN- TENÇÃO DE COMPORTAMENTO: UM ESTUDO EXPLO- RATÓRIO NO VAREJO
Fabrise de Oliveira Müller*
Marise Mainieri de Ugalde**
Carina Pasqualotto***
Cláudio Hoffmann Sampaio****
Marcelo Gattermann Perin*****
Resumo
O estudo das emoções humanas se apresenta como uma das temáticas contem- porâneas dentro da Área de Comportamento do Consumidor. Com o objetivo de analisar os motivos das relações entre as emoções positivas, negativas e os julgamentos
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RACE, |
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* Doutoranda pelo Programa de |
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de Santa Maria; Mestre em Administração e Negócios pela Pontifícia Universidade Católica do |
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Rio Grande do Sul; MBA em Gestão Empresarial pela Fundação GetúlioVargas; Especialista em |
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Marketing pela Universidade Federal de Santa Maria; fabrise.sma@terra.com.br |
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** Doutoranda em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; |
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Especialista em Marketing pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Professora nos Cursos |
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de Administração e Publicidade e Propaganda na Escola Superior de Propaganda e Marketing |
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Campus Sul; atuação profissional em Consultoria nas Áreas de Marketing de Varejo e Comunicação |
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Empresarial; marise@ugalde.com.br |
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*** Mestre em Administração e Negócios com ênfase em Marketing pela Pontifícia Universidade |
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Católica do Rio Grande do Sul; Especialista em Relações e Negócios Internacionais pela Universidade |
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.p |
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do Vale do Rio dos Sinos; Professora universitária do Instituto Brasileiro de Gestão de Negócios e |
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Faculdade Senac Porto Alegre; carina@ibgen.com.br |
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**** Doutor em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Professor do |
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Mestrado em Administração e Negócios pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; |
.jan |
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csampaio@pucrs.br |
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***** Doutor em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Professor do Mestrado em |
./abr |
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Administração e Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Av. Ipiranga, 6681, |
2014 |
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Partenon, |
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tema que propicia muitos estudos, esta pesquisa aponta um novo enfoque para futuros trabalhos na Área de Comportamento do Consumidor e Emoções, em especial, para métodos qualitativos. Os fatores que mediam as relações indicadas no trabalho geram motivos para estudos específicos envolvendo as emoções e os julgamentos
1 INTRODUÇÃO
Os modelos de comportamento de consumidor predominantes na Área de Marketing retratam o consumidor como um tomador de decisão baseado em processos cognitivos, a partir de escolhas preditivas e determinadas por processos individuais racionais (AHUVIA, 2005) que se originam de um reconhecimento de uma necessidade ou problema (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005).
Entretanto, a linha cognitivista parece frágil para explicar determina- dos comportamentos (HOLT, 1995), uma vez que o consumo não é um ato emi- nentemente simples, objetivo e racional (BELK; GER; ASKEGAARD, 2003), mas algo carregado de significado, afetos, sentimentos e emoções (BAGOZZI; GOPINATH; NYER, 1999). Assim, o ato de consumo deixa de ser entendido como uma resolução individual de um problema, sendo frequentemente associa- do a fenômenos culturais (MCCRAKEN, 2003) e emocionais (FRIJDA, 2004).
O estudo das emoções reforçou sua importância mais especificamente nas últimas décadas quando um expressivo número de pesquisa reconheceu o papel ativo das emoções na formação do consumidor e nas experiências de consumo (AYROSA; SAUERBRONN; BARROS, 2007). As respostas emocionais ao consumo envolvem paixão, ódio, medo, raiva, alegria e tristeza. Quando o comportamento é negativo e de fuga são classificadas como emoções negativas; quando se vinculam à atração e à aproximação, são emoções positivas (HOLBROOK; HIRSCHMAN, 1982).
As emoções interagem com aspectos ligados à cognição, interferindo nos comportamentos de compra (DOLAN, 2002; RUSTICHINI, 2005). Assim, o entendimento dos processos emotivos na formação de comportamentos pare- ce explicar com mais totalidade os comportamentos de compra dos indivíduos (PHAM, 1998; ESPINOZA, 2004).
Muitas evidências mostram que os sentimentos que os consumidores têm sobre produtos considerados para a compra podem influenciar significati-
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Emoções positivas e negativas, atitude...
vamente na escolha, na atitude e na intenção (BLACKWELL; MINIARD; EN- GEL, 2005). Ramanathan e Shiv (2001) fornecem uma revisão da interferência das emoções no processo decisório do consumidor, evidenciando que os julga- mentos
Apesar da importância das emoções nos comportamentos de compra e de
2 EMOÇÃO, ATITUDE E INTENÇÃO DE COMPRA
Emoções são estados mentais de disponibilidade imediata que surgem a partir da avaliação de algum evento ou pensamento (BAGOZZI; GOPINATH; NYER, 1999), envolvendo sentimentos a partir de interações entre o sujeito e um objeto (FRIJDA, 2004) e servindo como motivadoras primárias do compor- tamento (ALLEN; MACHLEIT; KLEINE, 1992). Para Nyer (1997), são conse- quências das avaliações cognitivas e dependem da situação em que o indivíduo se encontra e do ambiente. Estas levam a uma experiência subjetiva e também a uma tendência à ação acompanhada de respostas fisiológicas. De acordo com Pham et al. (2001), as emoções contam com respostas de julgamento muito mais rápidas, consistentes do que em situações nas quais a razão está em primeiro plano. As emoções são intensas e breves, e no campo das definições, recebem conceitos se- melhantes a afeto, sentimento e humor (KEANE; EYSENCK, 1994).
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Para uma emoção acontecer, portanto, não depende apenas da vontade do indivíduo em
Os consumidores
O que mais diferencia as emoções do humor e da atitude é justamente o modo pelo qual elas se formam (BAGOZZI; GOPINATH; NYER, 1999). As emoções surgem em resposta a uma avaliação (quer dizer, um julgamento, uma interpretação) que as pessoas fazem de algo relevante (incidente ou episódio que acontece com o indivíduo) para o
O conhecimento sobre o quanto as emoções positivas ou negativas in- fluenciam a avaliação de produtos e experiências de compra não é extenso. Con- tudo,
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Emoções positivas e negativas, atitude...
Pham (1998) sugere que o afeto pode ter um papel central na tomada de decisão. As pessoas podem avaliar um objeto tendo uma representação mental e
Então, a tomada de decisão pode ter como referência o afeto, ou seja, a pessoa pode se basear em avaliações previamente formadas e arquivadas na me- mória para decidir o que comprar (PHAM, 1998). Da mesma forma, o processo de avaliação pode ser baseado nos sentimentos como fontes de informação. As pessoas confiam nos sentimentos que vivenciam, na experiência de compra e na representação do objeto em suas mentes. Nos estudos de Pham (1998), grupos foram induzidos a humores positivos e negativos, e, após isso, fizeram avaliações.
Os estados de humor são fatores afetivos e podem influenciar o com- portamento do consumidor em muitos contextos. De características transitórias e altamente influenciáveis, uma pequena mudança no ambiente, por exemplo, pode influenciar o humor no momento da compra (GARDNER, 1985). Assim, na aproximação das respostas emocionais com o processo decisório do consu- midor (RAMANATHAN; SHIV, 2001), as emoções aparecem como importantes influenciadores dos julgamentos de
Atitude é um julgamento
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3 MÉTODO
Considerando o objetivo deste estudo ser o de entender os motivos que permeiam as relações entre emoções e julgamentos
3.1 ELABORAÇÃO DO ROTEIRO
O método utilizado para o levantamento dos dados foi o de entrevistas em profundidade a partir de um roteiro semiestruturado, elaborado a partir do modelo de Espinoza (2004) e validado por dois especialistas. Ainda, um
Inicialmente,
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Emoções positivas e negativas, atitude...
3.2 COLETA DE DADOS
Para a coleta de dados foram utilizados dois grupos de respondentes: clientes e especialistas. O grupo clientes foi composto por consumidores que ad- quiriram produtos no varejo e que tiveram e se lembravam de alguma experiência extremamente positiva e negativa da compra (técnica do incidente crítico). O grupo de especialistas foi formado por gerentes que atuavam em lojas de varejo por no mínimo cinco anos.
Neste estudo, a análise de conteúdo foi utilizada para tratar o material gerado pelas entrevistas em profundidade. Como o presente estudo foi de caráter exploratório e não foram estabelecidas hipóteses sobre o problema, a estratégia de análise utilizada se baseou no uso de um padrão descritivo. Foram realizadas três etapas conforme sugere Trivinos (1992). Na
Na sequência,
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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para a melhor análise dos resultados foram criados dois grupos de en- trevistados: Consumidores e Especialistas de Varejo. O grupo denominado “Con- sumidores” é brevemente descrito a seguir, apresentando de forma resumida a situação de compra relatada para o estudo:
a)Synara: 43 anos, casada, dois filhos, atua em uma agência de propa- ganda há mais de 10 anos. Enfatizou as experiências de compra em loja de colchões e de eletrodomésticos;
b)Viviane: 32 anos, solteira, sem filhos, assessora de imprensa de em- presa vinculada ao comércio. Retomou as vivências na compra de forno
c)Christiano: 28 anos, casado, atua em uma empresa de telecomu- nicações. Relatou visita a uma concessionária de automóveis e a compra em uma revenda de carros;
d)Júnior: 42 anos, casado, administrador de empresas, trabalha na administração de uma empresa familiar. Contou experiências em supermercados e loja de eletrodomésticos;
e)Eduardo: 37 anos, casado, gerente comercial de uma empresa de planos de saúde. Exemplificou compras em lojas de chocolates e de materiais de construção.
O perfil do grupo denominado “Especialistas de Varejo” é o seguinte:
a)Gerente 1: atua no varejo há 15 anos e gerencia uma loja de uma rede que conta com 87 lojas no Brasil, sendo lojas de departamen- tos, com roupas, acessórios, cama, mesa e banho;
b)Gerente 2: atua há mais de seis anos como gerente no segmento de móveis, eletroeletrônicos e informática; a rede tem 350 lojas e 7 mil funcionários;
c)Gerente 3: há nove anos atua na gerência de uma rede de roupas masculinas, femininas e infantis, acessórios e sapatos; o grupo tem 87 lojas;
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d)Gerente 4: está na empresa há 20 anos e há oito anos gerencia uma filial da rede de calçados que possui 12 lojas e mais de 300 colabo- radores;
e)Gerente 5: trabalha há mais de 5 anos como gerente de filial de uma empresa que opera no ramo de materiais de construção e mo- veleiro; no total, o grupo conta com 110 lojas e 3 mil funcionários.
4.1AS EMOÇÕES RELATADAS NO PROCESSO DE CONSUMO – GRUPO “CONSUMIDORES”
Nenhum dos entrevistados demonstrou dificuldades em expressar emoções ou relatar situações de felicidade, tristeza, prazer, frustração em expe- riências de compra. Isso reforçou a ideia de que os processos de consumo estão fortemente vinculados à emoção (ALLEN; MACHLEIT; KLEINE, 1992), sendo facilmente observados no varejo. Quando questionados sobre as emoções viven- ciadas na experiência de compra, facilmente apareciam emoções como: “felicida- de enorme” (alegria), “uma sensação de conforto” (aceitação), “tu te sente bem, feliz, valorizado” (expectativa, alegria), “fiquei irritada, me senti desprestigiada” (raiva), “ele (vendedor) me apresentou um diferencial muito bom, que foi a ques- tão do preço” (surpresa), “pedi modelos e opções e fiquei esperando sentada a pessoa me trazer... e... não me trouxe” (expectativa).
Portanto, parece ser válida a assertiva de que os fenômenos emocionais são componentes do comportamento humano, consequentemente, do comporta- mento do consumidor, tendo as emoções
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4.2 AS EMOÇÕES POSITIVAS, AS EMOÇÕES NEGATIVAS E A ATITUDE
Na experiência de consumo que causa emoções positivas, a atitude ten- de a se tornar positiva também; nas emoções negativas, a atitude tende a se tornar negativa (ESPINOZA, 2004). O fato de um cliente entrar na loja, ser bem atendi- do, propicia que ao lembrar da situação de compra sua avaliação seja positiva. Há que se considerar, ainda, que as avaliações dos consumidores vão muito além dos atributos e alternativas do produto (GABARINO; EDELL, 1997), tendo forte relação com a experiência em si. Por exemplo: “Fiz pesquisas em todas as lojas da Rua “X” [...] e comprei numa loja que não tinha o melhor preço. A vendedora me disse que negociava [...] queria que eu comprasse ali de qualquer jeito [...] Tu tens que sentir que a pessoa também quer te vender.” (Synara, contando sobre a compra de móveis para a cozinha, sua satisfação, atitude positiva e avaliação da experiência) (informação verbal).
As retrospectivas individuais, como as que foram contadas pelos res- pondentes desta pesquisa, sobre os episódios e as emoções específicas a cada um, devem melhorar a predição, confirmando as afirmações de Allen, Machleit e Kleine (1992). Então, a atitude pode sim ser considerada a partir da influência da emoção. Nesse sentido, ao citar as retrospectivas individuais, a memória passa a sofrer uma classificação. Ou seja, a lembrança de cada pessoa pode ser classi- ficada como semântica ou episódica (ALLEN; MACHLEIT; KLEINE, 1992). Na memória episódica, o consumidor retém a informação na forma de eventos específicos, conforme foram experienciados, e a memória semântica se relaciona com o conhecimento e as abstrações derivadas da experiência. Os conteúdos abs- tratos, como o julgamento da atitude, estão localizados na memória semântica, e as emoções, na memória episódica (ALLEN; MACHLEIT; KLEINE, 1992). A respondente comenta: “[...] eu odeio chegar numa loja quando parece que a pessoa (vendedor) está te fazendo um favor.” (Synara,
A atitude, de modo simples,
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Emoções positivas e negativas, atitude...
As emoções manifestadas ficam retidas, ao menos até que exista uma razão para
4.3 AS EMOÇÕES POSITIVAS, AS EMOÇÕES NEGATIVAS E A INTENÇÃO
Teoricamente, quando os indivíduos reportam emoções experienciadas em uma situação própria, particular, podem esses relatos predizerem um com- portamento futuro (ALLEN; MACHLEIT; KLEINE, 1992). A visão heurística (“Como eu me sinto?”), citada, por exemplo, por Pham et al. (2001, p. 167), mos- tra que as pessoas, às vezes, inferem a direção de suas preferências a partir do valor de seus sentimentos. A intensidade destas preferências se relaciona com a intensidade dos sentimentos, como o nível de excitação. “Apesar do suporte teó- rico para essa relação,
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4.4OS MOTIVOS DAS RELAÇÕES ENTRE EMOÇÕES POSITIVAS E A ATITUDE
No grupo “Consumidores” os respondentes foram convidados a indi- car fatores que mediam a relação entre as emoções positivas e as atitudes, a partir das experiências descritas com a técnica de incidente crítico. No caso do grupo “Especialistas de Varejo”, estes foram incitados a contar, a partir de suas vivências no ambiente de loja, os fatores principais que estariam mediando a relação das emoções positivas e atitudes (a partir do contato com o cliente, das conversas com os vendedores, do SAC).
A relação entre as emoções positivas e a atitude parece ser mediada por sentimentos como valorização e
As emoções positivas suscitadas pelo atendimento podem ser mediadas por questões como a “atenção” prestada pelo colaborador, sendo isso um dife- rencial para as empresas.
Os funcionários compõem a dimensão social, indicada pelo número de pessoas que estão atendendo, o uso de uniformes, a higiene, a aparência, a corte- sia, a educação e a forma como prestam o atendimento (KNY, 2006). Esses itens podem ser utilizados para mensurar a qualidade do atendimento, bem como o excesso de pessoas circulando pode passar uma imagem de serviços lentos e mo- rosos. Na transcrição seguinte, o contato entre cliente e vendedor parece ganhar destaque: “[...] a gente percebia que tinha trabalho em equipe [...] que aquelas pessoas que estavam lá não estavam sendo treinadas para serem forçadas a fazer
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aquilo [...] A naturalidade (do atendimento) foi importante [...]” (Eduardo, sobre a loja de chocolates) (informação verbal).
Essa citação demonstra experiência positiva, para a qual o atendimen- to foi fundamental. Além disso, em situações como essa o consumidor parece ficar mais disposto a participar de atividades propostas pela empresa, como a degustação, pesquisas. Então, o bom atendimento parece ser motivo que permeia a relação entre as emoções positivas e a atitude; que, talvez, torne o cliente mais atento aos itens de organização, bem como do produto apresentado, favorecendo o marketing experiencial. Os demais componentes da dimensão social ganham destaque na observação dos clientes. Kny (2006) comenta que o estado emocional de quem está na loja comprando pode ser influenciado pela equipe de vendas: “A situação foi rápida desde que eu entrei, a agilidade [...] e a loja era grande [...] mui- to colorida, as atendentes tinham padrão de uniforme, de cabelo, de maquiagem, não tinha uma com um batom vermelho e outra com batom marrom.” (Eduardo, sobre a loja de chocolates) (informação verbal).
Os relatos até então apresentados indicam que é por meio do atendi- mento que os clientes parecem perceber melhor questões de dimensão social, como a postura dos atendentes, bem como dimensões ambientais, como, por exemplo, a climatização, a amplitude das lojas, sua decoração, localização e sinali- zação. No estudo realizado por Espinoza e Zilles (2004),
Logo, ao
P1: As emoções positivas impactam nas atitudes, sendo essa relação mediada por percepções de segurança, valorização,
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4.5OS MOTIVOS DAS RELAÇÕES ENTRE EMOÇÕES NEGATIVAS E A ATITUDE
As emoções negativas geram sentimentos de repulsão, levando o consu- midor a se afastar do estímulo que está causando o sentimento: “[...] a experiência negativa me afasta totalmente desse lugar e acabo fazendo um marketing negati- vo; sempre que eu posso relatar experiências positivas ou negativas de compra, eu faço.” (Viviane) (informação verbal). Alguns relatos indicaram que, ao viven- ciarem emoções negativas, os clientes parecem ficar mais sensíveis a questões vinculadas ao preço: “Odeio quando não tem preço exposto [...] temos que ficar pedindo o preço.” (Viviane) (informação verbal).
Se as experiências negativas podem tornar o cliente mais sensível ao preço, essa suscetibilidade parece ser um dos motivos que mediam a relação. A tolerância do cliente quando recebe um “não” do vendedor, em situações, por exemplo, de pedido de crédito, é citada pelos especialistas, parecendo ser também um fator importante, mediando as emoções negativas e atitudes. Logo, as emo- ções negativas, motivadas por aspectos de atendimento, parecem tornar o cliente mais intolerante com situações administrativas, como as concessões de crédito. Assim, a sensibilidade ao preço e a postura de intolerância diante de respostas negativas parecem ser motivos mediadores da relação.
Então,
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a perceber os problemas de ambiente, de design, de estrutura física, logo sendo esse mais um dos motivos mediadores de emoções e atitudes negativas.
Quando consumidores ou gerentes lidam com emoções, além da difi- culdade de identificar se elas partem do produto ou da experiência, também há certo obstáculo em relatar motivos que antecedem ou sucedem as emoções. O atendimento parece motivar emoções negativas e, com isso, o cliente parece de- monstrar uma maior percepção de problemas nos aspectos sociais e de ambiente, tendo também pouca flexibilidade em processos burocráticos e maior sensibilida- de ao preço. Assim,
P2: As emoções negativas impactam nas atitudes, tornando os clientes menos tolerantes a respostas negativas (concessão de crédito), mais sensíveis aos aspectos de am- biente (filas, climatização, sinalização), sociais (colaboradores) e preço.
As atitudes desfavoráveis que as pessoas têm em relação às empresas re- sultam em uma intenção de compra negativa. As intenções podem sofrer alterações de acordo com as emoções vivenciadas, podendo também ser mediadas pela atitude de comportamento, como já concluído em estudo. “Apesar do suporte teórico para essa relação,
4.6OS MOTIVOS DAS RELAÇÕES ENTRE EMOÇÕES POSITIVAS E INTENÇÃO
Como já mencionado, nas entrevistas com ambos os grupos, foi nova- mente observada a relação direta do construto emoção e intenção. Nessa etapa, cada grupo foi incentivado a relatar as experiências de compra com emoções po- sitivas (felicidade, alegria, satisfação e prazer), a intenção de retorno e, a partir disso, os fatores que mediam a relação.
Em um primeiro momento, como apontado nas análises das relações entre emoções e atitudes, o atendimento ao cliente parece motivar as emoções positivas, resultando na intenção de recompra: “[...] se o vendedor está de férias
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ou está no intervalo, ele (o cliente) deixa de comprar e só vem comprar quando o vendedor estiver na loja.” (Gerente 2) (informação verbal). “Eu ainda continuo achando que é a questão do atendimento que faz as pessoas voltarem à loja.” (Ge- rente 4) (informação verbal).
Assim, os motivos mediadores da relação entre emoções positivas e in- tenções parecem ser uma maior percepção dos aspectos de qualidade do produto e do nome da empresa, ou seja, ao lembrar as emoções positivas, o cliente parece observar mais o que a empresa vende e qual a empresa que vende. Além destes motivos, o atendimento que suscita emoções favoráveis parece tornar os consu- midores mais flexíveis quanto à negociação, resultando em uma intenção positiva conforme evidenciado por esta respondente: “Eu faria novamente na mesma loja [...] Claro que não ia deixar de fazer pesquisa novamente, mas eu já encaro aquela empresa como um lugar aberto à negociação e aquele vendedor específico tam- bém.” (Viviane) (informação verbal). Então, quando as emoções são positivas e impactam nas intenções, os clientes parecem admitir melhor os preços e passam a considerar o local como propício a negociações e demonstram maior sensibilida- de aos aspectos do atendimento.
O grupo “Consumidores” assumiu respostas semelhantes quanto aos fatores que permeiam as relações de emoções positivas e atitude, e de emoções positivas e intenção.
Quanto às emoções positivas e aos fatores mediadores da relação com a intenção,
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alegria, felicidade, inferem uma intenção positiva, tendo significância o atendi- mento ao cliente. Com isso, o cliente parece ficar mais sensível a características como a força da marca, a qualidade do produto e a flexibilidade de negociação. Assim,
P3: As emoções positivas impactam nas intenções; o cliente passa a conviver com o sentimento de lealdade à empresa, ficando mais suscetível à marca da empresa, à qualidade do produto e mais tolerante quanto à negociação e ao preço.
4.7OS MOTIVOS DAS RELAÇÕES ENTRE EMOÇÕES NEGATIVAS E INTENÇÃO
As pesquisas sobre comportamento e afeto consideram uma escala bi- polar, ou seja, “[...] a teoria parte do pressuposto que se ele (cliente) não fosse bem atendido, ele não sentiria prazer e, portanto, não retornaria àquele estabelecimen- to.” (ESPINOZA; ZILLES, 2004, p. 4). Normalmente, as perdas exercem mais peso e o afeto negativo é mais complexo no comportamento do consumidor do que os ganhos e o afeto positivo (ESPINOZA; ZILLES, 2004).
Os respondentes citaram as dimensões sociais, não somente enquan- to antecedentes das emoções, mas, sobretudo, como mediadoras da relação en- tre emoções negativas e intenções. As citações parecem indicar que, ao suscitar emoções negativas, o cliente fica mais atento à postura do vendedor, passando a observar se ele se esforça na venda ou se conhece o produto: “Porque o mau aten- dimento não foi tão decisivo, mas agora ele é [...]” (Eduardo) (informação verbal).
Outro aspecto observado
Assim, há uma possível indicação de que, ao associar a empresa com emo- ções de recuo, o cliente tende a não retornar a ela, mesmo que o preço seja atrativo. Na conversa com os especialistas, entretanto, há outra indicação. Alguns clientes podem até repetir a compra, baseados somente na percepção do preço do produto como uma vantagem. Ademais, a relevância do preço parece não ser significativa quando o cliente vive emoções negativas em razão do atraso no envio de cobranças
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ou da não liberação de crédito: “Agora a questão do cartão, quando o cliente chega a ponto de quebrar o cartão, aí não volta mais.” (Gerente 4) (informação verbal).
O fato é que os estados de humor influenciados pelo ambiente do varejo podem afetar a intenção de compra. Lojas consideradas agradáveis pelos clientes possuem maiores intenções de compra. Essa sensação agradável está relacionada a lojas bonitas, com ambientes confortáveis, temperaturas adequadas, com equipe de vendas que sabe se adequar ao humor do cliente.
Por fim, é necessário reiterar que as emoções negativas podem impactar nas intenções de comportamento tendo a atitude como mediadora (ESPINOZA, 2004). Então, as avaliações influenciam as intenções de comportamento, variando de acordo somente com a intensidade das emoções na experiência de compra. As incongruências e os fatores que sucedem as emoções negativas podem resultar em intenções negativas de compras futuras.
Com base, então, nas considerações anteriores, emerge a seguinte pro- posição de pesquisa:
P4: As emoções negativas impactam nas intenções; o cliente passa a conviver com o sentimento de indiferença, descaso, percebendo o ambiente de compra como sem organização e gerenciamento.
5 CONCLUSÃO
As mudanças de mercado e o desenvolvimento de estudos no compor- tamento do consumidor sinalizam para a importância das emoções no consumo. É desafio central das empresas entenderem as razões pelas quais as pessoas se interessam por determinados bens ou serviços, em detrimento de outros (SHIV; FEDORIKHIN, 1999; BOSMANS; BAUMGARTNER, 2005).
Os resultados encontrados neste estudo reforçam a linha de estudos que investigam a associação das emoções nas formas de julgamento
Como contribuição central à academia, este estudo
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res ainda suscita muitos estudos (BOSMANS; BAUMGARTNER, 2005; PHAM, 1998; ALLEN; MACHLEIT; KLEINE, 1992). Em especial, o estudo identifica motivos que permeiam as relações entre as emoções e os comportamentos de pós-
Considerando então que as emoções afetam aspectos de marketing, as contribuições gerenciais
Como as emoções são pessoais, pode ser difícil para a empresa lidar com este aspecto, mas os fatores apontados nos resultados podem favorecer que se criem ambientes que suscitem as emoções positivas. Se elas são motivadas pelo atendimento e resultam em sensações de segurança, valorização,
O estudo revelou também a importância das respostas afetivas na re- lação com a maior ou menor sensibilidade ao preço. Para o consumidor existe um preço máximo ao qual está disposto a pagar, interferindo nesse processo as- pectos orçamentários, a utilidade e atributos percebidos. Mas os preços podem estar associados às definições hedônicas, condicionados por atributos intrínsecos e extrínsecos. O preço adequado pode, então, ser percebido a partir de alguns atributos que nem sempre têm relação direta com o produto. Logo, aos profissio- nais do varejo cabe entender as diferenças de cada grupo de consumidores, não somente percebendo o que o cliente gosta, mas principalmente, para qual tipo de consumidor irão vender.
Por fim,
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Positive and negative emotions, attitude and intent of behavior: an exploratory study in retail
The study of human emotions presents as one of the contemporary issues within the Area of Consumer Behavior. With the objective of analyze the reasons for the relations among positive emotions, negative judgments and
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Recebido em 29 de abril de 2013
Aceito em 21 de outubro de 2013
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