INTERFACE, EMPREENDEDORISMO E RESILIÊNCIA: UM ESTUDO DE CASO AMBIENTADO NA FLYTOUR VIAGENS E TURISMO LTDA.
Patricia Padilha Lima*
Eric Charles Henri Dorion**
Gabriel Sperandio Milan***
Eliana Andrea Severo****
Paula Patricia Ganzer*****
Pelayo Munhoz Olea******
Resumo
O estudo do comportamento do empreendedor auxilia na compreensão do ser humano em seu processo de criação de riquezas e de realização pessoal. As difi- culdades enfrentadas pelos empreendedores, principalmente no Brasil, carente de políticas econômicas e infraestrutura adequada, são motivo de grande preocu- pação para os estudiosos. Nesse contexto, a resiliência, como vértice teórico, abre
*Mestre em Administração pela Universidade de Caxias do Sul; Coordenadora Regional do Programa de Iniciação Científica da Faculdade Anhanguera Educacional; Getúlio Vargas, 1130,
**Doctorate degree in Business administration - Université de Sherbrooke; a Master degree of Business Administration - Université Laval; Bachelor degree in Geography - Université Laval; He is currently professor at the University of Caxias do Sul (RS), the University Feevale (RS), Brazil, and visiting professor at l École de Technologie Supérieure, Canada; he acts as a member of the Editorial Board of the Journal of IMS Group, India, the Journal of Amity Business School, India, of the Revista de Ocio y Turismo, Spain, the International Journal of Global Business, USA, and the Caspian Journal of Applied Sciences Research, Malaysia; He is the Honorary Consul of Canada at Porto Alegre; echdorion@gmail.com
***Doutor em Engenharia de Produção na área de Sistemas de Qualidade pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Mestre em Engenharia de Produção na área de Qualidade e Gerência de Serviços pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Especialista em Administração em Marketing e em Planejamento Econômico: Gestão Econômica da Empresa na Universidade de Caxias do Sul; Professor e pesquisador na Universidade de Caxias do Sul e no Centro de Ensino Superior Cenecista de Farroupilha; Consultor de empresas nas áreas de estratégia e mercado; gabmilan@terra.com.br
****Doutora em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e pela Universidade de Caxias do Sul; Mestre em Administração pela Universidade de Caxias do Sul; Especialista em Gestão Ambiental com Ênfase na Indústria pela Universidade de Caxias do Sul; experiência na área de Inovação, Empreendedorismo e Sustentabilidade Ambiental; elianasevero2@hotmail.com
*****Mestre em Administração pela Universidade de Caxias do Sul; Doutorando em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e pela Universidade de Caxias do Sul; ganzer.paula@gmail.com
******
2014 .maio/ago
391
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
espaço para o entendimento de como alguns indivíduos, em situações tão adversas, reagem melhor do que outros na superação das dificuldades. O estudo da resiliência possibilita a inserção de conceitos e características à investigação do empreendedo- rismo e à obtenção de uma melhor compreensão do empreendedor. Esta pesquisa objetivou identificar quais forças, atreladas a sentimentos, impulsionaram ou faci- litaram o crescimento e o fortalecimento da empresa em estudo no mercado em que atua. Para isso,
1 INTRODUÇÃO
O desafio de crescimento exige dos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, um planejamento dirigido para aproveitar as oportunidades e rees- truturar os aspectos vulneráveis que constituem um entrave perante a nova dinâmi- ca econômica. Nesse sentido, o empreendedorismo é fonte de muitas contribuições.
O conceito de empreendedorismo não é novo, mas sim o interesse de pesquisadores, de empresários e de governantes em geral, principalmente, em ra- zão da necessidade de diminuição nas altas taxas de mortalidade dos empreendi- mentos e da necessidade de criação de empresas que tenham maior longevidade, apesar dos obstáculos (SOUZA, 2005). Estes obstáculos se apresentam de maneira e grau de intensidade diferentes, provocando reações proporcionais à capacidade de entendimento e à luta de cada empreendedor. A resposta que dará, buscando a fuga ou o enfrentamento dessas adversidades, dependerá de seus padrões internos e da forma como responde aos estímulos externos, agindo sobre eles para cons- truir e organizar seu próprio padrão de defesa e de ação (CONNER, 1995).
A resiliência, como apoio teórico, pode dar respaldo a esses questio- namentos, fornecendo subsídios para
392
Interface, empreendedorismo e resiliência...
apresentam uma melhor reação frente às mudanças. De acordo com Yunes e Szy- mansky (2001), estudos sobre resiliência apontam que esses indivíduos possuem maior capacidade de recuperação diante dos problemas e desafios.
Diante desse cenário,
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 DEFINIÇÕES E DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO
Na visão de Filion (1999), muitos autores contribuíram com a concei- tuação e com a definição do termo empreendedor, entre eles
No século XVIII, o empreendedor finalmente foi diferenciado do ca- pitalista, pois o primeiro fazia uso do capital e o segundo o fornecia, era um in- vestidor de risco (HISRICH; PETERS, 2004). Entretanto, Schumpeter foi quem efetivamente sistematizou os estudos, atribuindo aos empreendedores as caracte- rísticas de agentes de mudanças e de inovadores (FILION, 1999). A essência do empreendedorismo permanece na percepção e na exploração de novas oportuni- dades no domínio dos negócios, sempre fazendo uso diferente dos recursos. As- sim, empreender é inovar, implementar novas possibilidades de desenvolvimento econômico (SCHUMPETER, 1982).
Os autores Timmons (1987); Hornaday (1982); Meredith, Nelson e Neck (1982) descreveram características conferidas aos empreendedores, confor- me o Quadro 1:
2014 .maio/ago
393
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
Quadro 1 – Relação de características atribuídas aos empreendedores
Características dos empreendedores
|
Inovação |
Otimismo |
Tolerância à ambiguidade e à in- |
|
certeza |
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Liderança |
Orientação para resultado |
Iniciativa |
|
|
|
|
|
Riscos moderados |
Flexibilidade |
Capacidade de aprendizagem |
|
|
|
|
|
Independência |
Habilidade para conduzir situações |
Habilidade na utilização de recursos |
|
|
|
|
|
Criatividade |
Necessidade de realização |
Sensibilidade a outros |
|
|
|
|
|
Energia |
Autoconsciência |
Agressividade |
|
|
|
|
|
Tenacidade |
Autoconfiança |
Confiança nas pessoas |
|
|
|
|
|
Originalidade |
Envolvimento a longo prazo |
Dinheiro como medida de desem- |
|
penho |
||
|
|
|
|
|
|
|
|
Fonte: Timmons (1987); Hornaday (1982); Meredith, Nelson e Neck (1982). |
A literatura apresenta características atribuídas aos empreendedores, porém, nenhuma delas é capaz de explicar o fenômeno do empreendedorismo isoladamente. Souza (2005), no intuito de agrupar características relacionadas aos empreendedores, elaborou uma matriz que demonstra essas características e a fre- quência que aparecem. Na pesquisa realizada, a inovação aparece nas abordagens de todos os autores pesquisados, conforme demonstra a Figura 1:
Figura 1 – Matriz de citações das características dos empreendedores
|
|
|
|
|
|
|
|
Autores |
|
|
|
|
|
|
|
||
Características |
Schumpeter |
McClelland |
Weber |
Filion |
McDonald |
Degen |
Drucker |
Lalkala |
Dutra |
eBarrosPrates |
Mintzberg |
Angelo |
Logeneckeret al |
Leite |
Carlandet al |
etFreseal |
Total |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Buscar oportunidades |
x |
x |
|
x |
x |
x |
x |
|
x |
|
x |
x |
x |
x |
|
|
11 |
Conhecimento do mercado |
|
|
|
|
|
x |
x |
x |
|
|
|
x |
|
x |
|
|
5 |
conhecimento do produto |
|
|
|
|
|
x |
x |
x |
|
|
|
x |
|
x |
|
|
5 |
Correr riscos |
x |
x |
|
x |
x |
x |
x |
|
|
|
x |
x |
|
x |
x |
|
10 |
Criatividade |
|
x |
|
x |
|
x |
|
x |
x |
x |
|
x |
|
x |
x |
|
9 |
Iniciativa |
x |
x |
|
x |
|
|
|
|
x |
|
|
|
|
x |
|
x |
6 |
Inovação |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
16 |
Liderança |
x |
x |
x |
x |
x |
|
x |
|
|
|
x |
|
|
|
|
|
7 |
Necessidade de realização |
x |
x |
|
|
|
|
|
|
|
|
x |
|
|
|
x |
x |
5 |
Proatividade |
x |
x |
|
x |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
x |
x |
5 |
Visionariedade |
|
|
|
x |
|
|
|
|
x |
|
x |
|
|
x |
|
x |
5 |
Fonte: Souza (2005).
394
Interface, empreendedorismo e resiliência...
De acordo com Guimarães (2004), a perspectiva psicológica é a que predomina nos estudos de análise individual do empreendedor. Ao atribuir ao indivíduo ou a grupos de indivíduos o estudo do empreendedorismo, essa escola psicológica aborda a personalidade como objeto central de seus estudos. Em algu- mas abordagens, os aspectos subjetivos do comportamento individual têm maior relevância propondo, inclusive, que o processo de abertura e de crescimento de uma organização sofre influência da subjetividade de seu empreendedor.
Um desses estudos demonstra a relação entre características empreen- dedoras e mecanismos racionais e intuitivos. As diferenças entre a interpreta- ção subjetiva de um contexto e o conjunto de variáveis emocionais e cognitivas podem estimular atitudes empreendedoras em alguns indivíduos, enquanto em outros, no mesmo contexto e nas mesmas condições, essas atitudes não serão esti- muladas (FEUERSCHÜTTE; GODOI, 2007).
A atividade empresarial em movimento, ou seja, a geração de novos negócios, produtos, serviços e postos de trabalho, tem sido considerada essencial para os desenvolvimentos sustentável e econômico, estimulando a atividade eco- nômica no setor privado. Empresários são os agentes econômicos que alimentam a oferta de bens e serviços necessários e desejados; são os agentes de lubrificação que giram as rodas da economia (BULLOUGH; RENKO, 2013).
Mesmo não sendo capaz de explicar o empreendedorismo, o estudo das características comportamentais, segundo Oliveira (2007), possibilita um maior entendimento quanto aos fatores de insucesso e às maneiras de
2014 .maio/ago
395
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
Quadro 2 – Pesquisas sobre empreendedorismo e resultados
|
Autor |
Área de pesquisa |
|
Resultados alcançados |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Identificação de |
características |
como: |
|
|
Macedo (2003) |
Características empreendedoras |
necessidades, conhecimentos, habilida- |
|||
|
|
|
des e valores. |
|
|
|
|
|
|
|
|
||
|
|
|
Identificação das |
características mais |
||
|
Lenzi; Venturini; |
Características empreendedoras |
comuns em empreendedores no setor |
|||
|
Dutra (2005) |
|
de restaurantes e agências de viagens |
|||
|
|
|
no Balneário Camboriú. |
|
||
|
|
|
|
|||
|
Benedetti; Guardani et |
Fatores de motivação |
Constatação de que os empreendedores |
|||
|
são motivados a partir de suas necessi- |
|||||
|
al. (2005) |
para o empreendedor |
||||
|
dades de autorrealização. |
|
||||
|
|
|
|
|||
|
|
|
|
|||
|
|
|
Validação de um instrumento de medi- |
|||
|
Cunha Júnior (2006) |
Dimensões empreendedoras |
da da atitude empreendedora. |
|
||
|
|
|
|
|||
|
|
|
Conclusão de que indivíduos que pos- |
|||
|
Fontanelle; Hoeltge- |
|
suem |
características comportamentais |
||
|
Características comportamentais |
empreendedoras |
mais desenvolvidas |
|||
|
baum; Silveira (2006) |
|||||
|
|
têm melhor desempenho na condução |
||||
|
|
|
||||
|
|
|
de seu negócio. |
|
|
|
|
|
|
|
|||
|
Carvalho; Gonzáles |
Investigação da intenção em- |
Criação de um modelo explicativo so- |
|||
|
(2006) |
preendedora |
bre a intenção empreendedora. |
|
||
|
|
|
|
|||
|
|
|
Lócus de controle tende a exercer influ- |
|||
|
Maciel (2007) |
Características comportamen- |
ência positiva sobre a atenção a novas |
|||
|
|
tais e lócus de controle interno |
oportunidades ambientais. |
|
||
|
|
|
|
|||
|
|
|
Constatação de que no início do empre- |
|||
|
Nassif; Amaral; Pinto; |
|
endimento, os indivíduos comportam- |
|||
|
|
|||||
|
Soares (2007) |
Características comportamentais |
||||
|
medida em que o negócio avança e ama- |
|||||
|
|
|
durece, intensificam mais os comporta- |
|||
|
|
|
mentos de liderança na sua condução. |
|||
|
|
|
Prevalência dos traços: risco, compe- |
|||
|
Veit; Filho (2007) |
Perfil do potencial empreendedor |
tência estratégica, pensamento analí- |
|||
|
tico, |
empatia, planejamento |
formal, |
|||
|
|
|
desafio e inovação. |
|
||
|
|
|
|
|
|
|
|
Fonte: os autores. |
|
|
|
|
|
396
Interface, empreendedorismo e resiliência...
A definição de empreendedorismo é motivo de profundas análises e discussões, pois é tema que provoca novas interpretações e inserções, sendo um campo vasto para o aprofundamento da pesquisa. Na visão de Ibrayeva (1999),
A pesquisa de Williams, Vorley e Ketikidis (2013) analisou a relação entre resiliência econômica e empreendedorismo na cidade de Thessaloniki, na Grécia. Baseada em entrevistas na região da cidade, a pesquisa apontou que o em- preendedorismo é essencial para a promoção da diversificação e capacidade das economias da região da cidade, com o choque externo da crise da zona do euro e a rigidez de áreas como a região da cidade de Thessaloniki, desafiando sua estru- tura econômica. O estudo concluiu que o empreendedorismo é fundamental para a reestruturação e a adaptação das economias da região da cidade.
2.2 RESILIÊNCIA E SUAS ORIGENS
Resiliência é um conceito emergente, que tem sido utilizado para exa- minar o desempenho econômico e a capacidade de resposta a choques exógenos, como crise financeira e recessão (WILLIAMS; VORLEY; KETIKIDIS, 2013).
O primeiro estudo realizado no campo da resiliência foi desenvolvi- do por Emmy Werner e Ruth Smith (1982) em Kauai, Havaí. Durante 32 anos, desde 1955, elas acompanharam 698 crianças com o foco do estudo em 72 destas, do período
Werner e Smith (1982) identificaram que na vida adulta, os 72 parti- cipantes da pesquisa apresentavam uma adaptação positiva à sociedade quando comparados àqueles que adotavam condutas de risco. Apresentavam capacidade de administrar sua vida dentro de padrões considerados normais, apesar do fato de terem crescido sob condições desvantajosas. A outra parte dos participantes manifestou dificuldades de aprendizagem, registros de delinquência e problemas
2014 .maio/ago
397
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
mentais.
A resiliência possui dois termos considerados precursores de sua utili- zação: invencibilidade ou invulnerabilidade. Autores, como Masten e Garmezy (1985), Rutter (1985) e Werner e Smith (1982) relatam que “[...] em 1974, o psi- quiatra infantil E. J. Anthony introduziu o termo invulnerabilidade na litera- tura da psicopatologia do desenvolvimento, para descrever crianças que, apesar de longos períodos de adversidades e estresse psicológico, apresentavam saúde emocional e alta competência.” (WERNER; SMITH, 1982, p. 4).
Segundo Rutter (1985, 1993) a invulnerabilidade está associada à ideia de resistência total ao estresse, de uma característica inalterável e inerente ao indivíduo, como se o ser humano fosse intocável e com capacidade de suportar o sofrimento por tempo ilimitado. As pesquisas mais recentes têm indicado que a resiliência é relativa, formada tanto por bases constitucionais como ambientais, e que o grau de resistência não tem uma quantidade fixa, mas sofre variações pro- venientes da mudança de circunstâncias.
Yunes e Szymansky (2001) pensam que apesar da versão inicial de in- vulnerabilidade ainda nortear as pesquisas, vem dando lugar à construção de um conceito que define a resiliência como um conjunto de traços e condições que podem ser explicados. Infante (2001) aponta que há duas gerações de pesquisa- dores do termo resiliência. A primeira geração surgiu juntamente com o próprio tema e o interesse consistia em descobrir quais fatores protetores estavam na base da adaptação positiva em crianças que viviam em situação de adversidade. Essa geração ampliou o foco de pesquisa de um interesse em qualidades pessoais, que permitiriam superar as dificuldades (como a autoestima e autonomia), para o es- tudo de fatores externos ao indivíduo (nível socioeconômico, estrutura familiar, presença de um adulto próximo). Uma segunda geração se apresenta retomando o interesse da primeira geração que visava identificar os fatores presentes nos in- divíduos com alto risco social, que se adaptavam de maneira positiva à sociedade. Essa geração agregou às pesquisas até então desenvolvidas, o estudo da dinâmica entre fatores que estão na base da adaptação resiliente, buscando identificar quais
398
Interface, empreendedorismo e resiliência...
são os processos associados a uma adaptação positiva em uma pessoa que viveu ou vive em condições adversas (INFANTE, 2001).
De acordo com Grotberg (2005, p. 14), a resiliência é a capacidade hu- mana para enfrentar, vencer e ser fortalecido ou transformado por experiências de adversidade. As condutas resilientes supõem a presença e a interação dinâmica de fatores que vão mudando nas diferentes etapas do desenvolvimento. Ela cita os seguintes fatores:
a)eu tenho – suporte social (pessoas em quem confio, que me colocam limites, que me ajudam);
b)eu sou/eu estou – força interna (uma pessoa pela qual os outros sentem carinho, feliz quando faço algo bom, certo de que tudo sairá bem);
c)eu posso – habilidades (falar sobre coisas que me assustam, procurar a maneira de resolver os problemas, procurar o momento certo para falar com alguém, encontrar alguém que me ajude).
Para Flach (1991), a resiliência funcionaria como um conjunto de for- ças psicológicas e biológicas necessárias para ultrapassar com êxito as mudanças, num processo de aprendizado contínuo. Para tanto,
2014 .maio/ago
399
|
Patricia Padilha Lima et al. |
|
|
|
Quadro 3 – Principais pesquisadores do termo Resiliência |
||
|
|
|
|
|
Autor |
Definição de Resiliência |
|
|
|
|
|
|
Rutter (1985) |
Conjunto de processos sociais e intrapsíquicos que possibilitam ter |
|
|
uma vida sã em um meio insano. |
||
|
|
||
|
|
|
|
|
Anthony; Cohler (1987) |
Conjunto de traços de personalidade e capacidades que tornam o in- |
|
|
divíduo invulnerável. |
||
|
|
||
|
|
|
|
|
Flach (1991) |
Habilidade para reconhecer a dor, perceber seu sentido e |
|
|
resolver os conflitos de forma construtiva. |
||
|
|
||
|
|
|
|
|
Zimmerman; Arunkumar |
Habilidade de superar adversidades, não significando, porém, que o |
|
|
(1994) |
indivíduo saia ileso. |
|
|
|
|
|
|
Ojeda (1995) |
Combinação de fatores que permitem a um ser humano enfrentar e |
|
|
superar os problemas e as adversidades da vida. |
||
|
|
||
|
|
|
|
|
Grotberg (1995) |
Capacidade humana para enfrentar, vencer e ser fortalecido ou trans- |
|
|
formado por experiências de adversidade. |
||
|
|
||
|
|
|
|
|
Garmezy (1996) |
Pode ser definida a partir da compreensão das consequências da expo- |
|
|
sição de adultos e crianças a fatores de risco. |
||
|
|
||
|
|
|
|
|
Moraes; Rabinovich (1996) |
Uma combinação de fatores que auxiliam os indivíduos a enfrentarem |
|
|
e superarem problemas e adversidades na vida. |
||
|
|
|
|
|
McCubbin; Thompson |
Processo de adaptação aos eventos estressores por meio da mudança |
|
|
(1998) |
de crenças e visão do mundo. |
|
|
|
|
|
2014 |
Walsh (1996) |
Processo de superação dos desafios, obtendo como resultado o cresci- |
|
mento e a transformação pessoal. |
|||
|
|||
|
|
||
|
Resiliência |
||
maio/ago. |
|
||
Cowan; Schulz (1996) |
produzir consequências boas ou melhores do que aquelas obtidas na |
||
|
|||
|
|
ausência de risco. |
|
|
Kotliarenco (1997) |
Habilidade para sair da adversidade, |
|
acesso a uma vida significativa e produtiva. |
|||
|
|||
|
|
||
|
Manifestação de competências e habilidades na realização de tarefas |
||
391 |
Masten; Coatsworth (1998) |
||
|
inerentes ao desenvolvimento humano. |
||
2, p. |
|
||
|
|
||
Rutter (2000) |
Relacionada à adaptação. Consiste em variações individuais em res- |
||
n. |
|||
posta aos fatores de risco. |
|||
|
|||
13, |
|
||
|
|
||
|
Interação de quatro elementos: fatores individuais, contexto ambien- |
||
v. |
|
||
|
tal, acontecimentos ao longo da vida e fatores de proteção. Esses ele- |
||
Unoesc, |
Slap (2001) |
||
mentos compõem uma gama de recursos para proteção contra danos |
|||
|
|||
|
|
||
|
|
e possibilitam |
|
RACE, |
Masten (2001) |
||
sença de sérias ameaças ao desenvolvimento da pessoa. |
|||
|
|||
|
|
||
|
|
|
400
|
|
Interface, empreendedorismo e resiliência... |
|
|
|
|
|
|
Tavares (2001) |
Qualidade de uma pessoa, isoladamente ou em grupo, resistir às di- |
|
|
versidades sem perder o seu equilíbrio. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Antunes (2003) e Pinheiro |
A capacidade que tem o ser humano de se recuperar psicologicamente |
|
|
(2004) |
quando é submetido às adversidades, violências e catástrofes na vida. |
|
|
|
|
|
|
Vergara (2006) |
Possibilidade de superação, significado de algo. |
|
|
|
|
|
|
Barlach; |
Ver significado interno da situação vivida pode possibilitar o cresci- |
|
|
Malvezzi (2008) |
mento pessoal ou profissional. |
|
|
|
|
|
Fonte: os autores. |
|
|
Uma pesquisa nos Estados Unidos, com dados de mais de 500 empre- sários, mostrou que fatores pessoais específicos influenciam para a busca de em- preendedorismo, especialmente, durante os períodos de adversidade. Os resulta- dos mostraram que a autoeficácia empreendedora, definida como uma crença na própria capacidade de ser um empreendedor, e a resiliência são importantes. A fim de construir a autoeficácia e a resiliência, empresários e aspirantes a empre- endedores precisam:
a)participar de treinamento de desenvolvimento de negócios para construir a sua crença na sua capacidade empreendedora, ou seja, a autoeficácia empresarial;
b)procurar eventos de networking, palestras especiais e oportunidades de tutoria, para aprender modelando outros que têm sido resilientes por tempos desafiadores;
c)ser ativo em sua busca empreendedora, na visão da prática de negócios e buscar feedback de quem pode ser objetivo, crítico e encorajador (BULLOUGH; RENKO, 2013).
Há um ponto convergente na literatura onde a resiliência é percebida pelos pesquisadores como um processo que vai se desenvolvendo ao longo da vida, a partir dos fatores de risco versus os fatores de proteção. Para Trombeta e Guzzo (2002), há um equilíbrio em que, de um lado estão os eventos estressantes, as ameaças, os perigos, o sofrimento e as condições adversas que levam à vulnera- bilidade, e do outro, as forças, as competências, o sucesso e a capacidade de reação e de confronto, que fazem parte do indivíduo que pode ser chamado de resiliente.
2014 .maio/ago
401
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
Tradicionalmente, o conceito de risco tem sido concebido como um fator que predispõe resultados negativos, ou seja, a simples presença de um fator de risco já é suficiente para se prever consequências indesejáveis (COWAN et al., 1996).
Para que o fator de risco tenha influência é preciso que o indivíduo esteja fragilizado ou vulnerável diante dele. Vulnerabilidade se refere a uma predisposi- ção individual para apresentar resultados negativos no desenvolvimento, ou seja, aumenta a probabilidade de um resultado negativo ocorrer na presença de um fa- tor de risco (MASTEN; GAMERZY, 1985). Além disso, está relacionada com uma característica pessoal, inata ou adquirida. Contudo, somente na interação com os eventos da vida é que podem ser observadas as manifestações da vulnerabilidade.
Na presença de risco emerge a ação de fatores de proteção. Os fatores de proteção são características que diminuem a probabilidade de um resultado negativo acontecer na presença de um fator de risco, reduzindo a sua incidência e gravidade (COWAN et al., 1996). Estes fatores podem modificar os efeitos de risco por meio da interação com eles.
Segundo Masten e Gamerzy (1985), são identificados três grupos con- siderados fatores de proteção: as características individuais, a coesão familiar e os apoios afetivo e social externo. Os fatores de proteção têm a função de auxiliar o indivíduo a interagir com os eventos cotidianos e conseguir bons resultados que, por consequência, incrementam o processo de resiliência. Sendo assim, a resili- ência não é uma característica fixa.
O fato de o indivíduo apresentar resiliência em determinado momento da vida não significa que continuará apresentando ao longo do seu desenvolvi- mento (RUTTER, 1993; ZIMMERMAN; ARUNKUMAR, 1994). Dessa forma, o estudo da resilência requer uma compreensão dinâmica e de interação dos fato- res de risco e de proteção. Além disso,
2.2.1 Fatores de risco e de proteção
De acordo com Yunes e Szymanski (2001), os primeiros estudos sobre risco
402
Interface, empreendedorismo e resiliência...
fluenciavam esses padrões. O conceito foi aumentando sua amplitude quando processos psicossociais passaram a ser estudados.
De forma conceitual,
Yunes (2003) sugere uma análise criteriosa dos processos ou mecanismos de ris- co, para que se possa ter a dimensão da diversidade de respostas que podem ser observadas, sobretudo, quando se trata de riscos psicossociais ou socioculturais. Focar isoladamente em um evento de vida e
Quadro 4 – Principais fatores de risco identificados nas pesquisas
|
Ano |
Autor |
Risco identificado na pesquisa |
|
|
|
|
|
1982 |
Werner; Smith |
Pobreza crônica, instabilidade familiar e problemas de saúde mental |
|
materna. |
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
1993 |
Garmezy |
Pobreza, discórdia marital, morte parental, doença mental ou física. |
|
|
|
|
|
|
|
Violência doméstica, padrões rígidos de disciplina e a falta de negocia- |
|
|
|
ção com os adolescentes, o alcoolismo do pai, o desconhecimento sobre |
|
1996 |
Sudbrack |
adolescência, a ausência dos pais e do adolescente no lar pela jornada de |
|
|
|
trabalho, a falta de orientação e controle, a falta de consciência sobre a |
|
|
|
importância da escolarização e a pressão para o trabalho infantil. |
|
|
|
|
|
2000 |
Cecconello; |
Condição de pobreza. |
|
Koller |
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
2000 |
Antoni; Koller |
Descontrole emocional, culpa, falta de responsabilidade e de diálogo, |
|
drogas, ausência dos pais, violência doméstica e na comunidade. |
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
2000 |
Antoni |
Culpa, pessimismo, segredo familiar. |
|
|
|
|
|
2001 |
Yunes; Szy- |
Divórcio dos pais, perda de entes queridos, abuso sexual/físico contra a |
|
criança, pobreza, holocausto, desastres e catástrofes naturais, guerras e |
||
|
|
manski |
|
|
|
outras formas de trauma. |
|
|
|
|
|
|
|
Trombeta; |
Baixo nível de escolaridade dos pais, desemprego, renda familiar baixa, |
|
2002 |
falta de infraestrutura básica para a moradia e um alto índice de aglo- |
|
|
Guzzo |
||
|
|
meração nas moradias. |
|
|
|
|
|
|
|
|
A precariedade, falta de condições adequadas de higiene e saneamen- |
|
|
|
to, presença de fatores como violência doméstica, desemprego, famí- |
|
2003 |
Cecconello |
lias numerosas, mães coabitando com diversos companheiros, mães e |
|
|
|
crianças infectadas com o vírus HIV, crianças subnutridas, presença de |
|
|
|
doenças físicas e mentais. |
|
Fonte: os autores. |
|
2014 .maio/ago
403
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
Os fatores ou mecanismos de proteção que um indivíduo dispõe inter- namente ou capta do meio em que vive são considerados elementos cruciais para a compreensão da resiliência. Segundo Rutter (1985), os fatores de proteção dizem respeito às influências que modificam, melhoram ou simplesmente alteram res- postas pessoais a determinados riscos.
Grande parte dos autores define de forma didática três tipos de fatores de prote- ção:fatoresindividuais,comoautoestimapositiva,autocontrole,autonomia,temperamento afetuoso e flexível; fatores familiares, onde estão presentes a coesão, a estabilidade, o respeito mútuo, o apoio, o suporte e fatores relacionados ao apoio do meio ambiente, como bom relacionamento com amigos, professores ou pessoas significativas que assumam papel de referência segura à criança e a faça se sentir querida e amada (BROOKS, 1994).
Yunes (2003) pensa que, dependendo da percepção que o indivíduo tem da situação, da sua interpretação do evento gerador do estresse e do sentido a ele atribuído, teremos ou não a condição de estresse. O Quadro 5 ilustra uma amostra dos principais fatores de proteção identificados em pesquisas de diversos autores:
Quadro 5 – Principais fatores de proteção identificados nas pesquisas
|
Ano |
Autor |
Fatores protetores identificados na pesquisa |
|
|
|
|
|
1985 |
Masten; Garmezy |
Características de personalidade, coesão familiar e sistema externo |
|
de apoio. |
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
1991 |
Luthar e Zigler |
Habilidade para regular emoções e |
|
|
|
|
|
|
|
Autoestima, inteligência, capacidade para resolver problemas, |
|
1994 |
Garmezy; Masten |
competência social, apoio afetivo transmitido pelas pessoas da fa- |
|
mília ou um cuidador, apoio social externo promovido por outras |
||
|
|
|
|
|
|
|
pessoas significativas, como escola, igreja e grupos de ajuda. |
|
|
|
|
|
1994 |
Fonagy et al. apud |
Nível de inteligência mais alta e habilidade na resolução de proble- |
|
Souza; Cerveny |
mas, autonomia e controle interno. |
|
|
|
||
|
|
|
|
|
1996 |
Cowen; Wyman; |
Visão positiva do futuro e bom relacionamento entre pais e filhos. |
|
Work |
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
1996 |
Gore; Eckenrode |
Fatores pessoais (saúde física e temperamento, e recursos do am- |
|
biente (autoestima e a confiança). |
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
1998 |
Walsh |
Suporte emocional dado pelas figuras parentais ou não parentais e |
|
capacidades individuais. |
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
2000 |
Cecconello; Koller |
Empatia e competência social. |
|
|
|
|
|
2000 |
Antoni; Koller |
Apoio emocional, práticas disciplinares, atividades em conjunto e |
|
presença de rede de apoio. |
||
|
|
|
|
|
|
|
|
Fonte: os autores. |
|
404
Interface, empreendedorismo e resiliência...
2.2.2 As pessoas e as organizações resilientes
Pessoas que começam empresas sob circunstâncias difíceis, muitas ve- zes, precisam alterar o status quo e traçar novos caminhos para atingirem êxito. Sem resiliência, os indivíduos seriam menos capazes de se engajar em comportamentos empresariais necessários para iniciar negócios ou buscar novos empreendimentos. Em vez disso, eles não iriam agir e perpetuar com reação cautelosa, mas com medo do mundo dos negócios perante o mau ambiente econômico (BULLOU- GH; RENKO, 2013).
Segundo Conner (1995), a resiliência tem como essência cinco carac- terísticas: flexibilidade, foco, organização, positividade e proação. Essas caracte- rísticas permitem enfrentar as situações de risco e as mudanças inesperadas do mercado. Conner (1995) resume essas características da seguinte maneira:
a)Flexibilidade: acreditam que podem gerenciar as mudanças e aceitam a ambiguidade, não ficando permanentemente atônitas com os contratempos, que por ventura ocorram, e sim, se recuperam com maior rapidez. Mantém a consciência de suas forças e fraquezas, aceitando os limites externos quando necessário;
b)Foco: possuem uma visão clara do que desejam alcançar. A visão que esses indivíduos possuem serve como um guia que é capaz de orientá- los durante a transição;
c)Organização: buscam fazer uma análise adequada procurando verificar os temas relevantes que estão presentes em situações
confusas, aceitam renegociar prioridades durante uma mudança, o que está de acordo com sua flexibilidade. Conseguem gerenciar diferentes tarefas e exigências de maneira simultânea;
d)Positividade: veem o mundo como algo dinâmico e que apresenta grandes modificações tanto no presente quanto no futuro. Sabe que em muitas situações suas expectativas não serão alcançadas, ao mesmo tempo que acreditam que oportunidades existirão;
e)Proação: determinam quando uma mudança é inevitável, necessária e vantajosa, improvisam novas abordagens e buscam verificar de
2014 .maio/ago
405
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
que maneira tal situação pode ser vantajosa. Avaliam os riscos que estão envolvidos nas diferentes situações, embora muitas vezes as consequências possam ser potencialmente negativas e, assim, extrai lições de experiências e costuma
Tavares (2001) propõe o desenvolvimento das capacidades resilientes não apenas no contexto pessoal, em cada indivíduo, mas no contexto organizacio- nal. Ele assim discorre:
As organizações serão tanto mais resilientes quanto mais e melhor imitarem as pessoas, no sentido mais autêntico, de seres abertos, flexíveis, responsáveis, autônomos e colaborativos, solidários e to- lerantes.
Coutu (2002) aponta três características das pessoas ou das organiza- ções resilientes: firme aceitação da realidade; uma crença profunda, em geral apoiada por valores fortemente sustentados de que a vida é significativa, e habili- dade para improvisar. Para Barlach (2005), a primeira atitude é interpretada como o otimismo forte que é cultivado pela pessoa resiliente; no segundo aspecto seria a possibilidade do indivíduo se transcender de posição de vítima das circunstân- cias exteriores, extraindo, assim, lições práticas de vida; o terceiro aspecto seria a habilidade para improvisar uma determinada solução de um problema sem ter as ferramentas ou matérias próprias.
Empresas resilientes apresentam maior capacidade de enfrentar e aprender com a adversidade, de concretizar suas aspirações, independentemen- te das circunstâncias, em um processo contínuo de permanente transformação e aprendizagem. Possuem a habilidade de adotar modelos de negócio e estratégias à medida que as circunstâncias mudam; de continuamente se ajustar às tendências capazes de abalar a força geradora de lucros de um negócio; de mudar antes que a necessidade de mudança se torne imperativa. Resiliência empresarial não signifi- ca reagir à uma crise isolada ou se recuperar de um revés, mas sim a capacidade de reinventar dinamicamente as estratégias à medida que as circunstâncias mudam (HAMEL; VALIKANGAS, 2006).
Neilson, Pasternack e Nuys (2005) retratam características de organi- zações saudáveis. Dos sete tipos de organização observados pelos pesquisadores,
406
Interface, empreendedorismo e resiliência...
o mais saudável é o tipo resiliente, pois são mais flexíveis e adaptáveis. O Quadro 6 faz uma breve abordagem dos tipos de empresas identificadas e suas características:
Quadro 6 – Classificação das empresas em saudáveis e enfermas
|
ORGANIZAÇÕES SAUDÁVEIS |
ORGANIZAÇÕES ENFERMAS |
|
|
|
|
Resiliente: possui alta capacidade de ajuste a |
|
|
mudanças no mercado externo, mas é focada e |
Passivo/agressiva: congenial e aparentemente |
|
alinhada em torno de uma estratégia de negócio |
sem conflitos, chega facilmente a consensos, mas |
|
coerente. São empresas flexíveis, progressivas e |
sofre para tirar do papel planos com os quais to- |
|
que atraem pessoas que gostam e sabem traba- |
dos concordam. |
|
lhar em equipe. |
|
|
|
|
|
Supergerenciada: suas múltiplas camadas de |
|
|
da): não tem preparo coerente para a mudança, |
gestão criam um volume paralisante de análise e |
|
mas é capaz de enfrentar um desafio imprevisto |
tornam politizado o processo decisório. |
|
sem perder de vista o quadro geral. |
|
|
|
|
|
Precisão militar: é dominada por uma equipe |
Supercrescida: embora grande e complexa de- |
|
executiva pequena e envolvida, triunfa graças a |
mais para ser excessivamente controlada por |
|
uma execução superior e à eficiência de seu de- |
uma pequena equipe, ainda não democratizou a |
|
sempenho operacional. |
autoridade decisória. |
|
|
|
Fonte: Neilson, Pasternack e Nuys (2005). |
|
Na visão de Carmello (2008) as empresas que se beneficiam com a resi- liência em processos de mudança acabam experimentando resultados mais satis- fatórios nas seguintes áreas:
a)Financeira: menor custo com a mudança e a obtenção de retorno financeiro em um tempo menor que o esperado;
b)Clientes: maior retenção de clientes antigos; aumento da taxa de conversão de clientes; melhoria no índice de satisfação e na reputação da empresa;
c)Processo: maior rapidez na cadeia de valor, melhor performance organizacionalconseguidagraçasàotimizaçãodeprocessoseàeliminação de desperdício de tempo, de retrabalho e de estresse organizacional;
2014 .maio/ago
407
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
d)Crescimento e aprendizado: maior captação da força de trabalho para lidar com mudanças e situações complexas e ambíguas; melhor utilização de recursos e competências intrapessoais, facilitando a superação de desafios; diminuição do grau de resistência das equipes; menor desgaste emocional e físico frente a situações adversas; melhoria no clima organizacional e no processo de engajamento; maior disposição para enfrentar desafios e cumprir objetivos estratégicos.
Para Beer (2003), o processo de mudança em uma organização apre- senta uma dinâmica e estágios que configuram a empresa em um patamar de resistência ou resiliência, conforme ilustrado na Figura 2:
Figura 2 – Dinâmica e estágios da mudança
Fonte: adaptado de Beer (2003).
Beer (2003) ressalta que a primeira etapa, o choque, é o momento da ameaça. As pessoas
Moeller (2002) realizou uma pesquisa com uma amostra de 80 empre- endedores com o intuito de entender, por meio do método quantitativo, a in- fluência das cinco características da resiliência baseadas em Conner (1995) no gerenciamento desse grupo de empreendedores. O autor, após entrevistar esses
408
Interface, empreendedorismo e resiliência...
empreendedores, concluiu que a maioria deles apresentava um perfil mais orien- tado pela oportunidade, porém destacou a falta de planejamento existente e a aversão ao risco em boa parte da amostra pesquisada.
O estudo conduzido por Job (2003) analisou a dimensão da centralida- de do trabalho na vida humana e os significados que pode assumir, mesmo quan- do associado à doença e ao sofrimento. Job (2003, p. 168) descreve os chamados
[...] fatores de risco – a organização e as condições de trabalho e os fatores de proteção, aos quais denomina resiliência. Dentre os fato- res geradores de sofrimento no trabalho,
Entre os fatores de proteção
Mais recentemente, um estudo conduzido por Vergara (2006), com uma amostra de 46 profissionais angolanos, identificou que forças ligadas a sentimen- tos impulsionaram ou facilitaram as ações de angolanos, profissionais de orga- nizações públicas e privadas, para a superação de dificuldades. A pesquisadora identificou quatro categorias que, segundo ela, formam as bases resilientes dos sujeitos: amor à pátria, solidariedade, esperança e recursos intangíveis.
3 MÉTODO DA PESQUISA
A pesquisa adotou como forma de análise a abordagem qualitativa que, segundo Martinelli (1999), consiste em uma tentativa de capturar o sentido que reside internamente no que dizemos sobre as nossas ações. O objetivo da pesquisa foi exploratório e descritivo; como procedimento técnico foi utilizado o estudo de caso, sendo seu uso adequado para investigar tanto a vida de um indivíduo quan- to a existência de uma entidade de ação coletiva, em seus mais variados aspectos.
Na visão de Yin (2005), o estudo de caso é relevante se:
a)investiga um fenômeno atual num contexto de vida real;
b)quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.
2014 .maio/ago
409
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
Ou seja, o estudo de caso é especialmente importante quando, além do fenômeno em si,
A forma de coleta dos dados ocorreu por entrevista narrativa com o proprietário da empresa. A entrevista narrativa é também classificada por Flick (2004) como entrevista não estruturada, de profundidade, com características es- pecíficas. A entrevista ocorreu no Hotel Serra Azul, no município de Gramado, Rio Grande do Sul e totalizou 25 páginas de transcrição. As entrevistas individu- ais em profundidade com os diretores da empresa foram conduzidas por meio de um roteiro de questões para orientação da entrevista. Além da utilização do rotei- ro e de outras perguntas acrescentadas ao longo das entrevistas, quatro perguntas-
a)Como ocorreu o processo de crescimento da empresa e de que forma você percebe que as dificuldades são enfrentadas?
b)Qual foi o momento mais difícil para a empresa? Comente um pouco sobre ele;
c)Como as mudanças são conduzidas ou mesmo recebidas pela empresa?
d)O que representa para você ser parte da história da Flytour?
A partir das falas dos entrevistados, foi possível identificar categorias inseridas no contexto de resiliência. Posteriormente, de acordo com a relação en- tre os elementos e a frequência em que determinados termos e expressões eram ci- tados, foi possível a obtenção das categorias de análise, que se configuraram como pilares de resiliência da empresa/caso em questão. De acordo com Bardin (2004), os elementos das respostas obtidas foram isolados e, em seguida, agrupados con- forme suas características comuns (Quadro 8). Para a categorização,
410
Interface, empreendedorismo e resiliência...
4 RESULTADOS DA PESQUISA
4.1 O CASO FLYTOUR VIAGENS E TURISMO
A Flytour foi fundada há 34 anos e é considerada hoje a maior emissora de bilhetes aéreos da América Latina, segundo pesquisa realizada pela revista
Foi a primeira empresa do setor de turismo a abrir franquias, a pri- meira a
Quadro 7 – Alguns fatos que marcam a história Flytour
Ano |
Acontecimento |
|
|
1974 |
Abertura da primeira empresa da corporação (EDO Representações Ltda.). |
|
|
1979 |
A empresa muda o nome fantasia para Flytour Viagens e Turismo. |
|
|
1986 |
Atinge o primeiro lugar no ranking das maiores emissoras de bilhetes aéreos do Brasil. |
|
|
1992 |
Abertura da Flytour Franchising. Início da rede de agências Flytour Business no Travel Brasil. |
|
|
1995 |
|
|
|
1996 |
Implantação do Sistema de Qualidade Total. |
|
|
1998 |
Recebe a certificação ISO 9001 pela qualidade na prestação dos serviços. |
|
|
2000 |
Eleita a maior emissora de bilhetes aéreos da América Latina. |
|
|
2014 .maio/ago
411
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
2001 |
Pioneira, lança a emissão de bilhete eletrônico por meio do Portal Flytour.com. |
|
|
|
|
2002 |
Mais de 5.000 treinados pela Academia Flytour. |
|
|
|
|
2004 |
Portal Flytour.com atinge a marca de um milhão de bilhetes aéreos emitidos. |
|
|
|
|
2005 |
Flytour é eleita pela ABF a empresa franqueadora do Ano no Brasil e recebe pela quarta |
|
vez o Selo de Excelência em Franchising. |
||
|
||
2007 |
A Corporação Flytour adquire a American Express Business Travel e |
|
marca no País. |
||
|
||
2008 |
A Corporação Flytour é composta por mais de 200 unidades de negócios em todo o Brasil |
|
e mais de 2000 colaboradores. |
||
|
2009 Futuro: visão de expansão para América Latina e México. Fonte: os autores.
A empresa detém cerca de vinte por cento do mercado, tendo alcançado a marca de dez mil e quinhentos pacotes de viagens vendidos. Está na primeira posição entre as maiores agências de viagens, seguida pela BB Tur. Em termos de porte, é a quarta maior empresa do setor de turismo, atrás somente da TAM, GOL e CVC. Tem como principais clientes: Organização das Nações Unidas (ONU), Braskem, Natura, O Boticário, Caterpillar, Avon, Gradiente, Garoto, General Motors, Randon e Votorantim.
A partir das características atribuídas a esses indivíduos
412
|
|
|
|
Interface, empreendedorismo e resiliência... |
|
Quadro 8 – Relação de atributos convergentes |
|
|
|
||
|
|
|
|
|
|
|
|
EMPREENDEDORISMO |
|
RESILIÊNCIA |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Categorias Convergentes |
|
||
|
|
|
|
|
|
|
|
Assumidor de riscos |
|
Assumir riscos (ter coragem) |
|
|
|
|
|
|
|
|
1. |
Agente de mudanças |
1. |
Capacidade de mudar rapidamente, abertura |
|
|
|
e receptividade a novas ideias |
|
||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
2. |
Criatividade |
2. |
Criatividade |
|
|
|
|
|
|
|
|
3. |
Estabelece e atinge objetivos |
3. |
Habilidade de superação |
|
|
|
|
|
|
|
|
4. |
Iniciativa |
4. |
Iniciativa |
|
|
|
|
|
|
|
|
5. |
Proação |
5. |
Proação |
|
|
|
|
|
|
|
|
6. |
Visionariedade |
6. |
Capacidade de visualizar o futuro |
|
|
|
|
|
|
|
|
7. |
Capacidade para suportar e vencer |
7. |
Capacidade de enfrentar e vencer |
|
|
|
adversidades |
|
dificuldades |
|
|
|
|
|
|
|
|
8. |
Flexibilidade |
8. |
Flexibilidade |
|
|
|
|
|
|
|
|
9. Otimismo |
9. |
Otimismo |
|
|
|
|
|
|
|
|
Fonte: os autores. |
|
|
|
De acordo com Hamel e Valikangas (2006), a resiliência recorre a uma capacidade por reconstrução contínua. Para prosperar em tempos turbulentos, as companhias têm que se renovar constantemente. A renovação deve ser a conse- quência natural da resiliência inata de uma organização. A capacidade de mudar rapidamente e responder eficazmente às forças externas é uma característica dos negócios resilientes.
2014 .maio/ago
413
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
As respostas dadas pelos entrevistados da pesquisa possibilitaram o agrupamento em quatro categorias, conforme suas características comuns. São elas: orgulho da empresa, admiração pelo fundador, comprometimento com o crescimento da empresa e adaptação as mudanças e/ou inovações. Na visão da autora, essas características foram identificadas como os pilares de resiliência da empresa, as forças atreladas a sentimentos que impulsionaram e facilitaram o crescimento e o fortalecimento da empresa, conforme se observa na Figura 3:
Figura 3 – Pilares da resiliência Flytour
Fonte: os autores.
Fazendo uma análise detalhada do material coletado nas entrevistas, pô-
[...] de uma posição lá embaixo no ranking, fomos para o primeiro lugar na lista. Eu acho que isso se deve à garra; a gente veste a cami- sa. Os antigos e muitos dos novos também vem e vestem a camisa, mas é diferente. Quando você participa do processo de crescimento é uma coisa, quando você vem e encontra tudo pronto não é a mes- ma coisa. Então, para nós, é uma satisfação [...] (informação verbal).
414
Interface, empreendedorismo e resiliência...
O entrevistado E expressou as dificuldades como:
[...] as dificuldades foram acontecendo e a gente vencia mais com a coragem do que com a razão. Muitas coisas que nós fizemos foi mui- to mais enfrentando mesmo, indo atrás. Nosso diferencial é esse, todas as pessoas que estavam envolvidas, elas nunca pararam para ficar se lamentando, a gente ia lá e abraçava. E eu acho que é o nosso diferencial [...] (informação verbal).
O entrevistado A confirmou esse sentimento: “[...] nós temos um sen- timento de seguir em frente, de não nos abater, somos batalhadores, batalhamos por essa empresa, fazemos a empresa crescer [...]” (informação verbal).
A admiração pelo fundador é algo facilmente perceptível nos entrevis- tados. Muito devido à história de vida do proprietário da empresa que, de menino de rua, chegou à presidência de uma empresa que se configura, em alguns aspec- tos, como a maior do Brasil. Na fala dos entrevistados, a admiração pelo presi- dente da organização aparece e denota grande importância na condução de suas estratégias e é fator de grande motivação na busca dos objetivos da organização, conforme recortes de seus relatos:
[...] acho que mais pela visão do presidente de enxergar lá na frente (entrevistado E). Outro entrevistado [...] A gente saía correndo para fazer a coisa acontecer e dar certo. Então isso que é bom. O interes- sante é você estar focado (entrevistado B).
[...] a presença dele é marcante em tudo. As coisas andam sem ele, mas ao mesmo tempo as coisas andam em torno da visão estratégi- ca dele. Um empreendedor sem dúvida nenhuma. Um empresário com uma visão de futuro muito clara. A Flytour é um reflexo dele (entrevistado E) (informações verbais).
O comprometimento com o crescimento da empresa ocorre natural- mente, fruto talvez do grande envolvimento de seus funcionários com a histó- ria da Flytour, de seu proprietário, e, sem dúvida, porque a empresa oportunizou muitas conquistas a essas pessoas.
[...] a gente vai fazer o que tiver que ser feito para a coisa dar certo, cada um fará sua parte. Sempre foi essa nossa mentalidade (entre- vistado C), [...] Você tem que encontrar caminhos para se superar diante das situações. Acho que fazemos isso e também, por isso, chegamos e crescemos (entrevistado D) [...] (informações verbais).
2014 .maio/ago
415
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
O último pilar de resiliência identificado mostrou uma empresa ino- vadora, à frente de seu tempo, com incrível capacidade de reestruturação e mu- danças rápidas. A Flytour tem, ao longo de seus 34 anos, não somente a adaptação das exigências do seu mercado, mas promoveu mudanças no mesmo, por meio da inovação de seus processos de trabalho e aquisição de modernas tecnologias.
5 CONCLUSÃO
A pesquisa teve como principal objetivo estabelecer sinergias entre os dois vértices teóricos, de modo a contribuir para um desenvolvimento mais susten- tado de ambos os campos de estudo. Num primeiro plano, a análise da literatura da resiliência pode constituir uma
Nesse contexto, o desenvolvimento da resiliência no âmbito das orga- nizações se faz necessário, frente ao cenário de incerteza e pouco incentivo aos no- vos empreendedores. Os riscos aos quais se submetem na abertura de um negócio são muito significativos, quando comparados a outras localidades que fomentam o desenvolvimento de novos empreendimentos.
A empresa
Abstract
The study of the behavior of the entrepreneur helps in understanding the human being in the process of wealth creation and personal fulfillment. The difficulties faced by entrepre- neurs, mainly in Brazil, poor economic policies and adequate infrastructure are reasons for great concern to scholars. In this context, resilience as vertex theory makes room for understanding how some people react in such adverse situations better than others in over- coming difficulties. The study of resilience enables the integration of concepts and charac- teristics to investigate entrepreneurship and get a better understanding of the entrepreneur. This research aimed to identify that forces linked to feelings stimulated or facilitated the
416
Interface, empreendedorismo e resiliência...
growth and strengthening of the company studied the market in which it operates. For it first sought to identify the theoretical convergence between the vertices used: entrepreneur- ship and resilience. The methodology used was the case study and as a research technique employed to document analysis,
Keywords: Entrepreneurship. Resilience. Tourism management.
REFERÊNCIAS
ANTHONY, E. J.; COHLER, B. J. The invulnerable child. New York: Guil- ford Press, 1987.
ANTONI, C.; KOLLER, S. Vulnerabilidade e resiliência familiar: um estudo com adolescentes que sofreram maus tratos intrafamiliares. Revista Psicologia, v. 31, n. 1, p.
ANTUNES, C. Resiliência: a construção de uma nova pedagogia para uma escola pública de qualidade. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2004.
BARLACH, L.; MALVEZZI, S. O conceito de resiliência aplicado ao trabalho nas organizações. Revista Interamericana de Psicologia/Interamerican Jour- nal of Psychology, v. 42, n. 1, p.
BARLACH, L. O que é resiliência humana?: uma contribuição para a con- strução do conceito. 2005. 108 p. Dissertação (Mestrado em
BEER, M. Gerenciando mudança e transição. Tradução Cristina de A. Serra. Rio de Janeiro: Record, 2003.
BENEDETTI, M. H. et al. As necessidades de
BIRLEY, S.; MUZYKA, D. F. Dominando os desafios do empreendedor. São Paulo: Makron Books, 2001.
2014 .maio/ago
417
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
BIRLEY, S.; WESTHEAD, P. A. Comparison of new firms in “assisted” and “non” assisted areas in Great Britain. Entrepreneurship and Regional Devel- opment, v. 4, n. 4, p.
BROOKS, R. Children at risk: fostering resilience and hope. American Journal of Orthopsychiatry, p.
BULLOUGH, A.; RENKO, M. Entrepreneurial resilience during challenging times Business. Horizons, v. 56, p.
CARMELLO, E. Resiliência: a transformação como ferramenta para construir empresas de valor. Rio de Janeiro: Petrópolis, 2008.
CARVALHO, P. M. R.; GONZÁLES, L. Modelo explicativo sobre a intenção empreendedora. Comportamento Organizacional e Gestão, v. 12, n. 1, p. 43- 65, 2006.
CECCONELLO, A. M.; KOLLER, S. H. Competência social e empatia: um estudo sobre resiliência com crianças em situação de pobreza. Estudos de Psi- cologia, v. 5, n. 1, p.
CECCONELLO, A. M. Resiliência e vulnerabilidade em famílias em situa- ção de risco. 2003. 320 p. Tese (Doutorado em
CONNER, D. R. Gerenciando na velocidade da mudança. Rio de Janeiro: Infobook, 1995.
COUTU, D. L. How resilience works. Harvard Business Review, May, 2002.
COWAN, P.; COWAN, C.; SCHULZ, M. Thinking about risk and resilience in families. In: HETHERINGTON, E.; BLECHMAN, E.; A. (Org.). Stress, cop- ing and resiliency in children and families. New Jersey: Lawrence Erlbaum, 1996.
CUNHA JÚNIOR, A. C. Índice de competitividade estadual. Brasília, DF, 2006. Disponível em: <http://www.scp.rs.gov.br/uploads/relatorioexecutivo_in- dicadores_2006_miolo.pdf.> Acesso em: 17 maio 2008.
DEMING, W. Some theory of sampling. New York: Wiley, 1996.
FEUERSCHÜTTE, S. G.; GODOI, C. K. Competências Empreendedoras: um estudo historiográfico no setor hoteleiro. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO DE
418
Interface, empreendedorismo e resiliência...
FILION, L. J. Diferenças entre sistemas gerenciais de empreendedores e opera- dores de pequenos negócios. Revista de Administração de Empresas (RAE), São Paulo, v. 39, n. 4, p.
FILION, L. J. Empreendedorismo: empreendedores e
FLACH, F. Resiliência: a arte de ser flexível. São Paulo: Saraiva, 1991.
FLICK, U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Tradução Sandra Netz. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.
FONTANELLE, C.; HOELTGEBAUM, M.; SILVEIRA, A. A influência do perfil empreendedor dos franqueados no desempenho organizacional. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO DE
GARMERZY, N. Children in poverty: resilience despite risk. Psychiatry, v. 56, p.
GARMERZY, N. Reflections and commentary on risk, resilience and develop- ment. In: HAGGERTY, R. J. et al. (Org.). Stress, risk and resilience in chil- dren and adolescents: processes, mechanisms and interventions. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.
GASPAR, F. A. C. O estudo do empreendedorismo e a relevância do capital de risco. In: JORNADAS
GORE, S.; ECKENRODE, J. Context and process in research on risk, resilience and development. In: HAGGERTY, R. J. et al. (Org.). Stress, risk and resil- ience in children and adolecents: processes, mechanisms and interventions. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.
GRÁCIO, M. L. F. Identificação de fatores protetores e de fatores de risco: contributos para uma intervenção preventiva na escola. 2006. Disponível em: <http://www.portaldacrianca.com.pt/artigosp9.php>. Acesso em: 07 ago. 2008.
GUIMARÃES, T. B. C. Análise epistemológica do campo do empreendedoris- mo. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE
2014 .maio/ago
419
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
GROTBERG, E. H. Introdução: novas tendências em resiliência. In: MELIL- LO, A.; JEDA, E. N. S. (Org.). Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas. Porto Alegre: Artmed, 2005.
HAMEL, G.; VÄLIKANGAS, L. The quest for resilience, Harvard Business Review, 2006. Disponível em: <http://harvardbusinessonline.hbsp.harvard. edu/b02/en/common/item_ &referral=2340>. Acesso em: 13 mar. 2007.
HISRICH, R. D.; PETERS, M. P. Empreendedorismo. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.
HORNADAY, J. A. Research about living entrepreneurs. In: KENT, C. A.; SEXTON, D. L. (Ed.). Encyclopedia of Entrepreneurship, Englewood Cliffs. São Paulo: Prentice Hall, 1982.
IBRAYEVA, E. S. Entrepreneursship in transitionary economies: testing a social cognitive model. Tese (Doutorado em
INFANTE, F. E. A resiliência com processo: uma revisão da literatura recente. In: TAVARES, J. (Org.). Resiliência e educação. São Paulo: Cortez, 2001.
INFANTE, F. E. Resiliencia y desarrollo juvenil. Santiago: Organización Panamericana de la Salud, 1997.
JOB, F. P. P. Os sentidos do trabalho e a importância da resiliência nas orga- nizações. 2003. 242 p. Tese (Doutorado em
JÚNIOR, G.; SOUZA, E. C. L. Instrumento de Medida da Atitude Empreend- edora – IMAE: Construção e Validação de uma Escala. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO DE
KAPLAN, B.; DUCHON, D. Combining qualitative and quantitative methods in information systems research: a case study. MIS Quartely, Minnesota, v. 12, n. 4, p.
KAPLAN, H. B. Toward an understanding of resilience: A critical review of definitions and models. In: GLANTZ, M. D.; JOHNSON, J. L. (Org.). Resil- ience and development. Positive life adaptations. New York: Plenum Press, 1999.
420
Interface, empreendedorismo e resiliência...
KOTLIARENCO, M. A.; CÁCERES, I.; FONTECILLA, M. Estado de arte em resiliência: Organización Panamericana de la Salud. Washington, DC: OPS/OMS, 1997.
LENZI, F. C.; VENTURI, J. L.; DUTRA, I. S. Estudo comparativo das carac- terísticas e tipos de empreendedores em pequenas empresas. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO DE
LUTHAR, S. S.; CUSHING, G. Measurement issues in the empirical study of resilience: an overview. In: GLANTZ, M. D.; JOHNSON, J. L. (Org.). Resil- ience and development: positive life adaptations. New York: Plenum Press, 1999.
LUTHAR, S. S.; ZIGLER, E. Vulnerability and competence: a review of re- search on resilience in childhood. American Journal of Orthopsychiatry, v. 61, n. 1, p.
MACEDO, M. O estudo de perfil empreendedor em empresas familiares. 2003. 109 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia da
MACIEL, C. O. Comportamento empreendedor, lócus de controle e desempen- ho: teste de um modelo de equações estruturais. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO DE
MARTINEAU, S. Rewriting resilience: a critical discourse analysis of child- hood resilience and the politics of teaching resilience to “kids at risk”. 2012. Tese (Doutorado em
MASTEN, A .S.; COATSWORTH, D. J. The development of competence in favorable environments: lessons from research on successful children. Ameri- cam Psychologist, 1998.
MASTEN, A. S.; GARMEZY, N. Risk, vulnerability and protective factors in developmental psychopathology. In: LAHEY, B. (Org.). Advances in clinical child psychology. New York: Plenum Press, 1985.
MASTEN, A .S. Ordinary magic: resilience processes in development. Ameri- can Psychologist, v. 56, n. 3, p.
MCCUBBIN, H. I.; THOMPSON, S. L. Family assessment: resiliency, coping and adaptation. Madison: University of Wisconsin Publishers, 1998.
2014 .maio/ago
421
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
Patricia Padilha Lima et al.
MEREDITH, G. G.; NELSON, R. E.; NECK, P. A. The pratice of entepreneur- ship. International Labour Office, Geneve, 1982.
MOELLER, J. E. A Resiliência no perfil do empreendedor catarinense, a partir da aplicação das cinco características identificadas por Daryl R. Con- ner. 2003. 107 p. Dissertação (Engenharia de
MORAES, M. C. L; RABINOVICH, E. P. Resiliência: uma discussão in- trodutória. Revista Brasileira de Desenvolvimento Humano, v. 6, n. 2, p.
NASSIF, V. M. J. et al. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO DE
NEILSON, G. Uma máquina de resiliência. HSM Management: informação e conhecimento para gestão empresarial. São Paulo, v. 10, n. 55, p.
NEILSON, G. L; PASTERNACK, B. A; NUYS, K. E.V. A organização passivo- agressiva. Harvard Business Review, v. 83, n. 10, out. 2005.
OJEDA, E. N. S. Uma concepção
OLIVEIRA, D. C. Perfil empreendedor e ações de apoio ao empreendedoris- mo: o NAE/SEBRAE em questão. 2003. Disponível em: <www.iceq.pucminas. br/apimec>. Acesso em: 13 dez. 2007.
PINHEIRO, D. P. N. A resiliência em discussão. Psicologia em estudo, v. 9, n. 1, p.
RUTTER, M. Psychosocial resilience and protective mechanisms. American journal of orthopsychiatry, v. 57, n. 3, p.
RUTTER, M. Resilience in the face of adversity: protective factors and resis- tance to psychiatric disorder. British Journal of Psychiatry, v. 147, p.
RUTTER, M. Resilience: some conceptual considerations. Journal of adoles- cent health, v. 14, p.
SAY, J. B. Tratado de economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
422
Interface, empreendedorismo e resiliência...
SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investi- gação sobre capital, crédito, juro e o ciclo econômico. Tradução Maria Silvias Possas. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
SLAP, G. G. Conceitos atuais, aplicações práticas e resiliência no novo milênio. Adolescência
SOUZA, E. C. L. Empreendedorismo da gênese a contemporaneidade. In: SOUZA, E. C. L.; GUIMARÃES, T. A. (Org.). Empreendedorismo além do plano de negócio. São Paulo: Atlas, 2005.
SOUZA, M. T. S.; CERVENY, C. M. O. Resiliência psicológica: revisão da lit- eratura e análise da produção científica. Interamerican Journal of Psychology, v. 40, n. 1, p.
SOUZA, M. T. S.; CERVENY, C. M. O. Resiliência: introdução à compreensão do conceito e suas implicações no campo da psicologia. Revista Ciência Hu- mana, Taubaté, v. 12, n. 2, p.
SUDBRACK, M. F. Construindo redes sociais: metodologia de prevenção à drogadição e à marginalização de adolescentes de famílias de baixa renda. In: MACEDO, R. M. (Org.). Coletâneas da ANPEPP: família e comunidade. São Paulo: Press Grafic, 1996.
TAVARES, J. A resiliência na sociedade emergente. In: TAVARES, J. (Org.). Resiliência e educação. São Paulo: Cortez, 2001.
TIMMONS, J. A. New venture creation: a guide to entrepreneurship. Illinois: Irwin, 1987.
TROMBETA, L. H.; GUZZO, R. S. L. Enfrentando o cotidiano adverso: estudo sobre resiliência em adolescentes. Campinas: Alínea, 2002.
VEIT, M. R.; FILHO, C. G. Mensuração do perfil do potencial empreendedor e seu impacto no desempenho das pequenas empresas. In: ENCONTRO NACIO- NAL DA ASSOCIAÇÃO DE
VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
WALSH, F. Strengthening family resilience. New York: Guilford Press, 1998.
WALSH, F. The concept of family resilience: crisis and challenge. Family Pro- cess, v. 35, n. 3, p.
2014 .maio/ago
423
Patricia Padilha Lima et al.
WERNER, E.; SMITH, R. Overcoming the odds: high risk children from birth to adulthood. London: Cornell University, 1982.
WILLIAMS, N.; VORLEY, T.; KETIKIDIS, P. H. Economic resilience and en- trepreneurship: a case study of the Thessaloniki City Region. Local Economy, v. 28, n. 4, p.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução Daniel Grassi. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
YUNES, M. A. M. Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8 n. especial, 2003.
YUNES, M. A. M.; SZYMANSKI, H. Resiliência: noção, conceitos afins e con- siderações críticas. In: TAVARES, J. (Ed.). Resiliência e Educação. São Paulo: Cortez, 2001.
ZIMMERMAN, M.; ARUNKUMAR, R. Resiliency research: implications for schools and policy. Social Policy Report, v. 8, n. 4, p.
Recebido em 27 de abril de 2013
Aceito em 29 de janeiro de 2014
RACE, Unoesc, v. 13, n. 2, p.
424