APLICAÇÃO DO MODELO DE KOYCK NA PREVISÃO DE RECEITAS PÚBLICAS: UMA ANÁLISE DAS PREVISÕES ORÇAMENTÁRIAS REALIZADAS PELOS 10 MAIORES MUNICÍPIOS EM POPULAÇÃO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Vinicius Costa da Silva Zonatto*
Moacir Manoel Rodrigues Junior**
Jorge Ribeiro de Toledo Filho***
Resumo
Este estudo objetivou verificar o desempenho do modelo de Koyck na previsão das receitas públicas dos 10 maiores municípios em população do Estado do Rio Grande do Sul diante do modelo de previsão adotado por estes municípios. Trata-
_____________
*Doutorando em Ciências Contábeis e Administração na Universidade Regional de Blumenau; viniciuszonatto@gmail.com
**Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Regional de Blumenau; moacir_ro@hotmail.com
***Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade Federal de São Paulo; Professor do Programa de
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por Koyck na previsão das receitas foi superior ao modelo de previsão da SOF em 78% dos casos analisados. No entanto, o espaço amostral analisado não oferece su- porte suficiente às conclusões em relação à efetiva melhora na previsão de receitas obtidas a partir da utilização desta metodologia, o que resulta em um novo campo de pesquisa para essa temática.
1 INTRODUÇÃO
Com o advento da reforma do Estado e a necessidade de profissionali- zação da gestão pública,
De acordo com Bogoni et al. (2010), com a publicação da Lei Comple- mentar n. 101/2000, denominada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), tornou-
Nessa perspectiva, a utilização de instrumentos de controle gerencial pode contribuir também na esfera pública para a melhoria do processo decisório dos gestores. Segundo Aguiar e Frezatti (2007, p. 23), o “[...] controle gerencial pode ser entendido como o processo de guiar organizações em direção a padrões viáveis de atividade em um ambiente caracterizado por mudanças.” Imoniana e Nohara (2005) explicam que os controles são mecanismos adotados pelas organi- zações no sentido de minimizar o impacto dos riscos no negócio.
Logo,
O orçamento público “[...] é um processo de planejamento contínuo e dinâmico que o Estado se utiliza para demonstrar seus planos e programas de tra-
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Aplicação do Modelo de Koyck na previsão...
balho para determinado período.” (PIRES, 1999, p. 55). A previsão orçamentária é obrigatória para o ente público, sendo estabelecida pela Lei n. 4.320/1964.
Com a publicação da LRF, “[...] os procedimentos de natureza orçamen- tária passaram a ser influenciados significativamente mediante o fortalecimento de quatro dimensões: planejamento, controle, transparência e responsabilização.” (SCARPIN; SLOMSKI, 2005, p. 2). Desse modo,
Apesar de sua importância, um dos grandes desafios para estes gestores está no estabelecimento de uma previsão adequada das receitas, visto que é por meio da fixação delas que se realizam os planos de gestão para determinado exer- cício. De acordo com Santos e Alves (2011), o aumento da eficiência do planeja- mento e da execução das receitas e despesas municipais contribui para o aumento da capacidade de pagamento das dívidas, do equilíbrio do superávit primário e do aumento das receitas tributárias.
Nessa perspectiva, diversos estudos foram desenvolvidos com o intuito de analisar os gastos públicos e a sua relação com o desempenho organizacional (LEE; JOHNSON, 1977; CROZIER, 1996; INSTITUTO NACIONAL DE LA ADMINISTRACIÓN PÚBLICA, 1997; DALLA VECCHIA, 1999; MWITA, 2000; DARMOHRAJ et al., 2001; LOURENÇON, 2001; TOLEDO JÚNIOR; ROSSI, 2001; BEZERRA FILHO, 2002; BREMAEKER, 2002; FIGUEIRÓ et al., 2002; IZAAC FILHO, 2002; RUCKERT; BORSATTO; RABELO, 2002; CAM- PELLO, 2003; GUZMÁN, 2003; GUIMARÃES; CAVALCANTI; AFFONSE- CA, 2004; VARELA, 2004; LÓPEZ; CORRADO, 2005; SACRAMENTO, 2005; LÓPEZ, 2006; SANTOS; ALVES, 2011). No entanto, poucos são os trabalhos que procuram investigar a qualidade da previsão orçamentária e a inclusão de metodologias de previsão de receitas.
Visto os benefícios que podem ser obtidos pelos gestores públicos a par- tir da elaboração de uma melhor previsão orçamentária,
Nesse sentido,
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tatísticas, as quais, mediante uma regressão linear, por exemplo, fornecem infor- mações que auxiliam os gestores na fixação de planos mais próximos à tendência de arrecadação de receitas para aquele período. O modelo de Koyck é uma dessas metodologias estatísticas utilizadas por diversos autores (NERLOVE, 1958; AL- MON, 1965; JORGENSON, 1966; ZELLNER; GEISEL, 1970; PINEDA, 1999; BENTZEN; ENGSTED, 2001; FRANSES; VAN OEST, 2004; RAVINES; SCH- MIDT; MIGON, 2006; MORALLES, 2010) para a realização de investigações que procuram analisar relações de causa e efeito em diversos campos do conheci- mento, como economia, agronegócios, análise de investimentos, gestão ambien- tal, entre outros (RAVINES, 2006).
Diante do exposto,
De forma mais específica
O trabalho
O artigo está estruturado da seguinte forma: além desta introdução,
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Aplicação do Modelo de Koyck na previsão...
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesta seção,
2.1 O ORÇAMENTO PÚBLICO E A PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA
Uma das principais atribuições do Estado está relacionada à promoção do
Nessa perspectiva, Silva et al. (2008, p. 52) explicam que o orçamen- to público “[...] é um instrumento que tem sido empregado nas administrações públicas, para evidenciar o controle fiscal e administrativo na gestão, além de, por meio deste, ser possível executar o planejamento das ações propostas pela administração no intuito de contribuir, para que os cidadãos disponham de uma melhor qualidade de vida.” A partir da previsão orçamentária, é possível esta- belecer os recursos disponíveis para o atendimento das demandas do município (COELHO; QUINTANA, 2008).
De acordo com a Lei n. 4.320/1964, a aplicação dos recursos públicos deve ser feita em estrito acordo com orçamentos e planos de investimentos pa- dronizados pela legislação, além de contar com rotinas e métodos também deter- minados por normas jurídicas. Desse modo,
Segundo Slomski (2006, p. 214), o orçamento público é
[...] uma lei de iniciativa do Poder Executivo que estabelece as po- líticas públicas para o exercício a que se referir; terá como base o
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plano plurianual e será elaborado
Contudo, nem todas as despesas fixadas serão realizadas, uma vez que a LRF (BRASIL, 2002) determina que o gestor público somente poderá gastar aquilo que efetivamente for arrecadado.
De acordo com Silva (2008), a execução orçamentária deve perseguir a eficiência e a eficácia da utilização dos recursos públicos disponíveis. Nesse con- texto, Kohama (2003, p. 97) destaca que:
[...] as previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerando os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolu- ção nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.
Conforme o autor, a estimativa da receita terá por base as demonstra- ções mensais da receita arrecadada segundo as rubricas, que deverão ser organi- zadas pelo setor de contabilidade ou de arrecadação, com a arrecadação dos três últimos exercícios, pelo menos, bem como as circunstâncias de ordem conjun- tural e outras que possam afetar a produtividade de cada fonte de receita (Lei n. 4.320/1964). Desse modo,
Evidentemente que toda a previsão é uma estimativa, portanto, passível de erros. No entanto, com o advento da LRF (BRASIL, 2002), tal previsão deve estar pautada em dados fidedignos e que possam ser acessados a qualquer momento a fim de comprovar o zelo do gestor público quando da sua elaboração. Por outro lado, a previsão orçamentária elaborada deverá, no decurso de sua realização (exer- cício seguinte ao da previsão), ser ajustada periodicamente a fim de evitar que o município sofra as penalidades estabelecidas na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Tal norma determina, ainda, que, ao final de cada bimestre, o Poder Executivo realize uma prestação de contas, evidenciando o desempenho da arre- cadação em relação à previsão realizada, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas, do combate à sonegação e as ações de recupera- ção. Caso o valor da previsão realizada for maior que os recursos efetivamente ar- recadados, houve uma insuficiência de arrecadação. Nesses casos, investimentos preteridos pelo gestor terão que ser adequados às bases das receitas efetivamente
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arrecadadas. Logo, esta insuficiência de recursos pode ocasionar o cancelamento de investimentos (como obras de melhoria), podendo também afetar a qualidade dos serviços prestados à população.
2.2A PROJEÇÃO DE RECEITAS PELA METODOLOGIA PROPOSTA PELA SECRETARIA DO ORÇAMENTO FEDERAL (SOF)
Ao discutir um conceito a respeito do que seria a metodologia de pro- jeção de receitas, a Secretaria do Orçamento Federal (SOF) (BRASIL, 2010) ex- plica que esta consiste “[...] em um procedimento no qual se busca traduzir, em linguagem matemática, os fenômenos futuros de arrecadação das receitas.” Para a Secretaria do Tesouro Nacional (BRASIL, 2009), de forma geral, a metodologia a ser utilizada
[...] varia de acordo com espécie de receita orçamentária que se quer projetar. Assim, para cada receita deve ser avaliado o modelo ma- temático mais adequado para projeção, de acordo com a série his- tórica da sua arrecadação. Se necessário, podem ser desenvolvidos novos modelos.
Essa possibilidade de propor novos modelos permeia a realização deste
estudo.
Por meio de um manual específico para tal fim, a Secretaria do Orça- mento Federal informa que:
[...] a metodologia proposta nesse manual procura estudar as in- formações obtidas nas arrecadações, por naturezas de receita, traduzindo seu comportamento por meio das séries históricas de arrecadação. Dessa forma, a metodologia procura interpretar e tra- duzir o comportamento da arrecadação das receitas e adequar esse movimento para movimentos futuros da série em questão. Para tal finalidade,
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A partir de então o principal objetivo do manual proposto pela SOF é desenvolver modelos estatísticos que projetam arrecadações das naturezas de receita baseados em metodologias consistentes, em cumprimento da Lei Com- plementar n. 101/2000, mais precisamente ao que se refere o art. 12 da Lei de Responsabilidade Fiscal, o qual institui:
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e le- gais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer ou- tro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.
Nesse ponto,
O modelo de previsão orçamentária descrito pela Secretaria de Orça- mento Federal (BRASIL, 2010) consiste na seguinte expressão:
(1)
Em que:
Pm(t)=previsão da receita mensal no tempo t;
(1+Ep(t))=variação do efeito preço em t; (1+Eq(t))=variação do efeito quantidade em t; (1+El(t))=variação do efeito legislação em t; (1+Eɛ (t))=variação do erro na previsão;
O modelo proposto pela SOF é adotado, de acordo com o documento, por todas as entidades de administração pública. Este modelo dispõe de um resul- tado consolidado no qual é aplicado um conjunto de taxas para que se corrijam os valores e, a partir destes,
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Aplicação do Modelo de Koyck na previsão...
se verifica é que elas são fortemente influenciadas por serem determinadas apenas como base no período anterior da economia, o que não verificaria uma possível sazonalidade no crescimento ou decrescimento.
Nesse contexto,
2.3 O MODELO DE KOYCK
O modelo de Koyck para a previsão de fatores econômicos foi descrito inicialmente por Koyck (1954). Este estudo descreve uma regressão linear bivaria- da que possibilita a estimação de resultados econômicos de um período com base nos resultados dos períodos anteriores e no espaço e no tempo que este ocupa, o que poderia ser entendido como um modelo de previsão autorregressivo. Essa técnica está enquadrada com o conjunto de técnicas da econometria e para este estudo des- creve um poderoso instrumento de previsão orçamentária (PINEDA, 1999).
A econometria é um ramo de pesquisa da economia e demais áreas das ciências sociais que busca
Vários pesquisadores se utilizam de modelos econométricos para esti- mar o comportamento de investimentos, analisar relações sobre vendas e marke- ting, demandas de energia, entre outros eventos. Estudos desenvolvidos utilizan- do o método de Koyck revelam que tal metodologia pode proporcionar melhorias na análise de relações, bem como no estabelecimento de previsões (NERVOLE, 1958; ALMON, 1965; JORGENSON, 1966; ZELLNER; GEISEL, 1970; PINE- DA, 1999; BENTZEN; ENGSTED, 2001; FRANSES; VAN OEST, 2004; RAVI- NES; SCHMIDT; MIGON, 2006; MORALLES, 2010).
O modelo de Koyck circunda dentro dos modelos da econometria, que trabalha basicamente com uma regressão linear bivariada utilizada para a realiza-
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ção de previsões. Na pesquisa realizada por Franses e Van Oest (2004), por meio da aplicação do modelo de Koyck,
O método admite como condição inicial que as variáveis explicativas se comportam no seguinte padrão da equação:
(2)
Tomando por condições
.
Admitindo como equação das variáveis explicativas (3) e posteriormen- te substituindo pelo padrão de suas condições (4),
(3)
(4)
A seguir,
(5)
Subtraindo a equação do período atual (4) pela equação do período an- terior (5) é obtido (6):
(6)
258
Aplicação do Modelo de Koyck na previsão...
Observando , é possível verificar que quanto maior o valor de k, o resultado da expressão mais se aproxima de zero. Dessa for-
ma, também isolando ,
(7)
Em que, pela equação (7), os fatores são dados por:
– |
Descreve o valor a ser predito; |
Descreve a variável tempo;
–
Descreve o valor executado em
–
; e
.
O método de Koyck, demonstrado, foi apresentado no estudo de Fran- ses e Van Oest (2007) como uma importante ferramenta em estudos econométri- cos. O estudo desses autores apresenta uma comparação entre diferentes métodos e identifica o método de Koyck como poderosa ferramenta de previsão e auxílio à tomada de decisão.
Por se tratar de um modelo autorregressivo, traz à tona a discussão refe- rente à autocorrelação entre as variáveis. A autocorrelação, em regressões tempo- rais, está associada à influência que períodos anteriores possuem sobre o período
subsequente. Assim, o termo de variável independente de associa esse fator de autocorrelação, ponderando no modelo de regressão a possibilidade de depen- dência temporal (PINEDA, 1999).
Em contraposição ao disposto pelo modelo descrito pelo Estado (BRA- SIL, 2010), o modelo de Koyck utiliza como base de funcionamento a técnica de Regressão Linear Múltipla. Esta pode se utilizar de um grande número de observações para se obter a base para o cálculo do modelo. Assim, este grande
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número de observações pode possibilitar a minimização dos efeitos da sazonali- dade que prejudica em demasia o modelo adotado pelos governos. Além do mais, ao se comparar o modelo de Koyck com o modelo proposto pela SOF (BRASIL, 2010), o número de parâmetros a serem estimados pelo modelo governamental é significativamente maior do que o número de parâmetros a serem estimados pelo modelo de Koyck. Dessa maneira, o modelo de Koyck se apresenta como de mais fácil obtenção e menos suscetível à propagação de erros.
Diante do exposto, para que fosse possível inferir a respeito da questão objeto de estudo,
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Esta pesquisa pode ser enquadrada dentro das tipologias propostas por Raupp e Beuren (2004) de três formas distintas, quanto aos seus objetivos, quan- to aos seus procedimentos e quanto à abordagem do problema. Quanto aos seus objetivos, esta pesquisa pode ser caracterizada como descritiva. Para Gil (2007), a pesquisa do tipo descritiva busca analisar relações entre variáveis. Nesse caso,
Quanto aos seus procedimentos, a pesquisa
Em relação à abordagem do problema, esta pesquisa propõe um estu- do quantitativo da previsão de receitas públicas. Richardson (1989) caracteriza o modelo quantitativo como o emprego da quantificação tanto na coleta quanto no tratamento dos dados de uma pesquisa. Este tratamento pode ser executado pela aplicação de técnicas da estatística descritiva, como por métodos mais apurados.
260
Aplicação do Modelo de Koyck na previsão...
Neste estudo,
Os dados coletados trabalham com a previsão de receitas realizadas com o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 1999 a 2010, pelos municípios em estudo. A população utilizada para a amostra consiste nos 10 maiores municípios do Estado, em população. Estes municípios são: Por- to Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Canoas, Gravataí, Santa Maria, Viamão, Novo Hamburgo, Alvorada e São Leopoldo.
Dado o fato de que o modelo trabalha com os dados retroativos ao pe- ríodo temporal no qual se quer prever, a previsão realizada utiliza como informa-
Tabela 1 – Dados utilizados para a análise
Ano de predição |
Receita realizada dos anos compreendidos entre: |
|
|
2006 |
1999 e 2005 |
2007 |
1999 e 2006 |
2008 |
1999 e 2007 |
2009 |
1999 e 2008 |
2010 |
1999 e 2009 |
|
|
Fonte: os autores. |
|
A análise estatística das regressões realizadas ocorreu por meio da uti- lização do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 13.0. Para a análise dos dados,
Como limitação da pesquisa,
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rência sobre um período temporal maior do que o investigado nesta pesquisa. Os resultados da análise proposta são apresentados a seguir.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Tabela 1 – Configuração das cidades analisadas
|
Município |
População |
Área da unidade |
% da população |
% da área |
|
2010 |
territorial (Km²) |
do Estado |
do Estado |
|
|
|
||||
|
|
|
|
|
|
|
Porto Alegre |
1.409.939 |
497 |
13,18% |
0,18% |
|
Caxias do Sul |
435.482 |
1644 |
4,07% |
0,61% |
|
Pelotas |
327.778 |
1610 |
3,06% |
0,60% |
|
Canoas |
324.025 |
131 |
3,03% |
0,05% |
|
Santa Maria |
261.027 |
1788 |
2,44% |
0,67% |
|
Gravataí |
255.762 |
464 |
2,39% |
0,17% |
|
Viamão |
239.234 |
1497 |
2,24% |
0,56% |
|
Novo Hamburgo |
239.051 |
224 |
2,24% |
0,08% |
|
São Leopoldo |
214.210 |
103 |
2,00% |
0,04% |
|
Alvorada |
195.718 |
71 |
1,83% |
0,03% |
|
Total |
3.902.226 |
8.029 |
36,48% |
2,99% |
|
|
|
|
|
|
Fonte: IBGE (2010). |
|
|
|
|
Porto Alegre, a capital do Estado, é a maior cidade em população, com- portando 13,18% da população total do território
262
Aplicação do Modelo de Koyck na previsão...
nas políticas do Estado, visto que nelas se concentram 36,48% da população total deste. Esse fato corrobora para a justificativa da amostra investigada na pesquisa, pois considera que são estas as cidades mais influentes no cenário gaúcho. Logo, suas políticas de previsão possuem forte influência no cotidiano do Estado.
Em contrapartida, os
Efetuada a caracterização dos municípios analisados,
O modelo de Koyck, por se tratar de um modelo autorregressivo, verifi- ca em suas regressões a força da correlação e a significância estatística dos resulta- dos analisados. Os resultados analisados na pesquisa foram testados em um nível de significância no padrão de 0,05. Dessa maneira,
veis e , ambas assumidas independentes. Estas são admitidas já na construção do modelo como multicolineares, assim, a multicolinearidade não oferece nenhum empecilho para o processo de análise. A multicolinearidade tor-
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veis independentes. Portanto, os resultados das regressões do modelo de Koyck encontrados neste estudo podem ser considerados válidos.
De posse dos resultados encontrados a partir da aplicação da metodo- logia desenvolvida por Koyck,
Tabela 3 – Análise dos erros médios na previsão da receita
|
|
Erro da prev. |
Erro da prev. |
% de erro |
% de erro |
|
|
|
realizada pelos |
Melhor |
|||
|
Município |
do modelo de |
prev. do |
prev. mod. |
||
|
municípios |
previsão |
||||
|
|
Koyck em R$ |
município |
Koyck |
||
|
|
em R$ |
|
|||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Porto Alegre |
110.245.434,44 |
160.125.188,95 |
4,75% |
7,08% |
município |
|
Caxias do Sul |
55.694.023,37 |
61.186.897,90 |
8,32% |
8,87% |
município |
|
Pelotas |
69.394.034,73 |
23.157.503,47 |
23,81% |
7,95% |
Koyck |
|
Canoas |
25.496.911,82 |
17.653.877,01 |
5,38% |
3,89% |
Koyck |
|
Santa Maria |
14.606.825,22 |
9.407.291,33 |
6,63% |
4,06% |
Koyck |
|
Gravataí |
55.087.445,92 |
54.306.151,73 |
9,78% |
6,37% |
Koyck |
|
Viamão |
48.829.090,37 |
13.836.785,67 |
31,3% |
7,61% |
Koyck |
|
Novo Hamburgo |
17.258.092,84 |
8.441.701,30 |
5,72% |
2,83% |
Koyck |
|
São Leopoldo |
44.883.486,61 |
16.234.679,96 |
16,23% |
6,17% |
Koyck |
|
Alvorada |
44.021.478,39 |
9.484.553,52 |
30,72% |
6,53% |
Koyck |
|
|
|
|
|
|
|
Fonte: os autores. |
|
|
|
|
|
Os resultados obtidos a partir da modelagem econométrica permiti- ram a apuração das diferenças decorrentes da análise dos erros das previsões-
264
Aplicação do Modelo de Koyck na previsão...
cretaria do Orçamento Federal, utilizado pelos municípios em estudo, está mais suscetível a erros por sazonalidades do ambiente econômico.
Os resultados encontrados sugerem que a realização de previsões me- diante a aplicação da metodologia desenvolvida por Koyck pode reduzir os percen- tuais gerais de erros nas previsões realizadas. No conjunto dos cinco anos previstos, o modelo de Koyck foi superior nas cinco previsões em três cidades, enquanto nas cidades de Porto Alegre e Caxias do Sul o modelo de Koyck apresentou melhor acu- rácia em duas das cinco previsões realizadas. O Quadro 1 apresenta os resultados discriminados dessa análise, na qual se evidenciam a metodologia que apresentou a melhor previsão em cada ano analisado e o respectivo município.
Quadro 1 – Evidenciação do desempenho das metodologias que obtiveram as melhores previsões
|
Município |
2006 |
2007 |
2008 |
2009 |
2010 |
|
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|
|
|
|
|
|
Porto Alegre |
Koyck |
município |
município |
município |
Koyck |
|
|
|
|
|
|
|
|
Caxias do Sul |
município |
município |
Koyck |
município |
Koyck |
|
|
|
|
|
|
|
|
Pelotas |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
município |
Koyck |
|
|
|
|
|
|
|
|
Canoas |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
município |
Koyck |
|
|
|
|
|
|
|
|
Santa Maria |
Koyck |
Koyck |
município |
Koyck |
Koyck |
|
|
|
|
|
|
|
|
Gravataí |
Koyck |
município |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
|
|
|
|
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|
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|
Viamão |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
|
|
|
|
|
|
|
|
Novo Hamburgo |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
município |
Koyck |
|
|
|
|
|
|
|
|
São Leopoldo |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
|
|
|
|
|
|
|
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Alvorada |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
Koyck |
|
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Fonte: os autores. |
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pios no período analisado. Apenas no ano de 2009 houve um equilíbrio de acertos entre as duas metodologias. No entanto, na previsão realizada para o ano de 2010, no qual se obtiveram os dados relativos a um maior período histórico (1999 a 2009),
Tais achados confirmam as expectativas deste estudo, fornecendo evi- dências que podem sugerir a confirmação de que a utilização de modelos autor- regressivos com defasagens distribuídas (ARDL) e a análise de um espaço tem- poral maior podem melhorar a precisão das previsões de receitas realizadas pelos gestores públicos. Contudo,
De maneira geral, os dados encontrados evidenciam que os resultados ob- tidos na previsão de receitas por meio da aplicação do modelo de Koyck proporcio- naram melhor desempenho do que os resultados decorrentes da aplicação do modelo descrito pela Secretaria do Orçamento Federal, em 39 dos 50 períodos projetados.
Nesse contexto,
Em comparação aos resultados do modelo adotado pelos municípios pesquisados,
Os achados da pesquisa, apresentados pelo modelo disposto inicial- mente por Koyck (1954), utilizado no desenvolvimento deste estudo, corroboram os achados de Franses e Van Oest (2007), indicando que tal método se apresenta como uma poderosa ferramenta de previsão e auxílio à tomada de decisão.
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5 CONCLUSÃO
A pesquisa, caracterizada como descritiva, do tipo documental, com abordagem quantitativa dos dados, objetivou verificar o desempenho do modelo de Koyck na previsão das receitas públicas das 10 maiores cidades, em população, do Estado do Rio Grande do Sul, frente ao modelo de previsão de receitas utiliza- do por esses municípios. Os 10 maiores municípios em população no Estado do Rio Grande do Sul são: Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Canoas, Gravataí, Santa Maria, Viamão, Novo Hamburgo, Alvorada e São Leopoldo. Ao todo, eles abrangem 36,48% da população total do Estado.
Inicialmente,
Os resultados encontrados mostram que o erro médio destes muni- cípios,
Os achados da pesquisa indicam que esta metodologia pode propor- cionar aos gestores públicos uma melhor previsão das receitas orçamentárias, o que pode contribuir para a melhoria do processo de planejamento e controle dos serviços públicos. Melhores previsões possibilitam aos gestores uma melhor ava- liação dos recursos disponíveis para a manutenção das atividades do ente público, para o pagamento de dívidas, bem como para a realização de novos investimentos (GRZYBOVSKI; HAHN, 2006; SILVA, 2008; COELHO; QUINTANA, 2008; SANTOS; ALVES, 2011).
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As evidências encontradas na pesquisa sugerem que a utilização de mo- delos autorregressivos com defasagens distribuídas (ARDL) e a análise de um espa- ço temporal maior podem melhorar a precisão das previsões orçamentárias. A apli- cação de modelos dinâmicos como o modelo de Koyck, que consideram os efeitos das variáveis indexadas pelo tempo, com diferentes defasagens (FRANSES; VAN OEST, 2007), pode proporcionar aos gestores públicos melhores previsões.
Scarpin e Slomski (2005) destacam a necessidade de observância por parte dos administradores públicos do alto grau de incerteza envolvido em pre- visões de longo prazo. Da mesma forma, Makridakis, Wheelwright e Hyndman (1998, p. 452) explicam que, nos períodos projetados, “[...] muitas coisas vão acon- tecer e podem alterar substancialmente os conceitos estabelecidos ou os relacio- namentos existentes. Isso rende aos pesquisadores um alto grau de imprecisão e possíveis previsões enganosas.”
Dessa forma,
Apesar de se concluir que o desempenho da metodologia desenvolvida por Koyck na previsão das receitas foi superior ao modelo de previsão propos- to pela Secretaria do Orçamento Federal em 78% dos casos analisados, o espaço amostral analisado neste estudo não oferece suporte suficiente às conclusões em relação à efetiva melhora na previsão de receitas obtidas a partir da utilização des- ta metodologia, o que resulta em um novo campo de pesquisa para essa temática.
Os achados deste estudo são convergentes ao que estabelece o art. 12 da Lei de Responsabilidade Fiscal, bem como às recomendações da Secretaria do Tesouro Nacional, os quais incentivam a investigação de outras metodologias que possam contribuir para a melhoria das previsões de receita dos órgãos públicos. Logo, sua abordagem deve ser investigada em novas aplicações práticas.
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pesquisadores da Área Contábil para o desenvolvimento de novos estudos que possam contribuir para a identificação de metodologias que melhorem as estima- tivas de receitas realizadas pelos municípios quando da elaboração das previsões orçamentárias.
Os resultados encontrados mostram que a metodologia de Koyck pode ser um importante instrumento de gestão, que pode contribuir com os administradores públicos para a melhoria da previsão de receitas. Portanto, novos estudos devem ser realizados de modo que se possa confirmar ou refutar os achados desta pesquisa.
Como sugestão a estudos futuros,
Application of the Koyck model in forecasting government revenues: an analy- sis of budgetary forecasts carried out by the ten largest cities by population in the State of Rio Grande do Sul
Abstract
This study aims to verify the performance of the Koyck model in forecasting government revenues of the ten largest cities by population in the State of Rio Grande do Sul, towards the forecast model adopted by these cities. It is a descriptive research, of documentary type and with quantitative approach to data. The forecasts made by the municipalities surveyed between the years
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odology developed by Koyck to revenue forecast was higher than the one developed by OFB in 78% of cases. However, the sample space is not considered sufficient to support conclu- sions regarding the actual improvement in forecasting revenues derived from the use of this methodology, which results in a new field of research for this topic.
Keywords: Management accounting in the public sector. Public finances. Koyck model. Revenue forecasting. Public budget.
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Recebido em 04 de março de 2013
Aceito em 21 de outubro de 2013
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