https://doi.org/10.18593/evid.34476

Perfil epidemiológico da sífilis congênita no município de São Luís, Maranhão, Brasil

Epidemiological profile of congenital syphilis in the municipality of São Luís, Maranhão, Brazil

Bárbara Lima de Almeida, Biomedica1, Georgia de Sousa Serejo2, Alexya Gonçalves Mota3, Fernanda Costa Rosa4, Débora Caroline Pinto de Souza5, Amanda Silva dos Santos Aliança6, Wellyson Firmo de Sousa Cunha7, Rita de Cássia Mendonça de Miranda8

Resumo: A sífilis é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Treponema pallidum ao qual apresenta altas taxas de transmissão vertical, dependendo do grau de infecção materno e da fase gestacional na qual representa um importante indicador da qualidade da atenção materno-infantil. O não tratamento ou tratamento inadequado da doença pode resultar em abortamento, prematuridade, complicações agudas e outras sequelas fetais. Por isso o estudo tem como principal objetivo analisar o perfil epidemiológico referente a casos de Sífilis Congênita no município de São Luís, MA. Trata-se de um estudo epidemiológico de caráter descritivo quantitativo, a seleção de dados ocorreu a partir de levantamentos obtidos no Sistema de Informações de Agravo de Notificações (SINAN); disponibilizados pela plataforma DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde). Para tal foram utilizadas as variáveis sexo biológico, faixa etária, escolaridade, raça e momento de diagnóstico. Verificou-se mais de 300 casos de SC em São Luís entre 2018 e 2019, sendo o ano de 2018 com maior coeficiente de incidência. Entre as gestantes analisadas, 59,6% possuem de 20 a 24 anos, com faixa entre 40,4% de ensino médio incompleto, tendo mais casos nas pardas. Quanto ao diagnóstico, a atenção maior ocorreu no pré-natal, sendo de 70,6%. Conclui-se que a taxa de incidência obteve declínio no ano de 2018 para 2019, tendo em vista a importância da vigilância sanitária e ações sociais que incentiva a conscientização social relacionada a saúde da mulher e gestante, assim como o aumentando da procura em Unidades Básicas de Saúde intensificando os cuidados pessoais e realização de exames laboratoriais de rotina durante o pré-natal.

Palavras-chave: Sífilis Congênita; São Luís; Perfil Epidemiológico

Abstract: Syphilis is an infectious disease caused by the bacterium Treponema pallidum, which has high rates of vertical transmission, depending on the degree of maternal infection and the gestational phase, which represents an important indicator of the quality of maternal and child care. Failure to treat or inadequate treatment of the disease can result in miscarriage, prematurity, acute complications and other fetal sequelae. Therefore, the main objective of the study is to analyze the epidemiological profile regarding cases of Congenital Syphilis in the city of São Luís, MA. This is an epidemiological study of a quantitative descriptive nature, data selection took place from surveys obtained from the Notifiable Disease Information System (SINAN); made available by the DATASUS platform (Informatics Department of the Unified Health System). To this end, the variables biological sex, age group, education, race and time of diagnosis were used. There were more than 300 cases of CS in São Luís between 2018 and 2019, with 2018 having the highest incidence rate. Among the pregnant women analyzed, 59.6% are aged 20 to 24, with a range between 40.4% having incomplete secondary education, with more cases among mixed-race women. Regarding diagnosis, the greatest attention occurred during prenatal care, at 70.6%. It is concluded that the incidence rate declined from 2018 to 2019, given the importance of health surveillance and social actions that encourage social awareness related to the health of women and pregnant women, as well as increasing demand in Basic Units of Health, intensifying personal care and carrying out routine laboratory tests during prenatal care.

Keywords: Congenital syphilis; São Luís; Epidemiological Profile

Recebido em 21 de dezembro de 2023

Aceito em 27 de março de 2024

INTRODUÇÃO

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) ocasionada pela bactéria Treponema pallidum e que, mesmo possuindo diagnóstico e tratamento acessível pelo baixo custo, continua sendo um problema de Saúde Pública responsável pelos altos índices de mortalidade. Em gestantes, pode ocorrer a transmissão vertical ocasionando a Sífilis Congênita (SC) que geralmente acarreta efeitos devastadores se não detectada e tratada precocemente. A SC, particularmente, é uma das principais causas de abortamento e complicações durante e após o parto. Possui grande destaque entre as IST por ocasionar uma infecção sistêmica e persistente, que acarreta danos sociais, econômicos e sanitários de grandes complicações, podendo evoluir para uma enfermidade com sequelas irreversíveis a longo prazo (Vilibic-Čavlek, 2018).

Em relação ao diagnóstico de Sífilis Congênita, existe o teste de identificação de pacientes positivos, feito por meio do Venereal Disease Research Laboratory (VDRL), sendo um teste rápido não treponêmico e também usado como triagem para se monitorar pacientes durante o tratamento e cura. O teste treponêmico é o FTA ABS (Fluorescent treponemal antibody absorption test), também um teste rápido indicado no primeiro e terceiro trimestres de gestação e nos casos de internação para o parto ou curetagem, e o tratamento é feito com a penicilina G benzatina (Piske, 2014). O momento do tratamento em gestantes, que pode e deve ser realizado durante a gestação, deve ter a inclusão do parceiro. Dessa forma, é importante informar sobre o tratamento para ambos, visto que a falta de participação do parceiro é um dos erros que devem ser evitados durante os cuidados para o tratamento correto (Do Carmo Neves, 2019; Tebet, 2019).

Apesar dos avanços no Sistema Único de Saúde (SUS), o combate à Sífilis Congênita por intermédio do controle da Sífilis Gestacional continua sendo um desafio, sobretudo ao analisarmos o seu aumento ao longo dos anos, podemos considerar que a ocorrência da SC apresenta fragilidades na atenção ao pré-natal, sendo assim um incidente grave no monitoramento e acesso da qualidade da atenção básica (Domingos, 2013). Mediante esse aumento alarmante em todo o mundo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) traçou como uma de suas quatro metas principais para 2030 a eliminação da sífilis congênita, definindo uma taxa limite de casos de sífilis congênita de até 50 casos por 100.000 nascidos vivos em 80% dos países (Koren Tromp et al., 2019).

Devido a este cenário, o SUS decidiu facilitar a triagem e desenvolveu estratégias como a rede cegonha que tem como objetivo garantir que: “Toda mulher tem o direito ao planejamento reprodutivo e atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao pós-parto, bem como as crianças têm o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudável”. Com isso, houve um grande impacto no diagnóstico e na elevação da taxa de detecção da sífilis em gestantes, assim como na detecção do HIV (Leal, 2020).

Diante desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo analisar o perfil epidemiológico referente a casos de Sífilis Congênita no município de São Luís, Maranhão no período de 2018 a 2019.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo de caráter quantitativo, a seleção de dados referente ao grupo de estudo foi constituída por todos os números de casos por Sífilis Congênita notificados no município de São Luís pertencente ao Estado do Maranhão, do qual o levantamento de dados foram obtidos a partir do Sistema de Informações de Agravos de Notificações (SINAN); Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), disponibilizados pelo DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde).

Foram coletados 300 casos notificados no período de 2018 a 2019 com as seguintes variáveis: sexo feminino; faixa etária da mãe; escolaridade; raça e ano de diagnóstico.

Os dados obtidos foram organizados em tabelas de acordo com suas variáveis para processamento das informações, sendo discutidos à base do referencial bibliográfico. Por se tratar de um banco de domínio público, não foi necessário submeter o projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo os dados do Sistema Nacional de Informação Agravo de Notificações (SINAN), os casos confirmados de Sífilis Congênita (SC) foram de 300 casos no período de 2018 a 2019 no município de São Luís/MA.

Optou-se por consultar a fonte de dados DATASUS, por ser um material de fácil acesso, rápido e eficiente na obtenção de informações sobre diversas patologias que podem acarretar à saúde humana. Porém, leva-se em consideração a plataforma ser uma base de dados pouco explorada e analisada como ferramenta para ações de saúde.

Tabela 1. Casos de sífilis congênita em menores de um ano de idade e taxa de incidência (por 1.000 nascidos vivos) de gestantes com sífilis por ano de diagnóstico. São Luís, Maranhão, Brasil, 2018-2019.

Casos e Taxas de SC por ano

2018

2019

%

%

Casos

224

76

0,76

Taxa de Detecção

144

14,4

-

-

Fonte: MS/SVS/DCCI - Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. NOTAS: (1) Dados até 30/06/2019; (2) Dados preliminares para os últimos 5 anos.

Na Tabela 1, o número total de casos colhidos referente a SC na cidade de São Luís - MA. Em relação ao total de casos notificados, houve uma variável entre os dois anos, nota-se uma taxa de detecção elevada no ano de 2018, possibilitando observar uma queda decrescente em relação a quantidades de casos notificados significativamente no ano de 2019.

Segundo o Ministério da Saúde, no período estudado, o Maranhão apresentou número de casos de sífilis em gestantes e sífilis congênita correspondente a 1,9% e 1,8% dos casos registrados no Brasil, respectivamente. Desta forma, leva-se em consideração um número de casos relativamente pequeno no estado, diante a dimensão do número de casos confirmados total do país, ratificando a investigação minuciosa da doença, sendo ainda um problema na saúde materna, tendo assim a necessidade da sua eliminação no estado. As reduções das taxas podem estar relacionadas a esforços para eliminação da sífilis, como estratégias de realização de campanhas preventivas, o que pode contribuir para a redução de casos de sífilis na gestação, e a implantação do teste rápido para gestantes, possibilitando diagnóstico e tratamento oportunos, contribuindo para a redução dos casos de sífilis congênita.

Diante dos dados coletados e estudo espacial atuais é possível evidenciar através do boletim epidemiológico brasileiro que o Sudeste é um dos precursores no quesito infecção por SC. Dentre eles destaca-se o estado do Espírito Santo do qual é possível encontrar semelhança do estudo em questão, segundo o estudo de Soares et al. (2020), cujo destacam-se casos epidemiológicos notificados durante os anos de 2011 a 2018, apontando crescente número de casos no ano de ٢٠١٨ indicativo a possíveis falhas no sistema de saúde pública, o que evidencia a possibilidade de atenção inadequada à IST’s, principalmente relacionados a saúde da gestante, tendo em vista a importância da descoberta precoce da sífilis por se tratar de uma doença silenciosa inicialmente, o que justifica o agrave no número de casos seguido a abandono de tratamento e diagnóstico no período gestacional. Mediante ao número de casos elevados no estado, é possível observar no estudo espacial geográfico taxas que se incidem da região metropolitana da capital e se estende até o norte do estado pelo litoral.

Considerando em termos de nordeste os estudos de Soares et al. (2020), cujo foi desenvolvido por meio de um modelo espacial a análise do aglomerado de infecções que se disseminavam do litoral até a região metropolitana da capital Fortaleza, coincidentemente o que se assemelha aos estudos abordados no estado do Maranhão pelos autores do presente estudo, destacando a detecção dos casos que se iniciam nos municípios se alastrando de maneira severa na região metropolitana de São Luís seguido por Imperatriz, ambos municípios com maior densidade demográfica do estado segundo dados adicionados no IBGE. Tendo em vista que a Assembleia Mundial de Saúde adotou a estratégia no setor global de saúde para Infecção Sexualmente Transmissível (IST) uma espécie de meta, da qual definia a extensão de investimentos intervencionistas e serviços que tem como principal objetivo manter o controle da doença até os próximos anos (estratégia adotada nos períodos de 2016-2021, planejando o controle até o ano de 2030), diminuindo consequentemente os impactos como problemas de saúde pública da mulher.

Tabela 2. Distribuição do número de casos e percentual de casos de sífilis congênita segundo faixa etária da mãe por ano de diagnóstico, São Luís, Maranhão, Brasil 2018-2019.

Faixa etária da mãe

2018

2019

%

%

10 a 14 anos

2

0,9

-

-

15 a 19 anos

33

14,7

15

19,5

20 a 29 anos

134

59,6

35

45,5

30 a 39 anos

49

21,8

24

31,2

40 anos ou mais

3

1,3

2

2,6

Ignorado

4

1,8

1

1,3

Fonte: MS/SVS/DCCI - Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. NOTAS: (1) Dados até 30/06/2019; (2) Dados preliminares para os últimos 5 anos.

Identificou-se maior número de casos de SC entre mulheres de 20 a 39 anos, com cerca de 52,55 total número de casos (Tabela 2). Constatou-se que meninas de 10 a 14 anos tiveram um número decrescente de casos, levando em consideração uma importância a ser ressaltada a contextualização da vida sexual ativa precocemente, assim como o direito a informações básicas de saúde da mulher e informações sobre os perigos da contração de doenças e infecções sexuais nas regiões com população leigas. Segundo Guinsburg et al. (2010) entre os fatores de risco que contribuem para que a prevalência de sífilis congênita se mantenha, está o baixo nível socioeconômico, a baixa escolaridade, início precoce de vida sexual ativa, promiscuidade e, sobretudo, a falta de adequada assistência pré-natal.

Segundo Lafeta et al. (2016), a evidência de casos relacionados a RN (Recém Nascidos) ocorre um aumento relacionado a filhos de mulheres com Faixa Etária de 20 anos ou mais, evidenciando o período ao qual a mulher costuma efetivar a vida sexual ativa, por tanto abrindo leque para as possibilidades da ocorrência de uma gravidez, além da susceptibilidade de adquirir IST’s, garantindo autoíndice de risco devido às práticas de relações sexuais sem a aplicabilidade de medidas preventivas.

Tabela 3. Distribuição no número de casos e percentual de Sífilis Congênita segundo escolaridade da mãe por ano de diagnóstico, São Luís, Brasil 2018-2019.

Escolaridade da mãe

2018

2019

%

%

Alfabeto

1

0,4

1

1,3

1 ª a 4 ª série incompleta

5

2,2

5

6,5

4 ª série completa

2

0,9

2

2,6

5 ª a 8ª série incompleta

44

19,6

13

16,9

Fundamental Completo

18

8,0

4

5,2

Médio Incompleto

29

12,9

14

18,2

Médio Completo

91

40,4

31

40,3

Superior Incompleto

3

1,3

2

2,6

Superior Completo

-

-

-

-

Ignorado

32

14,2

5

6,5

Fonte: MS/SVS/DCCI - Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. NOTAS: (1) Dados até 30/06/2019; (2) Dados preliminares para os últimos 5 anos.

A maior ocorrência de SC é com mulheres de baixa escolaridade, supondo que este grupo populacional seja mais exposto à infecção, o que insinua a escassa falta de informações referente a transmissão da doença, indicando uma maior necessidade de atenção a programas de controle e informação referentes a doenças transmissíveis, sugerindo um olhar mais atencioso a população. De acordo com Galabordes et al. (2006), no que diz respeito à escolaridade, trata-se de uma variável relevante para a caracterização socioeconômica dos indivíduos, no entanto, a distribuição dos casos por esta variável evidencia que em 20,7% dos casos não há informação da escolaridade da mãe.

Observou-se que dentre os casos que tiveram o registro dessa variável na ficha de notificação, a maioria deles tem escolaridade até o Nível Fundamental. Lima et al. (2020) identificaram maior incidência de sífilis congênita na população com baixa escolaridade, em distintas unidades de análise – Recife, Pernambuco (2004-2006), Belo Horizonte, Minas Gerais, (2001-2008) e Brasil (2008) – respectivamente, o que mostra os dados coletados no município de São Luís, (2018-2019) relevantes e deixando a desejar em relação ao sistema único de saúde principalmente público deficiente.

A baixa escolaridade é uma peça fundamental para a explicação da incidência da SC, pelo fato de que as mulheres de geralmente classe baixa não tenham tido uma oportunidade de vida inferior às mulheres que estão em um nível de classe mediana a alta, o meio da qual elas habitam no quesito informativo a saúde de maneira geral, incluindo saúde da mulher e informações sobre exames fundamentais para diagnóstico precoce da doença, o que faz com que levem adiante uma gestação comprometida e vulnerável, resultados semelhantes foram encontrados o que colaborou com as informações epidemiológicas encontradas, indicando uma vulnerabilidade social maior e alarmante.

Segundo os estudos de Rokhmah et al. (2015) a baixa escolaridade influência de uma maneira exorbitante no quesito acesso às informações indispensáveis, influenciando consequentemente de maneira negativa à conscientização sobre a saúde sexual e às maneiras de prevenção da doença, o que leva a negligencia no autocuidado, o que tem se transformado um grande desafio de gestão pública garantindo margens as críticas sociais devido a uma falha no benefício do tratamento da sífilis, nos procedimentos de campanha preventiva e informativa a população de baixa renda e baixa escolaridade sendo elas as mais atingidas.

Tabela 4. Número absoluto e percentual dos casos de Sífilis Congênita por raça nos anos de ٢٠١٨-٢٠١٩ em São Luís, Maranhão.

Raça

2018

2019

%

%

Branca

19

8,4

6

7,8

Preta

5

2,2

5

6,5

Amarela

1

0,4

-

-

Parda

192

85,3

63

81,8

Indígena

-

-

-

-

Fonte: MS/SVS/DCCI - Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis.

A Tabela 4 é referente à raça ou cor da mãe, tendo a parda como mais evidente dentre as demais, apresentando assim percentual de 85,3% (n= 255) do total de casos. Dentre os períodos estudados, o Maranhão apresentou número de casos de SC correspondente a 2,2% registrados no Brasil, sendo que 2018 correspondeu um pouco mais de um terço (34,6%). Observou-se o aumento de incidência de novos casos, e isso pode estar interligado a fatores como a diminuição de números de sub-registros e consequentemente o aumento das notificações, assim como ações de vigilância epidemiológica direcionadas a abordagem e identificação dos casos no estado (Lima et al., 2017).

Tabela 5. Casos de sífilis congênita segundo o momento do diagnóstico da sífilis materna por ano de diagnóstico, entre ٢٠١٨ e ٢٠١٩ em São Luís, Maranhão.

Momento de diagnóstico

2018

2019

%

%

Pré – Natal

159

70,6

61

79,2

Parto/Curetagem

25

11,1

11

14,3

Após o parto

10

4,4

1

1,3

Não realizado

5

2,2

-

-

Ignorado

26

11,6

4

5,2

Fonte: MS/SVS/DCCI - Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis.

A Tabela 5 é referente aos casos de SC do momento de descoberta da doença do filho pela mãe, tendo a prevalência no pré-natal com percentual de 79,2 (n= 220) do total.

Em 2018 ocorreu um Recorde nos valores notificados e em seguida diminuição, sendo consequência de conhecimento e ações implementadas. Segundo um estudo realizado por Guimarães et al. (2018), evidenciou que São Luís obteve o maior número de casos notificados, constituindo uma das maiores densidades demográficas do estado, o que pode justificar a maior ocorrência de casos. Dessa forma, requer uma maior atenção referente à adoção de medidas profiláticas para redução de notificações. O estudo aponta que a maioria dos diagnósticos da SC se deram durante a realização do pré-natal, apresentando um aumento progressivo dos números de casos diagnosticados ao longo do ano de 2018.

Diante da alta ocorrência no cenário nacional relacionada a SC, o Sistema Único de Saúde (SUS), desenvolveu estratégias, como a rede cegonha e a implantação dos testes rápidos para a triagem da sífilis na atenção básica, tais medidas tiveram grande impacto no diagnóstico e na elevação da taxa de detecção da sífilis em gestante (Maschio-Lima et al., 2019).

O pré – natal possui um papel importante na redução dos desfechos perinatais negativos, monitorando o desenvolvimento da gravidez; diagnosticando e tratando mudanças clínicas na obstetrícia, voltado para a saúde materna e fetal, realizando ações profiláticas para reduzir os riscos em ambos. As ações preventivas da SC estão ligadas diretamente aos cuidados durante a gestação, com a realização de teste sorológico tanto para a mulher quanto para o parceiro (Maraschin et al., 2019).

Segundo Padovani et al. (2019), é necessário investir mais na vigilância epidemiológica, pois é o primeiro passo para controlar a evolução da SC, uma vez que sem a notificação dos casos suspeitos, não há investigação e tratamento adequado, aumentando os casos de evento da doença. Observa-se uma diminuição nos números de casos registrados em São Luís – MA, verificando em 2019 a queda dos índices, chegando assim até em negativação em algumas raças. Podemos considerar que intervenções foram implantadas ou até mesmo houve aumento de informações sobre o contágio e cuidados a serem tomados, porém, cabe aos órgãos públicos administrarem tais meios, visando a minimização de Sífilis Congênita.

CONCLUSÃO

Com a realização deste estudo, conclui-se que com base de dados para domínio público coletivo de maneira relevante em fonte segura para pesquisas, organização de serviços e políticas públicas por meio do presente estudo, pode-se evidenciar que os recursos utilizados forneceram amplo parâmetro epidemiológico dos casos de Sífilis Congênita diagnosticadas em São Luís – MA, sendo assim fornecendo o estudo como uma ferramenta útil este trabalho tem como alvo expor de maneira clara e objetiva de compreensão para a sociedade acadêmica os desafios da Sífilis Congênita, seus dados epidemiológico e suas particularidades. Abordando informações importantes para saúde coletiva de maneira íntegra, apontando as fases de desenvolvimento da SC, sobrelevando a diminuição do desenvolvimento patológico e oportunizando o planejamento de estratégias preventivas a população.

Visto que ao longo dos anos os níveis de contaminação por Sífilis aumenta no Brasil, causando preocupação para as futuras mães além de alertar à importância com a saúde do feto e o seu desenvolvimento de maneira saudável durante a gestação, incluindo a priorização dos órgãos públicos de saúde de maneira antecipada a fim de evidenciar de modo eficaz os tratamentos, distribuição de informações referente à educação sexual, saúde da mulher e fornecimento de suporte durante o período de gestação de forma efetiva sendo primordial para atender as necessidades das mães e fetos que enfrentam a SC evitando abandono no tratamento. Sendo assim, pressupõe-se que por meio de saúde pública planejada, levando em consideração a realidade atual emergente que impõem a sociedade desafios relacionados ao setor público, é de suma importância conhecimentos epidemiológicos, incluindo a dificuldade que precisam ser analisadas relacionado a subnotificação não declarada de maneira concisa no sistema DATA SUS o que dificulta no processo de coleta de dados, tornando-os essencial para o direcionamento de ações à promoção, prevenção e reabilitação da saúde pública no município de São Luís – MA, Brasil.

REFERÊNCIAS

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  1. 1 Universidade Ceuma, Campus Renascença, CEP 65075-120, São Luís - MA, Brasil.; E-mail: barbara_lima2@hotmail.com; ORCID: 0009-0002-9706-6171

  2. 2 Biomedica, Universidade Ceuma, Campus Renascença, CEP 65075-120, São Luís - MA, Brasil; E-mail: georgiasousa199808@gmail.com; ORCID: 0009-0005-8548-9013

  3. 3 Mestre em Meio Ambiente, Universidade Ceuma, Campus Renascença, CEP 65075-120, São Luís - MA, Brasil; E-mail: alexyagm@gmail.com; ORCID: 0009-0000-1031-6437

  4. 4 Mestre em Biologia Parasitária, Universidade Ceuma, Campus Renascença, CEP 65075-120, São Luís - MA, Brasil; E-mail: nandacosttarosa@gmail.com; ORCID: 0000-0003-2138-0869

  5. 5 Biomedica, Universidade Ceuma, Campus Renascença, CEP 65075-120, São Luís – MA, Brasil; E-mail: deboracarolinapinto@gmail.com; ORCID: 0000-0001-6759-8412

  6. 6 Doutora em Medicina Tropical, Universidade Ceuma, Campus Renascença, CEP 65075-120, São Luís – MA, Brasil; E-mail: amanda.alianca@ceuma.br; ORCID: 0000-0003-1412-9895

  7. 7 Doutor em Biotecnologia, Universidade Ceuma, Campus Renascença, CEP 65075-120, São Luís - MA, Brasil; E-mail: well_firmo@hotmail.com; ORCID: 0000-0002-6979-1184

  8. 8 Doutora em Biologia de Fungos, Universidade Ceuma, Campus Renascença, CEP 65075-120, São Luís - MA, Brasil; E-mail: rita.miranda@ceuma.br; ORCID: 0000-0003-2116-1797; Autor correspondente.