Saúde

Análise da deficiência nutricional de micronutrientes nos óbitos por Covid-19 em indígenas não aldeados em Campo Grande

Analysis of micronutrient nutritional deficiency in Covid-19 deaths among non-reserved indigenous people in Campo Grande

Eliza Miranda Ramos1*, Vitor Hugo dos Santos Duarte2, Emerson Luiz Lima Araújo3, Gilberto Gonçalves Facco4, & Alexandra Maria Almeida Carvalho1

1Faculdade de Medicina, Programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, Laboratório de Estudos Epidemiológicos, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) – Campo Grande, MS, Brasil; 2Faculdade de Computação, UFMS – Campo Grande, MS, Brasil; 3Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública do Departamento de Articulação Estratégica em Vigilância em Saúde da Secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (CGLAB/DAEVS/SVS – MS) – Brasília, DF, Brasil; 4Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp) – Campo Grande, MS, Brasil.

Como citar: Ramos, E. M., Duarte, V. H. dos S., Araújo, E. L. L., Facco, G. G., & Carvalho, A. M. A. Análise da deficiência nutricional de micronutrientes nos óbitos por Covid-19 em indígenas não aldeados em Campo Grande. Evidência, 24. https://doi.org/10.18593/evid.34450

Ramos, E. M.*

elizamirandaramos@gmail.com

https://orcid.org/0000-0003-2683-636X

Duarte, V. H. dos S.

vitor.h@ufms.br

https://orcid.org/0000-0002-7765-7743

Araújo, E. L. L.

emerson.araujo.saude@gmail.com

https://orcid.org/0000-0002-7684-2883

Facco, G. G.

gilbertogfacco@hotmail.com

https://orcid.org/0000-0002-6434-2398

Carvalho, A. M. A.

alexandra.carvalho@ufms.br

https://orcid.org/0000-0002-7868-3214

* Autora correspondente: Laboratório de Estudos Epidemiológicos. Av. Senador Filinto Muller, s/n – Cidade Universitária – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – Famed.

RESUMO: A deficiência de Vitamina D, Zinco e Ferro pode agravar os efeitos da COVID-19, estudar sua ocorrência em óbitos aprimora o diagnóstico e as intervenções de saúde. Este estudo descreve a ocorrência de deficiência de Vitamina D, Zinco e Ferro nos óbitos por COVID-19 no estado de Mato Grosso do Sul, no município de Campo Grande, durante o período de 2020 a 2021. Foram utilizados registros clínico-laboratoriais e epidemiológicos positivos por RT-PCR para COVID-19, com sinais e sintomas iniciados no período, e controles com análise multivariada. Foram identificados 75 casos; a faixa etária com 57,3% dos casos foi de 35 a 44 anos de idade, e os sinais e sintomas mais frequentes foram cefaleia e saturação de ≤ 95%, com uma frequência de 86,6%. O tempo de internação superior ou igual a 15 dias mostrou uma forte associação com os óbitos. Diante da análise do déficit nutricional de Vitamina D, Zinco e Ferro em pacientes indígenas não aldeados com óbitos por COVID-19 em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, ressalta-se a importância das intervenções para a promoção da saúde dessa população.

Palavras-chave: Ferro, Hipovitaminose, Vitamina D, Serviços de Vigilância Epidemiológica, Zinco.

ABSTRACT: The deficiency of Vitamin D, Zinc, and Iron can exacerbate the effects of COVID-19; studying its occurrence in deaths improves diagnosis and health interventions. This study describes the occurrence of Vitamin D, Zinc, and Iron deficiencies in COVID-19 deaths in the state of Mato Grosso do Sul, in the municipality of Campo Grande, during the period from 2020 to 2021. Clinical-laboratory and epidemiological records positive for COVID-19 by RT-PCR, with signs and symptoms starting during the period, and controls with multivariate analysis were used. A total of 75 cases were identified; the age group with 57.3% of the cases was from 35 to 44 years old, and the most frequent signs and symptoms were headache and oxygen saturation ≤ 95%, with a frequency of 86.6%. The length of hospital stays of 15 days or more showed a strong association with deaths. Given the analysis of the nutritional deficiency of Vitamin D, Zinc, and Iron in non-resident indigenous patients with COVID-19 deaths in Campo Grande, Mato Grosso do Sul, the importance of interventions for the health promotion of this population is highlighted.

Keywords: Epidemiological Surveillance Services, Hypovitaminosis, Iron, Vitamin D, Zinc.

INTRODUÇÃO

A abordagem da deficiência nutricional de micronutrientes no contexto brasileiro está fortemente ligada à evolução e ao desenvolvimento social e econômico da nação ao longo dos anos (Sichieri et al., 2000). Nesse sentido, é essencial destacar a significativa contribuição de Josué de Castro, um brasileiro que desafiou a conspiração do silêncio que envolvia as justificativas da fome no período de 1940 a 1950 (Monteiro, 2003; Zemb et al., 2020). Sua contextualização permitiu uma compreensão mais completa da problemática do déficit nutricional de micronutrientes, considerando suas múltiplas dimensões e causas, que vão desde aspectos biológicos até fatores antropológicos, socioeconômicos e políticos (Monteiro, 2003). Sendo assim, faz-se necessário esclarecer o conceito dos termos utilizados por alguns autores na definição do déficit nutricional por Vitamina D, zinco (Zn) e ferro (Fe), geralmente utilizados de forma genérica (Zemb et al., 2020). A deficiência nutricional de micronutrientes, incluindo a carência de elementos essenciais como a vitamina D, Zn e Fe, desempenha um papel significativo na manifestação da desnutrição.

Além disso, a vitamina D desempenha um papel na modulação da função imunológica, afetando as células dendríticas e as células T, o que pode influenciar a eliminação do vírus e atenuar as respostas inflamatórias associadas aos sintomas da doença (Mancilha & Oliveira, 2021; Olczak-Pruc et al., 2022; Zemb et al., 2020). Essa deficiência pode ter origens diversas, incluindo um desenvolvimento alimentar inadequado, condições precárias de higiene, doenças infecciosas persistentes que afetam o metabolismo dos alimentos e até mesmo excessos alimentares que resultam em carências específicas (Mancilha & Oliveira, 2021; Olczak-Pruc et al., 2022).

O déficit de Vitamina D, Zn e Fe pode se manifestar clinicamente em pacientes com agravamento de doenças virais, como a COVID-19, e pode estar associado ao aumento das lesões pulmonares (Rahman & Karim, 2017). O Zn (Zn) desempenha um papel importante na resposta imunológica, ao regular a produção de citocinas como IL-2 e IFN-γ, e estimular a atividade de células importantes, como macrófagos e células T citotóxicas. Além disso, o Zn pode interferir diretamente na atividade da RNA polimerase dependente de RNA (RdRp), essencial para a replicação viral (Aziz et al., 2021). A terapia com Zn tem sido considerada como adjuvante no tratamento da COVID-19, mostrando redução dos sintomas e possíveis efeitos benéficos na inflamação pulmonar e na modulação do sistema imunológico. Essas descobertas destacam o potencial do Zn como uma estratégia terapêutica promissora na luta contra as infecções virais, incluindo na pandemia atual (Rahman & Karim, 2017).

O Fe desempenha uma característica importante em diversos processos metabólicos no organismo humano. Durante o adoecimento, ocorre uma competição de Fe entre os hospedeiros humanos e patógenos. A hepcidina, um peptídeo hepático, desempenha um papel significativo na subtração de Fe dos patógenos, principalmente dos macrófagos. Além disso, o metabolismo do Fe influencia a ação das células do sistema imunológico, sendo essencial para a resposta imunológica eficaz (Sheftel et al., 2012).

Os indígenas não aldeados que residem no município, especificamente em áreas urbanas, representam uma parcela significativa da população indígena no Brasil em território não indígena (Mendes et al., 2018). Essa migração para centros urbanos frequentemente está associada a questões socioeconômicas e à busca por melhores oportunidades de educação, saúde e trabalho (Mendes et al., 2016). No entanto, essa transição pode trazer desafios significativos, incluindo o acesso limitado a serviços de saúde culturalmente sensíveis. Além disso, os indígenas urbanos também podem estar suscetíveis a problemas nutricionais devido às mudanças em seus padrões alimentares tradicionais e às deficiências de vitaminas e minerais, obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (Mendes et al., 2016, 2018).

Portanto, compreender as necessidades sociodemográficas e de saúde dessas populações é fundamental para o desenvolvimento de políticas e serviços de saúde adequados e culturalmente relevantes. O conhecimento sobre o desenvolvimento do perfil epidemiológico do déficit nutricional de vitamina D, Zn e Fe (Gibbons et al., 2022) nos óbitos por COVID-19 no estado do Mato Grosso do Sul, na cidade de Campo Grande, assim como o levantamento de dados técnicos relacionados, contribui para o desenvolvimento do conhecimento efetivo na prevenção e controle de agravos em doenças virais que causam a morte, como a COVID-19, no território brasileiro em indígenas não aldeados residentes no município.

Este estudo teve como objetivo descrever a ocorrência de deficiência de vitamina D, Zn e Fe nos óbitos por COVID-19 no estado do Mato Grosso do Sul, no município de Campo Grande, durante o período de 2020 a 2021.

MÉTODOS

Delineamento

Trata-se de um estudo observacional não pareado que incluiu participantes no período entre 20 de junho de 2020 e 20 de junho de 2021. A investigação epidemiológica de campo ocorreu durante o mesmo período.

Contexto

Em junho de 2020, na cidade de Campo Grande, no estado do Mato Grosso do Sul, observou-se a notificação de pacientes com resultados laboratoriais positivos para COVID-19 por meio do teste RT-PCR, especificamente residentes na cidade, incluindo indígenas não aldeados. Na segunda metade de junho de 2020, procedeu-se à inclusão de casos na pesquisa realizada pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, com foco na investigação dos eventos. Até a data de 20 de junho de 2021, foram registrados 65 óbitos notificados de COVID-19, nos quais foi identificado o déficit de vitamina D, Zn e Fe.

Participantes

Foram incluídos no estudo um total de 75 pacientes residentes no município de Campo Grande, no estado do Mato Grosso do Sul, fora da reserva indígena, atendidos no serviço de atenção municipal de saúde. Esses pacientes foram diagnosticados com COVID-19 e apresentavam deficiência de Vitamina D, Zn e Fe, sendo agrupados no Grupo Doença (n = 65 casos). No Grupo Controle, foram incluídos 10 pacientes diagnosticados com COVID-19, mas sem deficiência de Vitamina D, Zn e Fe, pertencentes ao mesmo grupo étnico (Figura 1). Para a inclusão no estudo, os indivíduos foram selecionados como casos confirmados, divididos em grupo doença e controle. Casos confirmados foram definidos como indivíduos que receberam um diagnóstico laboratorial positivo por RT-PCR no período de junho de 2020 a junho de 2021 e foram notificados no sistema de saúde. A inclusão no estudo foi restrita a adultos com idade igual ou superior a 18 anos e igual ou inferior a 100 anos, de ambos os sexos. Além disso, esses pacientes deveriam apresentar pelo menos dois dos seguintes sinais ou sintomas: febre (mesmo que relatada), calafrios, dor de garganta, cefaleia, tosse, rinorréia, distúrbios do olfato ou do paladar.

O Grupo Doença incluiu casos confirmados com COVID-19 com déficit de vitamina D, Zn e Fe. Foram incluídos pacientes com sinais de agravamento e com alteração significativa nos resultados de exame de imagem, como a progressão de opacidades em vidro fosco para consolidação pulmonar e o desenvolvimento de achados indicativos de pneumonia em organização. A determinação da deficiência desses nutrientes seguiu critérios específicos que variam conforme as diretrizes de unidades públicas laboratoriais de saúde no Brasil. Em linhas gerais, os valores de referência considerados para definir a deficiência foram: para Vitamina D, nível sérico inferior a 30 ng/ml; deficiência de Zn avaliada por meio de dosagem sérica, com um nível inferior a 70 µg/dl considerado baixo em determinados casos; Fe sérico considerado inferior a 30 mcg/dl em adultos, associado a um nível de ferritina sérica inferior a 15 ng/ml. Além disso, os pacientes incluídos no estudo foram diagnosticados com COVID-19 com base em critérios clínicos, epidemiológicos ou de imagem, conforme as diretrizes do Ministério da Saúde.

O Grupo Controle foi constituído por pacientes com valores séricos adequados de vitamina D, Zn e Fe, de acordo com as diretrizes e unidades laboratoriais públicas no Brasil, juntamente com o diagnóstico confirmado de COVID-19 por meio de testes de RT-PCR e sinais de agravamento conforme as diretrizes do Ministério da Saúde.

Figura 1

Fluxo de identificação de casos e controles em estudo epidemiológico sobre deficiência de Vitamina D, Zinco e Fe em pacientes com COVID-19, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, 2023.

Fontes de dados e mensuração

Os dados laboratoriais ou secundários foram coletados durante o período de estudo na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) do estado do Mato Grosso do Sul, especificamente na prefeitura de Campo Grande. Essa coleta abrangeu a população não residente em aldeias no município de Campo Grande.

A obtenção dos dados secundários envolveu uma busca retrospectiva e ativa dos casos, com base na revisão dos prontuários eletrônicos dos pacientes que receberam atendimento ambulatorial e hospitalar por meio do sistema OpenDataSUS e da rede de informações sobre o agravamento de pacientes com COVID-19 no município, onde foram registradas as informações pertinentes.

Controle de Viéis

A seleção dos pacientes neste estudo, com critérios bem definidos de inclusão, ajudou significativamente a reduzir o risco de viés. Ao considerar critérios clínicos, epidemiológicos e de imagem, garantiu-se que os pacientes incluídos fossem diagnosticados de forma precisa e rigorosa. Além disso, ao comparar o Grupo Doença, que apresentava deficiência de nutrientes específicos e COVID-19, com o Grupo Controle de pacientes sem deficiência, estabeleceu-se um controle eficaz das variáveis, minimizando possíveis distorções nos resultados. Essa abordagem meticulosa fortaleceu a validade interna do estudo, tornando os resultados mais confiáveis e contribuindo para uma análise mais precisa da relação entre a deficiência de Vitamina D, Zn e Fe com a COVID-19.

Tamanho do estudo

Este estudo observacional, realizado em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, entre junho de 2020 e junho de 2021, investigou a presença de deficiência de vitamina D, Zn e Fe em pacientes com COVID-19. Foram incluídos 65 pacientes com diagnóstico de COVID-19 e deficiência desses nutrientes no Grupo Doença, bem como 10 pacientes com COVID-19, mas sem deficiência no Grupo Controle. As definições para inclusão foram criteriosas, abrangendo critérios clínicos, epidemiológicos e de imagem. Além disso, variáveis sociodemográficas foram avaliadas.

Estatística

Para a análise de dados, foi utilizada estatística descritiva, envolvendo o cálculo de frequências absolutas e relativas, bem como medidas de tendência central e dispersão. Posteriormente, foram aplicadas estatísticas bivariadas analíticas para avaliar relações entre variáveis. Para variáveis categóricas, foram utilizados os testes qui-quadrado de Pearson e exato de Fisher, enquanto para variáveis contínuas, o teste t de Student foi empregado. A fim de minimizar possíveis fatores de confusão, foi realizada uma análise multivariada. Foram selecionadas as variáveis de exposição que apresentaram valor de p igual ou inferior a 0,05 na análise bivariada, considerando um intervalo de confiança de 95% (IC95%). As análises foram conduzidas na linguagem Python, utilizando as bibliotecas pandas, numpy, scipy e matplotlib, com processamento de dados e gráficos realizados no Google Colab.

Aspectos Éticos

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, com o parecer favorável registrado sob o número 42969320.0.0000.0021 em 24 de abril de 2021. Durante a pesquisa, todos os aspectos éticos exigidos pela Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 466, de 12 de dezembro de 2012, foram observados, considerando a natureza dos dados secundários analisados e o uso de um banco de dados nacional e público.

RESULTADOS

Neste estudo, foi conduzida uma investigação utilizando fontes de dados clínicos e epidemiológicos disponíveis no sistema OpenDataSUS e na rede pública de saúde de Campo Grande, vinculada ao SUS. Inicialmente, foram selecionados 8.202 pacientes residentes em áreas urbanas identificados como indígenas, que tiveram resultado positivo para COVID-19 confirmado por teste RT-PCR.

A análise detalhada desses dados envolveu a revisão minuciosa de registros clínicos, resultados de imagens como RX e informações epidemiológicas. Essa abordagem resultou na identificação de 365 pacientes que se enquadraram nos critérios clínicos, epidemiológicos e de imagem relacionados à COVID-19. Dentre esses 365 casos positivos por RT-PCR e classificados como graves, 65 atenderam aos critérios rigorosos para serem considerados casos confirmados de COVID-19 e apresentaram deficiência de vitamina D, Zn e Fe (Grupo Doença). Adicionalmente, 10 pacientes dentro do grupo foram selecionados como controle, pois não exibiam deficiência desses nutrientes, apesar do diagnóstico de COVID-19. Para aprimorar a identificação dos casos, foram empregadas técnicas avançadas, como a utilização de filtros de Bloom, durante o processo de ligação de registros. Essa estratégia contribuiu para garantir a integridade e a confiabilidade dos dados utilizados neste estudo, permitindo investigar de maneira mais específica a relação entre esses nutrientes e a gravidade da COVID-19 em pacientes indígenas não aldeados e moradores na cidade de Campo Grande.

A Tabela 1 apresenta dados demográficos e de classificação da COVID-19 no município. A população geral é de 916.001 habitantes, dos quais 18.420 (2,01%) são indígenas não aldeados e residem em bairros no município, sendo atendidos na rede pública municipal. Quanto à classificação da COVID-19, a maioria dos casos foi de gravidade moderada (5.235), seguida por casos leves (2.512), e uma proporção de casos graves (365). O grupo com ensino fundamental apresentou 45 (60,0%) dos casos incluídos. A faixa etária de 35 a 44 anos mostrou-se proeminente, com 43 (57,33%) dos casos incluídos. Além disso, o grupo de 65 anos ou mais registrou 10 (13,33%) dos casos incluídos. Dos dados apresentados, observa-se que 68% dos casos tinham diabetes, enquanto 56% apresentavam hipertensão e 4% tinham obesidade. No contexto de sinais e sintomas, a cefaleia destacou-se com 70 casos incluídos, representando 93,33% dos pacientes com esse sintoma. Da mesma forma, a saturação de O2 ≤ 95% foi significativa, com 65 casos, abrangendo 86,67% dos casos incluídos nesta categoria. Na categoria de resultados de imagens, observou-se na Tabela 1 que a lesão bilateral cavitária teve 51 casos confirmados, correspondendo a 68,00% dos casos incluídos com esse tipo de lesão. Enquanto isso, a lesão unilateral cavitária registrou 8 casos confirmados, representando 10,67% dos casos incluídos nessa categoria.

Tabela 1

Distribuição dos casos positivos conforme a classificação de casos, epidemiológica, sinais e sintomas, resultado de imagens da COVID-19 em não aldeados, em Campo Grande – MS, junho de 2020 a junho de 2021.

Variável

N (8202)

%

População

População geral no Município *

916.001

100,00

População Indígena residente no Município e não aldeada

18.420

2,01

Classificação dos casos da COVID-19 confirmados de não aldeados

Leve

2512

30,62

Moderado

5235

63,86

Grave

365

4,45

Casos Confirmados e Incluídos de não aldeados

Raça/cor

Indígena

75

100,00

Escolaridade

Ensino Fundamental

45

60,00

Analfabeto

20

26,67

Ensino Médio

08

10,67

Superior

02

2,67

Faixa Etária

18 – 24 Anos

08

10,67

25 – 34 Anos

09

12,00

35 – 44 Anos

43

57,33

45 – 54 Anos

03

4,00

55 – 64 Anos

02

2,67

65 anos ou mais

10

13,33

Obesidade

03

4,00

Hipertensão

42

56,00

Diabetes

51

68,00

Sinais e Sintomas

Febre

42

56,00

Tosse

41

54,67

Dor de Garganta

25

33,33

Dificuldade de Respirar

55

73,33

Mialgia

42

56,00

Diarréia

24

32,00

Náuseas

12

16,00

Cefaléia

70

93,33

Coriza

51

68,00

Dor torácica Persistente

50

66,67

Irritabilidade

32

42,67

Fraqueza

31

41,33

Produção de Escarro

41

54,67

Calafrios

51

68,00

Congestão Nasal

57

76,00

Congestão Conjuntival

59

78,67

Dificuldade de Deglutição

65

86,67

Manchas vermelhas no corpo

59

78,67

Gânglios Linfáticos aumentados

54

72,00

Sonolência excessiva

29

38,67

Saturação de O2 ≤ 95%

65

86,67

Sinais de Cianose

65

86,67

Dispnéia

61

81,33

Perda do Olfato

60

80,00

Perda do Paladar

64

85,33

Falta de Apetite

54

72,00

Desmaio

45

60,00

Desidratação

38

50,67

Resultados de Imagens

Lesão Bilateral Cavitárias

51

68,00

Lesão Unilateral Cavitárias

8

10,67

Bilateral sem Infiltrados e sem Cavidades

6

8,00

Nota: *População total do município informada por: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/ms/campo-grande.html.

Os resultados revelam importantes associações entre a variável “Óbitos” e diversas condições de saúde. Primeiramente, foi observada uma associação estatisticamente significativa entre os óbitos e o déficit de vitamina D, com uma razão de chances (Odds ratio (OR)) de 32,5 (Tabela 2 e Fig. 4). Pacientes com déficit de Vitamina D têm um risco maior de óbitos em comparação com aqueles sem esse déficit. Além disso, encontramos associações significativas entre os óbitos e o déficit de Fe (OR de 5,0) e o déficit de Zn (OR de 2,6). Pacientes com déficit de Zn ou Fe também apresentaram riscos aumentados de óbitos. O tempo de internação igual ou superior a 15 dias mostrou uma forte associação com os óbitos, com um OR de 14,2 (Tabela 2).

Tabela 2

Análise multivariada e bivariada dos casos confirmados com déficit nutricional em não aldeados (N = 75), em Campo Grande – MS

Variável

Grupo Doença

(N = 65)

Grupo Controle (N = 10)

p-value

OR (IC95%)

Mulheres

30

6

0,04

5.0 (1.95, 12,82)

Homens

40

4

0,05

2.5 (0.63, 9.89)

Déficit de Vitamina D

63

2

0,01

66.5 (15,97, 277.144)

Déficit de Zinco

61

4

0,05

2.6 (0.61, 11.2)

Déficit de Ferro

60

6

0,01

5.0 (1.22, 20,40)

Presença de pneumonia bilateral difusa

65

7

0,04

51.0 (6.52, 396.721)

Tempo de internação em UTI ≥ 15 dias

51

1

0,04

14.2 (2.24, 90.49)

Óbitos

65

2

0,01

32.5 (2.18, 2644.86)

A Tabela 2 descreveu que os pacientes com longos períodos de internações em unidade de terapia intensiva têm maior risco de óbitos. Por fim, a presença de pneumonia bilateral difusa também se associou aos óbitos, com um OR de 51,0. Pacientes com essas condições apresentaram risco elevado de óbitos em comparação com aqueles sem pneumonia bilateral.

As Figuras 2 e 3 apresentam uma análise temporal do número total de internações e da média de dias de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) ao longo do período de junho de 2020 a junho de 2021. Em julho e agosto de 2020, houve um aumento significativo no número de internações, atingindo um pico de 19 em agosto de 2020. Em seguida, o número de internações diminuiu em setembro e outubro do ano de 2020, antes de variar em valores mais baixos nos meses seguintes (Fig. 2).

Figura 2

Distribuição dos casos confirmados para COVID-19, com déficit nutricional de Vitamina D, zinco e ferro em indígenas não aldeados na cidade de Campo Grande – MS. 2020 a 2021

Em relação à média de dias de internação, foi verificado que ocorreu uma variação ao longo do tempo, atingindo o valor mais alto em maio de 2021, com uma média de 101 dias. No entanto, é importante observar que a média dias internados teve flutuações ao longo do período, oscilando entre valores mais baixos (42) e mais altos (101) (Fig. 3).

Figura 3

Distribuição da média de dias internados em leito de terapia intensiva no período de 2020 a 2021, nos casos confirmados para COVID-19, com déficit de Vitamina D, zinco e ferro, Campo Grande – MS

A Figura 4 revela uma tendência preocupante na faixa etária de 61 a 80 anos, que apresenta a menor média de Vitamina D (16 ng/mL), Zn (78 µg/dL) e Fe (61 mcg/dL) em comparação a outras faixas etárias.

Figura 4

Distribuição da média dos nutrientes dos casos inclusos, com déficit nutricional de Vitamina D, Zinco e ferro em indígenas não aldeados na cidade de Campo Grande – MS. 2020 a 2021

DISCUSSÃO

O estudo investigou o déficit nutricional de Vitamina D, Zn e Fe em pacientes com óbitos por COVID-19 em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, entre indígenas não aldeados. A confirmação do agravamento foi baseada nos sinais e sintomas graves, no aumento de casos no período de junho a dezembro de 2020, e na evolução clínica até o óbito com longos períodos de internação em terapia intensiva.

A dosagem laboratorial da Vitamina D, Zn e Fe foi verificada pelo laboratório utilizado na rede pública municipal durante o estudo nos pacientes internados, com registros no banco de dados da prefeitura municipal de Campo Grande. Os sinais e sintomas específicos e evidentes do déficit de Vitamina D, Zn e Fe na COVID-19 podem variar; no entanto, existem algumas manifestações clínicas gerais que devem ser relatadas. A deficiência de Vitamina D pode estar associada à fraqueza muscular grave, fadiga e fragilidade óssea (Gibbons et al., 2022), enquanto a deficiência de Zn pode se manifestar como perda de apetite, diarreia e comprometimento do sistema imunológico (Ghelani et al., 2021; Sethuram et al., 2021). Já a deficiência de Fe pode resultar em anemia, fadiga grave e hematomas (Ben Abdallah et al., 2022; Romy et al., 2022; Taneri et al., 2020).

É importante destacar que esses sintomas podem se sobrepor aos da COVID-19 (Meller et al., 2023), tornando essencial uma avaliação de saúde criteriosa e testes laboratoriais para determinar com precisão a deficiência nutricional em pacientes com COVID-19 (Meller et al., 2023). Estudos epidemiológicos e experimentais anteriores observaram que baixos níveis de Vitamina D, Zn e Fe estão associados a problemas respiratórios, como pneumonia grave em crianças e resultaram em óbitos (Zhang et al., 2021). Pacientes com tuberculose frequentemente têm níveis baixos de Vitamina D, Zn e Fe, e a suplementação precoce pode ser benéfica (Zapatera et al., 2015). Há também casos em que pacientes com níveis séricos baixos de Vitamina D, Zn e Fe tiveram um risco relativamente menor de desenvolver infecções respiratórias não graves com óbito subsequente (Gombart et al., 2020; Zapatera et al., 2015). Assim, a progressão para o óbito pode ser atribuída ao comprometimento do sistema imunológico, diretamente associado à replicação celular e à produção de complexos proteicos ativos (Gombart et al., 2020).

Portanto, o déficit nutricional de Vitamina D, Zn e Fe em pacientes indígenas não aldeados também pode determinar a eficácia da resposta imune do organismo, conforme descrito por Gombart et al. (2020). A Vitamina D, o Zn e o Fe são componentes que possuem estreita relação com a atuação do sistema imunológico, aumentando o risco de infecções virais (Chandra, 1992; Hébert, 2022). Entre suas funções essenciais estão a regulação dos linfócitos CD4, o aumento das células T reguladoras (Treg), a modulação da produção de citocinas e o estímulo de células T e NK, destacando a importância desses nutrientes para a saúde imunológica (Brighenti et al., 2018). A diminuição da resposta imune em indígenas não aldeados está intimamente ligada às deficiências nutricionais de Vitamina D, Zn e Fe, conforme evidenciado no Gráfico 03, representando uma resposta biológica abrangente associada ao estilo de vida e à segurança alimentar dessa população (Hernandes, 2024). Essa associação pode ser comparada aos achados dos estudos de Lima et al. (2010) e Ângelo et al. (2021), reforçando a relevância desses nutrientes na saúde imunológica desses indivíduos. O estado nutricional comprometido devido à deficiência de nutrientes como Vitamina D, Zn e Fe em indígenas não aldeados está diretamente associado à competência imunológica do organismo durante o processo de adaptação ao estilo de vida urbano, devido à falta de acesso a serviços de saúde voltados para essa população em vários momentos durante a pandemia (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura [FAO] et al., 2023).

Portanto, os programas de avaliação e intervenção no estado nutricional são ferramentas essenciais na promoção da saúde desses indivíduos. O Brasil é um dos países que reconhece o direito à alimentação como um direito humano, com políticas públicas voltadas para garantir que todas as pessoas, incluindo a população indígena não aldeada, tenham acesso a uma alimentação digna (Ângelo et al., 2021). Em meio à pandemia de COVID-19, surge um debate sobre saúde, nutrição e segurança alimentar para essas comunidades indígenas não aldeadas (Leite et al., 2020). O impacto da COVID-19 na segurança alimentar e nutricional desses indígenas não aldeados foi variado, influenciado por fatores de risco conhecidos como obesidade e doenças crônicas que afetam o prognóstico da infecção pelo Coronavírus. A situação é agravada pelas diferentes formas de má nutrição, destacando a urgência de abordagens específicas para enfrentar essa emergência sanitária entre a população indígena não aldeada. Deve-se considerar, conforme estudos anteriores (Leite et al., 2020), que a renda familiar desempenha um papel na segurança alimentar e nutricional, e políticas que aumentam a renda das famílias contribuem para reduzir a fome e a desnutrição de Zn, Fe e Vitamina D, especialmente entre a população indígena não aldeada. A pandemia de COVID-19 evidenciou essa situação, aumentando as vulnerabilidades dessas famílias devido à instabilidade no trabalho e na renda. Portanto, medidas de apoio financeiro emergencial são essenciais para proteger e promover a segurança alimentar dessa população. No entanto, a utilização de quantidades suplementares de Vitamina D, Zn e Fe, assim como a administração de suplementos para indígenas não aldeados que apresentem deficiências nutricionais, devem ser reavaliadas considerando possíveis efeitos deletérios das doenças virais sobre as disfunções do sistema imune durante o processo de adaptação ao seu novo modo de vida e cultura no município. Tais pesquisas se tornam importantes, uma vez que qualquer intervenção destinada a estimular a resposta imune nessa população deve ser seletiva para estimular a produção de células virgens e células de memória recente sem reativar as células de memória geradas ao longo da vida, algumas das quais poderiam gerar um processo autoimune (Leite et al., 2020).

CONCLUSÃO

Diante da análise quantitativa do déficit nutricional de Vitamina D, Zn e Fe em pacientes indígenas não aldeados com óbitos por COVID-19 em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, ressalta-se a importância das intervenções para a promoção da saúde dessa população. A identificação precoce e o manejo adequado das deficiências nutricionais são fundamentais para mitigar os impactos da pandemia e garantir melhores desfechos clínicos. Políticas públicas direcionadas à segurança alimentar e à promoção da saúde devem ser implementadas prioritariamente, embasadas em evidências científicas sólidas e considerando os aspectos específicos da imunidade e do metabolismo nutricional dos indígenas não aldeados. Essas medidas visam proteger essa população contra os efeitos adversos da COVID-19 e de outras doenças infecciosas, promovendo sua saúde e bem-estar.

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