A EDUCAÇÃO ENTRE O SAGRADO E O PROFANO: NOTAS DO PENSAMENTO DE GIORGIO AGAMBEN PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Resumo
O artigo reflete sobre a obra de Giorgio Agamben, especialmente o livro “Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I” para pensar os desígnios da educação no que diz respeito à formação de professores. Agamben parte de Carl Schmitt, jurista conservador alemão do III Reich, que definia o soberano como aquele que decide sobre o estado de exceção, mas também de Walter Benjamin que, em suas teses de filosofia da história, afirmava ter a exceção virado regra. Na interpretação de Agamben, vivemos tempos em que, apesar de todos os discursos tenderem para a inclusão, a exceção literalmente virou a regra, ou melhor, se normalizou a exceção na biopolítica moderna, ficando a vida nua incluída pelo poder político através da exclusão, pondo assim em xeque a noção de cidadania oferecida pelo estado democrático de direito. O texto pergunta pelo papel reservado à educação em face dessa problemática, da qual é impossível escapar, especialmente se continuarmos acreditando tão somente numa concepção crítica da formação de professores. A partir de uma interpretação hermenêutica, pretende questionar a educação antes de ter seus fins fixados de antemão, ao modo de um meio vazio que deve levar à emancipação, à liberdade ou ao mero desenvolvimento de determinadas habilidades e competências. Nesse sentido, questiona a série de dispositivos de captura que se configuram como mecanismos de subjetivação e dessubjetivação, e, como tal, operando também a sacralização da vida, se os mesmos não têm por produto o homo sacer.
Palavras-Chave: Filosofia da Educação; Biopolítica; Formação de Professores.