DISCIPLINA E RESPEITO: COMO AS ARTES MARCIAIS PODEM AJUDAR JOVENS EM SITUAÇÕES DE RISCO
Resumo
Esse projeto é decorrente da disciplina de Psicologia e Intervenção Psicossocial do curso de Psicologia da Unoesc - Videira. No Brasil, os atos infracionais cometidos por adolescentes são um desafio contínuo, sobretudo em regiões marcadas pela vulnerabilidade socioeconômica. Nesse cenário, a implementação de programas de Artes Marciais em instituições de reabilitação juvenil, surge como uma estratégia promissora para promover disciplina, respeito e autocontrole entre os jovens. O comportamento negativo de algumas pessoas dentro de uma sociedade é uma das dificuldades na construção da nação porque pode, em última análise, ter um impacto na infra-estrutura de um país, na estabilidade financeira, na identidade cultural e no progresso social geral (Mohideen, Anuar, Latiff, Ridzuan & Kamarudin, 2016). Segundo Tadeu (2007), as artes marciais tem desempenhado um papel significativo no brasil e no mundo, conquistando espaço na sociedade e ganhando respeito e admiração e demais praticantes das diversas idades e gêneros, estas artes marciais não são apenas espaços para combates físicos; elas também carregam filosofia de vida, além de contribuir para o desenvolvimento mental e social das pessoas que praticam este esporte. O público-alvo para a intervenção é composto por jovens de 12 a 18 anos, de todos os gêneros, residentes em áreas de médio a altos índices de criminalidade, no qual possuam um histórico de infrações. Um corpo substancial de literatura sugere que o fracasso na conclusão da educação num ambiente escolar normativo está associado a comportamentos problemáticos importantes nos jovens (Harwoord-Gross et al. 2019). São considerados em risco de se desligarem completamente da sociedade e das estruturas familiares e, por sua vez, em risco de futura criminalidade e delinquência (Booth, Farrell & Varano, 2008). As artes marciais são benéficas para a construção do caráter, assim como os limites reforçados, o respeito e a autoconsciência também sido associados a reduções na agressão (Strayhorn & Strayhorn, 2009). Nesse sentido, esse projeto justifica-se de forma a produzir mais evidências científicas de acordo com a abordagem das artes marciais produzirem um efeito positivo a jovens em situações de risco. O objetivo geral consiste em desenvolver um programa de artes marciais que promova a disciplina e o respeito entre jovens infratores, visando a reabilitação e a integração social, enquanto os objetivos específicos são: 1) Estudar o impacto das artes marciais no comportamento de jovens infratores, avaliando mudanças na disciplina, autocontrole e respeito por si mesmos e pelos outros; 2) Implementar oficinas de artes marciais em instituições de reabilitação juvenil, proporcionando um ambiente estruturado para o aprendizado e a prática; 3) Promover a conscientização sobre os valores das artes marciais, como honra, coragem e perseverança, e como esses valores podem ser aplicados na vida cotidiana; 4) Acompanhar e avaliar o progresso dos participantes ao longo do programa, utilizando métricas comportamentais e feedback dos instrutores; 5) Estabelecer parcerias com escolas de artes marciais locais para facilitar a continuidade do treinamento e a inclusão social dos jovens após a conclusão do programa. As opiniões sobre a prática das artes marciais e sua adequação para os jovens estão altamente divididas; o mesmo ocorre com a pesquisa empírica em torno dos resultados sociopsicológicos decorrentes da prática de artes marciais (Mickelsson, 2020). Em um estudo longitudinal bem citado, Endresen e Olweus (2005) relataram resultados perturbadores em artes marciais e de poder entre os jovens. A crítica foi de fato dirigida às artes marciais e ao envolvimento dos jovens; Pearn (1998) argumentou que o boxe e a juventude não se misturam bem na nossa sociedade contemporânea e sugeriu que existem dilemas éticos associados ao desporto. Argumenta-se que esses resultados paradoxais são o produto de uma diferenciação inadequada entre as diferentes disciplinas das artes marciais (Li, 2011). Na verdade, enquanto as artes marciais tradicionais (por exemplo, aikido, taekwondo, karaté) parecem reduzir o comportamento delinquente e agressivo, as artes marciais competitivas modernas (por exemplo, boxe, boxe tailandês, luta livre) podem melhorar esse comportamento (Nosanchuk & MacNeil, 1989). Algumas pesquisas concentraram-se no aspecto temporal; a agressão parece diminuir ao longo do tempo nas artes marciais tradicionais, enquanto os artistas marciais modernos relataram aumento da agressividade (Nosanchuk & MacNeil, 1989). Quanto mais avançado um aluno se torna nas artes marciais tradicionais, mais baixos são os seus níveis de agressão relatados numa série de medidas (Nosanchuk & MacNeil, 1989). Embora as artes marciais parecem atrair as crianças que têm tendências agressivas mais elevadas, parece que ao longo do processo de treino os níveis de hostilidade agressiva caem para níveis inferiores aos daqueles que inicialmente demonstram níveis normais de hostilidade (Daniels & Thornton, 1990). Pesquisa bibliográfica detalhada, visando compreender a complexidade da delinquência juvenil e o potencial das artes marciais como ferramenta de intervenção. O programa desenvolvido buscará promover disciplina e respeito entre os jovens, com o objetivo de reabilitação e integração social. Formação de parcerias com escolas de Artes Marciais locais, para promover a continuidade do treinamento e a inclusão social dos jovens após o término do programa. A intervenção será estruturada em torno dos recursos disponíveis na cidade, como escolas, centros comunitários e parques, adaptando-os para acomodar as oficinas de artes marciais. O acompanhamento contínuo e a avaliação do progresso dos jovens serão realizados por meio de métricas comportamentais e feedback dos instrutores, garantindo uma análise objetiva dos resultados.
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