MANEJANDO PENSAMENTOS: A REESTRUTURAÇÃO COGNITIVA COMO FERRAMENTA NO TRATAMENTO DA ANSIEDADE EM CONTEXTO CLÍNICO
Resumo
INTRODUÇÃO: A ansiedade caracteriza-se por um estado de desconforto ou
tensão, medo e apreensão, que tem como gênese a preocupação com o
perigo ou algo novo e distinto. Considera-se patológica quando interfere
significativamente na vida de um indivíduo, de forma incompatível com a
intensidade do estímulo e com a norma estabelecida, causando alterações
na qualidade de vida e no desempenho do sujeito (MOURA et al., 2018). É
possível trabalhar com a temática, em atendimentos psicológicos, através
da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que destaca-se por sua
eficácia para o tratamento do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG),
sendo um dos transtornos mais cotidianos na clínica, conforme aponta Reyes
e Fermann (2017), atingindo cerca de um quarto da população. Para alguns
indivíduos, a ansiedade está associada a um alto nível de sofrimento e
estresse (HOFMANN, 2022). A Terapia Cognitivo-Comportamental baseia-se
em uma abordagem que tem como foco principal os problemas que
acometem um indivíduo, caracterizando-se por ser de curta duração. Possui
como base a premissa de que a interpretação das situações, através das
cognições, como os pensamentos automáticos, pressupostos subjacentes e
crenças nucleares ou centrais, influenciam nas emoções e comportamentos
de um sujeito. Através da investigação de tais aspectos, é possível elaborar
um plano de tratamento, com vistas a aproximar-se de um equilíbrio
biopsicossocial (MOURA et al., 2018). Grande parte do trabalho clínico,
utilizando-se a abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental, consiste
em auxiliar o paciente a perceber pensamentos automáticos disfuncionais e
modificá-los, de forma a conduzir uma reestruturação cognitiva,
proporcionando alívio ao sofrimento. (WRIGHT et al., 2018). Diante do
exposto, este resumo expandido visa apresentar a importância das
intervenções utilizadas para o manejo da ansiedade em uma clínica-escola
de psicologia do Extremo-Oeste Catarinense, com foco na reestruturação
cognitiva, através da Terapia Cognitivo-Comportamental, preservando o
sigilo e a ética profissional essenciais ao desempenho da profissão.
METODOLOGIA: Foram atendidos pacientes com sintomas de ansiedade, de
acordo com as queixas relatadas e análise clínica, com idades entre 15 e 20
anos. Estão sendo acompanhados desde o mês de março de 2024, até o
momento, totalizando, em média, 10 sessões. Os pacientes participaram de
sessões de terapia semanais ou quinzenais, conforme a disponibilidade e o
grau de sofrimento, nas quais utilizou-se, principalmente, técnicas de
reestruturação cognitiva como registro de pensamentos disfuncionais,
análise de distorções cognitivas, pensamento socrático e seta descendente.
Os resultados foram visualizados através de feedbacks dos pacientes e/ou
da análise clínica. Todos os clientes assinaram um termo de consentimento
informado, ao iniciar os atendimentos, autorizando o uso de seus dados de
forma anônima, para fins de pesquisa. Utilizou-se, como metodologia, a
pesquisa bibliográfica, além de percepções clínicas. DESENVOLVIMENTO: O
manejo da ansiedade, utilizando a Terapia Cognitivo-Comportamental,
busca estabelecer uma reestruturação da cognição, além de alterações
comportamentais, fazendo com que o indivíduo possa ter maior controle de
si, visualizando as adversidades sob outro viés (MOURA et al., 2018). Indivíduos
mais vulneráveis à ansiedade comumente acreditam necessitar da
aprovação alheia em suas ações, frustrando-se ao não conseguir preencher
os padrões. Costumam apresentar distorções cognitivas relacionadas à
personalização e leitura da mente, ficando mais vulneráveis à percepção da
rejeição, mesmo quando não há indícios para tal. Sendo assim, mostra-se
essencial avaliar tais cognições, de forma a questioná-las, tornando-as mais
funcionais (LEAHY, 2018). Um método de intervenção relacionado à
reestruturação cognitiva consiste em anotar pensamentos automáticos em
uma folha de papel (ou outro mecanismo digital), auxiliando o paciente a
identificá-los, questionando as evidências que os sustentam e elaborando
respostas mais adaptadas às situações vividas. Os autores denotam que,
somente em anotá-los, já inicia-se um processo de avaliação, de algo que
antes era despercebido (WRIGHT et al., 2018). O Registro de Pensamentos
Disfuncionais (RPD) é um dos instrumentos utilizados, nesse sentido, como
plano de ação, para que o paciente possa engajar-se no processo
terapêutico fora do contexto clínico (WRIGHT et al., 2018). Pessoas ansiosas
frequentemente tendem a exagerar a probabilidade de que eventos
negativos possam acontecer, o que conduz a conclusões precipitadas em
relação aos riscos reais de um acontecimento, fazendo com que o indivíduo
comporte-se de acordo com tal percepção (MOURA et al., 2018). Conforme
o modelo cognitivo, emoções que causam sofrimento frequentemente
costumam estar ligadas a padrões de pensamento e a comportamentos
desadaptativos que, inicialmente, fazem sentido ao sujeito (LEAHY, 2018).
Outra técnica que pode ser utilizada é o questionamento socrático. O
método consiste em questionar o paciente a respeito do que foi trazido, com
o objetivo de envolvê-lo no processo terapêutico. Destaca-se a descoberta
guiada, que corresponde a perguntas indutivas que conduzem o relato ao
ponto de evidenciar padrões desadaptativos de pensamentos ou
comportamentos, de forma a melhor elaborá-los (WRIGHT et al., 2018).
Verifica-se que indivíduos com predisposição à ansiedade tendem a pensar
de forma dicotômica e, comumente, generalizada e vaga, muitas vezes
sendo dificultoso avaliar as chances de que algo ocorra. É possível utilizar o
método da seta descendente para avaliar o significado que um
acontecimento possa ter para um indivíduo, avaliando os pensamentos
relacionados, um após o outro, considerando que o evento anterior seja
verdadeiro (LEAHY, 2018). Segundo Hofmann (2022), a reestruturação
cognitiva é um método importante no viés cognitivo comportamental,
possuindo grandes evidências científicas comprovando sua eficácia ao
longo do tratamento da ansiedade, sendo utilizada como uma das técnicas
para tratamento clínico em uma clínica-escola de psicologia do
Extremo-Oeste Catarinense. CONCLUSÃO: Através da análise clínica e
utilizando-se dos feedbacks dos pacientes, foi possível constatar redução
considerável dos sintomas de ansiedade dos pacientes, trazidos como
queixa principal, na sessão de avaliação. Apresentou-se melhoria em
relação à habilidade de manejar pensamentos ansiosos, provocando uma
visualização mais fidedigna frente às situações, com consequente
diminuição de sintomas somáticos. A partir disso, evidencia-se melhora em
relação à qualidade de vida dos clientes e desempenho em suas atividades
cotidianas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HOFMANN, S. G. Lidando com a ansiedade. [s.l.] Artmed Editora, 2022.
LEAHY, R. L. Técnicas de Terapia Cognitiva - 2.ed. [s.l.] Artmed Editora, 2018.
MOURA, I. M. et al. A terapia cognitivo-comportamental no tratamento do
transtorno de ansiedade generalizada. Revista Científica da Faculdade de
Educação e Meio Ambiente, v. 9, n. 1, p. 423–441, 13 abr. 2018. Disponível em
<https://revista.unifaema.edu.br/index.php/Revista-FAEMA/article/view/557/
495>.
REYES, A. N.; FERMANN, I. L. Eficácia da terapia cognitivo-comportamental no
transtorno de ansiedade generalizada. Revista Brasileira de Terapias
Cognitivas, v. 13, n. 1, p. 49–54, 2017.
WRIGHT, J. H. et al. Aprendendo a Terapia Cognitivo-Comportamental - 2.ed.
[s.l.] Artmed Editora, 2018.
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