LUTO NA VISÃO DA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL

Autores

  • Andrei Luiz Furlan Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Franciele da Costa

Resumo

Ao longo da vida, as pessoas enfrentam diversas perdas significativas. Dentre elas estão os pais, familiares, amigos, pessoas próximas e companheiros. Sabe-se que a morte pode ser percebida e sentida de diversas maneiras, mas ao se falar em luto, considera-se a tristeza como elemento fundamental e principal nesse processo. (BASSO & WAINER, 2011).

Para tanto, o luto pode ser entendido como um sofrimento de perda de um ente, resultando em sintomas emocionais (tristeza, culpa, ansiedade e solidão), comportamentais (choro, falta de concentração, apego a objetos pertencentes ao falecido), cognitivos (preocupações, confusão mental e em casos mais graves, alucinações) e físicos (indisposição, falta de ar e despersonalização) (ZWIELEWSKI & SANT'ANA, 2016).

Durante anos, o luto foi associado a doença mental, vide a semelhança com a depressão, pontos que eram considerados como a perda e o vazio (APA, 2014). O luto vivenciado pode levar sim a um grande sofrimento e vazio, bem como a saudade e a preocupação, sendo tais aspectos, respostas esperadas e naturais de uma passagem pelo luto, leva-se em conta que muitos vivenciam o luto e seu significado dentro de sua própria cultura e religião, ocorrendo uma variação de sentimentos e comportamentos para lidar com esse momento difícil.

Adiciona-se a isso, a variação conhecida  como luto normal, que seria uma resposta mais adaptável e saudável diante da perda do ente querido, conseguindo expressar a dor de forma mais natural, sem que essa dor prejudique suas relações ou vida pessoal em geral, conseguindo a partir dessa perda e desse sentimento ressignificar amizades, momentos vividos e de conseguir perceber seus sentimentos, evitando o luto irracional ou mal adaptativo descrito por Malkinson (2010) como sentimentos de negação e repressão à perda ocorrida.

Somado a isso, faz-se necessário o profissional da psicologia observar e compreender os sintomas resultantes do luto normal ou mal adaptativo, a fim de realizar intervenções que possam auxiliar a lidar com seus sentimentos e não o conduzir a um agravo ou negligenciar seus sintomas. Buscar compreender seus pensamentos, emoções e suas crenças em relação a perda, verificar como está sendo o processo de lidar com essa perda e quais questões ficaram em evidência ou surgiram após o falecimento do ente querido, podem ser alguns pontos auxiliadores para realização durante a psicoterapia.

Destaca-se a Terapia Cognitiva Comportamental como uma das abordagens que mais beneficiam o paciente ao trabalhar questões mais urgentes em relação ao luto, como o alívio dos sintomas, manutenção das emoções e reorganização de sentimentos para melhor o funcionamento do indivíduo, para que o mesmo, fora da sessão possa perceber pequenas situações e aplicar os métodos abordados na psicoterapia como forma de aliviar os sintomas de maneira mais prática, tornando-se assim, em alguns momentos, o seu próprio terapeuta (Beck, 1997).

Ressalta-se algumas estratégias que podem ser usadas ao decorrer das sessões para o enlutado produzir respostas mais saudáveis a partir de comportamentos de podem ser mudados ou adaptados. Tais estratégias não são obrigatórias em todas as psicoterapias, ficando a critério do psicoterapeuta se cabe aplicá-las ou não.

Resolução de problemas: utilizada para avaliar o que e quem está em prioridade na vida do enlutado. Fazendo com que o mesmo consiga verificar a existência de distorções cognitivas que lhe impedem de ser mais funcional e apresentando-o novas formas de olhar para tal situação.

Reestruturação Cognitiva: buscar identificar pensamentos irracionais e/ou catastróficos, buscar evidências aos pensamentos desadaptativos, a fim de avaliar e realizar a mudança para pensamentos mais adaptativos (Beck, 1997). Prevenção de recaídas: busca psicoeducar o paciente quanto ao seu funcionamento, suas potencialidades e dificuldades, usando técnicas de habilidades para lidar de maneira mais eficaz perante ao problema (Beck, et al., 1979).

Portanto, uma perda poderá trazer uma dor e sofrimento que podem impactar o indivíduo de diversas formas, causando alterações psicológicas, fisiológicas, comportamentais e alterando seus contextos pessoais e sociais que o mesmo está inserido. Ao surgir, tais dificuldades podem trazer um grande sofrimento a vida do enlutado, causando prejuízos na sua vida e desorganizando diversas áreas da vida, para isso tende-se a oferecer a busca pela Terapia Cognitiva Comportamental a qual por ser estruturada, breve e focada no sofrimento no momento atual, contribui para a amenização dos sintomas gerados pela perda, capacitando o paciente a lidar com suas questões de maneira mais adaptativa.

 

REFERÊNCIAS

American Psychiatric Association. (APA). (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 (5. ed.). Porto Alegre: Artmed.

BASSO, L.; WAINER, R. Luto e perdas repentinas: contribuições da Terapia Cognitivo-Comportamental. Rev. bras. ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 7, n. 1, p. 35-43, jun. 2011.

Beck, J. (1997). Terapia Cognitiva: Teoria e Prática. Porto Alegre: Artes Médicas. (Original publicado em 1995).

Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F., & Emery, G. (1979). Cognitive therapy of depression: a treatment manual. New York: Guilford Press.

Malkinson, R. (2010). Cognitive-behavioral grief therapy: The ABC model of rational-emotion behavior therapy. Psychological Topics, 19(2), 289-305.

ZWIELEWSKI, Graziele; SANT'ANA, Vânia. Detalhes de protocolo de luto e a terapia cognitivo-comportamental. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 12, n. 1, p. 27-34, jun. 2016 .

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Publicado

2024-06-25

Como Citar

Furlan, A. L., & da Costa, F. (2024). LUTO NA VISÃO DA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL. Anuário Pesquisa E Extensão Unoesc São Miguel Do Oeste, 9, e35084. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/apeusmo/article/view/35084

Edição

Seção

Área das Ciências da Vida e Saúde – Resumos expandidos