A IMPORTÂNCIA DA ASSOCIAÇÃO LIVRE EM ATENDIMENTOS CLÍNICOS DE JOVENS RECÉM INCORPORADOS AO EXÉRCITO BRASILEIRO

Autores

  • Caroline Helena Feil Universidade do Oeste de Santa Catarina - São Miguel do Oeste/SC
  • Matias Trevisol Universidade do Oeste de Santa Catarina - São Miguel do Oeste/SC

Resumo

Resumo


INTRODUÇÃO: O presente resumo tem por objetivo geral compreender, sob a perspectiva da teoria psicanalítica, a importância da associação livre nos atendimentos clínicos de jovens recém incorporados ao exército brasileiro, a partir de atendimentos realizados pela estagiária do curso de Psicologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), cursando o componente curricular de Estágio Curricular Supervisionado I, no 14° RC MEC de São Miguel do Oeste/SC. Ainda tendo como objetivos específicos: Acolhimento dos jovens recém incorporados ao Exército Brasileiro no ano de 2024, entendimento da rotina do quartel, juntamente com a identificação de dificuldades e intercorrências vividas, durante o período de quatro meses.

DESENVOLVIMENTO: O exército é uma instiuição nacional permanente e regular, organizada com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da república, destina-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (Brasil, 2006). Tratando-se, portanto, de um estudo sobre a demanda encontrada no estágio de campo, das vivências percebidas e da necessidade de um olhar clínico para com este público. Sabe-se que a incorporação ao exército pode ser voluntária ou involuntária. Segundo o Art. 20 da lei n° 4.375 de 17 de agosto de 1964 - Lei do Serviço Militar - a incorporação é o ato de inclusão do convocado ou voluntário em uma organização militar da ativa das forças armadas. Dentro desse contexto torna-se essencial o acompanhamento dos ingressantes, buscando o entendimento de suas perspectivas e expectativas para o devido manejo frente a adaptação de uma nova rotina e das hierarquias envolvidas. Todo esse conjunto emocional vivenciado durante o aquartelamento fica claro, quando Goffman (2015, p. 26) discorre a respeito: "Os processos de admissão talvez pudessem ser denominados de "arrumação" ou "programação", pois, ao ser "enquadrado", o novato admite ser conformado e codificado num objeto que pode ser colocado na máquina administrativa do estabelecimento, modelado novamente pelas operações de rotina".
A associação livre, definida como o "método que consiste em exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que ocorrem ao espírito, quer a partir de um elemento dado (palavra, número, imagem de um sonho, qualquer representação), quer de forma espontânea" (Leplanche, 2001, p. 38), tornou-se uma excelente ferramenta para conduzir os atendimentos realizados, de forma que se permitiu aos pacientes se expressarem livremente, já que o ambiente militar por si só foi um gerador de angústias, principalmente para aqueles que não foram voluntários para o serviço militar. Dentro desse contexto, o acolhimento foi essencial para a vínculação e construção do setting terapêutico em conjunto com o paciente.
Buscando a preservação dos pacientes, respeitando o sigilo terapêutico, os citados serão nomeados pelos codinomes de pintores: Picasso e Monet. Nos primeiros atendimentos realizados as demandas destes pacientes eram intensas, ambos foram encaminhados para atendimentos devido a angústias que resultaram em quadros ansiosos em momentos de serviço.
Ao longo dos atendimentos foi adotada uma postura livre e fora das conjunturas de hierarquia militar. Percebendo-se que Picasso e Monet tiveram dificuldades em aderir ao vcabulário militar que por si só é muito disitinto, na aderência de rotinas e principalmente, identificou-se uma cisão entre o sujeito civil e o sujeito militar, além das dificuldades financeiras que eram as queixas iniciais. Para se chegar a identificação desta cisão a associação livre conduziu as narrativas dos pacientes de forma que as experiências geradoras de angústias fossem revividas, repetidas e elaboradas a respeito da vida antes e depois da incorporação ao exército. Freud afirmava que o método psicanalítico, a partir da perspectiva da associação livre, é o mais intenso, pois consegue chegar mais longe, alcançando a transformação mais vasta do paciente, ensinando a gênese e a interação dos fenômenos patológicos (Figueirêdo; Moura, 2015 p.164).


CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diante do curso terapêutico dos pacientes que embora dististos tiveram alguns aspectos semelhantes, permitiu-se a identificação dos fatores geradores de angústia e a partir disso a busca de estratégias de enfrentamento e resolutividade. Picasso desenvolveu aspectos de sua personalidade empreendedora e Monet conseguiu achar recursos para lidar com suas angústias e planejar seu futuro. A percepção da cisão entre o mundo civil e o militar permitiu que recursos adaptativos fossem desenvolvidos para a nova rotina.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Casa Civil. Lei n° 4.375, de 17 de agosto de 1964: Lei do serviço militar. 1964. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4375.htm. Acesso em: 18 maio 2024.

BRASIL. Casa Civil. Decreto n° 5.751, de 12 de abril de 2006. 2006. Disponível em:https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20042006/2006/Decreto/D575.hat5. Acesso em: 18 maio 2024.

GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. 9. ed. São Paulo: Perspectiva, 2015. 312 p. (Debates Psicologia). ISBN 978852730.

LAPLANCHE, Jean; Pontalis. Vocabulário da psicanálise. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. xxii, 552 p. ISBN 9788533613966.

FIGUEIRÊDO, Marianna Lima de Rolemberg; MOURA, Gabriela Costa. Do conceito à pratica: a associação livre como regra fundamental da clínica de referencial psicanalítico. cadernos de graduação: ciências humana e sociais, Maceió, v. 2, n. 3, p. 157-172, mai. 2015 2316-672X. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/fitshumanas/article/view/2036/1285. Acesso em: 17 jun. 2024.

carolhfeil@hotmail.com
matias.tevisol@unoesc.edu.br

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Publicado

2024-06-24

Como Citar

Feil, C. H., & Trevisol, M. (2024). A IMPORTÂNCIA DA ASSOCIAÇÃO LIVRE EM ATENDIMENTOS CLÍNICOS DE JOVENS RECÉM INCORPORADOS AO EXÉRCITO BRASILEIRO. Anuário Pesquisa E Extensão Unoesc São Miguel Do Oeste, 9, e35028. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/apeusmo/article/view/35028

Edição

Seção

Área das Ciências da Educação – Resumos expandidos