INFLUÊNCIA DAS DISTORÇÕES COGNITIVAS NO FUNCIONAMENTO COGNITIVO DO PACIENTE
Resumo
No modelo cognitivo comportamental, parte-se da premissa de que não é
uma situação por si só que determina o que as pessoas sentem, mas o modo
como elas interpretam determinada situação. Sugerindo assim, a necessidade
de maior compreensão do funcionamento cognitivo do paciente, mais
precisamente, das suas crenças nucleares, intermediárias e dos pensamentos
automáticos.
As crenças nucleares são consideradas pelas pessoas, como verdade plena,
crenças que se referem a si mesmas, sendo elas, regras globais e absolutas,
para interpretação das informações ambientais relativas à autoestima, como
a exemplo: “eu sou um fracasso” ou “eu sou burro”. As crenças intermediárias,
se referem as regras condicionais, como afirmações do tipo que influenciam
a autoestima e regulação emocional, como exemplo: “tenho de ser perfeito
para ser aceito” ou "se eu trabalhar duro, conseguirei ter sucesso”. E os
esquemas simples, estes considerados como pensamentos automáticos, ou
seja, são identificados de maneira mais acessível, como a exemplo de
respostas rápidas diante determinadas situações, sendo elas, consideradas
como esquemas adaptativos e desadaptativos. (BECK, 2011)
Todavia, para este resumo, buscou-se o enfoque sobre os esquemas
desadaptativos, para tanto, a influência das distorções cognitivas no
funcionamento cognitivo do paciente. A citar, dentre algumas distorções
cognitivas têm-se: a) leitura mental: achar que sabe o que os outros pensam,
sem ter evidências; b) previsão do futuro: fazer previsões somente negativas
para o futuro, envolvendo fracasso ou perigo; c) catastrofização: acreditar
que um acontecimento é terrível e insuportável; d) rotulação: atribuir traços
negativos que englobam a pessoa completamente; e) desqualificação do
positivo: menosprezar aspectos positivos de si ou dos outros; f) filtro negativo:
enxergar somente a faceta negativa da pessoa ou situação; g)
generalização: padrão global negativo baseado em um único evento; h)
pensamento dicotômico: avaliar fatos e pessoas em termos de tudo ou nada;
i) “deveria”: enfatizar como as coisas deveriam ser em vez de perceber o que
são; j) personalização: atribuir somente a si a culpa por fatos negativos; k)
culpabilizar: considerar somente outra pessoa como fonte de suas emoções
negativas; l) comparações injustas: estabelecer padrões irreais, comparandose
com níveis muito superiores; m) lamentação: enfatizar exageradamente o
que poderia ter feito invés do que pode fazer agora; n) E se?: fazer mil e uma
conjecturas “se isso ou aquilo acontecer” e nunca se dar por satisfeito e
seguro; o) incapacidade de refutar: negar evidências que contradizem os
pensamentos negativos; p) julgamento: avaliar tudo em termos de bom, mau,
superior, inferior, exagerando nos julgamentos. (LEAHY, 2006)
Os erros cognitivos ocorrem no curso do pensamento e acabam sendo
responsáveis por muito sofrimento pessoal e dificuldades de relacionamentos.
No entanto, ao modificar os padrões de pensamentos disfuncionais, altera-se
a forma como o paciente vê a si, aos outros e ao futuro. Trabalhar com o
conceito de erro cognitivo ajuda o paciente a perceber que o seu
pensamento automático pode estar distorcido, ou seja, podendo estar
equivocado. Assim, no momento em que o paciente identifica um erro
cognitivo, pode rejeitar a inferência que levou ao erro, ou usar técnicas
cognitivas para questionar a validade do mesmo (DOBSON, 2010).
A descrição e a nomeação dos erros cognitivos de pensamento, facilitam o
reconhecimento e o trabalho com o paciente, pois esse, terá maior clareza
de como está percebendo determinada situação, podendo substituir por
uma resposta mais adaptativa.
Para Beck (2011), o modelo cognitivo afirma que a interpretação de uma
situação, ao invés da situação em si, expressada através de pensamentos
automáticos, influencia as respostas emocionais, comportamentais e
fisiológicas do indivíduo. Pensamentos, estes que podem ser avaliados de
acordo com sua validade e utilidade frente à situação vivenciada. Sendo
assim, o tipo mais comum de pensamento automático é aquele distorcido de
alguma maneira, e ocorre independentemente das evidências objetivas ao
contrário.
Um segundo tipo de pensamento automático pode ser algum mais preciso,
porém a conclusão que o paciente tem, pode estar distorcida, à exemplo:
"Joana não fez o que prometeu", este é um pensamento válido, todavia a
conclusão: "Então Joana é uma pessoa ruim", não se faz válido. Um terceiro
tipo de pensamento considerado preciso, porém disfuncional, tem como
exemplo: Joana estudava para prova quando pensou: "Levarei horas para
concluir isso, e ficarei acordada até muito tarde". Por mais de o pensamento
estar correto, a resposta a ele causa ansiedade, reduzindo sua concentração
e motivação, passando a ser um pensamento disfuncional. Ao examinar
criticamente e corrigir os erros de seus próprios pensamentos, os pacientes
passam a sentirem-se melhores, ou seja, identificar, avaliar e responder aos
pensamentos automáticos de formas mais adaptativas e de modo regular,
produz uma mudança positiva ao paciente. (BECK, 2011)
Corroborando, Dobson, (2010), sugere que ao estabelecer com o paciente
uma relação entre seus pensamentos em diferentes situações e as respostas a
elas, é possível incentivá-los a começar prestar mais atenção a padrões
parecidos de respostas. O profissional, tem como objetivo identificar tais
mudanças e ajudar os pacientes a perceberem quando estes ocorrem, para
assim, ampliar a consciência sobre as próprias mudanças cognitivas e
comportamentais de seus pacientes. Estes que se beneficiam do que lhes é
ensinado sobre tais relações e estratégias, que diretamente modificam suas
cognições desadaptativas para mais adaptativas. Para Dobson (2010),
através da hipótese de que os pacientes podem distorcer a realidade, e que
tais distorções estão relacionadas às crenças nucleares e esquemas que
sustentam, é possível construir uma base de provas com princípios
fundamentais demonstrados através de algumas técnicas, auxiliando o
paciente a perceber que seu pensamento até pode parecer estar correto,
mas há a possibilidade de estar distorcido.
Com isso, Leahy (2006), sugere o possível uso de variadas técnicas para melhor
identificação e compreensão do funcionamento cognitivo do paciente, a
citar: Avaliação do grau de crença e identificação e quantificação das
emoções; Análise de custo-benefício; Exame de evidências; Exercício da seta
descendente; Avaliação da qualidade da evidência em questão; Exercício
do duplo padrão; Observação a partir da sacada; Reformulação da história;
Identificação dos pontos de tensão; Diário das emoções; Desenvolvimento de
novas maneiras de avaliar uma qualidade; Teste das previsões negativas;
Automonitoramento das preocupações; Fazer progressos ao invés de tentar a
perfeição.
Não se detendo somente as descritas, mas com todas as disponíveis aos
psicólogos cognitivos-comportamentais, é possível auxiliar o paciente a
construir respostas mais adaptativas frente às suas distorções cognitivas,
proporcionado assim, maior bem estar psicológico, ressignificação frente às
situações que lhe causam sofrimento e, possibilitando, através da
psicoeducação, orientar o paciente a ser seu próprio terapeuta,
desenvolvendo com ele, a prevenção de recaídas.
Para tanto, a influência das distorções cognitivas no funcionamento cognitivo
do paciente, podem se fazer presentes, e o trabalho do psicólogo cognitivo
comportamental, se faz de extrema relevância para uma melhor
compreensão do funcionamento e para construção de esquemas mais
adaptativos ao paciente, proporcionando-lhes melhor qualidade de vida.
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