DESAFIOS DE ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA REALIZAÇÃO DO PRÉ-NATAL

Autores

  • Camila Amthauer Universidade do Oeste de Santa Catarina
  • Natalia Geny Degasperin
  • Rafaela Fátima de Godoi
  • Elizane Aparecida dos Santos
  • Gracieli Bragagnolo
  • Érika Eberlline Pacheco dos Santos

Resumo

Introdução: O pré-natal constitui um momento de grande perspectiva e preparação para a maternidade, sendo o acompanhamento que a gestante tem desde a concepção do feto até o trabalho de parto. É através dessas consultas que a gestante irá acompanhar o desenvolvimento de sua gravidez e as condições do feto, caracterizando-se como um período de aprendizado, fundamental para a construção do binômio mãe-filho (DUARTE; ANDRADE, 2008; TEIXEIRA; AMARAL; MAGALHÃES, 2010; MARTINS, 2012). Uma atenção efetiva no pré-natal exercerá um papel fundamental no desfecho do processo do parto e nascimento, além de contribuir para a redução e prevenção da morbimortalidade materna e perinatal (ANVERSA et al., 2012; CESAR et al., 2012; DOMINGUES et al., 2012). Objetivo: Descrever os desafios dos enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família (ESF) na realização do pré-natal. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo descritiva-exploratória desenvolvida no município do Extremo Oeste de Santa Catarina, junto às dez ESFs que o município dispõe. Participaram do estudo onze enfermeiros. Foram incluídos no estudo profissionais que realizam pré-natal na Atenção Primária de Saúde e foram excluídos os profissionais que se encontravam em afastamento em virtude de gozo de férias, licença especial, tratamento de saúde ou maternidade no período que sucedeu a pesquisa. A coleta de dados foi realizada entre os meses de maio e junho de 2017, sendo empregada uma entrevista semiestruturada. As entrevistas foram de caráter individual, realizadas em um espaço que garantiu a privacidade aos participantes, sendo gravadas em aparelho digital, com o consentimento dos participantes, de modo a registrar integralmente suas falas, assegurando material autêntico para a análise. Os dados foram submetidos a análise de conteúdo do tipo temática, proposta por Minayo. O estudo respeitou os preceitos éticos que regem a pesquisa com seres humanos, em conformidade com a Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa foi aprovado por meio do Parecer Consubstanciado emitido pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Oeste de Santa Catarina, sob o CAAE número 66358317.0.0000.5367 e Parecer número 2.032.456. Resultados e discussão: Fizeram parte do estudo onze enfermeiros que atuam nas ESF de um município do Extremo Oeste de Santa Catarina. Entre estes, dez são do sexo feminino e um do sexo masculino, com idade entre 24 e 40 anos e tempo de formação variando entre dois e treze anos. Dos entrevistados, somente um possui especialização na área de obstetrícia. Como desafios para a assistência pré-natal, os enfermeiros citaram a falta tempo, em decorrência do excesso de demanda e das atividades internas e burocráticas que ocupam a maioria do tempo. O profissional enfermeiro tem total autonomia para prestar essa assistência e é um direito das gestantes ter esse atendimento com o profissional mas, para que isso ocorra, é preciso que haja planejamento e organização dentro das unidades. O planejamento de atividades complexas, como as atividades do pré-natal, exige multidisciplinaridade de tarefas, pois durante o exercício de suas funções ainda existe a sobrecarga de atendimentos e demandas da unidade. Acrescenta-se a isto, o fato do enfermeiro ser responsável pela organização e todo o funcionamento administrativo da unidade (ASSIS et al., 2011). Outro fator, é a baixa adesão das gestantes em participar dos grupos, em razão de que a maioria trabalha e não tem incentivo e liberação do local em que atua, dificultando a participação e o envolvimento nas atividades. No Brasil, é muito forte a representação social das gestantes sobre os processos gestacionais. É um fenômeno natural que contribui para a falta de cuidado na gravidez e para a não aderência e evasão do programa do pré-natal (SHIMIZU; LIMA, 2009). O acolhimento e as orientações com informações seguras ampliam o interesse das mulheres quanto a importância do pré-natal, com vistas à promoção da saúde e à prevenção de doenças que podem vir a ocorrer durante a gravidez. O interesse é o aprofundamento dos conhecimentos sobre esta fase da vida, possibilitando viverem a gravidez da melhor forma possível (TEIXEIRA; AMARAL; MAGALHÃES, 2010). Outro desafio apontado pelos entrevistados é a falta de profissionais nas unidades, dificultando a assistência pelo excesso de demanda e pela sobrecarga de trabalho. Além disso, é fundamental que os profissionais de saúde estejam preparados e capacitados, sendo um fator indispensável para uma assistência qualificada. Faz-se necessário um processo educativo que favoreça aos profissionais a aquisição de competências práticas e habilidades para a resolução de problemas, pensamento crítico e tomada de decisões (RODRIGUES et al., 2011). Somado ainda, há baixa atuação da equipe multidisciplinar, que cada profissional dentro da sua especialidade estaria contribuindo no cuidado com as gestantes, proporcionando melhor acolhimento, segurança e suporte. A equipe deve estar sensibilizada para a importância dos profissionais disponíveis, criando oportunidades e incluindo-os na assistência pré-natal, contribuindo para colocar em prática a integralidade da atenção (FIGUEIREDO; ROSSONI, 2008). Por fim, outro ponto que pode dificultar a realização de ações educativas é a falta de estrutura física nas ESFs. A infraestrutura adequada, além de equipamentos, insumos e profissionais capacitados são essenciais para a realização de um pré-natal de qualidade. A qualidade do atendimento profissional depende basicamente dos recursos disponíveis para a sua atuação, de modo que a falta destes, compromete fortemente o trabalho dos profissionais. Também a existência destes recursos promove a qualificação do atendimento (PEDROSA; CORREA; MANDÚ, 2011). Considerações finais: O profissional da enfermagem deve sempre estar preparado para prestar uma assistência eficaz, humanizada e qualificada às usuárias que procuram atendimento na ESF, com especial atenção na fase do pré-natal, pois a mulher se encontra em um momento frágil e necessita de orientações e apoio. Para tanto, há necessidade de capacitação e qualificação dos profissionais, melhora da estrutura e criação de ações em saúde, que visem o cuidado holístico, a fim de reduzir os fatores de risco e propiciando maior segurança e integralidade na assistência.


Referências:
ANVERSA, E. T. R. et al. Qualidade do processo da assistência pré-natal: unidades básicas de saúde e unidades de Estratégia Saúde da Família em município do Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n. 4, p. 789-800, abr. 2012.
ASSIS, W. D. et al. Processo de trabalho da enfermeira que atua em puericultura nas unidades de saúde da família. Rev Bras Enferm., Brasília, v. 64, n. 1, p. 38-46, jan./fev. 2011.
CESAR, J. A. et al. Assistência pré-natal nos serviços públicos e privados de saúde: estudo transversal de base populacional em Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n. 11, p. 2106-2114, nov. 2012.
DOMINGUES, R. M. S. M. et al. Avaliação da adequação da assistência pré-natal na rede SUS do Município do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n. 3, p. 425-437, mar. 2012
DUARTE, S. J. H; ANDRADE, S. M. O. O Significado do pré-natal para mulheres grávidas: uma experiência no município de Campo Grande, São Paulo. Saúde Soc., São Paulo, v. 17, n. 2, p. 132-139, jun. 2008.
FIGUEIREDO, P. P.; ROSSONI, E. O acesso à assistência pré-natal na atenção básica à saúde sob a ótica das gestantes. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre, v. 29 n. 2, p. 238-245, jun. 2008.
MARTINS, J. S. A. et al. A assistência de enfermagem no pré-natal: enfoque na Estratégia da Saúde da Família. Rev. UNIABEU, v. 5, n. 9, p. 278-288, jan./abr. 2012.
PEDROSA, I. C. F.; CORREA, A. C. P.; MANDÚ, E. N. T. Influências da infraestrutura de centros de saúde nas práticas profissionais: percepções de enfermeiros. Cienc Cuid Saúde, Cuiabá, v. 10, n. 1, p. 58-65, jan./mar. 2011.
RODRIGUES, I. R. et al. Elementos constituintes da consulta de enfermagem no pré-natal na ótica de gestantes. Rev. Rene. v. 17, n. 6, p. 774-781, nov./dez. 2016.
TEIXEIRA, I. R.; AMARAL, R. M. S.; MAGALHÃES, S. R. Assistência de enfermagem ao pré-natal: reflexão sobre a atuação do enfermeiro para o processo educativo na saúde gestacional da mulher. e-Scientia, Belo Horizonte, v. 3, n. 2, p. 26-31, 2010.

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Publicado

2019-10-28

Como Citar

Amthauer, C., Degasperin, N. G., Godoi, R. F. de ., Santos, E. A. dos, Bragagnolo, G., & Santos, Érika E. P. dos. (2019). DESAFIOS DE ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA REALIZAÇÃO DO PRÉ-NATAL. Anuário Pesquisa E Extensão Unoesc São Miguel Do Oeste, 4, e23293. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/apeusmo/article/view/23293

Edição

Seção

Área das Ciências da Vida e Saúde – Resumos expandidos