PERCEPÇÕES E AÇÕES DE ENFERMEIROS SOBRE A ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Resumo
Introdução: A gestação é um momento de grandes transformações na vida da mulher. Ao tornar-se mãe, muitas são as mudanças que se apresentam à mulher em aspectos físicos, psicológicos, familiares e sociais (PICCININI et al., 2012). Neste contexto, o pré-natal constitui um momento de grande perspectiva e preparação para a maternidade, sendo o acompanhamento que a gestante tem desde a concepção do feto até o trabalho de parto. É através dessas consultas que a gestante irá acompanhar o desenvolvimento de sua gravidez e as condições do feto, caracterizando-se como um período de aprendizado, fundamental para o bom desenvolvimento do binômio mãe-filho (DUARTE; ANDRADE, 2008; TEIXEIRA; AMARAL; MAGALHÃES, 2010; MARTINS, 2012). No Brasil, de acordo com a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem, o enfermeiro pode acompanhar integralmente o pré-natal de uma gestante de baixo risco. Em muitas instituições de saúde, na Atenção Básica de Saúde e nas Estratégias de Saúde da Família, é esperado que os enfermeiros se responsabilizem pela assistência pré-natal, objetivando monitorar, prevenir e identificar intercorrências maternas e fetais e, ainda, realizar atividades educativas acerca da gravidez, parto e puerpério (BRASIL, 2006; DOTTO; MOULIN; MAMEDE, 2006). Sendo que o mesmo possui os pré-requisitos que possibilitam o atendimento humanizado e estabelecimento de vínculo, que irão propiciar o desenvolvimento da sensibilidade para visualizar a gestante na sua integralidade. A assistência pré-natal humanizada deve ser realizada com a integração de condutas em que a gestante se sinta acolhida e evitando intervenções desnecessárias, integrando ações de prevenção e promoção da saúde da gestante e do bebê em todos os níveis de atenção à saúde (BRASIL, 2006; REIS; LOPES, 2015). Objetivo: Descrever as percepções de enfermeiros sobre a assistência pré-natal de baixo risco às gestantes no contexto da Estratégia de Saúde da Família. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo descritiva-exploratória. Recorte de um Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação de Enfermagem, desenvolvido no município de São Miguel do Oeste junto aos enfermeiros atuantes nas Estratégias de Saúde da Família pertencentes ao município. Dentre os critérios de inclusão dos participantes, foi considerado: ser graduado em Enfermagem. No que tange aos critérios de exclusão, foram excluídos do estudo os profissionais com algum tipo de afastamento, em virtude de gozo de férias, licença especial, tratamento de saúde ou maternidade. Para a coleta de dados foi utilizada a entrevista semiestruturada. As entrevistas foram de caráter individual, e realizadas em um espaço que garanta a privacidade do participante. Foram gravadas em aparelho digital com o consentimento do participante de modo a registrar integralmente a fala, assegurando material autêntico para a análise. A coleta dos dados foi realizada no mês de maio e junho de 2017. Para análise dos dados foi utilizada a análise de conteúdo do tipo temática, proposta por Minayo. O projeto de pesquisa foi aprovado por meio do Parecer Consubstanciado emitido pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Oeste de Santa Catarina, sob o CAAE número 66358317.0.0000.5367 e Parecer número 2.032.456. Resultados e Discussão: Fizeram parte do estudo onze enfermeiros que atuam nas Estratégias de Saúde da Família do município de São Miguel do Oeste, localizado na região do extremo oeste de Santa Catarina. Entre estes, dez são do sexo feminino e um do sexo masculino, com idade entre 24 e 40 anos e tempo de formação entre dois anos e treze anos. Dos entrevistados, dez não possuem especialização na área de obstetrícia e uma enfermeira está com a especialização na área em andamento. Dentre as percepções e ações do enfermeiro na assistência ao pré-natal na ESF, pode perceber-se que possuem o conhecimento acerca do número de consultas estipuladas e dos benefícios advindos delas. O Ministério da Saúde preconiza que sejam realizadas no mínimo seis consultas durante o pré-natal de baixo risco, com início precoce do acompanhamento já no primeiro trimestre de gravidez, incluindo a realização de algumas ações de prevenção (NUNES et al., 2016). Nisso as gestantes diagnosticadas com alguma patologia ou que necessitem de atendimento mais especializado são encaminhadas prontamente para o atendimento específico de ginecologia e obstetrícia, nestes casos também são incluídas as gestantes em que foram identificados fatores de riscos. Estas são estimuladas a manterem o vínculo com a ESF, onde a equipe de saúde deve ser informada a respeito da evolução da gestação e os tratamentos prescritos. Na primeira consulta torna-se essência o bom recebimento e acolhimento da gestante na unidade, juntamente com a triagem, ou seja, a verificação de sinais vitais, peso, altura e principais sinais e sintomas referidos pela gestante. Com o exame comprobatório da gravidez em mãos, são encaminhadas ao médico para requisitar os exames complementares, portanto o enfermeiro ainda não pode solicitar os primeiros exames à gestante, mesmo estando capacitado para realizar esta função. É realizado o cadastramento nos SISPRENATAL e preenchimento da carteirinha de gestante com todos os dados da gestante. De acordo com o manual do pré-natal e puerpério, um pré-natal qualificado requer atuação de uma equipe multiprofissional, sendo o enfermeiro uma parte desta equipe e que está capacitado para realizar a assistência direta à mulher gestante, cabendo-lhe a realização de diversas atividades relacionadas à gestação, como ações de educação em saúde para as mulheres, seus companheiros e familiares, realização da consulta de Enfermagem no pré-natal de baixo risco, solicitação exames conforme protocolo da instituição, identificação e encaminhamento da gestante de alto risco para atendimento especializado com médico obstetra, realização de grupo de gestante, sala de espera, visitas domiciliares, fornecimento do cartão da gestante, sendo atualizado ao passar pelas consultas, cadastramento no SISPRENATAL e realização de exame preventivo citopatológico de colo de útero. Todas essas ações são privativas do enfermeiro, embasadas pela Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que regulamenta o exercício profissional do enfermeiro. (PRIMO; BOM; SILVA, 2008). Outro ponto importante que surgiu durante as entrevistas foi a vacinação da gestante. Vários são os profissionais que, diante da descoberta da gestação, juntamente com o início do pré-natal, orientam e verificam a situação vacinal da gestante, tendo em vista que os encaminhamentos dependem da situação vacinal em que se encontra. O principal objetivo da vacinação para a gestante é a proteção para a mulher, deixando-a imune a doenças e possíveis complicações associadas à gestação, além de proteger o bebê, fornecendo-lhe anticorpos, já que ao nascer seu sistema imunológico ainda é imaturo (LOUZEIRO et al., 2014). Outra questão é a orientação oferecida pelo enfermeiro, sendo primeiramente esclarecido os direitos das gestantes, observação de sinais e sintomas, mudanças corporais, realização de atividades físicas, mudanças na alimentação, cuidados com higiene e ingestão de drogas e bebidas alcoólicas, vacinação, realizações de consultas, exames solicitados e ultrassom, medicações necessárias, realização do preventivo, esclarecimento de dúvidas e mitos da gestação, tipos de parto e amamentação. As consultas do pré-natal são realizadas intercalando o enfermeiro e o médico, sendo que é de extrema importância a realização de ações educativas em promoção de saúde da gestante, onde ocorre formação de vínculo proporcionando um atendimento humanizado e integral, também assim, agindo de forma que as gestantes tenham maior adesão as consultas. Por meio da promoção de saúde, acolhimento e a formação de vínculo entre gestante e enfermeiro, é possível a conscientização da gestante em relação à necessidade da realização do acompanhamento pré-natal, aumentando assim suas chances de adesão. Dessa forma são realmente realizados os cuidados de forma integral, com todo empenho e dedicação dos profissionais, que devem ser agregadas a partir da formação profissional e da prática diária, para que o pré-natal seja eficaz e seguro para a saúde da mãe e do bebê (COSTA et al., 2013). Conclusão: A realização do pré-natal é de suma importância pois proporciona para a mulher uma assistência integral e humanizada neste período tão importante de sua vida, bem como evidencia as dificuldades vivenciadas no cotidiano para a realização deste acompanhamento. Diante disso, a escuta e o diálogo entre enfermeiro e gestante tornam-se fundamentais para tornar o pré-natal efetivo e qualificado, onde o enfermeiro deve estar preparado para trabalhar, oferecendo suporte técnico-científico, além de passar confiança e segurança à mulher e sua família, amenizando os desafios enfrentados durante o período gestacional e diminuindo, assim, riscos de morbimortalidade materna e neonatal.Downloads
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Publicado
2018-08-31
Como Citar
Amthauer, C., Degasperin, N. G., Santos, E. A. dos, Bragagnolo, G., Santos, Érika E. P. dos, & Moser, A. M. M. (2018). PERCEPÇÕES E AÇÕES DE ENFERMEIROS SOBRE A ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA. Anuário Pesquisa E Extensão Unoesc São Miguel Do Oeste, 3, e18978. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/apeusmo/article/view/18978
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