ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE O ASSENTAMENTO CONQUISTA NA FRONTEIRA

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Resumo

O trabalho teve como metodologia a observação participante e a produção de diário de campo no curso de Psicologia em Psicologia Social no quarto semestre de dois mil e catorze. Tem como objetivo principal relatar o funcionamento do assentamento localizado na tri-fronteira (Dionisio Cerqueira-SC, Barracão-PR e Bernardo de Irigoyen-ARG). Priorizando a narrativa do apresentador local o movimento Conquista na Fronteira foi o primeiro a trabalhar de forma coletiva e um dos únicos conquistado de forma pacifica, servindo de exemplo para os demais. A primeira ocupação ocorreu em 25 de maio de 1985 com 1600 famílias e sua real apropriação foi em 24 de junho de 1988 quando o acordo foi selado com o governo junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Para a pressão as famílias apropriaram-se antes das terras. Com capacidade para 60 famílias, o assentamento da fronteira teve de passar por mais um acordo em seu processo, pois, a população cerqueirense queria assentar apenas o pessoal da cidade ou região e com a vinda de gente de fora teve de ocorrer o consenso de ambas as partes. Depois de mais um acordo aconteceu o seguinte processo, ocupar-se-iam do lugar: “35 famílias de fora e 25 do município” em um total de área de 1199km. Após a conciliação aconteceu à divisão para o trabalho em dois grupos distintos (MSTS que

vieram de fora e os que eram da região). No entanto, o grupo queria trabalhar de forma unificada (COPERUNIÃO), então, a unificação dos grupos ocorreu em julho de 1994. O principal objetivo era e ainda é a alimentação, ou seja, eles plantam priorizando a alimentação própria; depois desenvolvendo a comercialização. São três etapas: Produção para subsistência, produção para comercialização e produção e industrialização. No inicio ocorria o auxílio do governo e INCRA (de forma compacta) dessa maneira o grupo se desenvolveu e se organizou. Na atualidade o auxílio ainda existe no entanto, de forma superficial. A reforma agrária não se da em apenas fornecer terras ao grupo mas também em acompanhar e auxiliar. Funcionando de maneira cooperativa ocorre o conjunto de “assembleias” realizado em cada “câmara” que discute e decide assuntos em pauta. Com a resposta de cada câmara, cada resultado é levado ao parlamento e lá ocorre a unificação e entrega do resultado geral real. A forma de divisão é: Conselho fiscal (fiscaliza tudo), direção coletiva (diretoria, cinto pessoas). Conselho social e político MST – aqui se encontram as comissões e núcleos que são divididos da seguinte forma: Comissões educação, saúde, esporte/lazer, animação e grupo de jovens. Núcleos de base – Justino D., Roseli Nunes, Sepé Tiaraju, Paulo Freire, Padre Justino e Olívio Albino – O núcleo da base é onde cada grupo (parlamento) divide-se, não apenas para reuniões e votações de alguma discussão, mas, para trabalhar. A divisão ocorre nos grupos de trabalho, ou seja, em uma família pode cair um integrante em cada sub-núcleo; o que pode levar cada integrante em cada área de trabalho. O trabalho é através de metas e objetivos, por exemplo: “conseguindo colher mil sacas de milhos (metas), ocorrerá um lucrou de (20%) que atingira a compra de um trator (objetivo)”. A assembleia ou estância como chamada, decide tudo. Ocorre no mínimo uma reunião por mês. De três em três anos muda a direção. Todos trabalham em todos os setores inclusive na direção. De acordo com a idade todos recebem o mesmo salário. O homem trabalha oito horas por dia enquanto a mulher quatro. Se a mulher quiser trabalhar oito horas por jornada ela pode, cabe a ela decidir. Cada pessoa tem direito a quatro dias de folga durante

o mês. Assim poderá ir à cidade, receber visitas. Com doze anos as crianças já podem optar por trabalhar ou não. Existem regras distintas, que, com o tempo vão se moldando de acordo com o que é necessário. A terra só é da pessoa enquanto ela esta morando nela, se ir embora não é mais; e sim de quem vir morar nela. O assentamento conquista na fronteira serve apenas como um auxilia para essas pessoas. Caso o indivíduo queira ficar, poderá, porém, deve estar trabalhando na cooperativa COPERUNIÃO. As casas são padronizadas, caso alguém queira aumentar ou fazer algo não ira perder, pois, se decidir sair irá receber pelas mudanças realizadas. Celebrações são realizadas quando existe algo para celebrar, não existe religião dominante, a celebração é apenas em datas especiais como “batismo, colheita ou inicio de plantação”. Não existe partido político que domine o grupo. Cada qual vota em quem quiser. O movimento conquista na fronteira transparece a resiliência de cada envolvido, passando por diversas etapas de transformações hoje em estado funcional serve de exemplo aos demais.

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Publicado

2018-05-14

Como Citar

Rasche Júnior, A. (2018). ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE O ASSENTAMENTO CONQUISTA NA FRONTEIRA. Anuário Pesquisa E Extensão Unoesc São Miguel Do Oeste, 3, e17242. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/apeusmo/article/view/17242

Edição

Seção

ACV Resumos expandidos