VULNERABILIDADE INDIVIDUAL: A PREVENÇÃO SEM A DEVIDA ORIENTAÇÃO

Autores

  • Jessica Mayara Wolfart
  • Cleomara Andrighi
  • Danieli Covalski
  • Crhis Netto de Brum
  • Samuel Spiegelberg Zuge Universidade do Oeste de Santa Catarina

Resumo

Introdução: o início precoce da vida sexual dos adolescentes leva um aumento da vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis, principalmente à infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV), que é altamente transmissível e possui potencial cancerígeno. As ações de prevenção, são elaboradas por profissionais da saúde, geralmente voltados para um público com menor instrução, por serem consideradas mais vulneráveis, o que torna as ações um tanto excludentes para o restante da população feminina, como exemplo as universitárias, que também demandam atenção especial por parte dos profissionais de saúde, e que dificilmente procuram a unidade de atenção básica, procurando geralmente quando os sintomas de HPV já estão presentes e ou agravados, dificultando a prevenção e promoção da saúde e diagnóstico precoce. Objetivo: identificar as vulnerabilidades individuais de universitárias frente a infecção pelo HPV e prevenção sem a devida orientação. Método: estudo descritivo-exploratório, de cunho qualitativo, desenvolvido em uma Universidade de Chapecó. Os sujeitos da pesquisa foram universitárias, com idade entre 17 a 24 anos, matriculadas de segunda a oitava fase e em qualquer curso de graduação. Foram excluídas: as primeiras fases, por entender-se que este é um período de adaptação das universitárias a nova realidade do mundo acadêmico, e as universitárias a partir da nona fase dos seus referidos cursos. Antes da produção dos dados, foi realizada uma aproximação com cenário da pesquisa, ambientação, sendo que a participação foi solicitada por meio de convite a todas as universitárias que atendiam aos critérios de inclusão, participaram também três monitores considerados auxiliares. Para a produção dos dados foi utilizada a Dinâmica de Criatividade e Sensibilidade (DCS), fundamentada no Método Criativo e Sensível (MCS), com utilização da dinâmica do Mapa Falante. As questões geradoras do debate foram: O que tenho feito para cuidar do meu corpo em tempos de HPV? Como vejo o acesso aos serviços de saúde para a prevenção pelo HPV? As discussões foram audiogravadas em aparelho mp3 e depois transcritas. Os dados obtidos foram analisados conforme a Análise de Discursos Francesa e a privacidade, confidencialidade e anonimato dos sujeitos da pesquisa foram preservados. Resultados/Discussão: com o estudo foi possível perceber que as universitárias tem consciência sobre os métodos adequados de prevenção, como o uso de preservativos, adesão a vacina contra o papiloma vírus humano, para evitar a contaminação e disseminação do vírus, sabem da importância da realização anual do exame Papanicolau para um diagnóstico precoce, do não compartilhamento de roupas íntimas, e consideram esses fatores de prevenção essenciais. No entanto, durantes as falas, percebe-se que estas ações não estão sendo realizadas de forma correta, evidenciando a falta de conhecimento ou um conhecimento individual inadequado sobre o assunto, o que remete a uma vulnerabilidade individual em relação ao HPV. As entrevistadas relatam sentir dor, medo, receio e vergonha ao realizar exame Papanicolau, o que retarda a procura, mas após realizado, sentem-se aliviadas por saber o resultado, "[...] eu acho desconfortável" (Tulipa), "[...] eu to me sentindo bem melhor agora sabendo que eu não tenho nada [...] eu tenho dezessete anos, sou menor de idade, eu preciso da autorização da minha mãe pra poder fazer um exame ou ir num ginecologista" (Margarida). As entrevistadas relatam desconforto e medo, proporcionado pela técnica de realização do exame, isso deve-se a vários fatores, porque o especulo é muito grande, ou o profissional diz que não vai doer, ou é a primeira vez que realiza o exame, mas logo após, se sentem aliviadas ao saberem o resultado, e a vergonha referida, deve-se ao fato de ser algo novo para algumas, e de as menores de idade terem que estar acompanhadas ou terem autorização para a realização do exame considerado invasivo. Souza (2012) destaca que o medo e a vergonha são sentimentos que afastam a mulher do exame preventivo, sendo necessário que o profissional de saúde saiba lidar com esses sentimentos, particularmente em se tratando do primeiro exame, pois é a partir deste que a mulher registrará suas impressões para futuros exames o que faz-se necessário um olhar mais atento por parte dos profissionais que realizam este exame, principalmente no que tange a realização do primeiro exame. "[...] Na minha adolescência eu não sabia o que era o HPV, eu não tinha ideia do que era, tanto que quando eu entrei pra faculdade eu tive o interesse de fazer a vacina [...] eu não compartilho itens íntimos, calcinhas biquínis e toalha também" (Alfazema), a maioria das adolescentes ouvidas relatam que não tiveram essa educação na sua adolescência, sobre o que era o HPV, meio de disseminação, prevenção, tratamento o que dificultou o seu desenvolvimento neste sentido. Além de que o tema sexualidade humana ainda é impregnado de preconceitos, mitos, tabus e contradições, levando a sociedade geralmente abordá-lo entre os adultos, o que é extremamente prejudicial para o comportamento e desenvolvimento sexual dos adolescentes (LOPES, 2015). Conclusão: com base no presente estudo, nota-se a vulnerabilidade individual em universitárias em relação ao HPV, isso devido ao desconhecimento parcial ou total sobre esse vírus, conceito, transmissão e principalmente a prevenção, porque o HPV é considerado uma IST, mas existem outras formas de contaminação, que na maioria das vezes, as pessoas não tem conhecimento, e dificulta a adesão correta dos métodos preventivos. Foi possível compreender como a adolescente se sente, suas necessidades e a importância de a prevenção ser iniciada ainda na pré-adolescência, para que ocorra um desenvolvimento saudável da vida sexual. Sabendo-se que a maioria das adolescentes ouvidas relataram não ter educação em sua adolescência sobre o HPV, e que isso dificultou o seu desenvolvimento neste sentido, percebe-se a necessidade da elaboração de planos metódicos e práticos voltados exclusivamente para adolescentes e universitárias de forma impactante, rompendo com os tabus sociais que envolvem sexualidade. Seria interessante a realização de palestras para a transmitir um conhecimento correto e específico sobre o HPV. Palavras Chave: Enfermagem. Infecções por Papillomavirus. Saúde da mulher. Vulnerabilidade em saúde.

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Biografia do Autor

Samuel Spiegelberg Zuge, Universidade do Oeste de Santa Catarina

Enfermeiro. Doutorando em Enfermagem pelo PPGENF Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/RS). Mestre em Enfermagem pela UFSM/RS. Licenciado em Educação pelo curso de Formação de Professores para a Educação Profissional da UFSM/RS e Especialista em Gestão de Organização Pública em Saúde pela UFSM. Pesquisador colaborador do Grupo de Pesquisa em Psicologia da Saúde da UFRGS e participante do Grupo de Estudo e Pesquisa Interdisciplinar Saúde e Cuidado da UFFS. Bolsista de Doutorado/CAPES. Professor colaborador da Universidade do Estado de Santa Catarina. Professor Efetivo da Universidade do Oeste de Santa Catarina - Campus SMO. Tem experiência profissional na área da Enfermagem com ênfase em Clínica Cirúrgica e Médica, Centro Cirúrgico, CME e Sala Recuperação Anestésica. Atua nos seguintes temas: abordagem quantitativa, saúde do adulto e idoso,Centro Cirúrgico, Diagnóstico de Enfermagem, Processo de Enfermagem, Condições Crônicas de Saúde, Adesão ao tratamento medicamentoso e questões relacionadas a vulnerabilidade.

Referências

REFERÊNCIAS

LOPES, Marta Marques de Carvalho; ALVES, Fabiana. Conhecimento de

adolescentes do ensino médio sobre DST, em especial sobre Papilomavírus

humano-HPV. NBC-Periódico Científico do Núcleo de Biociências. Vol. 4, n 8,

p. 15-26. 2015.

SOUZA, Ivna Giovana da Silva, et al. Prevenção do câncer de colo uterino:

percepções de mulheres ao primeiro exame e atitudes profissionais.Revista

da Rede de Enfermagem do Nordeste-Rev Rene. v. 9, n. 2. 2012.

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Publicado

2017-11-29

Como Citar

Wolfart, J. M., Andrighi, C., Covalski, D., Brum, C. N. de, & Zuge, S. S. (2017). VULNERABILIDADE INDIVIDUAL: A PREVENÇÃO SEM A DEVIDA ORIENTAÇÃO. Anuário Pesquisa E Extensão Unoesc São Miguel Do Oeste, 2, e15794. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/apeusmo/article/view/15794

Edição

Seção

ACV Resumos expandidos