FATORES QUE INFLUENCIAM NEGATIVAMENTE NO PROCESSO DE AMAMENTAÇÃO

Autores

  • Danieli Covalski
  • Tais Carbonara
  • Thainá Monção Gasperin
  • Samuel Spiegelberg Zuge Universidade do Oeste de Santa Catarina

Resumo

Introdução: o aleitamento materno (AM) é reconhecido como o alimento mais apropriado e completo para a criança até os seis primeiros meses de idade, em virtude de constituir-se de elementos que satisfazem todas as necessidades nutricionais, de crescimento e desenvolvimento do lactente, além de oferecer proteção imunológica e promover um estreitamento do vínculo entre mãe e filho (a) (AMARAL et al, 2015). Esses benefícios fazem do AM uma ação prioritária quando estabelecidas estratégias de prevenção de doenças e promoção de saúde. O processo de amamentação vem sofrendo mudanças nas últimas décadas, principalmente devido a uma maior abertura à mulher no mercado de trabalho, ao emergente empoderamento social relacionado ao papel feminino e ao acesso a novas tecnologias e informações. Essas novas condições, associados a inúmeros outros fatores, podem influenciar de forma importante na tomada de decisão quanto à adesão ou não da amamentação e da sua continuidade, levando muitas vezes a um desmame precoce (FIALHO et al, 2014). Objetivo: identificar os principais fatores que afetam negativamente na adesão à amamentação ou da sua continuidade. Método: trata-se de uma revisão narrativa da literatura. Utilizou-se como pergunta de pesquisa a proposição: Que fatores influenciam negativamente na aderência ou continuidade da amamentação?. Foram adotadas as bases eletrônicas de dados LILACS e MEDLINE. Foram utilizados como descritores de busca na base de dados LILACS os termos: “aleitamento materno” [Descritor de assunto] and "Fatores" [palavra]. Na base de dados MEDLINE foram utilizados os termos: “aleitamento materno” and “comportamento materno” [Descritor de assunto] and "Fatores" [palavra]. Foram encontrados 1014 artigos. Os artigos foram avaliados por meio do título e resumo, o qual seguiu os critérios de inclusão: artigos científicos indexados nas bases de dados; disponíveis online na integra; nos idiomas português, inglês ou espanhol. Os critérios de exclusão foram: não apresentar resumo; ser dissertação ou tese e não ser da temática. Os artigos foram analisados por meio da análise de conteúdo de Bardin. Resultados/Discussão: foram selecionados 69 artigos, dos quais foram elencados 5 fatores a partir da análise: fatores socioeconômicos e demográficos (31 citações), percepções relacionadas ao aleitamento (28 citações), introdução de alimentos ou fórmula precocemente (25 citações), trabalho materno extra-domicilio (22 citações) e uso de chupeta ou mamadeira (22 citações). FATORES SOCIOECONÔMICOS E DEMOGRÁFICOS: De acordo com Warkentin et al (2012), mães adolescentes com menos de 20 anos, tendem a amamentar por tempo inferior a mães com idade superior. Diversos estudos apontam que a prevalência da lactação é menor em mães jovens. Assim, mulheres que são casadas apresentam maior probabilidade de prolongar o tempo de amamentação, porém, ter mais que um filho diminui essa chance. Em contrapartida, mulheres solteiras encontram-se muitas vezes em situações de vulnerabilidade maior às condições de vida precária e salários diminuídos (WARKENTIN et al, 2012). Quanto ao local de morada, estudos identificam que habitar na zona urbana há menor aderência à amamentação do que na zona rural. Ainda, a falta de infraestrutura em comunidades, associadas a baixas condições de vida tendem a interferir negativamente na amamentação (GIULIANI et al, 2011). PERCEPÇÕES RELACIONADAS AO ALEITAMENTO: a idéia de que o leite materno é fraco e insuficiente ocorre muitas vezes pela percepção de fragilidade do bebê e de que qualquer perda de peso pode acarretar em problemas de saúde a ele (CIACIARE, 2016). Algumas vezes o fato da mãe não sentir as mamas cheias, assim como a falta de estimulação e a produção do leite reduzida nos primeiros dias do puerpério, deixa a mãe preocupada e temerosa quanto à sua capacidade para produzir o leite adequado e suficiente para suprir as necessidades da criança (AMARAL et al, 2015). Além disso, muitas mães têm essa percepção por associarem erroneamente o choro do bebê à fome e a insaciedade, o que nem sempre é verdadeiro, uma vez que diversos fatores podem levar o bebê a essa ação. INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS OU FÓRMULA PRECOCEMENTE: a introdução de novos alimentos é uma fase importante para as crianças, contudo, é essencial atentar para a idade adequada em que esse processo deve ser iniciado, além de observar a qualidade e a quantidade dos alimentos oferecidos. Segundo Vieira (2010), a introdução inapropriada de alimentos complementares ocasiona fatores de risco tanto para o déficit de estatura, como para o sobrepeso, além da redução da produção láctea materna, estimulando assim a interrupção do aleitamento. Dessa forma, a administração de líquidos e alimentos antes dos seis meses de vida da criança é desnecessária e prejudicial, uma vez que o leite materno tem água e componentes nutricionais suficientes para suprir suas necessidades. TRABALHO MATERNO EXTRA-DOMICILIO: Segundo Warkentin et al (2012), o trabalho materno pode ser um dos fatores que levam a interrupção precoce do aleitamento, já que muitas mães optam por deixar seus filhos em creches, onde os mesmos podem permanecer por até 12 horas diárias. Além disso, o trabalho materno mostra-se como fator negativo, pois, apesar do direito e proteção legal à amamentação, muitas vezes a mãe sente-se ameaçada ou com medo de perder o emprego, não saindo para amamentar nas horas programadas, fazendo com que se introduza precocemente alimentos complementares ou substitutivos (GIULIANI et al, 2011). USO DE CHUPETA OU MAMADEIRA: a relação entre o desmame e o uso de chupetas e mamadeiras ocorre, pois, estes são artifícios geralmente utilizados para substituir ou compensar as funções naturais ignoradas. A chupeta pode influenciar negativamente na duração do aleitamento materno, ocasionando confusão de bicos ou de sucção, que interfere na pega do peito da mãe, diminuindo a freqüência das mamadas (CIACIARE, 2016). Em longo prazo, pode influenciar no desenvolvimento da síndrome do respirador bucal, deglutição atípica, má oclusão, diversas disfunções craniomandibulares e dificuldades na fonação. Além disso, muitos estudos mostram que as chupetas ainda são um veiculo comum de enteroparasitores e coliformes fecais (COTRIM; VENANCIO; ESCUDER, 2002). CONCLUSÃO: O leite materno tem em sua composição os nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento da criança. Por se adaptar as necessidades desta, tanto nutricialmente quanto imunologicamente, ele é suficiente para suprir todas as necessidades do bebê, não necessitando assim da inserção de complementos alimentares até os seis meses de idade, quando inicia-se gradualmente a alimentação complementar. O ato de amamentar tem uma propensão a fatores de influência muito grande, tanto a fatores positivos quanto negativos, definidos muitas vezes por experiências e vivências familiares. Este estudo constatou a presença de diversos fatores que influenciam negativamente no processo de amamentação ou da sua continuidade, sendo este conhecimento muito importante aos profissionais da saúde de modo a poder planejar intervenções que visem neutralizar esses aspectos, para permitir a ocorrência de uma amamentação mais eficaz e duradoura. PALAVRAS-CHAVE: Aleitamento materno. Comportamento materno. Enfermagem.

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Biografia do Autor

Samuel Spiegelberg Zuge, Universidade do Oeste de Santa Catarina

Enfermeiro. Doutorando em Enfermagem pelo PPGENF Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/RS). Mestre em Enfermagem pela UFSM/RS. Licenciado em Educação pelo curso de Formação de Professores para a Educação Profissional da UFSM/RS e Especialista em Gestão de Organização Pública em Saúde pela UFSM. Pesquisador colaborador do Grupo de Pesquisa em Psicologia da Saúde da UFRGS e participante do Grupo de Estudo e Pesquisa Interdisciplinar Saúde e Cuidado da UFFS. Bolsista de Doutorado/CAPES. Professor colaborador da Universidade do Estado de Santa Catarina. Professor Efetivo da Universidade do Oeste de Santa Catarina - Campus SMO. Tem experiência profissional na área da Enfermagem com ênfase em Clínica Cirúrgica e Médica, Centro Cirúrgico, CME e Sala Recuperação Anestésica. Atua nos seguintes temas: abordagem quantitativa, saúde do adulto e idoso,Centro Cirúrgico, Diagnóstico de Enfermagem, Processo de Enfermagem, Condições Crônicas de Saúde, Adesão ao tratamento medicamentoso e questões relacionadas a vulnerabilidade.

Referências

AMARAL, Luna Jamile Xavier et al. Fatores que influenciam na interrupção do

aleitamento materno exclusivo em nutrizes. Revista Gaúcha de Enfermagem,

v. 36, p.127-134, 2015. Disponível

em:<http://seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/vie

w/56676/36779>. Acesso em: 16 jun 2017.

CIACIARE, Beatriz de Carvalho et al. A manutenção do aleitamento materno

de prematuros de muito baixo peso: experiência das mães. Revista Eletrônica

de Enfermagem, Goiânia, v. 17, n. 3, abr. 2016. ISSN 1518-1944. Disponível em:

<https://www.revistas.ufg.br/fen/article/view/27548/20738>. Acesso em: 21

jun. 2017.

COTRIM,L.C.; VENANCIO,S.I.; ESCUDER,M.M.L. Uso de chupeta e

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Paulo. Revista Brasileira de Saude Materno-infantil,v.2,n.3,set./dez. 2002,p.245-

FIALHO, Flávia Andrade et al. Fatores associados ao desmame precoce do

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GIULIANI, Núbia, et al. Fatores Associados ao Desmame Precoce em Mães

Assistidas por Serviços de Puericultura de Florianópolis/SC. Pesquisa Brasileira

em Odontopediatria e Clínica Integrada, [s.l.], v. 11, n. 3, p.417-423, 1 set. 2012.

APESB (Associacao de Apoio a Pesquisa em Saude Bucal).

VIEIRA, G.O, et al. Fatores preditivos da interrupção do aleitamento materno

exclusivo no primeiro mês de lactação. Jornal de Pediatria. Vol. 86, n. 5, 2010.

WARKENTIN, S., et al. Fatores associados à interrupção do aleitamento

materno exclusivo. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food

Nutr., São Paulo, SP, v. 37, n. 2, p. 105-117, ago. 2012.

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Publicado

2017-11-01

Como Citar

Covalski, D., Carbonara, T., Gasperin, T. M., & Zuge, S. S. (2017). FATORES QUE INFLUENCIAM NEGATIVAMENTE NO PROCESSO DE AMAMENTAÇÃO. Anuário Pesquisa E Extensão Unoesc São Miguel Do Oeste, 2, e15779. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/apeusmo/article/view/15779

Edição

Seção

ACV Resumos expandidos