IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DE PERDAS AUDITIVAS CONGÊNITAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UM GRUPO DE GESTANTES
Resumo
Introdução: A deficiência auditiva pode ser congênita ou adquirida. A perda auditiva congênita é uma condição que se manifesta no período pré-natal, ou nos primeiros dias após o nascimento. Pode ser causada por malformações do ouvido, intercorrências no parto, doenças adquiridas pela mãe durante a gestação, causas hereditárias ou síndromes (Comusa, 2010). Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar a vivência dos alunos da primeira fase do curso de Fonoaudiologia da Unoesc - Joaçaba/SC em um curso de gestantes. Método: Este resumo discorre sobre um projeto de extensão intitulado "Surdez no bebê: a importância do diagnóstico precoce" realizado no município de Vargem Bonita-SC no mês de junho de 2024, com um grupo de 20 gestantes. As gestantes receberam um folder informativo produzido pelos estudantes do curso de Fonoaudiologia, seguido de uma palestra e roda de conversa. Resultados e Discussão: Inicialmente, foram explicados o conceito das perdas auditivas congênitas, suas causas e o impacto no desenvolvimento psicossocial e de linguagem oral da criança. A deficiência auditiva é um fator que compromete diretamente o desenvolvimento da linguagem do indivíduo, uma vez que os primeiros anos de vida são essenciais para o desenvolvimento das habilidades auditivas e de fala, já que este é o período em que ocorre o auge do processo de maturação do sistema auditivo central e da plasticidade neuronal da via auditiva (Friederici, 2006). Dessa forma, o intervalo entre a suspeita da deficiência auditiva, o diagnóstico e a intervenção deve ser o menor possível (Pinto et al. 2012). É nesse contexto que entra a importância do diagnóstico precoce realizado por meio da Triagem Auditiva Neonatal (TAN). Em agosto de 2010, a Lei nº 12.303, tornou obrigatória a realização do teste da orelhinha, preferencialmente nos primeiros dias de vida (24 a 48 horas) na maternidade, ou antes da alta hospitalar. No caso de nascimentos que ocorram fora do ambiente hospitalar, ou em maternidades sem triagem auditiva, a realização do teste deverá ocorrer no primeiro mês (Ministério da Saúde, 2012). Dada a relevância do tema, os estudantes enfatizaram a necessidade de realizar o teste da orelhinha nos primeiros 30 dias de vida, conforme as orientações das Diretrizes de Atenção à Triagem Auditiva Neonatal, publicadas pelo Comitê Multiprofissional em Saúde Auditiva (2010) e pelo Ministério da Saúde (2012). Durante a discussão, foram esclarecidos os objetivos do teste e a sua fundamental importância para a saúde auditiva da população pediátrica. O teste da orelhinha, como popularmente é conhecido, ou Exame de Emissões Otoacústicas (EOA), é um procedimento rápido e indolor e ocorre quando a orelha é estimulada por um som breve de banda larga (clique). A presença das EOA indica que o mecanismo receptor coclear pré-neural é capaz de responder ao som de um modo normal (Durantel et al. 2005). As EOA refletem as propriedades micromecânicas e ativas do órgão de Corti (Kemp, 2002), sendo que as células ciliadas externas parecem estar particularmente envolvidas na sua geração (Dallos, 2000). Para atingir as coberturas estabelecidas para a Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU), que envolvem a realização do exame em mais de 95% dos neonatos (Comusa, 2010), é fundamental realizar um trabalho de orientação e conscientização. Segundo Mello et al. (2013), as orientações sobre a Triagem auditiva neonatal devem iniciar no período gestacional pelos profissionais envolvidos em cuidados com as gestantes. Esses autores atribuem os principais motivos para o não comparecimento ao reteste, à pouca importância atribuída às questões relacionadas à audição e a TAN. Além disso, recomenda-se que o diagnóstico da perda auditiva seja realizado até no máximo 3 meses e para os casos de confirmação de perda auditiva permanente as medidas de tratamento e intervenção devem iniciar no máximo até o sexto mês de vida (JCIH, 2007) . É comprovado na literatura que a criança que tem o diagnóstico de surdez e início da intervenção fonoaudiológica nesse período, terá desenvolvimento de fala e linguagem significantemente melhor do que aquelas identificadas mais tarde (Yoshinaga-Itana et al. 1998; Yoshinaga-Itana et al. 2000). O tratamento inclui adaptação de aparelhos auditivos, implante coclear (Botelho et al. 2022) e terapia fonoaudiológica (Miguel & Novaes, 2013), a depender do diagnóstico do tipo e grau da perda auditiva. Outro assunto abordado no grupo de gestantes, discorreu sobre os indicadores de risco para deficiência auditiva (IRDA) e a forma de prevenção de muitos deles. Segundo a Comusa (2010) os principais são: antecedência de familiares com surdez permanente; permanência na UTI por mais de cinco dias ou ocorrência de qualquer uma das seguintes condições, independentemente do tempo de permanência na UTI: ventilação extracorpórea; ventilação assistida; uso de drogas ototóxicas como antibióticos aminoglicosídeos e/ou diuréticos de alça; hiperbilirrubinemia; anóxia peri-natal grave; Apgar neonatal de 0 a 4 no primeiro minuto, ou 0 a 6 no quinto minuto; peso ao nascer inferior a 1.500 gramas; nascimento pré-termo ou pequeno para idade gestacional (PIG); infecções congênitas (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, sífilis e HIV); anomalias craniofaciais envolvendo a orelha e o osso temporal; síndromes genéticas que usualmente expressam deficiência auditiva; distúrbios neurodegenerativos; infecções bacterianas ou virais pós-natais (após o nascimento do bebê) como citomegalovírus, herpes, sarampo, varicela e meningite; traumatismo craniano e quimioterapia. Conclusão: Concluiu-se que o projeto de extensão contribuiu para informar as futuras mães do município de Vargem Bonita sobre a importância do diagnóstico precoce das deficiências auditivas congênitas. Foi uma experiência única para os estudantes, que puderam compartilhar conhecimento com as gestantes presentes, como os métodos de diagnóstico, tratamento e prevenção de comprometimentos auditivos nas crianças.
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