Estudo comparativo de candidose em pacientes oncológicos x usuários de prótese removível
Resumo
A quimioterapia provoca diversos efeitos colaterais na mucosa bucal; entre os principais relatos de doenças bucais associadas a pacientes hospitalizados ou imunossuprimidos estão as infecções fúngicas. A mais comum é denominada candidose, tendo como agente etiológico a espécie Candida albicans. Com a perda dentária, que ainda é significativa na população brasileira, o uso da prótese é um fator agravante, pois aumenta a probabilidade de desenvolvimento de lesões na mucosa bucal. O objetivo com este estudo foi avaliar a presença de candidose nos pacientes oncológicos e não oncológicos usuários de prótese removível total e parcial. Neste estudo os pacientes foram submetidos a um questionário, por meio do qual se buscou identificar hábitos, fatores socioeconômicos e fatores relacionados à saúde geral e bucal. Posteriormente, eles foram submetidos a um exame físico da cavidade bucal para identificar alterações na mucosa bucal. A amostra foi dividida em três grupos: grupo 1 (somente prótese): pacientes que faziam uso apenas de prótese removível (parcial ou total); grupo 2 (prótese + quimioterapia): pacientes que faziam uso de prótese removível (parcial e total) e também estavam realizando tratamento quimioterápico; grupo 3 (somente quimioterapia): pacientes que estavam em tratamento quimioterápico e não eram usuários de prótese removível. Os participantes foram convidados a participar da pesquisa, sendo orientados de como seria realizada, suas vantagens e desvantagens. Os participantes que aceitaram participar do estudo receberam e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Foram entrevistados 68 pacientes, com idades entre 16 e 82 anos, ficando a média de idade de 61,38 anos. A amostra avaliou ambos os gêneros, em que 67,65% dos pacientes eram do gênero feminino e 32,35%, do gênero masculino. As profissões mais recorrentes no estudo foram: aposentado (44,1%), do lar (14,7%) e agricultor (10,3%). Dos pacientes entrevistados, 16 (23,5%) manifestaram características clínicas compatíveis com candidose no dia da coleta de dados. Entre os 16, 50% faziam parte do grupo quimioterapia + prótese, 12,5% do grupo somente quimioterapia e 37,5% eram do grupo somente prótese. Entre os entrevistados, 35,3% não possuíam nenhuma neoplasia. O câncer de mama figurou entre a neoplasia que mais levou ao tratamento quimioterápico, com 17,6%, seguido do de intestino (10,3%). Os entrevistados do grupo que realizavam quimioterapia que possuíam candidose foram os acometidos por neoplasia na mama, osso, pâncreas, colo uterino, cérebro, fígado, intestino, estômago, pulmão e com metástase. Na cavidade oral, as formas clínicas de candidose mais frequentes foram a candidose eritematosa em sete casos (10,3%), candidose pseudomembranosa em três (4,4%) e a queilite angular em dois casos (3%). Nossos resultados mostram que pacientes que fazem tratamento quimioterápico e usam próteses possuem maiores chances de manifestar candidose durante esse período em comparação a pacientes que apenas realizam quimioterapia e pacientes que exclusivamente usam prótese. A candidose é muito preocupante uma vez que reduz consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes e aumenta as chances de infecção sistêmica.
Palavras-chave: Candidose. Quimioterapia. Prótese total. Câncer.