A identificação de maus-tratos infantis pela Odontologia
Resumo
A violência contra crianças e adolescentes tem se tornado um problema social e de saúde pública, sendo dever dos profissionais de saúde a identificação e a notificação aos órgãos competentes em caso de suspeita. O profissional da Odontologia e, principalmente, os que atuam na área da Odontopediatria, os quais acompanham os pacientes por um período de tempo maior, devem estar capacitados para tal identificação, pois grande parte das lesões são observadas em região de cabeça e pescoço. O objetivo com este trabalho é demonstrar os sinais clínicos que podem ser encontrados em crianças e adolescentes e que são caracterizados como maus-tratos. O estudo foi baseado em uma revisão de literatura de artigos indexados na base de dados Scielo. Os maus-tratos são divididos em três tipos: físicos, nos quais há presença de hematomas na cabeça e no pescoço, queimaduras em lábios, língua, palato, fraturas de dentes, e traumas oclusais; sexuais, em que as manifestações são normalmente relacionadas a doenças sexualmente transmissíveis como gonorréia, sífilis, petéquias e HPV; e negligência, que ocorre quando a família não fornece alimentação adequada ou quando há problemas na higiene corporal e presença de cáries. O Código de Ética da Odontologia traz a obrigação do profissional em zelar pela saúde do paciente, embora não obrigue o profissional a realizar a notificação. Na presença de suspeitas, cabe ao profissional investigar a situação por meio do relato do paciente e do responsável, identificando possíveis divergências. Saber identificar os sinais e investigar a dinâmica familiar são fatores essenciais para realizar a notificação adequada, e, assim, promover uma quebra no ciclo de violência e uma melhora no desenvolvimento do indivíduo.
Palavras-chave: Maus-tratos infantis. Violência. Diagnóstico.